Guimagüinhas
Memórias familiares e de minha terra natal
Textos

Ilustração: Minha avó Iracema Gentil Lobo


MEMÓRIAS FAMILIARES - A família Gentil Lobo
Parte 4 - Aspectos da vida da família nos anos 1950/60


Sumário


Lances da vida na Vila Nova

Outras crônicas dessa época

Fotos

A fé católica de minha vó Cema

Igrejinha de São Benedito

Minha criação católica

Vocabulário de Aguinhas

Veja também


Lances da vida na Vila Nova


Esta é uma lembrança dos primos e primas com quem fui
criado, que me ajudaram a superar a ausência de irmãos
e a amenizar a extremada vigilância de minha mãe.


(Da narrativa "Brincadeiras de menino criado preso", do livro Menino-Serelepe*)


Deixei anotado no livro Menino-Serelepe* diversas passagens da família Gentil Lobo, relativas ao período em que vivi na Vila Nova (anos 1950), como estas:


 Toda a família Gentil Lobo viveu em algum tempo na Vila Nova

Era a família Gentil Lobo, numerosíssima, vivendo todos muito próximos, só tia Zé e tio Pedrinho, com os primos Dito, Zezinho, Cidinha e Manduca (que depois veio a falecer) é que moravam na roça, no Barreiro, lá pros lados do bairro rural da Capelinha. Vida difícil, de privações, todos pobres, quase todos pedreiros. Negócio meio bitaca meio bar copo-sujo, com fiado na base da caderneta, houve uns três: tio Messias teve o dele, o pai tocou dois (que eram do meu avô) e o tio Tião teve o único que durou: o Bar do Tião Vila Nova, que ficou famoso pelos tira-gostos e pelo jogo de truco. (E tio Pedrinho, que depois que deixou a roça também tocou um bar na Vila Nova...)
.......................

Cena no bar que meu pai tocou na Vila Nova

Mãe também morria de medo de eu ficar passando de braço em braço na turma que frequentava o bar, alguns já bamboleando: [Farturinha], Braz, Julinho, Dito Morais, Geraldo Paulino, Maçarico, Toninho Baiano, Geraldinho Anão, Farturinha, Praça e Tiana.

Brincadeiras de menino criado preso

Será se Miguel, Graça, Dinho, Cida, será se eles vêm hoje? Porque brincar de turma é mais gostoso... Brincar sozinho eu já cheio! Já cansei de fazer urupuca de taquara, de pôr visgo pra caçar canarinho, de ficar vendo os fiotinhos da sabiá, de espantar pinhé do terreiro, de mijar em formigueiro, de pôr vaquinha em caixa de fósforo, de amarrar lagartixa pro rabo, de fazer bicho de chuchu e palito, de ficar fazendo coleção de tatuzinho, de olhar figuras nas nuvens, de fazer carrocinha de besouro, de tacar lança em abóbora, de correr de cavalinho de pau de vassoura, de jogar sal em lesma, de rodar pião com chicote, de pegar os pintinhos da galinha choca, de ficar lavando minhoca no tanque... Será se eles vêm?

Meus amigos e primos da Vila Nova

 

Por essa época, a minha turma da Vila Nova já era das mais graúdas: os filhos do tio Messias, da tia Sara, do tio Rubens: Berê, Cleonice, Verinho, Rubinho, Beta, Lúcia, Cida. As filhas do João da Mariaça, os filhos menores do Bolachinha, os filhos da dona Leontina — e mais um bando da Rua de Cima, outro bando da Rua de Baixo, um sem conta de criancice (...)

.................................
E foi uma festa o reencontro com o Toninho da Irene, mais João, mais Miúdo, mais Miguel e mais Dinho, que esses cresceram comigo na Rua do Meio, na Vila Nova.


Outras crônicas dessa época

Veja também crônicas abaixo que tratam de temas dessa época na Vila Nova:

- A bela daminha (aqui)
- O trem de Aguinhas (aqui)
- Traquinagens na linha do trem (aqui)


Fotos

        

(1) Tio Mário, vó Cema e Neli, na Vila Nova (anos 1950)   (2) Tio Mário e Farturinha (anos 1950)


        
  (3) Dé e tio Mário, na pedreira, anos 1950       (4) Tio Mário e Guima (ao fundo), passeio de charrete a Jesuânia (anos 1950)


Chica, Cida (sentada) e nossa prima, filha da Estela Bruno

  
 (5) Mingo, Chica e Graça, na Vila Nova, próximos da casa da tia Rosa


Vó Cema, no terreiro da casa do Tio Messias

     
 (6) Guima na linha do trem (Vila Nova, anos 1950)  (7) Tonho, João, Miúdo e Miguel, na Vila Nova

   
 
(8) João da Irene, Miúdo, João e Tonho e outras crianças da Vila Nova (anos 1970)  (9) Miúdo, João e Tonho

  
(10) Antiga vista da Rua do Meio          (11) Tonho, na Vila Nova (ainda sem calçamento)

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A fé católica de minha vó Cema


A extrema fé católica de minha avó Iracema Gentil Lobo - a Vó Cema - passou para toda a família Gentil Lobo. Já postei aqui neste espaço virtual alguns textos sobre esse tema, como os seguintes:

- Sua resignação em presença dos lances da vida pobre e difícil decorria da fé católica (aqui)
- Viagem à Aparecida do Norte (aqui)
Reza na Igrejinha de São Benedito (aqui)

Num trecho do livro Menino-Serelepe* falo dos santos de sua devoção:
— Meu filho, veja o seguinte: os santos de devoção de sua vó Cema, quais são? — Nossa Senhora Aparecida e São Benedito — respondi.




(1) 1968: Família Gentil Lobo: Iracema Gentil Lobo, filhos e netos. Minha mãe, Léia/Mário, Elisa/Messias e filhos desses e de tio meu Rubens Lobo, que não está na foto. Eu sou o último em pé, à direita

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A Igrejinha de São Benedito


Num outro, falo dos laços da família Gentil Lobo com a Igrejinha de São Benedito: 


Por esse tempo da minha infância, o tio Messias era o responsável pela provedoria, controlando as contas da igreja, cuidando da mantença — limpando, reparando, reformando, essas coisas. Com isso e com a vó Cema sendo devota de São Benedito, toda a família passou a manter fortes laços com a igreja e com a comunidade ligada a ela, como seu Orlando e dona Irene e seus filhos, Toninho, João e Zezinho, apelidado de Miúdo, todos esses amigos de infância.

 

Sobre as festas de São Benedito, na Vila Nova, veja este post (aqui)


 
Mãe e Mingo no Cruzeiro da Igrejinha de São Benedito (anos 1950)

 
(1) Mingo, na porta da Igrejinha São Benedito   (2) Miúdo, Dinho, Tonho e João, no Cruzeiro

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Minha criação católica


Ainda em o Menino-Serelepe* anoto que minha mãe:

 

Me criou na fé católica de missas, terços, novenas, jejuns e promessas. Me fez frequentar catecismo, confessar, fazer primeira comunhão, levar flores para o Sagrado Coração e ajudar na enfeitação das ruas, por ocasião das procissões de Corpus Christi e, na Semana Santa, acompanhar a procissão do Encontro e a do Senhor Morto.

E que desse modo foi


(...) que colhi de minha mãe, de minha vó Cema e de toda família dessa uma fé profunda no Catolicismo, no qual fui criado, me casei e batizei os meus três primeiros filhos.

 


Minha mãe, tia Elisa, Mingo, Miguel, Jão Batista e Dilinho, na Aparecida do Norte (anos 1970)

  
Família Gentil Lobo na Aparecida do Norte (final anos 1960)
 

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Vocabulário de Aguinhas

Termos encontrados nesta série A família Gentil Lobo

A leite de pato(a): Jogar de brincadeira, sem valer nada.
Bar copo-sujo: Botequim. [Gíria ocorrente em Aguinhas.]

Conga: Antigo sapato feito de lona e borracha; espécie de tênis.
Encamaçar: Preparar (um baralho de cartas) para enganar os parceiros.

Jacá: Espécie de cesto feito de taquara ou de bambu. Em sentido figurado: roupa ou sapato grandes. Jangar: Balançar; Jogar. Rodear. Andar jangando. Ficar com o sapato jangando no pé. O peru ficou jangando em torno.

Orelha da sota: Estar na orelha da sota = estar no jogo de cartas. [Sota = dama no jogo de baralho.]

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Foto de abertura: uma das últimas fotos de minha vó, tirada no casamento de sua neta Francisca (Chica).


(*) Esta narrativa faz parte do livro Menino-Serelepe - Um antigo menino levado contando vantagem, uma ficção baseada em fatos reais da vida do autor, numa cidadezinha do interior de Minas Gerais, nos anos 1960.

O livro é de autoria de Antônio Lobo Guimarães, pseudônimo com que Antônio Carlos Guimarães (Guima, de Aguinhas) assina a série MEMÓRIAS DE ÁGUINHAS. Veja acima o tópico Livros à Venda.


(**) Se você, caro(a) visitante, tiver notícias, informações, casos e fotos dessa época, ou quiser fazer alguma correção ou complementação ao texto aqui publicado, entre em contato conosco neste e-mail: historiasdeaguinhas@gmail.com


Veja também

 

as demais partes desta série:

1 - As origens (aqui)
2 - A Vila Nova do meu tempo 
(aqui)
3 - A família Gentil Lobo (aqui)

Guimaguinhas
Enviado por Guimaguinhas em 04/10/2013
Alterado em 16/10/2023
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