Disse-lhe Jesus: Mulher, crê em mim: está chegando a hora em que nem neste monte e nem em Jerusalém adorareis o Pai (...) Deus é espírito, e os que o adoram devem adorá-lo em espírito e em verdade.
(JESUS E A SAMARITANA - João, Cap. 4)
(..) perguntarão, então o Espiritismo é uma religião? Ora, sim, sem dúvida, senhores; no sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nós nos glorificamos por isto, porque é a doutrina que funda os laços da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre as mais sólidas bases: as próprias leis da Natureza.
(ALLAN KARDEC, Revista Espírita, dezembro 1868)
A Lei Divina ou Natural
Em O LIVRO DOS ESPÍRITOS [Parte 3 - As Leis Morais], de Allan Kardec (1), os Espíritos Superiores afirmaram que a lei natural é a lei de Deus.
Essa afirmação, diz Herculano Pires, equivale ao reconhecimento da unidade divina de todas as leis que regem o Universo: umas regulam o movimento e as relações da matéria: as leis físicas, do domínio da ciência; outras — as leis morais — concernem ao homem em si mesmo, e às suas relações com Deus e com o seu semelhante. (2)
Dessa maneira, o Espiritismo
nos oferece a visão global do Universo, num vasto sistema de relações que unem todas as coisas, desde a matéria bruta até à divindade, ou seja, desde o plano material até o espiritual. As religiões, nesse amplo contexto, são como fragmentações temporárias do processo único da evolução humana. (2)
As leis morais
Na obra fundadora do Espiritismo supracitada, Kardec dialoga com os Espíritos sobre as leis morais, que estão "inscritas na consciência" dos homens. Essas, então, são examinadas num quadro que compreende dez leis: Adoração, Trabalho, Reprodução, Conservação, Destruição, Sociedade, Progresso, Igualidade, Liberdade e, por fim, Amor, Justiça e Caridade.
A Lei de Amor, Justiça e Caridade é a mais importante, pois contém todos os deveres dos homens entre si. Ela também resume todas as demais leis, visto que encerra por completo as condições da felicidade humana.
A Lei de Adoração
No estudo sobre a Lei de Adoração, os Espíritos informam que a adoração é um sentimento inato, como o da Divindade. Adorar é elevar o pensamento a Deus, aproximando dEle a alma. A seguir, os Espíritos acrescentam que a verdadeira adoração é a do coração, e que a adoração exterior pode, sim, ser útil, desde que sincera. E concluem dizendo que
Os homens reunidos por uma comunhão de pensamentos e sentimentos têm mais força para atrair os bons Espíritos. Acontece o mesmo quando se reúnem para adorar a Deus. Mas não penseis, por isso, que a adoração em particular seja menos boa; pois cada um pode adorar a Deus, pensando nEle. (O LIVRO DOS ESPÍRITOS, Questão n. 656)
Conceito espírita de religião
Na perspectiva posta acima, o Espiritismo respeita as religiões formalistas, que praticam a
adoração exterior, através do culto religioso, por mais complicado e material que este se apresente, desde que praticada com sinceridade, [pois isso] corresponde a uma necessidade evolutiva dos espíritos a ela afeiçoados. (2)
Mas, de sua parte,
não é propriamente uma religião instituída, mas uma religião natural, que nasce naquele que leu os seus princípios e entendeu a natureza divina, tornando-se, assim, uma pessoa religiosa. (3)
Ou seja, como explca Kardec:
no sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nós nos glorificamos por isto, porque é a doutrina que funda os laços da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre as mais sólidas bases: as próprias leis da Natureza.
.......................................
Não tendo o Espiritismo nenhum dos caracteres de uma religião, na acepção usual do vocábulo, não podia nem devia enfeitar-se com um título sobre cujo valor as pessoas inevitavelmente ter-se-iam equivocado. Eis por que simplesmente se diz: doutrina filosófica e moral. (4)
Posição do Espiritismo em face das outras religiões
Num outro texto, Kardec afirma que, para ele, o Espiritismo
não deve tender para nenhuma forma religiosa determinada. Ele é e deve permanecer como uma filosofia tolerante e progressiva, abrindo seus braços a todos os deserdados, qualquer que seja a nacionalidade e a convicção a que pertençam. (5)
Assim é que o Espiritismo se apresenta como uma religião em Espírito e Verdade, que não encara as religiões como adversárias, e
que não é nem pretende ser uma religião social, pelo que não disputa um lugar entre as igrejas e as seitas, mas quer apenas ajudar as religiões a completarem a sua obra de espiritualização do mundo. A finalidade das religiões é arrancar o homem da animalidade e levá-lo à moralidade. O Espiritismo vem contribuir para que essa finalidade seja atingida. (2)
Prática religiosa do Espiritismo
Como se vê do acima exposto, o Espiritismo não é uma religião formal — não possui templos, não adota cultos, sacerdócio, ritos. É uma doutrina cristã, que orienta seus adeptos a se conduzirem segundo a moral de Jesus, praticando a Caridade, a fórmula do amor ao próximo ensinada pelo Cristo, (que) supera todas as limitações formais. (2)
Apresentação PowerPoint - RELIGIÃO E MORAL ESPÍRITA
Veja aqui uma apresentação PowerPoint sobre o conceito espírita de religião e a prática e consequências da moral cristã adotada pelo Espiritismo, com os seguintes tópicos:
(a) a Lei de Adoração;
(b) aspectos gerais das religiões, como formas progressivas de esclarecimento espiritual;
(c) a necessidade da tolerância religiosa;
(d) a prática religiosa do Espiritismo (sem templos, rituais, dogmas, sacerdócio, etc.), baseada na Moral do Cristo; e
(e) glossário e referências.
Referências(1) KARDEC, Allan. O Livro dos Espiritos. São Paulo : LAKE, 1991. [Parte 3 - As Leis Morais]
(2) PIRES, José Herculano. Religião em Espírito e Verdade. In O Espírito e o Tempo. São Paulo : Edicel, 1977.
(3) PALHANO JR. José. Teologia Espírita - Compêndio de teologia comparada.Rio de Janeiro : CELD, 2011. [Cap. I - Deus - pág. 48](4) KARDEC, Allan. Revista Espírita [Dezembro de 1968]. São Paulo : Edicel, s/d
(5) KARDEC, Allan. Revista Espírita [Junho de 1969]. São Paulo : Edicel, s/d