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Meu Diário
11/07/2017 06h14
Aparecida do Norte e a Senhora das Águas - Coincidências históricas

Ilustração: Imagem original de Nossa Senhora Aparecida [Século XVI] e a imagem de Nossa Senhora da Saúde [provavelmente da segunda metade do século XVII] existentes, respectivamente, no Santuário de Aparecida do Norte e na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Saúde, em Lambari, MG


SUMÁRIO


Apresentação

Este post foi extraído do e-book As Águas Virtuosas de Lambari e a devoção a Nossa Senhora da Saúde que o site GUIMAGUINHAS disponibilizou gratuitamente aqui.

O texto abaixo trata de duas curiosidades históricas que aproximam a devoção a Nossa Senhora da Aparecida, iniciada no ano de 1717, na antiga Vila de Guaratinguetá, na Província de São Paulo, e a Nossa Senhora da Saúde, iniciada a partir dos anos 1780, na Província das Minas, quando se deu a descoberta das Águas Virtuosas de Campanha do Rio Verde, futura cidade de Lambari, MG.

(Veja o texto: A devoção a Nossa Senhora Aparecida e a descoberta da “Água Santa” em Lambari, disponível aqui).

Vamos lá.


Capa do e-book, disponível aqui:

https://rl.art.br/arquivos/7457114.pdf

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A devoção à Senhora Aparecida

Foi em 1717 [a] que, segundo a tradição, se deu o achado por pescadores da imagem de Nossa Senhora da Conceição, posteriormente nomeada Nossa Senhora Aparecida. [1]

A partir daí, teve início a devoção por meio de famílias que se reuniam aos sábados em torno da imagem para rezarem o terço e cantarem em louvor da santa; depois, eram os que passavam pelo caminho e visitavam a capelinha à beira da estrada para pedir ou agradecer sua intercessão; mais à frente, o culto passou a ser feito em ritos domésticos, em pequenos altares e oratórios, prática essa que, já na metade do Século XVIII, se estendeu por diversos lugares, com a fama da Senhora Aparecida levada por tropeiros, sertanistas e mineradores. [1]

[a] Neste ano de 2017, em outubro, completam-se 300 anos da aparição da imagem da Virgem Maria.Nossa Senhora Aparecida.

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Disseminação das capelas dedicadas a Nossa Senhora Aparecida

Com Nossa Senhora da Conceição Aparecida, a devoção mariana introduzida pelos portugueses adquiriu nacionalidade brasileira, e a veneração à santa assume um caráter de identidade nacional.  [2]

A disseminação das capelas dedicadas a Nossa Senhora Aparecida coincide com a notícia do achado das águas minerais na região de Lambari, [2] visto que de 1780 a 1790 situa-se a década provável da descoberta das águas. [3]


 Imagem original de Nossa Senhora Aparecida [Século XVI] e a imagem de Nossa Senhora da Saúde [provavelmente da segunda metade do século XVII]

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A descoberta das Águas Virtuosas e a devoção a Senhora da Saúde

Logo após a descoberta das fontes, as virtudes miraculosas da água medicinal [3] passaram a ser apregoadas por todos, e elas começaram a ser designadas, já a partir de 1801, por águas santas[4] A expressão águas virtuosas começa a ser utilizada a partir de 1805, e acabou por nomear toda a região detrás da serra da Campanha por aquele nome: Águas Virtuosas. [4] E bem assim a serra divisória entre Campanha e Lambari passou a ser conhecida, desde 1805, como Serra da Água Virtuosa ou Água Santa da Campanha. [3]

Paisagem da séria Mata, de Benedito Calixto [6]

As expressões águas santas ou águas virtuosas nasceram provavelmente da crença e da fé populares, por associação dos efeitos medicinais e curadores da água à “tradição católica dos milagres da Virgem Santíssima” [2], como ficou assentado nos costumes devocionais da Região das Águas Virtuosas. 

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Viajantes e tropeiros aproximam as duas histórias

Mais tarde, passava pelo lugar uma estrada, e o boiadeiro ou tropeiro parava, chegava reverente até a nascente da ÁGUA SANTA, bebia, punha um pouco sobre a cabeça nua, banhando os cabelos e a testa, e enchia uma botija, que levava com escrupuloso cuidado para operar a uma, a 50, 80 e cem léguas de distância.

Extraído de A LENDA DAS ÁGUAS VIRTUOSAS, texto atribuído a Américo Werneck (aqui)


Circulando pela Estrada Velha, ou Caminho Velho [b], tropeiros, sertanistas, mineradores, boiadeiros e outros viajantes trouxeram à Região do Lambari o achado da Senhora Aparecida, e possivelmente foram esses mesmos que levaram às localidades por onde passavam as notícias, semeadas pela devoção religiosa, das “curas milagrosas” produzidas pela “água santa”, por intercessão de Nossa Senhora da Saúde. [2]

[b] O Caminho Velho foi a primeira via aberta oficialmente pela Coroa Portuguesa para o tráfego entre o litoral fluminense e a região mineradora. Do mar (Paraty) às minas (Vila Rica), ele soma 630 quilômetros, ligando o Atlântico – Rio de Janeiro –  e depois São Paulo, passando pela Vila de Guaratinguetá –  à cidade de Campanha (MG).


Rancho Grande (dos Tropeiros), de Benedito Calixto [6]

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Quase dois séculos depois, a construção das igrejas

Além da aproximação histórica supracitada, entre Aparecida do Norte e Águas Virtuosas de Lambari, há uma outra curiosidade, ocorrida em meados do Século XX: tanto o santuário de Aparecida como a Igreja de Lambari foram projetados pelo mesmo arquiteto: Calixto de Jesus Neto. 

De fato, dos projetos da nova Matriz de Nossa Senhora da Saúde em Lambari, adotou-se o elaborado pelo Dr. Benedito Calixto de Jesus Neto, formado no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, que fora também responsável pelo projeto do Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. [5]

(Veja o texto: O Santuário de Aparecida e a Igreja de Lambari, disponível aqui).


Santuário de Aparecida do Norte e a Matriz de N. S. Saúde, em Lambari

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Referências

[1] SOUZA, Juliana Beatriz Almeida de. Virgem mestiça: devoção à Nossa Senhora na colonização do Novo Mundo. Tempo, v. 6, n. 11, 2001. p. 77-92 

 [2] CARVALHO, Roberto Junho. A lenda de Lambari por uma perspectiva semiótica: construção de sentido, origens e ideologia. Dissertação (Mestrado) – Universidade Vale do Rio Verde (UninCor), Três Corações, 2015. 

 [3] LEFORT, Mons. José do Patrocínio. A Diocese da Campanha, 1993, págs. 206 e 207 

 [4] MILEO, José N. Subsídios para a história de Lambari. Guaratinguetá, SP : Graficávila, 1970, págs.12, 14, 16 e 56. 

 [5]  GUIMARÃES, Antônio Carlos. A Basílica de Aparecida do Norte e a Igreja de Lambari – Disponível em: http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=39880  

[6]  BENEDITO CALIXTO [Benedito Calixto de Jesus (1853/1927): pintor, desenhista, professor, historiador e astrônomo amador brasileiro]  vem a ser avô de Benedito Calixto Neto, autor do projeto da Igreja Matriz de Lambari (V. link acima)

 Autorretrato - Benedito Calixto

(*) Biografia de Benedito Calixto - aqui

(**) Fonte das pinturas de Benedito Calixto: Pinacoteca Benedicto Calixto http://pinacotecadesantos.org.br/Benedicto.aspx

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Publicado por Guimaguinhas
em 11/07/2017 às 06h14

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