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Memórias familiares e de minha terra natal
Meu Diário
08/11/2021 15h27
MEMÓRIAS DE AGUINHAS - Américo Werneck retratado por Augusto de Lima

Ilustração: Américo Werneck (1855-1927), na madureza dos anos


Sumário


APRESENTAÇÃO

 

Américo Werneck nasceu no Distrito de Bemposta, em Paraíba do Sul (RJ) [atualmente Bemposta pertence ao município de Três Rios (RJ)], no dia 13 de março de 1855, filho de Inácio dos Santos Werneck e de Luísa Amélia de Oliveira, barões de Bemposta. Faleceu no Rio de Janeiro em 17 de setembro de 1927. Foi casado com Judith de Lemos Werneck e posteriormente com Regina de Andrade Werneck.

Homem de coração generoso, do que há pelo menos dois registros:

  • O retrato de Américo Werneck estampado no Asilo São Luiz para Velhice Desamparada, no Rio de Janeiro, em razão de ter sido ele um dos beneméritos daquela instituição.
  • O registro constante da nota de seu falecimento (jornal A Noite, RJ, de 17/09/1927) de que fizera doações importantes a muitas instituições de caridade.

Pois bem, neste post vamos ver um retrato de Werneck por Augusto de Lima, na data em que o mencionado retrato de Werneck foi inaugurado no Asilo São Luiz para Velhice Desamparada, no Rio de Janeiro, do qual Werneck foi um benemérito.

 

Nesse dia coube ao mineiro Augusto de Lima fazer um discurso falando do homenageado.

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O ASILO SÃO LUIZ PARA VELHICE DESAMPARADA

 

Em 04 de setembro de 1890 o Visconde Luiz Augusto Ferreira D`Almeida fundou o “Asylo São Luiz para a Velhice Desamparada”.

 

O objetivo era oferecer um lar para os funcionários de sua fábrica que estavam em idade avançada, abrigando-os na chácara comprada no bairro do Caju.

 

Atualmente, a instituição se preocupa com o bem-estar dos idosos e parte dos nossos residentes são atendidos de forma gratuita. Todos recebem o mesmo atendimento, são cuidados com amor e carinho por toda nossa equipe. Acreditamos que praticar o bem é um diferencial essencial para a sociedade, por isso nos preocupamos com o bom envelhecimento da população e buscamos ajudar da melhor forma possível. Contamos com a ajuda de parceiros e benfeitores para que nossa causa continue acontecendo.

 

Casa São Luiz é uma Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) sem fins lucrativos. Acolhemos idosos com carinho e respeito há 130 anos, e o nosso principal objetivo é o conforto dos nossos residentes. Possuímos uma equipe multidisciplinar altamente qualificada para atender as necessidades de cada um e estamos preparados para oferecer o melhor às pessoas 60+.

 

Fonte: https://casasaoluiz.org.br/

 

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AUGUSTO DE LIMA, O ORADOR

 

 Antônio Augusto de Lima (Nova Lima, então Congonhas de Sabará, 5 de abril de 1859 — Rio de Janeiro, 22 de abril de 1934) foi um jornalista, poeta, magistrado, jurista, professor universitário e político brasileiro. Formou-se em 1882 na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, onde foi colega de seu irmão, Bernardino de Lima.

Como Governador de Minas Gerais (1891) decidiu a mudança da capital do estado de Ouro Preto para Belo Horizonte. Seu nome foi dado a uma das mais belas avenidas de Belo Horizonte.

 

Em 1903 foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras, sendo eleito seu presidente em 1928.

 

Em 1906, eleito deputado federal, mudou-se para Rio de Janeiro, onde se casou com Vera Monteiro de Barros de Suckow, neta do major Hans Wilhelm von Suckow. Continuou no cargo durante 20 anos (1909 - 1929), sendo responsável pela redação do projeto de declaração de guerra do Brasil à Alemanha na 1ª Guerra Mundial.

 

Durante a Revolução de 1930, dirige o jornal "A Noite", editado no Rio de Janeiro. Em 1934, foi eleito deputado à Constituinte Federal, mas faleceu poucos dias depois da eleição.

 

A poesia de Augusto de Lima mostra uma forte vertente panteísta, e faz questionamentos existenciais aliados a um ponto de vista ético e universalista. É um dos grandes poetas de índole filosófica na literatura brasileira.

(Wikipedia, ABL e mg.gov.br)

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O DISCURSO - RETRATO DE WERNECK POR AUGUSTO DE LIMA

 

Fazemos espaço hoje à oração proferida pelo acadêmico Augusto de Lima, no Asilo São Luiz para Velhice Desamparada, o palácio dos velhos que se ergue no gracioso outeiro da Ponta do Caju.

 

Inaugurava-se o retrato de Américo Werneck, esse capítulo do nosso “De viris illustribus”, ao lado de outras figuras, tais como Mauá, Menezes, Vieira, Campos Salles, Rio Branco e tantos outros e que viveu uma das vidas mais complexas e multiformes do Brasil: chefe de indústria, empreendedor, administrador, educador, político, mas político de um molde que a veemência das atualidades que ora nos cercam, parece fazer-nos crer ter se perdido.

 

E, além de todas essas atividades ainda, lhe sobrou tempo para as atividades do coração que o levaram a dedicar-se com afã e esforço a uma fecunda e eficaz colaboração na obra santa do Asilo São Luiz.

Incumbido de dizer, minúcia todos os relevos desta grande individualidade, Augusto de Lima pôs nessa tarefa as qualidades de sua oratória, realizando com felicidade, em torno da grande figura, o biógrafo e o panegirista. Produziu assim, o ilustre acadêmico uma formosa oração que valeu pela inauguração de um novo retrato, o retrato moral, psicológico e intelectual de Américo Werneck, em torno do qual a sua prosa armou uma moldura magnífica. E ao lado da linda tela, devida ao pincel de Oswaldo Teixeira outra, surgiu luminosa e eloquente como uma bela lição de história contemporânea do Brasil que foi também, salutarmente, uma alta lição de moral e cívica.

 

Cedemos a palavra ao ilustre poeta mineiro:

 

“Senhores

 

— Se há um momento e um lugar em que o homem possa justificar o orgulho da sua espécie, é este momento e este lugar em que nos encontramos. O momento assinala a passagem de uma efeméride religiosa — a festa do santo patrono desta casa, a cuja interseção junto de Deus, se deve, com o benemérito trabalho dos homens, o curso tranqüilo e progressivo da sua vida cheio de benefícios para os que sofrem. O lugar é este mesmo em que nos é dado observar na sua irredutível grandeza, a solidariedade humana, no que ela tem de mais puro e desinteressado. A emoção aqui se impõe; ela nos vem de todos os lados. Um grande coração criou este instituto e outro coração do mesmo sangue entretém e engrandece. Tudo aqui fala deste amor, desde o santuário, em que, espontaneamente, vão os hóspedes robustecer a saúde da alma, até os mais insignificantes objetos em que se multiplica o zelo da gerência pelo sossego e conforto desses, que representam o crepúsculo da vida, para uns de glória, para outros de misérias, para todos porém, de desenganos, quando não alentados pela fé religiosa. Como me sinto feliz, senhores de participar da emoção deste espetáculo, tão diferente na sua finalidade de união, amparo e repouso, desses em que lá fora se agita a vida na competição de glórias e utilidades efemérides, abreviada na ambição de gozos precários e consumida no incêndio das discórdias!
 

Bem hajam quantos, ao lado do Dr. Carlos Ferreira de Almeida se empenham, esforçam pelo engrandecimento desta casa e bem hajam os que num gesto de liberalidade cristã destacam uma parte de seu patrimônio, para auxiliar esta obra bem-aventurada.
 

A este grupo de eleitos pertenceu o grande brasileiro de quem venho falar-vos, e a quem se dirigem as homenagens desta hora. A vida de Américo Werneck só é conhecida superficialmente. Pensador, sociólogo, publicista, administrador todos sabem que o foi superiormente. Homem de letras consagrado, autor de romances, memórias e dramas. Mas, há na vida deste austero brasileiro, fatos que precisam vir a lume para elucidar ou corrigir a história política e administrativa do Brasil
 

Faço-o de acordo com informes de quem os podia dar autênticos e verdadeiros, aliás confirmando o conceito que dele fizeram ilustres políticos e publicistas de seu convívio mais próximo. Para Quintino Bocaiúva, Américo Werneck era o maior pensador brasileiro. Semeador de idéias denominava-o Alcindo Guanabara. Afirmava Nilo Peçanha ser ele o espírito mais profundamente liberal de seu tempo. O Ministro Heitor de Souza, que o enfrentou em pleito célebre de Minas, conceituava-o como a inteligência mais fulgurante do Brasil.
 

São estes os seus traços biográficos: nasceu o preclaro fluminense no município de Petrópolis a 19 de março de 1856, e era filho do fazendeiro Ignácio Barbosa dos Santos Werneck e de sua esposa D. Luiza Amelia de Oliveira Werneck, titulados barão e baronesa de Bemposta. Fez os preparatórios no colégio Pedro II e em 1878 recebeu o grau de engenheiro civil na antiga Escola Central.
 

Américo Werneck não se limitou em seus estudos aos objetos de sua carreira profissional. Tornou-se desde cedo um estudioso das ciências morais e políticas.
 

Foi um erudito. Seduziu-o o ideal republicano e tornou-se um propagandista da República.Federativa. Na “Gazeta Sul Mineira” periódico que se publicava em São Gonçalo de Sapucaí, foi com Lucio de Mendonça e Frederico Bressame, um ardente pregador do novo credo. Isto pelo ano de 1883, em que o humilde orador que vos fala, fundava também em Ouro Preto um centro de propaganda presidido pelo desembargador Joaquim Caetano da Silva Guimarães, presidente da redação e de que faziam parte os Drs. Antonio Casimiro da Mota Pacheco, Leônidas Damásio, Joaquim de Oliveira Santos e coronel Henrique Edmundo Renault. Este clube foi de duração efêmera. Intensa foi sim a ação de Américo Werneck, não só pela imprensa como pela propaganda inteligente e arguta, junto dos elementos aproveitáveis para o êxito.
 

Estava então em Águas Virtuosas, quando ali foi fazer uma estação, em 1884, o professor da Escola Militar Benjamim Constant, “que até então diz memória, cujo assento me serve de base, só se preocupava com idéias pedagógicas.
Após conferências diárias durante perto de um mês, Américo Werneck conseguiu empolgar Benjamim Constant. Pela primeira vez, continua o documento que estou reproduzindo, o espírito de matemático e de filósofo penetrava no cenário político, observava seus atores, interessava-se pelo problema da revolução, tomava o rumo aos acontecimentos, impressionava-se com o advento do terceiro reinado, ouvia o libelo contra a monarquia, etc.

 

Quando Benjamim Constant se retirou de Águas levava o plano assentado de intervir na agitação social e conduzi-lo, se pudesse, ao desfecho determinado pela lógica de sua educação filosófica. Este o depoimento, de certo, preciosíssimo de um dos fatos inéditos a que me referi.
 

Benjamim Constant foi o verdadeiro chefe da revolução. A constituição o declara fundador da Republica. Mas quem lhe preparou o animo, quem lhe persuadiu a tendência, quem lhe afirmou a convicção e determinou a vontade mudando-lhe radicalmente os hábitos magistrais em iniciativa de combate, foi à vista dessa revelação, Américo Werneck, e fora, injustiça nega-lo.
 

Sobreviveu à República o professor filósofo e antigo ministro de Deodoro. Faltou-lhe lazer para escrever as suas memórias ou ao menos esta confissão se é que o amor próprio lhe não embaraçasse este gesto de homenagem à verdade. Para nós que conhecemos a alma austera e retilínea de Américo Werneck basta-nos o depoimento que ele deixou no seu livro, inédito - “Na Luta” - que deve ser divulgado para que na versão definitiva da História só atribua como é de justiça, “o seu ao seu dono”.
 

Feita a República, não lhe agradou o rumo que esta seguiu, o que o afastou dos centros de atividade.
 

Deixou-se ficar no interior de Minas. Comprou alguns quinhões da empresa de Lambari, adquiriu os direitos e privilégio que ele tinha sobre as fontes de Cambuquira, organizou outra empresa e mudou-se para aquele lugar. Foi seu primeiro cuidado salvar o bosque vizinho, tornado magnífico parque. Com a compra de outro terreno fixou a sua área. E no pântano onde brotavam as preciosas nascentes, fez todos os trabalhos precisos para a futura instalação. Desviou o curso do riacho e descobriu no seu antigo leito a fonte ferro-magnesiana, a única conhecida no Brasil, diz a memória, e mais duas outras, além de um grupo de férreo-gasosos.
 

Isto feito, captou com os recursos de que dispunha quatro das cinco nascentes superiores e como não tivesse encontrado um operário para esta operação delicada, fê-la ele mesmo descendo em mangas de camisa ao fundo das nascentes.
 

Quem se lembrará deste grande feito, que descobriu e tornou aproveitável esta fonte de riquezas para o Estado e de saúde para os enfermos?
 

Transferida esta propriedade voltou Américo para o Estado do Rio, onde fora eleito deputado à respectiva Assembléia Legislativa, fixando residência em Petrópolis. Foi intenso seu trabalho parlamentar: fez passar a Lei sobre o imposto territorial, novidade fiscal que surpreendeu os rotineiros do imposto de exportação, e muitas outras medidas fez adotar. Mas, não achou executores que lhe dessem vida, removendo as resistências do “statu quo”.
 

Terminado o mandato legislativo voltou de novo ao retiro de Águas Virtuosas, onde escreveu os seus melhores livros, e donde enviou ao “Jornal do Comércio” daqui, uma série notabilíssima de artigos sobre política, finanças e administração. Trouxe de novo à baila o Imposto Territorial, sucedâneo que devia ser do de exportação. Sabem todos o terror supersticioso, com que o povo, em geral, e os grandes latifundiários, em particular, receberam o que era reputado uma ameaça de confisco. Silviano Brandão, eleito presidente de Minas, tendo acompanhado essa memorável campanha de imprensa e conhecendo o alto valor do publicista convidou-o pare ser secretário de Agricultura.
 

Era o homem para a situação que assim se desenhava e que me reporto ao que disse em 25 de outubro de 1902 na sessão em memória a Silviano Brandão:
 

“A dívida flutuante ameaçando o crédito do Estado: a arrecadação não correspondendo à verba orçada; um compromisso (enorme naquele tempo) de 20.000 contos de dívida externa vencida e oito mil de dívida interna a satisfazer logo; diminuição progressiva e alarmante da produção e, por uma aberração da lei econômica, diminuição paralela no preço dos gêneros de oferta; impossibilidade de ate-lo ao capital pela escassez do dinheiro e miséria do crédito; impossibilidade de apelo ao contribuinte já exausto por numerosos tentáculos do polvo fiscal; a indústria abatida, os industriais falidos; a agricultura importando víveres a peso de ouro e exportando café a preço vil, que o transporte quase absorvia; desânimo geral, pobreza geral, bancarrota de todas as previsões econômicas; a própria máquina administrativa ameaçada de paralisia. Era este o panorama.

 

Como o defrontou Américo Werneck? Aconselhando o presidente e ajudando-o a executar as medidas de salvação do Estado. Foram extremas. Assim era preciso: a redução profunda nas despesas, a supressão de verbas extraordinárias, a suspensão de serviços, a extinção de cargos e comissões, tudo autorizado por lei, cujo projeto esboçara o grande secretário da Agricultura. Propôs também logo a criação do imposto territorial que, recebido com muita prevenção, teve que resignar-se a grandes mutilações que o deformaram.

 

Acompanhemos a memória. Américo Werneck organizou a prefeitura da Capital; fundou três colônias; resolveu a crise de transportes favorecendo a liquidação inevitável das companhias que se haviam arruinado no jogo da Bolsa; reduziu o déficit anual do ramal de Belo Horizonte, de 300 a 14 contos; obteve a aquisição dessa linha pelo governo federal por 3.000 contos para ser incorporada à rede da Estrada de Ferro Central; reduziu o déficit anual da Estrada de Ferro Bahia e Minas de 600 a 24 contos; reduziu os fretes de transporte nas estradas sujeitas à administração do Estado; obteve do governo Federal reduções análogas em suas linhas; conseguiu do Ministério da Fazenda alguns favores protecionistas na Alfândega; e graças a esses conjuntos de medidas desenvolveu e viticultura, a indústria de laticínios, a exportação em larga escala do minério de manganês, a cultura e exportação de milho, feijão, arroz e batatas, que pagava aos mercados estrangeiros. E o governo Silviano venceu.

 

O estado de Minas entrou em franca prosperidade, mas sendo incompleta e mutilada a obra que concebera a respeito da nova organização fiscal, Américo Werneck exonerou-se depois de dois anos e tanto de exaustivo trabalho que lhe predispôs o organismo para a moléstia quase mortal que o acometeu. Salviano Brandão, também alquebrado dos embates e das vigílias, sucumbiu depois.
 

Subindo a presidência do Estado do Rio o Dr. Nilo Peçanha, foram reclamados os serviços de Américo Werneck no cargo de consultor técnico das obras públicas, lugar criado especialmente para ele. Foi o ministro de todas as pastas e para muitos que conheceram a intimidade da administração fluminense e o extraordinário êxito do governo, deve o saudoso Nilo Peçanha em grande parte, à colaboração e aos conselhos preciosos de Américo Werneck.
 

A introdução na prática do imposto territorial, o desenvolvimento da policultura, a organização da exploração da energia hidroelétrica, em tudo imprimiu o cunho vivo da sua ação.
 

Eleito deputado Federal apresentou projetos de grande utilidade que a miopia dos diretores parlamentares não pode apreender as suas linhas e o seu valor.
 

Terminado o mandato legislativo e nomeado prefeito de Águas Virtuosas pelo então presidente de Minas Wenceslau Brás, remodelou aquela instância hidro-mineral.
 

Arrendando-a como particular, não pôde realizar o seu gigantesco plano, por circunstâncias que não dependiam dele. Divergindo do governo teve de, com ele, sustentar um pleito de que saiu vencedor.
 

Sob qualquer ponto de vista com que se encare esta longa fase depois que cessou ação de Américo Werneck, em Águas Virtuosas, ninguém há que lhe possa recusar os serviços relevantíssimos que prestou, àquela estância. As suas obras lá estão decuplicando de valor à espera que um sopro fecundo do governo de Minas, semelhante ao que foi infundido em Poços de Caldas, desperte a atividade e o esplendor com que sonhou Américo Werneck ao erguer o suntuoso palácio do Cassino, diante do esplêndido lago e cercado de um dos mais belos panoramas do Brasil.
 

Américo Werneck passou a viver puramente a vida de gabinete, da qual nunca se achou em ausência prolongada. Era ali que seu espírito de brilhantes faces se sentia bem porque produzia sem cessar obras de assuntos variados, ora como publicista — “O Brasil seu Presente e seu Futuro”; “Erros e Vícios da Organização Republicana”; “Problemas Fluminenses”; “Estados Mineiros”; “Ecos da Multidão”; “Revisão Constitucional”; “Indústrias de Transportes”; ora como administrador e economista: “Reforma do Sistema Tributário”; “Reflexões sobre a Crise Financeira”; “Tarifas Aduaneiras”; “Política e Finanças”; ora como sociólogo e jurista: “Interdito Possessório”; “Juízo Arbitral”; “Liberdade de Testar”; “Do Divórcio”.

Conhecedor do coração humano e psicólogo escreveu esta admirável “Arte de Educar os Filhos”, o mais belo livro no gênero que já se escreveu na nossa língua.
 

Como homem de letras, de pura ficção, deixou primorosos romances: — “Morena”; “Marido e Amante” e “Graciema”, que não era, este último só trabalho de imaginação, mas também uma admirável reconstrução dos costumes e tradições do nosso passado.

 

O seu drama heróico “Lucrecia”, revelou mais uma face da sua capacidade de esteta: — a do teatro.
 

“Judith” é uma memória formosíssima eternizando um idílio, páginas suaves de ternura e espiritualismo.
 

Do romancista de “Graciema”, não faltaram estudos que puseram em relevo o seu poder de observação, beleza de estilo e seleção moral dos caracteres de seus heróis. Aliás, a verdadeira crítica, aquela que se devia buscar na psicanálise, não se fez das obras de Américo Werneck, cuja personalidade forte sempre surge do cenário das ações e dramas que descreve. Ali vivem o seu caráter, a sua combatividade pelos princípios e ideais, a sua bondade enternecedora e todas aquelas virtudes que atraiam nele a nossa admiração e o nosso afeto.
 

Antes de conhecer-lhe as obras não as do jornalista e pensador, mas as literárias, eu conheci o homem num período atribulado da minha vida pública. Exercia ele então, em Belo Horizonte o alto cargo de Secretário de Estado, quando nos encontramos pela primeira vez.
 

Três frases de conforto e de apoio lhe ouvi; tão vigorosas foram as suas expressões de solidariedade com as minhas atitudes, em célebre pleito que eu sustentava; tantas provas públicas dele recebi reafirmando esta preciosa concordância; que, desde então em diante, embora materialmente afastados por destinos diferentes, alistei-me e permaneci entre os mais afetuosos amigos e os mais entusiásticos admiradores dessa peregrina figura;
 

Não foi uma exceção, na regra geral da sua vida, toda dedicada ao pensamento do belo e da verdade e à prática do Bem, o gesto generoso que ele teve para com este estabelecimento, fazendo-lhe, com suprema elegância, que peço vênia para denominar evangélica o importante donativo que muito balsamo tem valido para aliviar as dores dos pobres velhinhos.
 

Da tríplice auréola, que lhe coroa a memória, não seu qual fulge mais: se a do caráter, se a do gênio, se a do coração.

 

Aquelas duas realçaram-lhe as nobres posições que ocupou na política, na administração, na sociedade; - esta, porém, a do coração, foco de bondade que irradiou no amor da família pelo afeto de esposo, filho, pai e irmão, e no amor do próximo, pela caridade cristã, extreme de qualquer interesse, esta, a coroa do coração, pertence principalmente aos troféus que ele soube conquistar nas divinas batalhas do bem contra o mal, promovendo o agasalho contra o desabrigo, o bem estar e o conforto contra a miséria e a fome, a consolação contra o desespero, a vida contra a morte. Nas suas vigílias de pensador, a principal preocupação de seu espírito era a da organização de institutos humanitários em que fosse possível atender com alívio e socorro imediato ao maior número de sofredores. Aumentando o bem estar dos homens e estancando quantas possíveis, as fontes da dor, conseguiriam os dirigentes da sociedade alcançar a paz duradoura e melhor garantir a ordem. Desse plano altamente filantrópico e lidimamente cristão, não podia deixar de fazer parte um estabelecimento como este, em que os veteranos da sociedade, a quem faltam o conforto do lar, encontrassem aqui outra família não menos carinhosa que a do sangue.
 

Werneck já o encontrou fundado. Seria capaz de o fundar se já não existisse. Por isso mesmo o proclamamos benemérito ao lado de outros que também o foram. Melhor que nós outros, que apenas lhe louvamos e bendizemos as virtudes, Deus lh’as terá recompensado com o tesouro da sua infinita bondade.
 

Que os velhos desta casa e todos nós que os amamos, abençoemos a memória imortal de Américo Werneck.
 

AUGUSTO DE LIMA

 

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REFERÊNCIAS

 

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Publicado por Guimaguinhas
em 08/11/2021 às 15h27
 
05/11/2021 08h32
FUTEBOL NO SUL DE MINAS - Campeonatos da Liga de São Lourenço - 1951/53 - 4a. Parte

PARTIDAS MEMORÁVEIS - LDSL/1951-53


Ilustração: Manchete do jornal O CRACK, São Lourenço, a respeito da derrota do Ubiratan para o Baependi, em 1951


SUMÁRIO


Apresentação

Em posts anteriores desta série, vimos falando dos campeonatos regionais organizados pela Liga Desportiva de São Lourenço (LDSL), no início dos anos 1950. Confira:

Hoje, neste post intitulado PARTIDAS MEMORÁVEIS - LDSL/1951-53, veremos a quarta e última parte da série, recordando duas partidas do campeonato LDSL/1951: uma derrota do vice-campeão Esporte e outra do campeão Ubiratan - o fantasma amarelo!

Vamos lá.

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Esporte x Industrial

Neste jogo, ocorrido em agosto de 1951, o Esporte — campeão de 1950 —foi derrotado pelo Industrial de Itanhandu, deixando livre o caminho do Ubiratan, que viria a se sagrar campeão daquele ano.

Confira:

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Baependi x Ubiratan

Em setembro de 1951, numa partida recheada de grandes jogadores — Tek,  Nelson, Rolo, Pinelli, Pinellinho, Bacelar, Luizinho — o Ubiratan foi a Baependi e perdeu de goleada.

No entanto, a derrota não tirou o Ubiratan da liderança do campeonato da LDSL/1951, o qual acabou conquistando com méritos.


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Referências

  • Jornal O Crack - São Lourenço, MG - Edições citadas acima (Acervo pessoal da família de Crisóstomo Fernandes)
  • www.cancellain.com.br
  • Agradecemos a Pedro Silva (Pedro Guela) a cessão do semanário O Crack.
  • Acervo pessoal do autor.

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Publicado por Guimaguinhas
em 05/11/2021 às 08h32
 
30/09/2021 07h56
MEMÓRIAS DE AGUINHAS - A Água de Lambari num livro do Império do Brasil

Ilustração: Capa do livro: Exposição Universal de Paris em 1889. Reprodução. Arquivo Nacional. Apud: brasilianafotografica.bn.gov.br


SUMÁRIO


APRESENTAÇÃO

Como anotamos no post: MEMÓRIAS DE AGUINHAS - D. Pedro II e as Águas Minerais de "Alambary" (aqui), sabe-se que

(...) em 1876, D. Pedro (foi) à Alemanha, Suécia, Finlândia, Rússia, Turquia, Palestina, Egito, Itália, Áustria, França, Inglaterra, Escócia, Irlanda, Holanda, Suíça e Portugal, onde conviveu com imperadores, czares, reis, rainhas e artistas importantes como Richard Wagner e Leon Tolstoi. (Grifamos.)

(Fonte: http://gallasdisperati.com.br/viagens-ao-exterior-de-d-pedro-ii/)

E que nessa viagem D. Pedro distribuiu uma cópia do livro-livro propaganda do Brasil a governantes de diversos países, inclusive ao da Finlândia, em cuja Biblioteca Nacional fora encontrado o exemplar que serviu de base ao artigo que Lícia Bandeira, da ATURLAM, escreveu para o jornal O Farol (mar/abr/2019).

Pois bem, neste post, complementando esse artigo de Lícia Bandeira, veremos que o livro — O Império do Brasil na Exposição Universal de 1867 em Paris — fora editado em 1867, por ocasião da exposição, visando a dar, ainda que de forma precária, 

(...) uma idéa approximada de suas immensas riquezas naturaes, e forças productivas. (Grafia original.)

Como se verá, o texto sobre as águas virtuosas que aparece nessa edição de 1867 está um pouco diferente da edição de 1876, ofertada ao Governo da Finlândia. Esse último está mais desenvolvido.

Vamos lá!

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O IMPÉRIO DO BRASIL NA EXPOSIÇÃO UNIVERSAL DE PARIS (1867)

Segundo referências no Diccionario bibliographico portuguez,de Innocencio Silva [4], o livro O Império do Brasil na Exposição Universal de 1867 em Paris  

constou no Diario do Rio n. 88 e 97 que o trabalho foi redigido no espaço de 20 dias por Luiz Pereira do Couto Ferraz e José Ildefonso de Sousa Ramos, tendo sido revisto pelo próprio imperador D. Pedro II. Apareceu também nas páginas do Diário que a intenção era imprimir versões em inglês, alemão e em francês, sendo a última pelo Conde d'Eu. Inclui o catálogo dos objetos enviados à exposição, antecedido por um apanhado acerca do Brasil nos idos de 1867. Contém estatísticas e aborda temas tais como a geografia, clima, organização dos poderes, direitos dos brasileiros, instrução primária e secundária, bibliotecas, indústria, comércio, agricultura, infraestrutura, instituições e outros. 

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RECORTES DO LIVRO

Título do livro

Impressão

Aguas gazózas (Águas Virtuosas e Caxambu) [Grafia original]

Mapa

Nova carta chorographica do Imperio do Brazil / reduzida pelo bacharel Pedro Torquato Xr. de Brito ..., da que foi confeccionada pelo Coronel Conrado Jacob de Niemeyer e outros officiaes engenheiros, em 1856.

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ONDE ENCONTRO O LIVRO

O livro O Imperio do Brasil na Exposição Universal de 1867 em Paris está disponível na Biblioteca do Senado Federal, e em formato digital pode ser visto ou baixado gratuitamente, neste link:

https://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/242455

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VEJA COMO FOI A EXPOSIÇÃO UNIVERSAL DE PARIS EM 1889

No tocante à participação do Brasil na Exposição Universal de Paris em 1889, há o seguinte livro de fotos do Arquivo Nacional, cujas imagens permitem imaginar como se deu a exposição de 1867, objeto do livro que comentamos no post.

                                    Capa. Reprodução

Veja aqui:

https://brasilianafotografica.bn.gov.br/?p=12604


REFERÊNCIAS

  1. Post: MEMÓRIAS DE AGUINHAS - D. Pedro II e as Águas Minerais de "Alambary" - aqui
  2. Livro: O Imperio do Brasil na Exposição Universal de 1867 em Paris - Disponível aqui
  3. Texto: Viagens de D. Pedro II ao Exterior - aqui
  4. Diccionario bibliographico portuguez. Ed. fac-similada. Lisboa : Imprensa Nacional, Casa da Moeda, [1972-2002?]. v. 10, 61-62.). Apud site do Senado Federal - aqui
  5. Exposição Universal de Paris: exposição brasileira [capa do álbum], 1889. Paris, França / Acervo Arquivo Nacional. Reprodução. Apudhttps://brasilianafotografica.bn.gov.br/?p=12604

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Publicado por Guimaguinhas
em 30/09/2021 às 07h56
 
21/09/2021 06h29
PEQUENA HISTÓRIA DE ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARI - Fontes de pesquisa da nossa história

Ilustração: Logo do Cap. 18 - Fontes de pesquisa da nossa história. Coletânea ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARI

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APRESENTAÇÃO

Águas Virtuosas de Lambari, outrora Águas Virtuosas da Campanha, a cidade que começou com "uma fonte, depois um povoado, depois uma estância".

JOSÉ BENEDITO RODRIGUES. Apresentação da 2a. edição de Lambari - outrora "Cidade de Águas Virtuosas da Campanha", de JOÃO CARROZZO, 1985


A descoberta das águas santas, depois águas virtuosas, do outro lado da Serra da Campanha, fez surgir o povoado de Águas Virtuosas da Campanha, depois Águas Virtuosas de Lambari e atualmente a cidade de Lambari.

ANTÔNIO CARLOS GUIMARÃES. As Águas Virtuosas de Lambari e a Devoção a Nossa Senhora da Saúde, 2017


Como sabemos, o mais precioso bem de LAMBARI são suas ÁGUAS VIRTUOSAS. E a história de nossa cidade é a história de nossas águas.

Lambari é uma das poucas cidades que tem uma lenda a secundar-lhe a história — a Lenda das Águas Virtuosas.

Águas Virtuosas de Lambari — uma história tão rica — e uma memória tão pobre!

ANTÔNIO CARLOS GUIMARÃES. Pequena História de Águas Virtuosas de Lambari (em preparo)


 Site GUIMAGÜINHAS.

Ícone da Seção Memórias de Aguinhas 

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Na Seção MEMÓRIAS DE AGUINHAS deste site (aqui), listamos livros, monografias e publicações, além de museus e acervos, em que podem ser encontradas informações sobre a história da cidade de LAMBARI, MG — que já foi chamada ÁGUAS VIRTUOSAS DA CAMPANHA e ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARI —, e assim também esclarecimentos acerca de suas ÁGUAS MINERAIS.

E, como se poderá verificar, são bastante escassas informações históricas sobre Lambari. É, como se diz: 

Águas Virtuosas de Lambari tem muita história, mas pouca memória.

De fato, é precária a memória histórica de Lambari, e quem pretende estudá-la vai encontrar imensa dificuldade em localizar fontes para desenvolver o seu trabalho — seja porque são poucas, seja porque são de difícil acesso.

As obras mais próximas de nós, como as de CAPRI, CHAVES, AIROSA, LISBOA JÚNIOR, MILEO, MARTINS, CARROZZO, VIOLA, por exemplos,  mencionadas na bibliografia, há muito estão esgotadas, e nem nossa principal biblioteca possui a maioria delas.


   

José Nicolau Mileo, João Lisboa Júnior e Benício, médicos cronologistas e autores de livros sobre a água mineral de Lambari

     

Armindo Martins, João Carrozzo e Paulo Roberto Viola, memorialistas e autores sobre a história de Lambari


Neste post, resumimos o resultado de nossa busca de fontes da história do Sertão do Rio Verde, da Região do Lambari e de Águas Virtuosas de Lambari, visando à confecção da série PEQUENA HISTÓRIA DE ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARI.

Vamos lá.


Capa da série PEQUENA HISTÓRIA DE ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARI, de Antônio Carlos Guimarães, em preparo. Título escrito sobre o recorte de antigo mapa contemplando a região da cidade de Campanha e sua situação geográfica entre os rios Verde e Sapucaí (parte da antigo Sertão do Rio Verde)

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INTRODUÇÃO

Conceitos introdutórios

     Historiador: Um historiador é um indivíduo que estuda e escreve sobre a história e é considerado uma autoridade neste campo. Historiadores se preocupam com a narrativa contínua e metódica, e também com a narrativa que pode ser descontínua e subjetiva, bem como a pesquisa dos eventos passados relacionados ao ser humano, e o estudo dos eventos ocorridos ao longo do tempo e também no espaço. Embora o termo historiador possa ser usado para descrever tanto os profissionais quanto os amadores da área, costuma ser reservado para aqueles que obtiveram uma graduação acadêmica na disciplina. Alguns historiadores, no entanto, são reconhecidos unicamente com mérito em seu treinamento e experiência no campo. Tornou-se uma ocupação profissional no fim do século XIX.

(O negrito não é do original.)

(Fonte: https://educalingo.com/pt/dic-pt/historiador)


     Memorialista: Autor de memórias históricas ou literárias. Aquele que escreve memórias. = MEMORISTA.

(Fonte: Dicionário Aulete Digital )


     Este autor é um memorialistaPosto isso, este autor, com suas Histórias de Aguinhas e suas Memórias de Águas Virtuosas de Lambari, pode ser definido como memorialista.

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Memórias de Águas Virtuosas de Lambari

Abaixo vão cópias de eslaides da apresentação PPT Memórias de Águas Virtuosas de Lambari, elaborada para divulgação do site Guimagüinhas, com informações e definições que interessam aos objetivos deste post.

Confira:



BIBLIOGRAFIA DA PEQUENA HISTÓRIA DE ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARI

Não é pequeno serviço ajuntar o disperso, abreviar o longo, apartar o seleto.

ANTÔNIO DE SOUSA MACEDO, citado por PEDRO GRANJA


Está listada abaixo a bibliografia da história de Águas Virtuosas de Lambari que pudemos encontrar, num trabalho formiguinha de “ajuntar escassas informações dispersas” e tentar “reajuntá-las” numa sequência lógica e didática para sobre elas debruçar e rabiscar a primeira etapa dos textos.

Para essa tarefa, e para escrever a série Pequena História, compulsamos material ao alcance de nossas mãos: aquele que possuímos, o que está disponível em meio digital e o que se encontra nos museus de nossa região.

Se a Pequena História e a bibliografia que levantamos puder servir como um contributo a quantos se têm dirigido ao site GUIMAGÜINHAS em busca de informações, livros, documentos e bibliografia para trabalhos escolares e acadêmicos, já teremos nossa paga.

Mas sobretudo esperamos que a história do Sertão do Rio Verde, da Região do Lambari, da Campanha da Princesa e de Águas Virtuosas de Lambari atraia leitores, especialmente os mais jovens, desejosos de conhecer a rica história da nossa região.

Esta PEQUENA HISTÓRIA DE ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARI não se trata de trabalho acadêmico nem de historiador, e sim de um memorialista que quer divulgar a história de sua terra, dentro do espírito do site GUIMAGÜINHAS:

Compartilhar histórias, preservar memória!

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MEMORIALISTAS E HISTORIADORES DE LAMBARI

 

Comentamos linhas acima sobre carências documentais e empecilhos para localizar e pesquisar a memória histórica de Águas Virtuosas de Lambari.

São poucos, ou de difícil acesso, os documentos, fontes e registros históricos originaismapas, atas, manuscritos, escrituras, certidões, livros históricos — a que um estudante, pesquisador ou memorialista pode pôr as mãos, situação essa agravada por perdas lamentáveis de arquivos, pela inacessibilidade a certos clássicos, pelo esgotamento de edições lançadas décadas atrás, pela indigência do acervo das bibliotecas mais próximas.

De fato, trata-se de uma história tão rica, para uma memória tão pobre, como vimos dizendo.

Quanto a esses pontos, recorde-se que GARÇÃO STOCKLER, no jornal A Peleja, de 15 de maio de 1898, já escrevia:

 

 

A seu tempo, VIOLA (2012, 43) comentou também que seu pai, o lambariense Paulo Grandinetti Viola, certa feita, buscou informações sobre a história de Lambari e aqui não as encontrou, e as existentes nos anais da Câmara Municipal de Campanha de pouco serviram.

O professor JOÃO CARROZZO (1988), em suas pesquisas, também constatou a destruição de documentos de atos e fatos da vida política e administrativa de Lambari.

Narramos no site GUIMAGÜINHAS não só a história do acervo extraordinário do historiador Basílio de Magalhães sobre a história de Lambari [1], como a perda lamentável das obras que doou para a Prefeitura da cidade, que, décadas atrás, foram desviadas ou vendidas, e, o mais lamentável, queimadas no incêndio que destruiu quase totalmente a biblioteca municipal em 1987 [2]

Nesse incêndio, ocorreu também a inestimável perda de documentos, mapas e plantas originais dos projetos de embelezamento e modernização da estância de Lambari, empreendido por Américo Werneck, em 1909/1911.

Foram-se também importantes arquivos da cidade de Lambari, entre eles o patrimonial, o de recursos humanos, o financeiro e tributário. E, ainda, perdeu-se o acervo fotográfico de João Gomes D’Almeida [Filho] – primeiro fotógrafo de nossa cidade, aqui chegado no final da década de 1890 – com a memória fotográfica de Águas Virtuosas de Lambari.

O trabalho mais completo sobre a nossa história veio pela pena do lambariense José Nicolau MILEO (1970b), membro do Instituto Histórico e Geográfico da Campanha, que compulsou “240 documentos sobre as Águas Virtuosas que nos chegaram às mãos por oferta do Reverendíssimo Monsenhor José do Patrocínio Lefort”. Sem esses documentos,  hoje arquivados em Campanha, no Instituto supracitado, a monografia histórica de MILEO não teria vindo a lume.

Têm também seu valor as obras de CARROZZO (1985, 1988) e MARTINS (1949, reeditada com alterações em 1971), e nós as usamos proveitosamente em nossa Pequena História. E assim também utilizamos ALMEIDA (1896), CAPRI (1918), CHAVES (1932) e VIOLA (2002).

Quanto a autores campanhenses que contaram nossa história (a nossa e a deles, pois elas em muitos pontos se confundem, e a princípio era uma só: a deles), podemos citar: LEFORT (1946, 1993), VALLADÃO (1973), BUENO (1900), NAVARRO (Apud CARROZZO), VEIGA (1874), cujos trechos de obras foram referidos em muitos dos nossos opúsculos.Uma obra pioneira para nossa historia, a se destacar, é a de PIRES (1896).

Há, ainda, como pudemos constatar, documentação relevante sobre nossa história em Campanha e em Belo Horizonte, que não pudemos compulsar visto a limitação editorial desta Pequena História.

Estão lá esses documentos, aguardando pesquisadores mais habilitados, acadêmicos, historiadores, como disse LEFORT (1993, p. 76):

Nos preciosíssimos Códices do Arquivo Público Mineiro existem documentos de real valor à espera de alguém que venha ler os manuscritos e conheça algo de história para serem aplicados a esta ou aquela localidade.

Registre a possibilidade de consulta eletrônica a parte desses acervos, conforme anotamos no tópico Bibliotecas digitais logo abaixo.

Por fim, é de se louvar esforço do sr. Nascime Bacha na coleta de documentos, livros e informações para compor o acervo do Museu Américo Werneck, recentemente reaberto.


[1] Basílio de Magalhães e a Bibliografia da História de Águas Virtuosas de Lambari – Disponível em: https://guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=60664

[2] O incêndio da Prefeitura de Lambari – Disponível em: https://guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=45060

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HISTÓRIA DE MINAS GERAIS

ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO. http://www.siaapm.cultura.mg.gov.br/

INSTITUTO CULTURAL AMÍLCAR MARTINS. http://site.icam.org.br/ 

COMO ESCREVER A HISTÓRIA DE SUA CIDADE. http://site.icam.org.br/publicacoes/como-escrever-a-historia-da-sua-cidade/

CENTRO DE MEMÓRIA DIGITAL (UNB) - Documentos do Brasil Colônia no Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa.  https://cmd.unb.br/index.php

HALFED, Henrique Guilher Fernando; TSCHUDI, Johann Jakob von. A Província Brasileira de Minas Gerais. Belo Horizonte, Fundação João Pinheiro - Centro de Estudos Históricos e Culturais, 1998

VASCONCELOS, Diogo de. História antiga das Minas Gerais. Belo Horizonte, Imprensa Oficial de Minas Gerais, 1904 Disponível em: https://digital.bbm.usp.br/view/?45000011821#page/10/mode/2up

TOPONÍMIA E CARTOGRAFIA HISTÓRICA DE MINAS GERAIS. Disponível aqui: https://www.ihgmg.org.br/pagina/toponimia-e-cartografia-historica-de-minas-gerais

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HISTÓRIA DE CAMPANHA

BUENO, Júlio. Almanaque do município de Campanha. Ed. Monitor Sul Mineiro, 1900.

LEFORT, José do Patrocínio [Mons.] A Diocese da Campanha. Campanha, MG : 1993.

LEFORT, José do Patrocínio [Mons.] 8o. Anuário Eclesiástico da Diocese da Campanha. Sul de Minas. 1946.

OLIVEIRA, Deocleciano Martins de. História da Literatura Mineira. Belo Horizonte, Imprensa Oficial, 1963, 2ª. edição 

REZENDE, Francisco de Paula de. Minhas Recordações. Belo Horizonte : Imprensa Oficial, 1987.

VALLADÃO, Alfredo. A Princesa Isabel e o Príncipe Consorte na cidade da Campanha da Princesa; As estâncias hidrominerais do Sul de Minas através da história da cidade da Campanha da Princesa. In Da Aclamação à Maioridade (8122-1840) e outros trabalhos históricos. Rio de Janeiro, Freitas Bastos, 1973, 3ª. edição

VEIGA, Bernardo Saturnino da. Almanach Sul-Mineiro para 1874-1884. Monitor Sul Mineiro. Campanha, MG, 1874

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HISTÓRIA DE LAMBARI

ALMEIDA, Dr. Pires de. Lambary e Cambuquira - Hydro-estações ao Sul do Estado de Minas Gerais - Brazil. Typ. Leuzinger, Rio de Janeiro, 1896

CAPRI, Roberto. Águas Virtuosas de Lambary. São Paulo : Pokay & Comp., 1918.

CARROZZO, João. Lambari - Outrora "Cidade de Águas Virtuosas da Campanha". Piracicaba, SP : Shekinah Editora, 3a. edição, 1985.

CARROZZO, João. História Cronológica de Lambari. Piracicaba, SP : Shekinah Editora, 1ª. edição, 1988.

MAGALHÃES, Basílio. Política de Lambari - A eleição municipal de 23 de novembro e a defesa da administração decenal (1936-46) do prefeito dr. João Lisboa Júnior. Tipografia Guarani, São Lourenço, MG, 2a. edição, 1948

MAGALHÃES, Basílio. Lambari, cidade das Águas Virtuosas [Análise crítica do livro de Armindo Martins, editado em 1949] Jornal do Commercio, RJ, edição de 26 de março de 1950

MARTINS, Armindo. Lambari – Cidade das Águas Virtuosas. 1ª. edição, 1949.

MARTINS, Armindo. Lambari – Cidade das Águas Virtuosas. Rio de Janeiro : Linográfica Rio, 2ª. edição, 1971.

MILEO, José Nicolau. Ruas de Lambari. Guaratinguetá, SP : Gráfica Vila, 1ª. edição, 1970.

MILEO, José Nicolau. Subsídios para a história de Lambari. Guaratinguetá, SP : Graficávila, 1a. edição, 1970.

MILEO, José N. Descoberta da Água Mineral de Lambari. Separata da Voz Diocesana de Campanha n°s. 792-793-794, s/d

MILEO, José N. O Comendador Inácio Gomes Midões e Lambari. Separata da Voz Diocesana de Campanha n°. 796, s/d

VIOLA, Paulo Roberto. Lambari, como eu gosto de você. Rio de Janeiro : Editora Navona, 2ª. edição, 2002.

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AS ÁGUAS MINERAIS DE LAMBARI

AIROSA, Manoel. Ensaio dos banhos hidrocarbogasosos com as águas de Lambari – Folha Médica, 15 de março de 1937
AIROSA, Manoel. A propósito dos 21 dias. Guaratinguetá: Gráfica e Editora “EDIGRAF” Ltda, 1947

CHAVES, Benício. Água de Lambary. Lambary, MG : Pinto & Cia., 1932

LISBOA JÚNIOR, João. Aplicações terapêuticas das águas minerais de Águas Virtuosas do Lambary e épocas de estação. 1928

MILEO, José Nicolau. A água mineral de Lambari. Cruzeiro, SP : Ed. Liberdade, 3a. ed., 1968

LOPES, Renato Souza. Águas minerais do Brasil - Composição, valor e indicações terapêuticas. Ministério da Agricultura. Serviço de Informação Agrícola. Rio de Janeiro, 1956, 2a. edição.

MOURÃO, Dr. Mario. Tratamento hydro-mineral das moléstias do fígado. Jornal do Commercio/Rodrigues & Cia., Rio de Janeiro, 1939

BELLINI AMORIM, Antonio Carlos [Editor]. Águas minerais do Brasil.  Antonio Bellini Editora & Cultura. São Paulo, 2005

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HISTÓRIA DO BRASIL

SALVADOR, Frei Vicente do. História do Brasil - de 1500 a 1627. [E-book Kindle]

LUÍS, Washington. Na Capitania de São Vicente. Senado Federal, Conselho Editorial, 2004

PAIS LEME, Pedro Taques de Almeida. História da capitania de São Vicente. Senado Federal, Conselho Editorial, 2004

GANDAVO, Pero de Magalhães. Tratado da Terra do Brasil : história da província Santa Cruz, a que vulgarmente chamamos Brasil. Senado Federal, Conselho Editorial, 2008

PITA, Sebastião da Rocha. História da América Portuguesa. [E-book Kindle]

SOUSA, Gabriel Soares de. Notícia do Brasil. [E-book Kindle]

ANTONIL, André João. Cultura e Opulência do Brasil. [E-book Kindle]

CALÓGERAS, João Pandiá. Formação Histórica do Brasil. [Edições Kindle]

RIBEIRO, João. História do Brasil. [E-book Kindle]

ABREU, João Capistrano de. Capítulos de História Colonial (1500-1800). [E-book Kindle]

ABREU, João Capistrano de. Ensaios e estudos. [E-book Kindle]

TAUNAY, Afonso d'Escragnolle. Historia das bandeiras paulistas (v.1). São Paulo, Melhoramentos (https://digital.bbm.usp.br/)

CALMON, Pedro. História da Civilização Brasileira. Brasília : Senado Federal, Conselho Editorial, 2002

MAGALHÃES, Basílio de. Expansão Geográfica do Brasil Colonial. São Paulo, Cia. Editora Nacional, 2a. edição, 1935 (Brasiliana Digital)

MAGALHÃES, Basílio de. História do Brasil. Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1942.

HALFED, Henrique Guilher Fernando; TSCHUDI, Johann Jakob von. A Província Brasileira de Minas Gerais. Belo Horizonte, Fundação João Pinheiro - Centro de Estudos Históricos e Culturais, 1998

BITTENCOURT, Circe [Org.]. Dicionário de datas da história do Brasil – 2. ed. – São Paulo : Contexto, 2012. [E-book Kindle]

FAUSTO, Boris. História do Brasil. Edusp, 1996 (E-book)

BUENO, Eduardo. Brasil: uma história: cinco séculos de um país em construção. Rio de Janeiro, Leya, 2012

PRIORE, Mary Del; VENANCIO, Renato. Uma breve história do Brasil. São Paulo, Planeta do Brasil, 201o

PRIORE, Mary Del. Histórias da gente brasileira [Vol. 1 - Colônia]. Rio de Janeiro, Leya, 2016 [E-book Kindle]

PRIORE, Mary Del. Histórias da gente brasileira [Vol. 2 - República]. Rio de Janeiro, Leya, 2016 [E-book Kindle]

LOPES, Reinaldo José. 1499: a pré-história do Brasil. 1. ed. – Rio de Janeiro: Harper Collins, 2017 [E-book Kindle]

DORIA, Pedro. 1565 - Enquanto o Brasil Nascia. Rio de Janeiro : HarperCollins, 2017 [E-book Kindle]

GUARACY, Thales. A conquista do Brasil - 1550-1600. São Paulo, Planeta2018 [E-book Kindle]

VASCONCELOS, Diogo de. História antiga das Minas Gerais. Belo Horizonte, Imprensa Oficial de Minas Gerais, 1904 Disponível em: https://digital.bbm.usp.br/view/?45000011821#page/10/mode/2up

GOMES, Laurentino. 1808. São Paulo, Planeta do Brasil, 2007

GOMES, Laurentino. 1889. São Paulo, Globo Livros, 2013

PINSKY, Jaime. A escravidão no Brasil. São Paulo, Contexto, 2010 [E-book Kindle]

GOMES Laurentino. Escravidão [Vol. 1]. Rio de Janeiro, Globo, 2019 [E-book Kindle]

SCHWARCZ, Lilia Moritz; GOMES, Flávio dos Santos. Dicionário da escravidão e liberdade. São Paulo, Editora Schwarcz, 2018 [E-book Kindle]

VIOLA, Paulo Roberto. Dom Pedro II e a Princesa Isabel. Rio de Janeiro, Lorenz, 2008

CORRÊA, Viriato. História do Brasil para crianças. São Paulo, Cia. Editora Nacional, 1957

CAMINHO PARA MINAS GERAIS - SÉCULOS XVIII/XIX - www.novomilenio.inf.br

BIBLIOTECA NACIONAL DIGITAL. https://bndigital.bn.gov.br/

EVOLUÇÃO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO. DGP Mundo/YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=6JugVFF3SM0

PINSKY, Jaime [Org.]. O ensino de História e a criação do fato. São Paulo, Contexto, 2009 [E-book Kindle]

OLIVEIRA, Lúcia Lippi [Org.]. Cidade: História e desafios. Rio de Janeiro : Editora FGV, 2002.

CARVALHO, Bruno Leal Pastor de; MULLET, Nilton. Professores e professoras de história são mesmo doutrinadores? (Artigo) In: Café História. Disponível em: https://www.cafehistoria.com.br/professores-e-professoras-de-historia-sao-mesmo-doutrinadores/. Publicado em: 27 jul. 2021. ISSN: 2674-5917.

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MEMÓRIAS DE AGUINHAS - BIBLIOGRAFIA SOBRE ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARI

Confira no site GUIMAGÜINHAS a seção MEMÓRIAS DE AGUINHAS - Bibliografia sobre Águas Virtuosas de Lambari com mais informações sobre a bibibliografia da história de nossa cidade.

Clique aqui:

https://guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=37327

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POSTS DO SITE GUIMAGÜINHAS

E veja também:

  • Estas séries do site GUIMAGÜINHAS:

  
História da fundação de Águas Virtuosas

 
Imigração italiana para Águas Virtuosas de Lambari


Série ABI
Série As Águas Virtuosas de Lambary
Série Aguinhas Elegante
Série Aguinhas Musical
Série Basílio de Magalhães
Série Cromos de Aguinhas
Série Farmácias de Aguinhas
Série Hotéis de Aguinhas
Série Memórias Políticas de Aguinhas
Série Nova Baden
Série Postais de Aguinhas
Série Recordações de Aguinhas


Veja ainda estes posts:

A Vila de Águas Virtuosas de Lambary no final do Século XIX

A vila de Águas Virtuosas e seu Parque das Águas em 1908

Quando LAMBARI era ÁGUAS VIRTUOSAS DA CAMPANHA (1870)

Revista do IBGE, de 1947 - Artigo sobre Lambari

Águas Virtuosas no Anuário de Minas Gerais de 1913

E então ÁGUAS VIRTUOSAS virou LAMBARI

Evolução Administrativa de Águas Virtuosas de Lambari

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BIBLIOTECAS DIGITAIS

Bibliotecas digitais - História, dicionários, obras raras e outros temas

A seguir, alguns sites que disponibilizam (download ou leitura on-line) e-books/livros de história, dicionários e obras raras

Confira:

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REFERÊNCIAS

  • Mencionadas no texto.

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Publicado por Guimaguinhas
em 21/09/2021 às 06h29
 
19/09/2021 07h16
LITERATURA DE AGUINHAS - Basílio de Magalhães e a Bibliografia da História de Águas Virtuosas de Lambari

Ilustração: Reprodução. Capa do livro História antiga das Minas Gerais, de Diogo de Vasconcelos, com introdução de Basílio de Magalhães

1253689.pngSUMÁRIO

1253689.pngAPRESENTAÇÃO

Duvido haja no Brasil quem possua e guarde, mais carinhosamente do que eu, tantos elementos relativos à esta encantadora estância, quer no tocante ao seu mais remoto passado, quer no seu imerecido infortúnio presente.

BASÍLIO DE MAGALHÃES


Sobre BASÍLIO DE MAGALHÃES  — famoso historiador, filósofo, lexicógrafo, político, escritor, jornalista, professor, poliglota (que falava também o tupi-guarani) —  que durante muitos anos fez estações de águas em Lambari e depois passou a residir entre nós — já escrevemos toda uma série de posts (aqui).

BASÍLIO escolheu Lambari para viver, aqui quis ser enterrado (em 1957) e por diversas vezes declarou seu amor por nossa cidade, como neste trecho: 

meu comprovado amor por esta aprazível estância (da qual me desvaneço de ser tido em conta de filho adotivo). [MAGALHÃES, 1948]

Daí porque ter dito também: 

Duvido haja no Brasil quem possua e guarde, mais carinhosamente do que eu, tantos elementos relativos à esta encantadora estância, quer no tocante ao seu mais remoto passado, quer no seu imerecido infortúnio presente. [MAGALHÃES, 1950]

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BASÍLIO DE MAGALHÃES E A HISTÓRIA DE LAMBARI

De fato, como historiador renomado e bibliófilo extraordinário — sua biblioteca chegou a ter mais de 30.000 volumes, dos quais cerca de 3.000 v0lumes foram doados à biblioteca municipal — infelizmente, esses últimos, quase todos perdidos — BASÍLIO também se interessou pela história de ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARI e das ÁGUAS MINERAIS DE LAMBARI, mas, ao que sabemos, não chegou a escrever extensivamente sobre esses temas.

Em dois artigos do historiador que colhemos, há referências ao material que colecionou sobre nossas origens históricas, quais sejam:

1. Política de Lambari - A eleição municipal de 23 de novembro e a defesa da administração decenal (1936-46) do prefeito dr. João Lisboa Júnior. 1948

2. Lambari, cidade das Águas Virtuosas [Análise crítica do livro de Armindo Martins, editado em 1949]. 1950.

Nesses artigos, MAGALHÃES fez as seguintes referências à nossa história:

Vejo-me ainda forçado a fazer referência a outro documento, que chegou às minhas mãos em janeiro do ano recém-começado [1948], a que devo a gentileza do dr. Hélio Salles: a entrevista dada pelo novo prefeito de Lambari ao "Diário da Noite" e inserta neste a 23 de dezembro de 1947. Lamento que no conceituado jornal carioca hajam saído tantos erros graves, como os topônimos Baden-Baden e Royart, em vez de "Royat" e "Badnauheim", tendo eu oferecido à biblioteca da Prefeitura há cerca de dois anos, um opúsculo em alemão, lindamente ilustrado a cores, sobre a última das citadas estâncias européias.

(MAGALHÃES, 1948)

(...) mantendo ele [Armindo Martins] comigo antigas e cordiais de confraternidade jornalística, não lhe custava recorrer ao meu saber de experiências feitos e à minha bem provida biblio-hemeroteca, parte no Rio e parte aqui, no concernente à história, à geografia e às águas medicinais deste rincão sul-mineiro. Duvido haja no Brasil quem possua e guarde, mais carinhosamente do que eu, tantos elementos relativos à esta encantadora estância, quer no tocante ao seu mais remoto passado, quer no seu imerecido infortúnio presente.

Não só eu lhe teria fornecido cópia da melhor e mais recente análise das águas minerais daqui, trabalho a que procedeu gratuitamente um dos mais abalisados cientistas, o professor emérito ... o sr. Martins corrigindo suas páginas 18 e 19 o correto emprego deste adjetivo da Faculdade Nacional de Filosofia, o meu preclaro amigo Dr. Djalma Hasselmann, como lhe permitiria preencher algumas lacunas de sua "Bibiliografia" de página 133. Mais ainda: estou que obteria permissão do meu eminente consócio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, o Dr. Virgílio Corrêia Filho — cujo trabalho sobre Lambari saiu primeiramente no Jornal do Commercio de 2 de março de 1947, e, depois, acompanhado de copiosas ilustrações, às páginas 521-553 do n. 4 do ano IX. Outubro-Dezembro de 1947, da "Revista Brasileira de Geografia" — para que o Sr. Martins se utilizasse, transcrevendo-a em seu livro, do excelente mapa de página 522 (...)

Um dos documentos mais velhos que possuo (devo-o à gentileza de Júlio Pinto) é a cópia de um artigo intitulado "As Águas Virtuosas de Lambari" e assinado "S. B.", dado à estampa em 30 de agosto de 1861, no n. 9 do Ano II, de "O Sul de Minas", dirigido então na Campanha por João Pedro da Veiga Sobrinho. É um apelo sensato e patriótico dirigido ao governo provincial, em prol da capacitação das fontes medicinais e da urgente realização dos melhoramentos desta linda estância. Tenho ainda a fortuna de possuir o n. 4 do tomo XXVI dos "Anais Brasilienses de Medicina" de Setembro de 1874, e cujas páginas 150-160 são consagradas às "Águas Virtuosas da Campanha", isto é, de Lambari. Aí é que vem (começa à página 125) o "Relatório da análise qualitativa e quantitativa das águas minerais de Baependi e da Campanha, na Província de Minas Gerais", pela respectiva comissão. Compunha-se esta dos Drs. Ezequiel Correia dos Santos, Agostinho José de Souza Lima e José Borges Ribeiro da Costa. 

(MAGALHÃES, 1950)

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ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARI  UMA HISTÓRIA TÃO RICA — E UMA MEMÓRIA TÃO POBRE!

Como referimos acima e já contamos no post LITERATURA DE AGUINHAS - A biblioteca de Basílio de Magalhães (aqui), quase todos os mais de 3.000 livros que Basílio doou à biblioteca municipal de Lambari se perderam, e entre eles — desviada, vendida, queimada — foi-se parte extraordinária da memória de nossa cidade.

E, como a tornar inesquecível tão inestimável perda, a nossa biblioteca pública leva o nome do seu benfeitor: Biblioteca Pública Municipal - Basílio de Magalhães.

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REFERÊNCIAS

  • MAGALHÃES, Basílio. Política de Lambari - A eleição municipal de 23 de novembro e a defesa da administração decenal (1936-46) do prefeito dr. João Lisboa Júnior. Tipografia Guarani, São Lourenço, MG, 2a. edição, 1948
  • MAGALHÃES, Basílio. Lambari, cidade das Águas Virtuosas [Análise crítica do livro de Armindo Martins, editado em 1949] Jornal do Commercio, RJ, edição de 26 de março de 1950

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Publicado por Guimaguinhas
em 19/09/2021 às 07h16
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