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Memórias familiares e de minha terra natal
Meu Diário
27/11/2019 04h36
IMIGRAÇÃO ITALIANA PARA ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARI (1) Visão geral

 Ilustração: Montagem. Figuras estilizadas de bandeiras da Itália, Brasil e de (Águas Virtuosas de) Lambari1253689.png

SUMÁRIO

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APRESENTAÇÃO

Nesta série Imigração italiana para Águas Virtuosas de Lambari, vamos comentar a vinda de cidadãos italianos para nossa cidade, ocorrida no final dos anos 1800, início dos 1900, e o relevante papel que desempenharam no desenvolvimento de Águas Virtuosas de Lambari, quer em razão de suas atividades profissionais e culturais, quer dos laços sociais e familiares que estabeleceram.

Esta Série está dividida em 5 partes:

 

A parte 1 - Visão geral (este post)

A parte 2 - Latronico: terra de origem de famílias italianas de Lambari está aqui.

A parte 3 - Breve histórico de famílias italianas de Lambari - 3.1. Família GESUALDI está aqui.

A parte 3 - Breve histórico de famílias italianas de Lambari - 1 - Família GESUALDI está aqui.

A parte 3 - Breve histórico de famílias italianas de Lambari - 2 - Família BASILE está aqui.

A parte 4 - Viagens à terra dos antepassados - Família Gesualdi está aqui

A parte 4 - Viagens à terra dos antepassados - Família BASILE está aqui

Vejamos, pois, inicialmente, uma visão geral da imigração italiana para o Brasil, para o Sul de Minas e especialmente para Águas Virtuosas de Lambari.

Vamos lá.

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IMIGRAÇÃO ITALIANA PARA O BRASIL

Como sabemos, migração é a

movimentação de um povo, ou de um grande número de pessoas, para um país diferente, ou a uma região diferente dentro desse mesmo país, geralmente motivada por razões políticas ou econômicas; inclui a imigração (movimento de entrada) e a emigração (movimento de saída). [Dic. Michaelis]

Dentre as causas das migrações, estão as guerras, a fome, o desemprego, as perseguições, decorrentes de transformações políticas, econômicas e demográficas.

Quanto aos movimentos emigratórios da Europa para as Américas, a partir de meados do século XIX, esses tiveram as seguintes causas principais:

  • a expansão demográfica
  • as mudanças na distribuição da posse da terra
  • o processo de modernização da agricultura
  • as modificações nas relações de trabalho
  • as dificuldades de emprego, resultado de transformações que afetaram, sobretudo, o acesso à terra
  • a baixa produtividade, a pobreza e a falta de perspectiva dos que viviam no campo. [1] [2] 

A esses fatores, aliaram-se:

  • as notícias vindas do Continente Americano, com narrativas de terras, empregos e progresso;
  • a travessia do Atlântico facilitada pelos navios a vapor.

Nas décadas finais do século XIX, a Itália se encontrava em grandes dificuldades sócio-econômicas, em razão das lutas internas pela unificação, que duraram 20 anos e só foram encerradas em 1871. Essas dificuldades atingiam principalmente a população mais pobre, que vivia no meio rural, e não conseguia sobreviver nas pequenas propriedades, nem nas cidades, onde os postos de trabalho eram escassos. [3] 

A chegada dos italianos

(...) Naquela época, na Itália, o mercado de trabalho era difícil e os italianos vinham para a América do Sul onde as oportunidades eram boas. Eles costumavam dizer "vamos fazer a América", uma expressão que ficou muito conhecida.

A pátria que os italianos deixavam naquele tempo era resultado da unificação de reinos, ducados e principados independentes, que, lá pelos idos de 1870, fez surgir o Reino da Itália. Nesse Reino, recém-criado, grassava o analfabetismo, o futuro se apresentava obscuro e marcado de incertezas e o desemprego ameaçava por todos os lados.

Começa, então, um movimento migratório responsável por um expurgo do território italiano de cerca de vinte milhões de pessoas, no período compreendido entre as últimas décadas do século XIX e as primeiras décadas do século XX. O resultado é que hoje o Brasil tem cerca de 20 milhões de descendentes de italianos.

PAULO ROBERTO VIOLA, 2002, p. 63

Esse fato e o estímulo dado pelo governo italiano — que precisava combater a fome, o desemprego e tirar o país da terrível recessão em que se encontrava — encaminharam para o Brasil, no período de 1860 a 1930, milhares de trabalhadores italianos, saídos de Vêneto, da Lombardia, da Toscana, do Trentino, em sua maioria, seguidos de pessoas vindas da Campania (Napoli, Caserta), da Calábria (Cosenza, Catanzaro), e por último da Lombardia (Milão, Mantova, Cremona, Bergamo). [2] [4]

Por aquela época, enquanto muitas nações se desenvolviam, novas ideias políticas, movimentos sociais e invenções ocorriam por toda a parte, o Brasil, estagnado, vivia da agricultura de subsistência e da mineração, calcadas sobretudo na mão de obra escrava.

Necessitando crescer e desenvolver, premido pela iminente libertação dos escravos, o Brasil, que expandira sua malha ferroviária a partir de 1870, tinha interesse nessa corrente migratória para fazer crescer a agricultura, ocupar vastas áreas desabitadas e diversificar a economia, então centrada no café e na cana-de-açúcar.

Por essas razões, concedeu auxílio em dinheiro às famílias italianas para despesas da viagem e de instalação no país, tendo em vista política imigratória que visava a atender:

  • a necessidade de ocupação do território brasileiro amplamente desabitado e infrutífero, mediante formação de pequenas propriedades agrícolas familiares; e
  • a substituição da mão de obra escrava na atividade cafeeira, à vista da libertação dos escravos (1888) [3] 

Recorde-se, também, que:

Nos anos 80 e 90 do século XIX, estabelece-se no país um sistema organizado pelos fazendeiros para financiar a imigração. Famílias inteiras eram trazidas. Vinham com contrato assinado, povoando as lavouras. As colônias tinham uma média de 1.200 a 1.500 pessoas. 

Tânia Registro, historiadora [REVIDE, 2018]

Das massas de imigrantes italianos que chegaram ao Brasil pelos portos do Rio de Janeiro, Santos e Vitória, comerciantes e profissionais especializados foram localizados nos centros urbanos, e agricultores, que eram maioria, vindos da Região Norte da Itália, nas áreas rurais.


A viagem

A viagem da Itália para o Brasil durava cerca de trinta dias de navio. O conforto a bordo era quase nenhum. Os porões, que acomodavam passageiros da terceira classe, vinham lotados. A viagem transcorria com grande variação de temperatura, sendo muito calor durante o dia e muito frio à noite, o que gerava grande desconforto aos passageiros. As despedidas dos migrantes eram, via de regra, marcadas por um ambiente soturno, com os portos varados de derradeiros apitos e adeuses, usando a expressão oportuna de um poeta.

Após a viagem estafante, os italianos aportavam em território brasileiro exaustos, fazendo baldeação, com descanso em locais próprios, como era o caso da Hospedaria de Imigrantes na Ilha das Flores, no Rio de Janeiro, de onde geralmente partiam de trem, via Cruzeiro, Estado de São Paulo, para o interior, ou ainda para Minas, onde já estavam fixados parentes ou amigos conterrâneos.

PAULO ROBERTO VIOLA, 2002, p. 65


Imigrantes italianos aguardam embarque para a América. Reprodução. Frame. Fonte: Youtube


Desconforto, fome, calor e frio: a realidade da viagem. Reprodução. Frame. Fonte: Youtube

Desembarque de imigrantes. Porto de Santos (1907). Reprodução. Fonte: Wikipedia


Na região Sul (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná) e no Espírito Santo, estabeleceram-se famílias de colonos na agricultura familiar. No interior de São Paulo, no Vale do Paraíba fluminense e na Zona da Mata mineira trabalhadores braçais (braccanti) [5] foram destinados às fazendas de café. [2]

Note-se, ainda, que houve um pequeno número de imigrantes que chegou ao país disposto a empreender, aplicando economias ou pequeno capital obtido na venda de bens na Itália no comércio, indústria, agricultura ou prestação de serviços.

Hoje em dia, a maior população de oriundi [5] se encontra no Brasil: os ítalo-brasileiros somam cerca de 25 milhões de pessoas,  vivendo no Sul e no Sudeste, metade deles situados no Estado de São Paulo [6]

E há também entre nós o Dia do Imigrante Italiano, comemorado em 21 de fevereiro. (Lei nº 11.687, de junho de 2008)


Dificuldades dos imigrantes italianos no Brasil

“Os italianos fugiram de uma situação penosa e, aqui, além de terem que lidar com os problemas naturais de adaptação, encontraram uma vida bastante dura. Os fazendeiros ainda estavam acostumados com a mão de obra escrava. Isso desencadeou uma série de desentendimentos, confrontos e até greves. O governo italiano interveio, repatriando alguns imigrantes”

Tânia Registro, historiadora [REVIDE, 2018] 


Se nos finais do século XIX/início do século XX a vida não estava fácil para os italianos em sua terra natal, também foi cheia de dificuldades sua viagem, sua chegada, sua adaptação e as primeiras décadas de sua estada no Brasil.

Podemos citar:

  • abusos dos fazendeiros e as péssimas condições de trabalho nas fazendas de café, onde todos da família trabalhavam, inclusive as crianças;
  • Nas primeiras décadas do século XX, o Brasil também passou por dificuldades, e em razão disso, muitos oriundi e seus descendentes retornaram à Itália: seja porque perderam seus empregos, seja porque ocupavam empregos de salários miseráveis (às vezes, de simples sobrevivência), seja porque os que trabalhavam por meação não conseguiam subsistir, seja porque sitiantes não conseguiam extrair das pequenas propriedades os recursos para atender a família numerosa, que ainda crescera mais com os casamentos da prole e dos netos que chegavam;
  • No Estado Novo, no período da Segunda Guerra, italianos e seus descendentes (como também imigrantes alemães e japoneses) foram marginalizados. Foram proibidos de falar dialetos em públicos, suas associações foram fechadas, residência e estabelecimentos de italianos foram invadidos e seus bens confiscados.

A dura realidade das fazendas de café, onde ex-escravos e imigrantes viviam em péssimas condições de trabalho. Reprodução. Fonte: REVIDE, 2018


America, America, America (Como será essa América?)

  • Música: Merica Merica (La Merica) - Canto popular
  • Letra: Angelo Giusti
  • Intérpretes: Elenna Leda - Ana Karina Rossi
  • Tradução livre: Rodolfo Fiocco

"Dedico este filme aos meus antepassados italianos que vieram ao Brasil cheio de sonhos e esperanças, e que, com muito esforço, trabalho e dignidade aqui reconstruíram suas vidas".

                                                RODOLFO FIOCCO


  • Uma canção, um texto e um vídeo emocionantes: aqui

[1] BOTELHO; BRAGA; ANDRADE, 2007.

[2] NICOLI, 2016.

[3] AGÊNCIA SENADO, 2010.

[4] PORTAL ITÁLIA, s/d

[5] Oriundi: Oriundo. Do latim oriundus. Proveniente de; originário de. No caso, significa descendentes de italianos. Braccanti: Trabalhador agrícola geralmente pago por dia (jornaleiro, diarista)

[6] Revista digital "Oriundi". 7 de junho de 2013. Apud: Wikipedia

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IMIGRAÇÃO ITALIANA PARA MINAS GERAIS

Em Minas Gerais, os imigrantes que chegavam nos portos do Rio de Janeiro e Vitória eram conduzidos a hospedarias existentes em Belo Horizonte (próxima do Ribeirão Arrudas) e Juiz de Fora (Hospedaria Horta Barbosa).


Hospedaria Horta Barbosa. Juiz de Fora. Início do século XIX. Reprodução


Essa última,  destinava-se a receber, dar agasalho e alimentação por até cinco dias, àqueles que haviam se transferido para o Estado e que, do ponto de desembarque, não haviam sido dirigidos para outras hospedarias. [6]

No Estado, foram assentados artesãos e oficiais, e também trabalhadores agrícolas, em diversas cidades, como Belo Horizonte, Itueta, Juiz de Fora, Machado, Campanha, Poços de Caldas, Ponte Nova, Santa Rita do Itueto e São João Del Rey. Muitos desses haviam passado por outros estados brasileiros antes de serem localizados em Minas Gerais. [7]

A maioria dos imigrantes entrados em Minas Gerais foram para fazendas de café ou núcleos coloniais. Comissão Construtora da Nova Capital os alojou nas colônias que formariam o "cinturão verde" (Barreiro, Carlos Prates, Córrego da Mata [depois chamada Américo Werneck], Afonso Pena, Bias Fortes e Adalberto Ferraz). Esses núcleos coloniais situavam-se no entorno da futura cidade, e visavam ao abastecimento e diversificação da economia.  [8] 


Planta da nova capital, que antes de Belo Horizonte se chamara Cidade de Minas. Fonte: Comissão Construtora da Nova Capital. Reprodução.Wikipedia


Boa parte daqueles foi assentada na Zona da Mata mineira. De fato, a chegada da malha ferroviária na região, não só facilitou a remessa do café para o Porto do Rio de Janeiro, como levou massas de oriundi para as lavouras de café da então principal zona cafeeira do Estado.

Muitos outros vieram para as lavouras de café do Sul de Minas, e também para os assentamentos agrícolas criados a partir dos anos 1900 (Pouso Alegre [Francisco Sales e Senador José Bento], Ouro Fino [Inconfidentes] e Águas Virtuosas de Lambari [Nova Baden]).

A Comissão Construtora da Nova Capital também contratou imigrantes italianos como operários, para edificação da infraestrutura e dos edifícios públicos. [8] 

Os cerca de 50 mil italianos que migraram para Minas Gerais deixaram 1,5 milhão de descendentes, dispersos pelas regiões Sul e Leste, o que corresponde a 7,5% da população do Estado. A maior concentração se dá em Belo Horizonte, Sul do Estado e Zona da Mata. [8] [9].


[6] COMO PESQUISAR SOBRE IMIGRANTES? Site APM - aqui

[7] NICOLI, 2016.

[8] Imigração italiana em Minas Gerais. WIKIPEDIA

[9] RUFFATO, 2016 

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Imigração para Campanha

No início da década de 1860, chegaram a Campanha — município ao qual então pertencia a povoação de Águas Virtuosas (futura Lambari) — os primeiros contingentes de imigrantes italianos da região Sul do Estado, e ali se fixaram.


Campanha, MG, antiga. Reprodução. Wikipedia. Biblioteca Nacional


Vicente Mileo e Alexandre Maiolino foram os primeiros italianos que vieram e se fixaram em Campanha. Vicente Mileo, natural de Sapri (região da Campania, sul da Itália), casou-se com Ana Clara Valim e estabeleceu-se como caldeireiro em 1863. Faleceu no dia 14 de novembro de 1868 e não deixou descendentes. (MILEO, 1970, pág. 113)

Nas décadas seguintes, os que chegaram estimulavam outros patrícios a rumarem para o Sul de Minas Gerais. E muitos vieram, atraídos, inclusive, pela possibilidade de trabalho na construção da estrada de ferro, que viria ligar diversas cidades da região. (MILEO, 1970, p. 110; ; VIOLA, 2002, p. 75)

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Imigração para Águas Virtuosas de Lambari

Na década de 1870, João Marçano e em seguida Lucas Zaccaro vieram para Águas Virtuosas de Lambari, sem as respectivas famílias, e aqui se instalaram como comerciantes; alguns anos depois, retornaram a Itália.

Vindo de Campanha, a partir de 1880, um grupo de famílias originárias da mesma região da Campânia — província de Basilicata, cuja capital é Potenza, situada entre as províncias de Nápoles e Calábria — se instalou em Águas Virtuosas e aqui se fixou.


Região da Basilicata, Itália (Reprodução: GoogleMaps)


Quase todos vinham do mesmo paese* e muitos eram parentes próximos. Ordeiros, operosos, respeitosos à lei, esse grupamento de italianos muito contribuiu para o progresso de nossa cidade. 

Exerciam ofícios diversos na construção civil (pedreiros, mestre de obras, marceneiros), nas pequenas fábricas (calderarias, olarias, laticínios) e nos serviços em geral (barbeiros, alfaiates, sapateiros), como também atividades no comércio.


Paese [ital.]. sm. 1 aldeia, vilarejo.2 país.3 região, território. (Dic. Michaelis)

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Imigração para a Colônia Nova Baden (Lambari)

No início dos anos 1900, quando Américo Werneck era Secretário de Agricultura do Estado de Minas Gerais (setembro de 1898 a fevereiro de 1901), foi criada, em Águas Virtuosas de Lambari,  a Colônia de Nova Baden, na qual 160 lotes, com áreas de 4 a 6 alqueires de terra, foram concedidos a colonos austríacos, alemães e italianos

A gleba de terra retalhada em lotes, entregues àquelas famílias, contudo, não conseguiu fixar os beneficiários. Pouco depois lá permanecia reduzido número dos primeiros colonos — a maioria foi tentar a sorte em outros locais ou na zona urbana de Águas Virtuosas.

Inaugurada em 1901, a estação ferroviária de Nova Baden visava a contribuir para o desenvolvimento da colônia agrícola

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FAMÍLIAS ITALIANAS QUE VIERAM PARA ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARI

Cerca de 40 famílias italianas imigraram para Águas Virtuosas, quase todas oriundas de Latronico, na província de Basilicata

Dentre elas, conforme está no livro Subsídios para a história de Lambari (MILEO, 1970), as seguintes:

Basile, Beloni, Bianguli, Biasi, Bongiorni, Bordigoni 

Carelli, Carlini, Coli, Conti

De Capua, De Paula, Dieco, Dotti

Eoli

Franceschi

Gentili, Gesualdi, Giacoia, Giovanini, Gonelli, Grandinetti, Greco, Gregatti

Ieno, Ielpo

Lamberti, Léo, Lofiego, Lorenzo 

Magaldi, Maglioni, Mandarano, Manes, Marzano, Metidieri, Mileo

Negri

Papaléo, Papandréia, Patia, Pestile, Plantuli, Ponzo 

Raimundi, Rambaldi, Rosatti 

Santoro, Serruti, Sgarbi, Sinforoso, Silvestrini 

Tucci

Viola

(*) Os Biasi vieram de Campobasso; os Gentili, de Massa; os Pestile, de Nápoles; os  Giovanini, de Badia de Tedalda, província de Arezzo; os Rosatti de Cantiano, em Marche.

Fonte: JOSÉ NICOLAU MILEO, 1970, págs. 107 a 114; 


Antigo postal de Latronico (Italia). Fonte: Facebook/Madalena Viola (cujos avós são naturais dessa cidade)


Mais sobre Latronico antigo:


Sobrenomes mutilados

O escritor mineiro Luiz Ruffato, descendente de italianos e natural de Cataguases, no artigo Os italianos invisíveis de Minas Gerais diz que

Os imigrantes italianos, além do idioma, substituiram hábitos alimentares e comportamentos, e nem mesmo os sobrenomes conseguiram manter: na hora de proceder ao registro dos descendentes, os escrivães, sem entender direito o português estropiado, anotavam o que lhes parecia ter um som assemelhado ao ouvido, que o imigrante, analfabeto, não conferia. (RUFFATO, 2012).

Assim é que nos sobrenomes dos oriundi de Águas Virtuosas vamos encontrar, por exemplo: Biasi por Biaso; Beloni por Belone; Gentili por Gentil, Mitidieri por Metidiéro, Marzano por Marçano, Rosati por Rosattietc.

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Alguns imigrantes

Veja abaixo alguns imigrantes italianos que vieram para Águas Virtuosas de Lambari nos finais século XIX-início do século XX:


Francesca Bordigoni e Giuseppe Gentili, meus bisavós italianos, que vieram de Massa


Vicente Gesualdi e famíliares. Vicente nasceu em Latronico (Basilicata, Itália), e veio para Águas Virtuosas em 1893, com apenas 10 anos. Depois, em 1914, mudou-se para Itajubá (MG). Era irmão de Annunciatto Gesualdi

Família Viola: Vicente, Salvador, Carlos, Manoel e Luis. Todos oriundos de Latronico (Basilicata, Itália).


Francesco Basile (sentado). Natural de Latronico (Basilicata, Itália). Chegou em Águas Virtuosas de Lambari em 1877

Ao lado do Francesco, sentado, seu filho mais velho: Miguel. De pé atras do Francesco e Miguel, seu filho mais novo Reynaldo Basile.

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Histórias de imigrantes

Conta Paulo Roberto Viola, filho de Paulo Grandinetti Viola e neto de Salvador Viola, a seguinte história:

Foi através do Tio Manoel que os irmãos Viola vieram para o Brasil. Um dia, o tio Vicente contou a papai que o tio Manoel tivera um entrevero com um fiscal que fora fiscalizar a casa comercial que seu pai tinha em Latronico. Esse fiscal destratara seu Paolo e tio Manoel furiosamente defendeu a honra do pai. Após esse incidente, Tio Manoel deixou a Itália e foi para Águas Virtuosas, a convite do tio Rosário Mileo.

PAULO ROBERTO VIOLA, 2002, p. 75

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Rua dos Italianos

Conheça a história da Rua dos Italianos, em Lambari, MG:

Nos anos 1890, várias famílias de italianos estavam fixadas na Rua Camilo Fraga. Na eleição realizada em 15 de novembro de 1894, se decidiu pelo voto dos eleitores italianos — cerca de 30 imigrantes que aqui residiam.

Esses votos ajudaram na eleição do grupo político liderado por Garção Stockler e João Bráulio Júnior, que homenagearam a colônia de imigrantes dando o nome de Rua dos Italianos à antiga Camilo Fraga. Essa circunstância atraiu para aquela rua diversas outras famílias de origem italiana, que residiam em pontos diferentes da povoação.

  • Rua dos Italianos - aqui

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Profissões

Em Águas Virtuosas, as famílias italianas que vieram no final dos anos 1800, início dos 1900, exerceram, em sua maioria, ofícios da área urbana. Eram pedreiros, marceneiros, pintores, ferreiros, caldeireiros, padeiros, queijeiros, alfaiates (havia também mulheres costureiras), sapateiros (consertos e fabricação de calçados).

Outros dedicaram-se ao comércio, com casas de tecidos, gêneros alimentícios, padaria, açougue, sapataria e alfaiataria. Muitos se empregaram como artífices, comerciários e operários nas oficinas da estrada de ferro. (MILEO, 1970, págs. 111, 112 e 124)

Poucas famílias, como os GENTILI (Gentil), foram para a agricultura, formando grandes hortas na periferia da povoação. Outras, como os SILVESTRINI, antes de fundarem indústrias de laticínios, exploraram olarias, em Nova Baden.

Das família italianas que vieram para a colônia agrícola de Nova Baden, poucas se fixaram na atividade de agricultura.

Veja estes posts:

  • Origens da família Gentili - aqui
  • Famílias pioneiras de Aguinhas - Família Silvestrini - aqui
  • A criação da Colônia de Nova Baden - aqui e aqui

Construtores

No período entre 1890-1900, imigrantes italianos participaram ativamente da construção da nova capital de Minas Gerais, como vimos acima.

Em Águas Virtuosas de Lambari, também vamos encontrar imigrantes italianos na construção civil, atuando como mestres de obras, pedreiros carpinteiros.

Francisco Grandinetti fazia parte da grande família italiana que veio para Águas Virtuosas de Lambari, no final do Século XIX. Como se vê acima, os profissionais com os quais trabalhava também eram italianos.

  • Imigrantes italianos - aqui

Marceneiros

Altar de madeira da antiga matriz de N. S. da Saúde. Obra dos Raimundi

O descendente de italianos, José Raimundi, marceneiro de profissão, foi, na verdade, um artista e engenheiro nato, tendo deixado também esculturas e pinturas a óleo. Entre suas obras estão a construção da piscina do Hotel Imperial e da Igreja Presbiteriana de Lambari.

  • José Raimundi - aqui

Laticínios Silvestrini e o Catupiry®

Conheça a história da família Silvestrini, que imigrou para Águas Virtuosas em 1896, e aqui criou os Laticínios Silvestrini e o famoso Catupiry®

  • O Catupiry® é de Aguinhas! aqui

Indústrias ABI

A história da Família BIASO e das Indústrias ABI começa com a chegada, em 1890, do patriarca Francesco de Biase, nascido em 1863, em Vinchiaturo, região do Molise, província de Campobasso. 

Em 1895, Francesco casou-se com Maria Paschoalina Miléo, também italiana, oriunda da Brasilicata. Dessa união nasceram 8 filhos: Annunciato, Maria, Miguel, Luiz, Tereza, Egídio, Ângelo e Antônio, tendo a família adotado o sobrenome BIASO.

Francesco trabalhou como caldeireiro e funileiro e iniciou os filhos na profissão. Em 1913, contava Annunciato com 18 anos quando, em conjunto com seus irmãos Miguel e Luiz, fundou a ABI - Annunciato Biaso Irmãos S/A, uma fábrica de latões para leite.

  • ABI - Uma história de 100 anos - aqui

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A RICA HERANÇA DA ITÁLIA

Como dissemos, somos o país com o maior número de descendentes de imigrantes italianos e, claro, isso faz do Brasil uma terra que muito se enriqueceu daquela cultura.

De fato, vamos encontrar elementos itálicos nos costumes, nas danças, nas festas, nas comidas típicas, na bebida, na fala e escrita, nas técnicas agrícolas, na fabricação de artefatos, nos empreendimentos.

Eis uma pequena lista:

  • Nas técnicas inovadoras de manejo da terra (SP, MG e região Sul)
  • Nas atividades vinícolas na região Sul, e em outras partes do Brasil (no Sul de Minas, temos produção de uvas/vinhos em Andradas e Três Corações, por exemplo)
  • Nas festas, danças e tradições italianas no Sul do país e em outras partes do Brasil
  • Na adoção de práticas religiosas: festas e devoção de santos da tradição católica italiana
  • Nos hábitos culinários (em parte abrasileirados), como: pães (pão italiano, panetone, no natal) massas (espaguete, pizza, polenta, minestra), molhos, embutidos, o consumo de vinhos etc., e as milhares de cantinas e pizzarias espalhadas pelo Brasil, principalmente na capital paulista
  • Nos esportes: dois gigantes do futebol brasileiro, um deles mineiro, nasceram de colônias italianas: Cruzeiro Palmeiras. Esse último teve seu nome mudado na Ditadura de Vargas (antes era o Palestra Italia), sob o risco de perder todo o seu patrimônio.
  • Na fala e na escrita: palavras, expressões no linguajar e na literatura brasileira, tais como: tchau, nona, cappuccino, cantina, risoto, nhoque, mortadela, muçarela, ricota, pastel, paúra, estrogonofe, imbróglio, madona, máfia, serenata, trampolim,  camarinho (sobre essa expressão veja aqui)
  • E, ainda, gôndola (até nós de Águas Virtuosas tivemos uma dessas no Lago Guanabara, em 1911!)

  • Nos dialetos, ainda falados em certas regiões do Sul do país;
  • No sotaque italiano, que penetrou no dialeto da população local (o falar típico do paulistano recebeu forte influência do imigrante italiano)
  • Cultura: livros, pinturas, esculturas, músicas e danças típicas serviram de inspiração e já foram até retratadas em obras televisivas e cinematográficas produzidas por aqui, como “Terra Nostra”, “Esperança”, “Passione”, “Tempo de Amar” e “O quatrilho”, entre outras. [REVIDE, 2018]

Fontes: NICOLI, 2016

Sites: https://www.superprof.com.br/blog/influencia-italiana-br/ e https://www.revide.com.br/editorias/especial/heranca-italiana/


Veja este post do blog Anita Plural:

  • Ecos Culturais | Tradições italianas: A Befana - aqui

Doces e laticínios típicos de Águas Virtuosas

Em Águas Virtuosas de Lambari vamos encontrar traços dessa herança gastronômica também.

Quem não se lembra do pão italiano do Padaria do Juca? Ou dos pães da Padaria do Walter Raimundi?

Recorde estes outros exemplos da tradição italiana em Lambari:


  • doces de leite da família Gonelli (aqui)

  • doces da família Viola aqui

[Infelizmente, essa fábrica não existe mais.]

  • queijos dos Silvestrini, cuja receita original do Catupiry® veio na memória da nona italiana aqui

  • especial manteiga da família Beloni, de sabor incomparável, com clientes do Rio de Janeiro — entre eles Gustavo Barroso —  que a encomendavam e recebiam pelo serviço de entregas da rede ferroviária

[Infelizmente, esse laticínio não existe mais.]


Literatura de influência italiana

Na literatura brasileira há também fortes traços da imigração italiana, que que deu origem a alguns clássicos, como estes:

 Publicado em 1927, pelo cronista e contista António de Alcântara Machado, o livro, composto por onze contos, trata do tema da imigração italiana e a primeira geração de ítalo-brasileiros em ascensão na capital paulista.


 Publicada em 1979, por Zélia Gattai, escritora ítalo-brasileira casada com Jorge Amado, esta obra rememora episódios da infância e adolescência da autora: fatos verídicos de sua família italiana, a partir de 1910, na mudança para São Paulo e sua adaptação à capital.


  De 1985, essa obra do escritor ítalo-brasileiro José Clemente Pozenato trata-se de um romance, cuja história se passa em Caxias do Sul (1908-1930), retratando a paixão de dois jovens casais de imigrantes italianos, num ambiente rural rústico, de acentuada influência religiosa.

Fonte: https://sites.google.com/site/pavilhaoliterario/ligia-simonelli-a-influencia-da-imigracao-italiana-na-literatura-brasileira

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AS FAMÍLIAS SE ENCONTRAM

Abaixo, o registro do encontro de descendentes de famílias italianas, momentos de recordações, emoções, cultura, estreitamento de laços familiares — e muita comida típica.

Confira.


Encontro da Família Marra - Lambari 2014

Este é o Encontro da Família Marra, em Lambari, 2014. O sobrenome Marra é italiano e este encontro anual, com muitas poesias, músicas, histórias e emoções, bem ao estilo de "una famiglia ítalo-brasiliana", renova e fortifica os laços familiares.

  • Encontro da Família Marra - Lambari 2014 - aqui

Encontro das Famílias Lorenzo e Gesualdi

Encontro promovido por descendentes das famílias Lorenzo e Gesualdi, ocorrido em 2015, procura resgatar e valorizar a ancestralidade. Veja reportagem no site:

  • Correio do Papagaio - aqui

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PESQUISA SOBRE A IMIGRAÇÃO ITALIANA

Abaixo, o resultado de uma breve pesquisa sobre o tema "imigração italiana".

Confira:

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Sites de interesse

Alguns site relacionados à imigração italiana para o Brasil:


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Fotos e E-books

Fotos sobre a emigração italiana

MEI - Museo Nazionale dell’Emigrazione Italiana

https://www.romapravoce.com/museu-imigracao-italiana-roma/


E-book sobre a imigração italiana

https://www.asei.eu/it/wp-content/uploads/2010/05/guidaemigrazione_OCW.pdf

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CIDADANIA ITALIANA

Neste tópico vão informações sobre a obtenção cidadania italiana, por parte de brasileiros descendentes de italianos.

Note-se que o grande interesse na obtenção da dupla nacionalidade e do passaporte europeu tem ocasionado algumas situações problemáticas, quando não são tomados certos cuidados quanto aos procedimentos legais e/ou aos prestadores de serviços dessa natureza.


Veja-se:


Desse modo, advirta-se que a pesquisa que vai abaixo foi feita na internet, via Google, e não conhecemos a qualidade ou a seriedade dos serviços anunciados.

E, por fim, registre-se que este site

  • não faz propaganda comercial,
  • não vende produtos ou serviços e 
  • não presta nenhum tipo de serviço ou orientação quanto a dupla cidadania/passaporte europeu

apenas compartilha gratuitamente informações e notícias históricas sobre a imigração de italianos para a cidade de Lambari, MG (antiga Águas Virtuosas de Lambari).


Quem pode obter a cidadania

Em linhas gerais, informa o site http://www.cidadaniaitaliana.com.br/, todo aquele que for descendente de italianos pode ter direito à cidadania italiana, mas existem algumas limitações quanto a transmissão pela linha materna.

Veja:

  • Se a descendência se der por linha paterna (só homens: por exemplo: trisavô, bisavô, avô, pai e interessado/a) não há limitação quanto ao ano de nascimento dos filhos/as, ou seja, o interessado/a tem direito não importando o ano de seu nascimento.
  • Já nos casos em que há uma mulher na linha de transmissão, seja no início ou no meio da linha de descendência, essa mulher só poderá transmitir a cidadania para os filhos/as nascidos/as após 01/01/1948. 
  • Isso se dá porque, antes de 01/01/1948, a Itália era, do ponto de vista constitucional, um Reino, e a legislação então vigente estabelecia que só o homem podia transmitir a cidadania, isto é, a nacionalidade italiana para os seus filhos/as.
  • Depois de  01/01/1948, a Itália passou a ter uma Constituição Republicana, mediante a qual foi estendido às mulheres o direito de transmitir a cidadania (a nacionalidade italiana), mas somente para os filhos/as nascidos desta data em diante, a partir da qual passou a vigorar a nova Constituição.
  • Assim, pela atual legislação, a mulher (seja ela italiana ou descendente de um homem italiano) não pode transmitir a cidadania (nacionalidade italiana) para filho/a nascido/a antes de 01/01/1948.

Referências: 

http://www.cidadaniaitaliana.com.br/info.htm

http://duplacidadania.com.br/italiana/passo-a-passo/


Sites de pesquisa da descendência italiana

http://www.buscanaitalia.com.br/


 

http://www.caminhosdaitalia.com.br/genealogia.html?id=72

Este site lista diversos sites públicos no Brasil que possibilitam pesquisas sobre a vinda de emigrantes ao Brasil


http://www.imigrantesitalianos.com.br/

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CONTE AS HISTÓRIAS DOS SEUS BISAVÓS ITALIANOS

No site do Museu da Imigração do Estado de São Paulo é possivel postar histórias de família e fotografia dos nonni, por meio do Facebook ou Instagran.

Confira:

Museu da Imigração (SP)

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QUEM VAI CONTAR AS PEQUENAS HISTÓRIAS?

A vida não é a que a gente viveu, e sim a que a gente recorda, e como recorda para contá-la.

GABRIEL GARCIA MARQUEZ
.............................
Não existe rua com pedras mudas nem casa sem ecos.

GÓNGORA
.............................
A gente descobre que o tamanho das coisas há de ser medido pela intimidade que temos com as coisas (...) Assim, as pedrinhas do nosso quintal são sempre maiores do que as outras pedras do mundo. Justo pelo motivo da intimidade.

MANOEL DE BARROS


A mensagem inicial deste site GUIMAGUINHAS (aqui), — espaço eletrônico no qual venho contando minhas histórias e histórias de Aguinhas — intitula-se: E quem vai narrar as pequenas histórias? (transcrita logo abaixo).

Isso porque acreditamos que todos nós podemos (e devemos) contar as pequenas histórias dos nossos verdes (ou em amadurecimento) anos e os fatos e os modos de dizer e viver da parentalha.

É uma maneira prazerosa de guardar e reverenciar a memória dos ascendentes e deixar aos descendentes as narrativas que vão fortalecer os laços familiares e ser-lhes útil ao crescimento emocional, pessoal e espiritual.

Pois bem, caro visitante, você que é de Águas Virtuosas de Lambari, ou tem parentesco com imigrantes ou outras pessoas que ajudaram a construir esta cidade, conte também uma história que possamos publicar aqui neste espaço.

Ou envie fotos que ilustrem as narrativas que disponibilizamos aqui; ou complemente informações; ou corrija algum equívoco que tenhamos cometido.

O que nos move é compartilhar fatos, fotos e histórias da nossa gente.

Ficaremos agradecidos e enriqueceremos o acervo das memórias e histórias de nossa cidade.

Saudações,

Antônio Carlos Guimarães - Guima de Aguinhas (Guimaguinhas)


 Meu avô Zé Batista, que chamávamos de Pai Véio (pai mais velho), contador de histórias e inspirador deste site


E quem vai narrar as pequenas histórias?

Cara(o) visitante,

Falava-me sempre o velho
Zé Batista:

 

Quem vai escrever as pequenas histórias, os fatos da parentalha, os causos e os modos de dizer da nossa gente, os acontecidos de Aguinhas? Quem vai recolher os caquinhos da memória, a lembrança das pequenas coisas que todo mundo esqueceu? Quem vai dar voz aos nossos antepassados? Quem vai se lembrar daqueles que não têm história pra contar? Quem vai contar nossa luta, nossa vivência, nossa terra, nossos amores, nossa sorte, nossos azares?

Não vão ser os grandes escritores, é claro. Mas eu gostaria que fosse alguém que narrasse soltinho, sem pensar em fazer literatura, que isso é coisa de poucos. Alguém que o fizesse numa prosinha esquadrejada e fácil, desempenada e leve, lixadinha, boa de ler. Enfim, bem acabada, no capricho, que nem se fosse uma peça aprontada por um desses carapinas que têm sentimento pelo que faz. Só isso, nem um soprinho a mais. (1)


Meu avô se referia à cidade de Lambari, MG, que já foi Águas Virtuosas, e que ele, nas histórias que contava aos netos, chamava de Aguinhas, e, claro, também à parentela, aos amigos e conhecidos do lugar.

Hoje estou aqui com as minhas HISTÓRIAS DE AGUINHAS, tentando responder às suas indagações e na esperança de que meus textos tenham saído ao seu gosto.

E convido você pra estar comigo, neste espaço virtual, compartilhando informações, fotos e histórias de Minas, de mineirices, de casos e "causos", de escrevinhação e livros - e de outros acontecimentos novos e antigos de Aguinhas e do Sul das Gerais...

 

Guima, de Aguinhas, março de 2013.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Obras sobre imigração italiana para o Sul de Minas

  • E-book IMIGRAÇÃO ITALIANA EM VARGINHA (MG) - 1887 - 1927 - José Roberto Sales - Disponível aqui

  • Livro PANE, VINO E MOLTO LAVORO! ...ANCHE AMORE - A saga da imigração Italiana em Itajubá

Bibliografia deste post

  • BOTELHO; BRAGA; ANDRADE. Tarcísio Rodrigues; Mariângela Porto; Cristiana Viegas de. Imigração e família em Minas Gerais no final do século XIX. [Artigo]. Revista Brasileira de História. vol.27 no.54 São Paulo Dec. 2007. Disponível aqui
  • NICOLI, Sandra. Imigração italiana em Minas Gerais/Brasil: Cotidiano, costumes e tradições. [Artigo]. Univale, 2016. Disponível aqui:
  • PORTAL ITÁLIA. História da imigração italiana na América do Sul. s/d. Disponível aqui
  • AGÊNCIA SENADO. Homenagem aos 139 anos da imigração italiana no Brasil. 18, JUN, 2010. Disponível aqui
  • RUFATTO, Luiz. Os italianos invisíveis de Minas Gerais. [Artigo]. Site EL PAÍS. 13, jan, 2016. Disponível aqui
  • SUPERPROF. BLOG. A herança italiana no cotidiano brasileiro. Disponível aqui
  • REVIDE [Revista digital]. 16, FEV, 2018. Herança italiana. Disponível aqui
  • VIOLA, Paulo Roberto. Lambari, como eu gosto de você. Rio de Janeiro : Ed. Navona, 2002, pág. 63 e 72.
  • MILÉO, José Nicolau. Ruas de Lambari. Guaratinguetá, SP : Graficávila, 1970, págs. 47 e 50
  • MILÉO, José Nicolau. Subsídios para a história de Lambari [A fixação do elemento italiano na cidade]. Guaratinguetá, SP : Graficávila, 1970, págs. 107 a 114
  • CARROZZO, João. História Cronológica de Lambari. Nascida Águas Virtuosas da Campanha. Piracicaba, SP, Shekinah, 1988, págs. 96 e 97
  • GESUALDI, André Luiz Martins. Minhas 24 horas em Latronico [Relato de viagem]. 2012
  • GENTIL, Karla. História da família GENTILI. [Relato de viagem]. 2018
  • ALVES, Paulo, Ricardo e Marcelo Castro [Basile]. História da família BASILE. [E-mails trocados com este autor]. 2019
  • Museu Américo Werneck. Lambari, MG
  • YouTube, Wikipedia e outros sites mencionados no texto

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Publicado por Guimaguinhas
em 27/11/2019 às 04h36
 
25/11/2019 11h16
FAMÍLIAS PIONEIRAS DE AGUINHAS (1) - Família Silvestrini e Índice da Série

Ilustração: Ângelo Silvestrini, a esposa Luíza e uma neta. 

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SUMÁRIO

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APRESENTAÇÃO

Nesta série FAMÍLIAS PIONEIRAS DE AGUINHAS, vamos apresentar pequeno histórico de antigas famílias que se instalaram em ÁGUAS VIRTUOSAS DO LAMBARY no decorrer do século XIX, deixando aqui descendentes, edificações, empreendimentos, traços culturais — e histórias, muitas histórias...

Falaremos de algumas famílias mais antigas, que chegaram à vila de Águas Virtuosas na primeira metade do século XIX — elementos paulistas, fluminenses e mineiros que haviam povoado Campanha e municípios circunvizinhos. [1] Entre elas, as famílias: Alves, Assis, Bibiano, Carvalho, Chaves, Cunha, Dias, Espírito Santo, Fernandes, Ferreira, Gama, Lima, Magalhães, Mendes, Lobo, Machado, Nascimento, Ribeiro, Santos, Silva, Souza, Teixeira

Falaremos, também, de famílias de imigrantes que chegaram nas décadas finais do século XIX, como as italianas (entre elas: Biaso, Beloni, Bongiorni, Bianguli, Conti, Carlini, Gentil, Gesualdi, Gregatti, Metidieri, Raimundi, Rosatti, Sgarbi, Tucci, Viola), as libanesas (Bacha) e as portuguesas (entre elas: Cardoso, Machado, Geraldes, Moreira, Duarte, Gonçalves, Pereira, Pinto, Rodrigues, Tavares).

E não nos esqueceremos das famílias africanas, que a escravidão trouxe ao Brasil, e que deram ao país, ao Sul de Minas e a Águas Virtuosas a força de trabalho, a tradição religiosa, a musicalidade, o desempenho nos esportes tão característico desse povo.

Famílias essas algumas das quais fizeram parte da minha infância no bairro Vila Nova (onde nasci e vivi até os meus 8 anos) ou no futebol, entre elas, os Souza, os Silva, os Marciano, os Dantas.


Veja estes posts:

  • Qual é a melhor religião?  aqui
  • Recordações de um terno de congadas - aqui 
  • Futebol em família - aqui - aqui - aqui
  • Roberto - um craque da camisa 7? aqui
  • Craques do Águas Virtuosas - Chá - aqui - Tatá - aqui

 

Entre elas, pessoas raras e encantadoras, como tia Ia, com seus 108 anos! — um ícone da raça, religiosidade e cultura negras em nossa cidade. (veja aqui)

(Fonte: Jornal Serra das Águas - Josy Astério)


Pois bem, começaremos a Série pela família SILVESTRINI, que ao lado de inúmeros imigrantes italianos chegaram a Águas Virtuosas de Lambari a partir dos anos 1860 e participaram da fundação e do desenvolvimento de nossa cidade (aqui).

Vamos lá.

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A CHEGADA

Em 1896, chega ao Brasil o imigrante italiano DOMÊNICO SILVESTRINI e sua mulher EDWIGE POGGI SILVESTRINI. Com eles vieram 4 filhos:

  • ÂNGELO, casado com LUÍZA G. SILVESTRINI,
  • ZAÍRA, solteira,
  • ÂNGELA, casada com ONÉSIMO TORQUATO (mais os filhos do casal: SÉTIMO e TORQUATO, esse último recém-nascido) e
  • MÁRIO SILVESTRINI, o filho mais novo.

A família se radicou em Lambari e inicialmente trabalhavam como oleiros.

O primeiro neto de DOMÊNICO nasce em Lambari em 1901 e recebe o nome de PEDRO, em homenagem ao bisavô materno PIETRO POGGI.

Por essa época, a família se muda para o bairro rural de Nova Baden, montando ali uma olaria e uma pequena venda em frente de sua casa, na qual vendiam mantimentos, carne de porco, pão italiano, etc.

Algum tempo depois, DOMÊNICO, já muito velho, delega os negócios para o primogênito ÂNGELO.


Família Silvestrini: Ao centro, sentado, ÂNGELO SILVESTRINI. Em pé: à esquerda, ONÉSIMO e PEDRO; à direita, DOMINGOS. As crianças: Carlos, Ângelo, Luíza e Maria Aparecida.

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A FAMÍLIA CRESCE

Com as uniões, a família foi crescendo:

  • ZAÍRA SILVESTRINI casou-se com ERNESTO MELLO.
  • PEDRO SILVESTRINI consorciou-se com ZILDA ALMEIDA, que era filha de JOÃO GOMES D'ALMEIDA, o primeiro fotógrafo de Águas Virtuosas do Lambary (aqui).
  • ZULMIRA ALMEIDA, irmã de ZILDA, casou-se com ORESTES MELLO, irmão de ERNESTO MELLO.

Esses dois últimos eram filhos de JOAQUIM MANOEL DE MELLO, fundador do Hotel Mello (aqui)

Além do filho PEDRO, ÂNGELO e LUÍZA ainda tiveram três outros: MADALENA, DOMINGOS e ONÉSIMO, todos eles criados em NOVA BADEN, até 1911, quando a família voltou para a cidade.


Orestes Mello e Zulmira Mello

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OS PRIMEIROS NEGÓCIOS DA FAMÍLIA

Em Nova Baden, os Silvestrini fundam uma olaria e uma pequena venda.

Almanak Laemmert - Ano 1915 n. 71 (Reprodução)

Antijo tijolo fabricado em Nova Baden (NB) por DS (Domênico Silvestrini)


A LAVANDERIA E ENGOMADORIA

Mais à frente, as irmãs ZAÍRA e ÂNGELA se estabelecem com uma lavanderia e engomadoria, prestando serviços principalmente aos veranistas que frequentavam Lambari para tratamento de saúde, fazendo uso das águas minerais.

Engomavam com tamanha perfeição que suas freguesas costumavam mandar roupas do Rio e São Paulo para aqui lavadas e engomadas pelas duas irmãs.

Chegaram mesmo a abrir uma filial no Rio de Janeiro:


As Irmãs Silvestrini, de Águas Virtuosas, anunciam que se estabeleceram com serviços de lavanderia e engomadoria, no Rio de Janeiro, na Av. Mem de Sá (Lapa), em 1912

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A FUNDAÇÃO DOS LATICÍNIOS SILVESTRINI

Por essa época, MÁRIO e ONÉSIMO fundam uma modesta fábrica de laticínios, na qual fabricavam pequena quantidade de queijos e manteiga.

À medida que a manteiga foi sendo aceita no mercado, em razão de sua qualidade e sabor, à sociedade de MÁRIO e ONÉSIMO incorporou-se ÂNGELO, e os três passaram a diversificar a produção de queijos.


As instalações dos Laticínios Silvestrini em Lambari situavam-se atrás do atual Posto Gregatti. Na foto, vê-se uma ponte sobre o Rio Mumbuca e ao fundo o Colégio Santa Terezinha (destruído por um incêndio em 1987 - aqui)


 Exposição Nacional de Leite e Derivados, ocorrida no Rio de Janeiro, em novembro de 1925. No centro da foto, Pedro Silvestrini - (Reprodução: Revista Vida Doméstica, novembro de 1925)


O FAMOSO CATUPIRY®

Narra a tradição que o Catupiry® foi criado por Mário e Isaíra Silvestrini, em 1911, aqui em Águas Virtuosas.

  • Veja este post aqui

A marca Catupiry© está entre as marcas antigas mais valorizadas do Brasil.

Conforme está no livro Marcas de valor no mercado brasileiro (Anna Accioly, Joaquim Marçal F. de Andrade, Lula Vieira e Rafael Cardoso. Editora Senac, RJ, 2000). Reprodução. Prateleira da memória. Veja 12, fev, 2001 (*)


Inscrição em antiga embalagem do Catupiry®

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OS LATICÍNIOS SILVESTRE MUDAM-SE PARA SÃO LOURENÇO

Em 1928, à vista de problemas políticos locais, ausência de estímulos fiscais e dificuldades para o crescimento, os Silvestrini decidiram mudar a empresa para São Lourenço.

Incentivos dados pela prefeitura de São Lourenço, como isenção de impostos por 10 anos e cessão de terreno ao lado da estação ferroviária, o que facilitaria o transporte de leite e creme, que era feito por via férrea, foram decisivos para a tomada da decisão.

Ao fundo, à direita, as instalações dos Laticínios Silvestrini, em São Lourenço, em 1934

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CATUPIRY®

A partir de então, os LATICÍNIOS SILVESTRINI começam a crescer, graças ao árduo trabalho de ÂNGELO, de seu filho mais velho PEDRO e de MÁRIO.

MÁRIO SILVESTRINI, algum tempo depois, vende sua parte para o sobrinho PEDRO e parte para a cidade de SÃO PAULO, onde fundou um laticínio, e solidificou a marca CATUPIRY®.

De fato, em agosto de 1936, dá-se o registro da marca, sob o número 47449.

A industrialização do produto, que havia começado em São Lourenço, Minas Gerais, passou a ser feita em São Paulo somente em 1949, fato que impulsionou definitivamente os negócios. 

Distribuição do Catupiry® em São Paulo - Anos 1940 - [Reprodução]

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CREMELINO©

ÂNGELO e PEDRO continuaram em São Lourenço, trabalhando intensamente para o crescimento da empresa, já então como o nome de fantasia de MIRAMAR.

Dessa empresa, surgiu o requeijão CREMELINO©.

Reprodução. Correio da Manhã, 25, jun, 1947

Embalagem do Cremelino® [Reprodução]

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ÍNDICE DA SÉRIE FAMÍLIAS PIONEIRAS DE AGUINHAS

  • Família Silvestrini - Este post
  • ...
  • ...

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Nota: Agradecemos a colaboração da sra. Luíza Silvestrini da Cruz, filha de Pedro Silvestrini e Zilda Almeida Silvestrini, pelas informações prestadas e cessão de fotos utilizadas neste post.

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REFERÊNCIAS

  • [1] História cronológica de Lambari - Nascida Águas Virtuosas da Campanha. João Carrozzo. Piracicaba, Shekinah, 1988, p. 96
  • Jornal do Brasil - Edição 30 de abril de 1912 - Disponível em: http://memoria.bn.br
  • Almanak Laemmert - Ano 191 n. 71 - Disponível em: http://memoria.bn.br
  • Revista Vida Doméstica - novembro de 1925 - Disponível em: http://memoria.bn.br
  • Imagem antiga do Catupiry®  http://www.4shared.com/all-images/sQ0SLuqh/IMAGENS_ANTIGAS.html
  • http://mundodasmarcas.blogspot.com.br/2009/09/catupiry.html
  • Prateleira da memória. Revista Veja 12, fev, 2001
  • Jornal Correio da Manhã, 25, jun, 1947

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Publicado por Guimaguinhas
em 25/11/2019 às 11h16
 
17/11/2019 07h22
MINHAS RECORDAÇÕES DA INFÂNCIA DOS OUTROS (1) Como escrevi o "Menino-Serelepe"

Ilustração: Montagem com as capas dos livros: Manuelzão e Miguelin, Menino do Engenho, Meu pé de laranja lima, Menino no espelho, Uma vida em segredo e Por onde andou meu coração, superposta com capas dos livros Guia prático de criação literária, Os segredos da ficção, Uma poética do romance, cujos autores são mencionados no post, tendo ao centro a capa de Menino-Serelepe, deste autor.1253689.png

SUMÁRIO

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APRESENTAÇÃO

A vida de um menino é bem a vida de todos os meninos...


Foi Rodrigo Octavio, advogado, membro da Academia Brasileira de Letras e depois Ministro do STF, quem deu ao seu livro de memórias o título de Minhas memórias dos outros:



Pois bem, tomamos emprestado a Rodrigo Otávio o título acima, adaptando-o para esta Série:

MINHAS RECORDAÇÕES DA INFÂNCIA DOS OUTROS

Nela, conto sobre o meu interesse por literatura, os passos na aprendizagem de redação de textos ficcionais, os livros que li e a biblioteca que formei, o processo de escritura do meu livro de memórias, e também comento passagens de livros de memórias de infância e juventude de vários autores, que me ajudaram a compor o MENINO-SERELEPE - Um antigo menino levado contando vantagem, meu livro de estreia. (Veja aqui)

Dou início à Série explicando como tive de muito ler e escrever, antes de aprender (solitariamente, por ensaio e erro) a contar.

Isso atende a pedidos de amigos e leitores que querem conhecer minha modesta experiência como autor, mas sobretudo está endereçado aos meus/minhas netos e netas, numa tentativa de retribuir a inspiração que recebi de José Batista Guimarães, meu avô paterno, contador de histórias.

Vamos lá.

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Rodrigo Octavio foi advogado de Américo Werneck no conhecido caso Minas x Werneck, atuando contra o Estado de Minas e seu grande advogado Rui Barbosa.

Confira aqui

No livro acima, ele dedica belas páginas a Rui Barbosa e fala também
dos motivos de algumas zangas de Rui contra ele.

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LER E ESCREVER PARA APRENDER A CONTAR

     O livro MENINO-SERELEPE está ligado a um antigo desejo de narrar os modos e os causos da parentalha. Nesse livro, adotei um narrador menino, que, ao seu jeito, vê e expõe as coisas, fazendo confidências e contando histórias da infância. Fui um modo de resgatar o mundo em que nasci e no qual fui criado. A maneira que encontrei para registrar e fixar os costumes, a cultura, a fé religiosa e o modo de falar das pessoas com quem convivi. 

ANTÔNIO CARLOS GUIMARÃES. Entrevista


Como anotei no início do livro Menino-Serelepe, escrever sobre os causos e modos da parentalha foi um sonho que acalentara desde a juventude. E conquanto não tivesse feito anteriormente nenhum registro dos casos que narro no meu livro de memórias, de outros acontecidos familiares e das histórias de meus avós, os fatos e narrativas mais significativos sempre estiveram na minha tela mental.

Mas vejamos em rápidas pinceladas como tive de ler e escrever, antes de aprender a contar.

Foi assim:

Antes de tomar a iniciativa de escrever as memórias, eu tentava compor uns tais Continhos de Aguinhaspequenos episódios da terra natal e recontar histórias e causos do meu avô, e de minhas avós e tios. 

Para isso, eu havia (re)estudado gramática, relido romances e adquirido livros de contos e narrativas de sabor antigo.


O que são as HISTÓRIAS DE AGUINHAS?

...afinal de contas, essa história de Aguinhas,
escrever causos, falar da família, tudo isso
é invenção dele mesmo [do meu avô].
 

(Menino-Serelepe. A última do Pai Véio)


As Histórias de Aguinhas são uma série de textos sobre a memória familiar e de minha cidade natal  Águas Virtuosas de Lambari que venho escrevendo nos últimos anos, inspirados em meu avô paterno  José Batista Guimarães  a quem chamávamos de Pai Véio (pai mais velho).

Muitos textos iniciais dessa série constituem ideias e ensaios ainda inéditos, que talvez um dia eu publique, como Prosório do Pai Véio, Os Fifosenses e Pai Véio, um contador de histórias.


Aliás, um trechinho desses ensaios eu transformei num capítulo do livro Menino-Serelepe

E um dos continhos, foi reescrito para compor capítulo do meu livro Os Curadores do Senhor.


Para entender a origem das Histórias de Aguinhas, veja:

  • Como Minas, Aguinhas são muitas aqui

Depois, comecei a rabiscar umas historinhas, os supostos contos que um dia tomariam forma, eu pensava, ao tempo que lia novos romances, contos e narrativas sobre memórias de infância/juventude. 

Foi nesse contexto que fui mentando o Menino-Serelepe. Fiz, então, uma linha do tempo com os eventos que tinha em mente e passei a conversar com familiares sobre a ideia do livro e comentar os causos e modos de que me recordava. E fui anotando nomes de pessoas (e das coisas), impressões, detalhes e expressões que o tempo em mim esmaecera, mas cuja memória estava viva nas pessoas mais velhas de minha família.

Aí foi preciso aprender a contaristo é, aprender a escrever narrativas ficcionais. E, autodidata na espécie, fui à cata de livros técnicos de composição literária, leitura indispensável para compor textos daquela natureza.

Para complementar este tópico, veja os itens abaixo.

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Entrevista do autor de Menino-Serelepe

  • Confira essa entrevista aqui

 

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Os nomes do menino

Antônio Lobo Guimarães é pseudônimo literário adotado por Antônio Carlos Guimarães, na composição de suas Histórias de Aguinhas.


O que levou você a criar um pseudônimo?
 

R.: A explicação está no livro Menino-Serelepe, na narrativa Os nomes do menino. Foi um modo de incluir o sobrenome Lobo, de minha mãe, que não possuo no registro civil.

 

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LIVROS INSPIRADORES — E OUTROS ENCORAJADORES

Meu Deus! Que é isto? Que emoção a minha/ Quando estas coisas tão singelas narro?)

B. LOPES. No poema Berço.

.......................................................................

Daí (...) o título, alongado no adjetivo justo, que lhe vai como uma luva, na qualificação destas histórias...

HERBERTO SALES. Os mais belos contos da eterna infância. Antologia de Temas da Infância. Prefácio. Ediouro, RJ


A ideia de escrever as memórias da infância esteve comigo desde a juventude, como disse acima e havia prometido a Celeste Emília, minha mulher, "aos dezoito anos, no primeiro dia de namoro, no banco da Fonte."

E muitos livros me ajudaram nessa tarefa, especialmente os que refiro a seguir.

  


Entre os livros inspiradores que li, e outros que reli, que me puseram a sonhar com a feitura do meu, estavam:

  • Manuelzão e Miguilim. João Guimarães Rosa
  • Menino de Engenho, de José Lins do Rego
  • Meu pé de laranja lima, de José Mauro de Vasconcelos
  • O menino no espelho, de Fernando Sabino

   


  • Uma vida em segredo, de Autran Dourado
  • Por onde andou meu coração, de Maria Helena Cardoso
  • Minha vida de menina, de Helena Morley
  • Memórias sem malícia de Gudesteu Rodovalho, de Gilberto de Alencar
  • Os meninos crescem,  de Domingos Pellegrini

  


A partir dessas leituras, pontuei os principais eventos da minha história numa linha do tempo e anotei alguns lembretes para desenvolver a redação.

E aí cheguei a um ponto chave no processo de escritura: a voz narrativa. Esse é um impasse comum ao autodidata, que não tem ideia de sua dificuldade e importância, e eu fiquei muito inseguro, e não conseguia dar os passos seguintes. 

Então, fuçei aqui e ali, e fiz uma grande descoberta: O Ateneu, de Raul Pompéia, e Matéria e forma narrativa d'O Ateneu, de José Lópes Heredia. Como complemento, li também Falange Gloriosa, de Godofredo Rangel.


  


Esses últimos livros me levaram a manuais de iniciação, criação e redação literária, como os seguintes, que li com certo método:

  • Uma poética de romance. Matéria de carpintaria. Autran Dourado. Rocco, 2000
  • Guia prático de criação literária. Moacir C. Lopes. Quartet, 2001
  • Os segredos da ficção. Um guia da arte de escrever. Raimundo Carrero. Agir, 2005

  


E, claro, li também o inexcedível Retrato do artista quando jovem, de Joyce.


"Ninguém deve escrever sem ter lido Madame Bovary"

     Eu havia lido em algum lugar um autor cubano (acho que foi Reinaldo Arenas) dizer da importância de Madame Bovary para sua formação literária. Então, comprei o livro, passei os olhos, saltando as páginas, mas o deixei de lado, pois, sem formação literária, o vi como um romance qualquer. Ledo engano! — diriam os antigos.

 Mas quando caiu-me às mãos A orgia perpétua - Flaubert e Madamente Bovary, de  Vargas Llosa, devorei o livro e li avidamente Madame Bovary, na tradução de Fúlvia Moretto, pela Nova Alexandria.


Então, fui avançando na escritura do Menino-Serelepe, trabalhando o texto, inserindo pequenas particularidades, expressões, reescrevendo muito, até que montei uma boneca do livro, para ter uma amostra da obra pronta.

Foi aí que me embatuquei, novamente, com a tais vozes da narração! 

O texto misturava vozes e estilos — ora narrava em primeira pessoa, ora descrevia em terceira, ora dialogava em meio à narrativa —, a marcação das conversas soava estranha, a redação parecia infantilizada, o português ressumava canhestro — mil defeitos saltavam aos olhos do autor-leitor inexperiente.

E nesse ponto, eu que não recebera nenhuma carta de Mário, fui salvo, não por suas magníficas orientações, mas pelos seus Contos Novos: a fala cotidiana, a singeleza da forma, a vivacidade de sua prosa — estava tudo ali, naquela aula prática de gramatiquinha da fala brasileira, o encorajamento de que precisava este autor implume e desajeitado.

Revi tudo que escrevera e com uma versão para (re)leitura/revisão pronta passei a minuta a parentes e amigos, para colher impressões, correções, sugestões. Mais revisões e ajustes, e o livro ficou pronto. Entreguei a última versão a um diagramador profissional e imprimi o livro à conta de autor.

Eis um resumo da aventura de solitariamente se escrever e editar um livro de memórias.

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ESBOÇO LITERÁRIO DE O MENINO-SERELEPE

Vocês, criados em cidade grande, não se espantem com esse jeito de nossa infância do interior.

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE. No conto A salvação da alma.


Abaixo, vão traços dos principais aspectos da construção literária, do tema, da prosa e dos destinatários de O MENINO-SERELEPE.

Confira:



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Prefácio do livro MENINO-SERELEPE

O primeiro texto resume a intenção do autor com o seu livro de memórias. O segundo, refere alguns artifícios da criação literária.

Confira:



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VOCABULÁRIO DE AGUINHAS

Também nos divertíamos muito, lembrando ditos, expressões e trovas populares, além de colecionar palavras em desuso na língua, catadas tanto aos clássicos como aos matutos do Sul de Minas Gerais.

Do livro inédito: Pai Véio, um contador de histórias, de Antônio Lobo Guimarães


Como fiz uso de inúmeros ditos, expressões e palavras antigas na redação de o Menino-Serelepe, resolvi incluir no livro um vocabulário, que somou quase quinhentas entradas. 

Veja:


Confira aqui

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DESTE POST

- Menino-Serelepe - Um antigo menino levado contando vantagem. Antônio Lobo Guimarães. Edição do Autor, 2009

- Os meninos crescem. Domingos Pellegrini. Busca Vida, 1987

- Minhas memórias dos outros. Rodrigo Octavio. Civilização Brasileira/MEC,  1979

- Retrato do artista quando jovem. James Joyce. Ediouro, s/d

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LIVROS QUE SERÃO COMENTADOS NESTA SÉRIE

Abaixo vai uma lista de livros que vamos comentar nesta Série.

São livros que li, alguns com mais vagar, outros apressadamente, mas todos eles me ajudaram/ajudam a escrever e me encorajaram/encorajam a publicar.

Muitos trazem títulos sugestivos, como:

  • Os meninos crescem (Domingos Pellegrini)
  • As pequenas memórias (José Saramago)
  • Menino no quintal (Humberto Werneck)

Confira a seguir.


  • O Ateneu. Raul Pompéia. Ediouro/Publifolha, 1997
  • Meu pé de laranja lima. José Mauro de Vasconcelos. M, 19
  • O menino no espelho.  Fernando Sabino. Record, 1992
  • Memórias sem malícia de Gudesteu Rodovalho. Gilberto de Alencar. Itatiaia, 1970
  • Os meninos crescem. Domingos Pellegrini. Busca Vida, 1987
  • Desaparecimento da aurora. Joel Silveira. Cultural Editora, 1979
  • Volta à infância. Povina Cavalcanti. José Olympio, 1974
  • Um menino vai para o colégio. Cyro Martins. Movimento, 1992
  • O príncipe da vila. Cyro Martins. L&PM, 1982
  • Por onde andou meu coração. Maria Helena Cardoso. Ediouro, s/d
  • Uma rua como aquela. Lucília Junqueira de Almeida Prado. Record, 1986
  • Casa 12. Letícia Constant. Cia. das Letras, 2007
  • Minha vida de menina. Helena Morley. Cia. das Letras, 1998
  • Memórias de um saudosista. Lia Corrêa Dutra. Bloch, 1969
  • Os anos 40. Rachel Jardim. José Olympio, 1985
  • Uma vida em segredo. Autran Dourado. Record/Altaya, 1996
  • Os belos contos da eterna infância. Herberto Sales [Org.]. Ediouro, s/d
  • A turma da rua Quinze. Marçal Aquino. Ática, 1989
  • Infância. Graciliano Ramos. Record/Altaya, 1995
  • O menino grapiúna. Jorge Amado. Record, 1981
  • Menino de engenho. José Lins do Rego. José Olympio, 2001
  • O moleque Ricardo. José Lins do Rego. José Olympio, 1981
  • Doidinho. José Lins do Rego. José Olympio, 1977
  • Doidão. José Mauro de Vasconcelos. Melhoramentos, 1973
  • Indez. Bartolomeu Campos Queirós. Miguilim, 1988
  • Ler, escrever e fazer conta de cabeça. Bartolomeu Campos Queirós. Miguilim, 1996
  • Por parte de pai. Bartolomeu Campos Queirós. Editora RHJ, 1995
  • Ladrões de tênis. Álovaro Cardoso Gomes. FTD, 1993
  • Menino no quintal. Humberto Werneck. In Antologia de contos. FMB/Lemi, s/d
  • Menino Felipe. Primeira Viagem. Afonso Schmidt. Brasiliense, s/d
  • A última sessão de cinema. Ronald Claver. Melhoramentos, 1991
  • Memórias de um assoviador. Eduardo Alves da Costa. Schmukler Editores, 1994
  • Armazém Colombo. Carlos Gentil Dias Vieira. Vececom, 2005
  • José. Rubem Fonseca. Nova Fronteira, 2011 [Edição Kindle]
  • Doce vida dura de República. Diário de Bordo. Danilo Drumond. Edição do Autor, 2005
  • Um circo só de mágicos. Humberto Mariotti. Global, 1987
  • Os reis da Terra. José Vicente. Nova Fronteira, 1984
  • Chove sobre minha infância. Miguel Sanches Neto. Record, 2000
  • Meninão do caixote. João Antônio. Atual Editora, 1991
  • Micróbios na cruz. Marcia Camargos. Cia. das Letras, 2005  
  • Bambanga (Memórias). José Lemos de Sant'Ana. Edição do Autor, 1979
  • Rua do quenta-sol. Antônio Celso Alves Pereira. Nova Fronteira, 1967
  • Amar, Verbo Intransitivo. Mário de Andrade. Villa Rica, s/d
  • À mão esquerda. Fausto Wolff. Editora Leitura, 2007
  • Contos de aprendiz. Carlos Drummond de Andrade. Record, 1984
  • Contos novos. Mário de Andrade. Klik Editora/Estadão, 1997
  • As pequenas memórias. José Saramago. Cia. das Letras, 2006
  • As cinzas de Angela. Frank McCourt. Objetiva, 2000

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OUTROS LIVROS SUGERIDOS

Além dos livros mencionados acima, há estes outros muito interessantes para os que pretendem escrever memórias e ficção:

  • Viagem à roda do meu quarto. Xavier de Maistre. Estação Liberdade, 1989
  • Tom Sawier. Mark Twain. Abril Cultural, 1980
  • David Coperfield. Charles Dickens. Cosacnaify. [e-book/Kindle], 2014
  • O apanhador no campo de centeio. J. D. Salinger. Editora do Autor, 1965
  • A grande feira. E. L. Doctorov. Cia. das Letras, 1988
  • Miguel Street. V.S. Naipul. Cia. das Letras, 2012
  • Infância. J. M. Coetzee. Cia das Letras, 2010
  • Os Chefes. Os filhotes. Mario Vargas Llosa. Alfaguara, 2010
  • Ser tão menino. Elias Fajardo. 7 Letras, 2011

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LIVROS TÉCNICOS SOBRE O FAZER LITERÁRIO

Alguns livros conhecidos e acessíveis sobre o fazer literário:

  • A técnica de ficção. Percy Lubbock. Cultrix/USP, 1976
  • Aspectos do romance. E. M. Forster. Globo, 1969
  • A arte do romance. Henry James. Globo, 2003
  • A arte da ficção. David Lodge. L&PM, 2010
  • Como um romance. Daniel Pennac. Rocco/L&PM, 2008
  • Como aprendi a escrever. Máximo Gorki. Editora Cadinho, 1972
  • Sem trama e sem final. 99 conselhos de escrita. Anton Tchékhov. Martins Fontes, 2007
  • O meu mestre imaginário. Autran Dourado. Rocco, 2005
  • Uma poética de romance. Autran Dourado. Rocco, 2000
  • A narrativa de ficção. Vicente Ataíde. McGraw-Hill, 1974
  • Um novo modo de narrar. Deonísio da Silva. Livraria Cultura Editoria, 1979
  • O foco narrativo. Ligia Chiappini Moraes Leite. Ática, 1985
  • ABC da Literatura. Ezra Pound. Cultrix, 1977
  • Dicionário de Termos Literários. Massaud Moisés. Cultrix, 2004
  • Sujeito, tempo e espaço ficcionais. Introdução à Teoria da Literatura. Luis Alberto Brandão Santos; Silvia Pessoa de Oliveira. Martins Fontes, 2001
  • O narrador do romance. Ronaldo Costa Fernandes. Sette Letras, 1996
  • Escrever ficção: Um manual de criação literária. Luiz Antonio de Assis Brasil. Cia. das Letras [e-book/Kindle), 2019
  • O escritor de fim de semana. Robert J. Ray. Ática, 1998
  • A ilusão literária. Eduardo Frieiro. Itatiaia/INL, 1983
  • Escrevendo com a alma. Nathalie Goldberg. WMF/Martins Fontes, 2008
  • Oficina do escritor - Um manual prático para a arte da ficção. Sthefen Koch. WMF/Martins Fontes, 2008
  • Guia prático de criação literária. Moacir C. Lopes. Quartet, 2001
  • Os segredos da ficção. Um guia da arte de escrevr. Raimundo Carrero. Agir, 2005
  • Cartilha do pré-escritor. Bariani Ortencio. Thesaurus, 2009
  • Para ler como um escritor. Francine Prose. Zahar, 2008
  • Para ler literatura como um professor. Thomas C. Foster. Lua de Papel, 2010
  • Para ler romances como um especialista. Thomas C. Foster. Lua de Papel, 2011
  • Como ler literatura. Um convite.  Terry Eagleton. L&PM. [e-book/Kindle], 2017
  • O design da escrita. Redigindo com criatividade e beleza — inclusive ficção. Antonio Suárez Abreu. Ateliê Editoral [e-book/Kindle], 2008
  • A Bíblia do Escritor. Alexandre Santos Lobão. Trampolim [e-book/Kindle], 2017
  • Zen e a arte da escrita. Ray Bradbury. Texto Editores/Leya [e-book/Kindle], 2011
  • Sobre a escrita. A arte em memórias. Stephen King. Objetiva [e-book/Kindle], 2015
  • Como melhorar um texto literário. Um manual prático para dominar as técnicas básicas da narração. Lola Sabarich; Felipe Dintel. Gutenberg, 2014
  • Como escrever diálogos. A arte de desenvolver o diálogo no romance e no conto. Silvia Adela Kohan. Gutenberg, 2011
  • Como narrar uma história. Da imaginação à escrita: todos os passos para transfomar uma ideia num romance ou num conto. Silvia Adela Kohan. Gutenberg, 2011
  • Escrever para crianças. Tudo que é preciso saber para produzir textos de literatura infantil. Silvia Adela Kohan. Editora Gutenberg [e-book/Kindle], 2013
  • Matéria e forma narrativa d'O Ateneu. José Lópes Heredia. Quíron/MEC, 1979
  • A escrita do eu. Eliane Zaguri. Civilização Brasileira/INL, 1982
  • Pós-escrito a O Nome da Rosa. As origens e o processo de criação do livro mais vendido em 1984. Umberto Eco. Nova Fronteira, 1985
  • A orgia perpétua. Flaubert e Madame Bovary. Mario Vargas Llosa. Francisco Alves, s/d
  • Escrevendo com o coração. Como escrever para crianças. Gryphus. Joy Cowley. [e-book/Kindle], 2014
  • Estrutura do roteiro. Escreva histórias de sucesso com as técnicas do cinema. Leonardo Bighi. Edição do Autor [e-book/Kindle], 2019
  • Cartas a um jovem escritor. Mario Vargas Llosa. Elsevier, 2006
  • Os sofrimentos do jovem Werther. Johann Wolfgang Goethe. L&PM. [e-book/Kindle], 2010
  • Da criação ao roteiro. Doc Comparato. Rocco, 2000
  • Confissões de um jovem romancista. Umberto Eco. Cosacnaify. [e-book/Kindle], 2013
  • Como se faz literatura. Affonso Romano de Sant'Anna. Rocco-Digital [e-book/Kindle], 2016
  • A arte da palavra. Como criar um estilo pessoal na comunicação escrita. Gabriel Perissé. Manole, 2003
  • Labirinto da palavra. Claudia Lage. Record, 2013
  • Você já pensou em escrever um livro? Informações fundamentais para tornar-se um escritor de sucesso. Sonia Belloto. Belloto Editora, 2006

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FORMAÇÃO DA BIBLIOTECA DE UM LEITOR-AUTOR APRENDIZ

Esse tópico vou desenvolver em post futuro.

Nele vou contar a experiência na formação de minha biblioteca — que tem de tudo um pouco, mas tem uma quantidade razoável de contos, romances e livros técnicos: clássicos brasileiros e estrangeiros, coletâneas de contos, livros infantis, manuais de literatura, crônicas literárias, entrevistas de autores/escritores, dicionários, etc.

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A GUERRA DAS ESPINGARDINHAS

Há um capítulo do livro Menino-Serelepe que pretendo transformar num livro juvenil. Trata-se de A Guerra das Espingardinhas, que transcrevo mais abaixo, uma narrativa romanceada de uma divertida brincadeira de minha infância.

Adotei como narradora uma menina: MARIA BELA CAMARINHO, nome esse inspirado em minhas netas Maria Elisa e Isabela.

Eis alguns livros que estão me servindo de inspiração para recriação dessa história:

  • O Senhor das Moscas. William Golding. Abril Cultural, 1984
  • A Guerra dos Botões. Louis Pergaud. Ática, 1995
  • Os Meninos da rua Paulo. Ferenc Molnár. Cosacnaify, s/d

Veja o rascunho da capa e da apresentação do livro A Guerra das Espingardinhas - Uma aventura de antigamente:


Capa provisória. Com ilustração feita pelo brasileiro Henrique Alvim Corrêa (1876-1910) para o livro A Guerra dos Mundos, de H. G. Wells, edição de 1906



Neste livro, o autor faz uso de um recurso narrativo à la Gertrude Stein, falando de si mesmo e de suas brincadeiras de criança por meio de uma narradora-menina, arteira como Pélica, geniosa como Emília, mordaz como Morley, que conta as aventuras na primeira pessoa, de forma alegre, dinâmica, numa linguagem cheia de sentenças terminantes, ditos curiosos e frases e expressões costuradas por hifens, muitos deles correntes na língua e outros criados por ela mesmo.

Texto extraído da orelha do livro A GUERRA DAS ESPINGARDINHAS

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Veja também

Pequenos trechos do livro A guerra das espingardinhas podem ser vistos nestes links:

  • No post Netos e livros, de 4 de maio de 2013 - aqui
  • No post Netos musicais, de 10 de junho de 2013 - aqui

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A Guerra das Espingardinhas

Hoje em dia, as crianças não brincam mais de armas de brinquedo, e está mesmo interditada a fabricação, importação circulação de brinquedos, réplicas e simulacros de armas de fogo, que com estas se possam confundir.

Muitos pais e educadores, de outro lado, também têm orientado as crianças a não fazer uso de armas de brinquedo. Isso de fato constitui um avanço nos costumes e na formação das crianças, em face de um mundo violento e conturbado.

Mas no meu tempo de criança, nos anos 1960, a gente brincava. Mais do que isso: nós mesmos construíamos nossas "armas" e nos divertíamos a valer.

Confira a história abaixo, contada no livro Menino-Serelepe:


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MENINO-SERELEPE

 O livro Menino-Serelepe - Um antigo menino levado contando vantagem é uma ficção baseada em fatos reais da vida do autor, numa cidadezinha do interior de Minas Gerais, nos anos 1960.

O livro é de autoria de Antônio Lobo Guimarães, pseudônimo com que Antônio Carlos Guimarães (Guima, de Aguinhas) assina a série MEMÓRIAS DE AGUINHAS.

Para saber mais sobre MENINO-SERELEPE e outros livros do autor, veja acima o tópico Livros à Venda.

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Publicado por Guimaguinhas
em 17/11/2019 às 07h22
 
14/11/2019 08h22
PINTURAS E PINTORES DE AGUINHAS (4) - Jonas Lemes pinta Águas Virtuosas de Lambari

Ilustração: Ducha. Pintura 40x50. Jonas Lemes. Reprodução. Fonte: artmajeur.com/jonaslemes


SUMÁRIO


Apresentação

Nesta série Pinturas e Pintores de Aguinhas estamos lembrando alguns pintores e pinturas de Águas Virtuosas de Lambari.

Já vimos o post sobre o Farol do Lago (aqui), o Cassino de Lambari (aqui), as obras de artista José Raimundi (aqui), e hoje focalizaremos as obras do artista plástico cambuquirense: Jonas Lemes. 

Vamos lá!

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Quem é Jonas Lemes

Jonas Lemes nasceu Joaquim Jonas Mendes Lemes, em Cambuquira, Minas Gerais, em 1964, residindo atualmente em São Lourenço, MG.


Reprodução. Fonte: site: www.al.sp.gov.br
 

Artista plástico autodidata, assinando Jonas Lemes, ele iniciou suas atividades em 1990, e já recebeu diversas premiações em salões de arte no Brasil.

Participou de diversas exposições, entre as quais: XIII Salão de Artes Plásticas, Taubaté, SP (1991, 1992); XI Salão de Artes Plásticas, Rio Claro, SP; Salão de Artes Plásticas, Matão, SP; X Salão de Artes Plásticas, Jaú, SP; VI Salão de Artes Plásticas, Mogi-Mirim, SP (1993); XXXIII Salão de Artes Plásticas de Araras, SP; XLII Salão de Artes, Piracicaba, SP; VII Salão de Artes Plásticas, Mogi-Mirim, SP (1994); Salão de Outono, Sorocaba, SP (1995); Viagem a América do Sul, Juiz de Fora, MG; XLIV Salão de Artes, Piracicaba, SP; Salão Vinhedense de Artes Plásticas, Vinhedo, SP (1996); Salão de Artes de Franca, SP (1997); SABBART, Ribeirão Preto, SP (2000, 2001).

Possui obras em diversas coleções particulares e oficiais e no Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.

Fonte: https://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=312436

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Jonas Lemes pinta Águas Virtuosas de Lambari

 

O casamento perfeito das obras fundadoras de Águas Virtuosas de Lambari e das belezas naturais de nossa cidade com as técnicas de Jonas Lemes gera pinturas belíssimas, como estas:


Cassino de Lambari. Jonas Lemes. Reprodução. Fonte: artmajeur.com/jonaslemes

Na beira do lago. Jonas Lemes. Reprodução. Fonte: artmajeur.com/jonaslemes

Ducha. Jonas Lemes. Reprodução. Fonte: artmajeur.com/jonaslemes

Entardecer no lago. Jonas Lemes. Reprodução. Fonte: artmajeur.com/jonaslemes

Ipê em Lambari. Jonas Lemes. Reprodução. Fonte: artmajeur.com/jonaslemes

Bela Vista. Jonas Lemes. Reprodução. Fonte: artmajeur.com/jonaslemes


Farol do Lago. Jonas Lemes. Reprodução. Ímã de geladeira

Parque Novo. Jonas Lemes. Reprodução. Ímã de geladeira

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Onde encontrar obras de Jonas Lemes

As obras de Jonas Lemes podem ser encontradas nestes endereços:



Escritório de Arte - Parque das Águas de São Lourenço

No Parque das Águas em São Lourençpo, há este escritório de arte de Jonas Lemes.

Confira:

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Referências

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Publicado por Guimaguinhas
em 14/11/2019 às 08h22
 
08/11/2019 08h58
MEMÓRIAS POLÍTICAS DE AGUINHAS - Os prefeitos de Lambari, MG

Ilustração: Prefeitura Municipal de Lambari. Quadro de Solange Ribeiro. Reprodução.


SUMÁRIO


Apresentação

Neste post, vamos falar sobre os governantes de Águas Virtuosas de Lambary, destacando os regimes jurídicos para escolha dos dirigentes, os prefeitos antigos mais relevantes e feitos significativos da história de nossa municipalidade.

Vamos lá.


Recorte da bandeira do município de Lambari, MG, idealizada pelo professor Raphael Pinotti, com a inscrição Hic sanitas — Aqui há cura (aqui)

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Resumo da história administrativa do município

O município de Águas Virtuosas de Lambari, designado por Lambari, a partir de 1930 (Decreto nº 9.804, de 27 de dezembro de 1930), foi criado por meio da Lei Estadual nº 319, de 16 de setembro de 1901.


Veja também:


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Regimes de escolha dos dirigentes municipais

Históricamente, a escolha dos dirigentes municipais de Lambari seguiu os seguintes regimes jurídicos:


De 1902 a 1908 - Agente Executivo designado pela Câmara Municipal

  • Nesse período, um agente executivo designado pela Câmara Municipal exercia as funções de prefeito. Garção Stockler foi o indicado.

De 1909 a 1936- Nomeado pelo Governo do Estado

  • Em 1909, foi nomeado Américo Werneck, como o primeiro prefeito da cidade. Em 1911, após assinar contrato de arrendamento da estância, Américo Werneck foi substituído por Raul Noronha de Sá.
  • Depois seguiram outros nomeados pelo Governo Mineiro.

1930 a 1945 - Era Vargas

  • O período de 1930 a 1945 (Era Vargas) divide-se historicamente em dois. No primeiro, o Período Provisório  (1930-1934), iniciado com a Revolução de 30, foi criada a Justiça Eleitoral (Decreto n° 21.076, de 24-02-1932) e estabelecidas eleições diretas. No segundo, Governo Constitucional (1934-1937), Getúlio Vargas anulou a constituição de 1934 e dissolveu o Poder Legislativo, passando a governar com amplos poderes.
  • E a partir da Constituição de 1937, outorgada por Getúlio Vargas, a Justiça Eleitoral foi extinta.

De 1937 a 1945 - Nomeado pelo Interventor Federal no Estado

  • Nesse período (1937-1945), conhecido como Estado Novo, não houve eleições no Brasil. O Código Eleitoral de 1932 é revogado, foi estabelecida eleição indireta para Presidência da República, os Legislativos foram dissolvidos e a ditadura governou com interventores nos estados.
  • Nomeado em 1935, João Lisboa Júnior governou de julho daquele ano até dezembro de 1945. Nesse período, João Lisboa afastou-se por duas vezes, nas quais foi substituído por Félix Geraldo de A. e Silva.

Em 1947 - Eleição direta

  • Após a queda do Estado Novo, sob a égide da Constituição de 1946, em 23 de novembro de 1947, deu-se a primeira eleição direta para a prefeitura de Lambari, elegendo-se Hélio Monteiro de Toledo Salles

Em 1950 - Eleição direta

  • Em 3 de outubro de 1950, foi eleito por voto direto Dr. João Lisboa Júnior, que governou de 1951 até 1954, quando renunciou ao cargo para assumir a Cátedra de Cronologia na Faculdade de Minas Gerais, em Belo Horizonte.

Em 1954 - Eleição direta

  • Em 31 de janeiro de 1955, foi eleito por voto direto José Capistrano. E em 31 de janeiro de 1959, elegeu-se o médico José dos Santos. E em 31 de janeiro de 1967 elegeu-se Jairo Ferreira, cujo mandato foi prorrogado até 31 de dezembro de 1972.

De 1968 - 1985 - Município considerado como território de Segurança Nacional

  • No dia 4 de junho de 1968, o general-presidente Artur da Costa e Silva instituiu, com a lei nº 5.449, os Municípios de Segurança Nacional. A partir de então, os prefeitos destas áreas passaram a ser nomeados pelo governador de seu respectivo estado, mediante aprovação da autoridade máxima da República. Também passaram a ter eleições indiretas as estâncias hidrominerais e as cidades de fronteiras. (Fonte: Jornal O Globo - aqui)
  • Eleição regulada na forma do art. 2°, caput e § 1° da Emenda Constitucional n° 25, de 15.5.1985, combinada com os arts. 1° e 2° da Lei n° 7.332, de 1°.7.1985, "para prefeito e vice-prefeito, nos seguintes municípios: I – capitais de estados e territórios; II – estâncias hidrominerais; III – considerados de interesse da segurança nacional; IV – nos municípios de territórios; V – descaracterizados do interesse da segurança nacional a partir de 1°.12.1984. Na mesma data, foram realizadas eleições para prefeito, vice-prefeito e vereadores nos municípios criados pelos estados até 15.5.1985". Essas eleições foram reguladas conforme estabelece a Resolução-TSE n° 12.307, de 17.9.1985. (Fonte: TRE/MG - aqui)                            

[Os negritos não são dos textos originais.]

  • Dentro desse regime, entre 1972 e 1984, foram nomeados: Walter CordeiroCyro Rodrigues Coelho, José Carlos de Alcântara, José Vicente L. de Vilhena e Renato Nascimento.

Em 1985 - Eleição direta

  • No estado de Minas Gerais, no dia 15 de novembro de 1985, houve eleição apenas para prefeito de Belo Horizonte e de 13 municípios considerados estâncias hidrominerais: Araxá, Caldas, Cambuquira, Carangola, Caxambu, Jacutinga, Lambari, Monte Sião, Passa Quatro, Patrocínio, Poços de Caldas, São Lourenço e Tiradentes. Nesses municípios, os prefeitos eram escolhidos indeiretamente nas eleições municipais anteriores. (Fonte: TRE/MG - aqui)

[O negrito não é do texto original.]

  • Em 15 de novembro de 1985, Marcílio Marques Botti elegeu-se prefeito pelo voto popular.

A partir de 1988 - Eleição direta

  • Eleição direta no dia 15 de novembro de 1988 e nos seguintes anos: 1992 - 1996 - 2000 - 2004 - 2008 - 2012 - 2016.

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Galeria de Prefeitos de Lambari

Abaixo, galeria dos principais prefeitos de Águas Virtuosas de Lambari e algumas de suas realizações.

Informações/feitos

 Garção Stockler - Eustáquio Garção Stockler [Campanha, MG (?) — Soledade de Minas (1927)], médico formado pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, escritor, propagandista do movimento republicano, é figura das mais importantes da memória política de nossa cidade. 

Stockler é considerado o criador da estância hidromineral de Águas Virtuosas de Lambary, como centro de vilegiatura e de tratamento.

Como Agente Executivo (1902-1908), coube a ele obter a aprovação de um plano de saneamento e embelezamento da vargem — extensa área de terreno pantanoso e alagadiço, situado em ponto central da povoação — e o alinhamento das principais vias de acesso ao Parque das Águas, obras essas concretizadas por Werneck, entre 1909-1911.

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Américo Werneck - Em 1909, foi nomeado Prefeito de Lambari e Presidente da Comissão de Melhoramentos e Superintendente das obras fundadoras da cidade (Cassino, Lago, Parque Novo, Parque das Águas, Farol, etc.)

Em 26 de abril de 1911, inaugurou as obras acima, com a presença, entre outras autoridades, do PR, Hermes da Fonseca, e do Presidente de MG, Wenceslau Braz.

Em 16 de maio de 1912, arrendou ao Governo de Minas Gerais, por 90 anos, a estância de Águas Virtuosas de Lambari. Em 27 de junho de 1913, em razão de divergências e desentendimentos com o Estado de Minas na execução do contrato acima, propôs na Justiça Federal (BH) ação rescisória desse contrato.

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 Antônio Pimentel Júnior - Sucessor de Américo Werneck, foi nomeado prefeito para o período do segundo semestre de 1912 até o segundo semestre de 1918.

De caráter ilibado, conquistou a sociedade lambariense por sua postura e obras que realizou, entre elas: construção e instalação do fórum, cadeia municipal, ponte sobre o Rio Mumbuca (em frente Hotel Imperial) e cemitério municipal (1914). Incentivou a construção do Asilo e Hospital São Vicente de Paulo, tendo lançado a pedra fundamental e instalado a comissão de obras para esse fim (31-03-1914)

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 João Lisboa Júnior - Filho de João de Almeida Lisboa e Maria Rita Vilhena Lisboa, nasceu em Águas Virtuosas de Lambari em 1894. Médico formado na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, clinicou na sua cidade natal de 1918 a 1954. Crenologista e autor do livro Aplicações terapêuticas das águas minerais de Águas Virtuosas do Lambary e épocas de estação (1928).

Em sua gestão deu-se a construção de novos prédios e hotéis no centro da cidade e um grande movimento de turistas em busca das famosas "sete fontes" de saúde, como então se propagandeava.

Casado com Lúcia Veiga, em 1934, foi eleito vereador e aclamado Presidente da Câmara. Em 1935, foi nomeado prefeito municipal, ficando no cargo até dezembro de 1945. Eleito novamente prefeito em 1951, renunciou ao cargo em 1954, quando assumiu a Cátedra de Cronologia na Faculdade de Minas Gerais, em Belo Horizonte.

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 Hélio Salles - Hélio Monteiro de Toledo Sales, advogado, foi o primeiro prefeito de Lambari eleito pelo voto popular, em 23 de novembro de 1947, permanecendo no cargo até 31 de janeiro de 1951.

Antes (de 8 de janeiro a abril de 1947), exercera o mesmo cargo, nomeado pelo Interventor Federal do Estado de Minas Gerais.

Em sua gestão, bastante proveitosa, deu-se a criação do Ginásio Municipal, obras de urbanização (ruas e avenidas pavimentadas), a construção da Praça Duque de Caxias (Praça do Fórum), a instalação da Fonte Luminosa e da Biblioteca Municipal, e a organização dos serviços burocráticos da Prefeitura Municipal.

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 José Capistrano - Fazendeiro, foi eleito vice-prefeito em 1947, e prefeito em 1955 e 1963. Bom administrador, atendeu à área rural com escolas e estradas. Procurou movimentar o turismo em nossa cidade e lutou pela ligação asfáltica de Lambari até à Rodovia Fernão Dias.

Em suas gestões, ocorreram importantes eventos em Lambari: o Congresso Eucarístico Diocesano, competições de motonáutica, a construção do Estádio Municipal e a vinda da Seleção Brasileira de Futebol (1966).

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 José dos Santos - Médico de espírito bondoso e humanitário, que clinicou longos anos em Lambari. Carinhosamente apelidado de Barão, foi prefeito da cidade no período de 1959-1962. Casado em primeira núpcias com Edith Fleming dos Santos, depois consorciou-se com Vicência de Oliveira Santos. Teve quatro filhos: Sílvio (já falecido, que também foi médico), José Plínio (Mestre e Doutor em matemática e professor universitário), Edith e Maria Angélica, professoras aposentadas — duas pessoas muito estimadas e cidadãs ilustres de nossa cidade.

Em sua gestão deu-se a instalação dos postes de cimento na iluminação pública da cidade.

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 Jairo Ferreira - Comerciante, foi eleito prefeito em 1967, tendo seu mandato prorrogado até 1972.

Ativo e realizador, contam-se entre seus feitos o seguinte: organização interna da prefeitura e de seus arquivos e cadastros, elaboração dos códigos de postura e tributário, instalação do SAAE e da TELEMIG, reforma do jardim da Matriz N. S. Saúde, abertura de diversas ruas e escolas, construção de pontes e reformas da rede elétrica da cidade e da piscina municipal. 

Foi pioneiro, nos anos 1960, na instalação a Torre de TV em nosso município e idealizador e construtor das duchas do lago.

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 Renato Nascimento - Comerciante aposentado e vereador mais votado em novembro de 1982, foi nomeado prefeito de Lambari por Tancredo Neves, em 14 de maio de 1983.

Entre suas realizações, temos: calçamentos de ruas (com bloquetes no centro da cidade e paralelepípedos no bairro Campinho), construção de ponte de madeira sobre o pontilhão, reformas de escolas rurais, ampliação e melhoria da rede de iluminação pública, credenciamento de médicos do IPSEMG para atendimento em Lambari, asfaltamento da rua de acesso ao Cemitério Municipal.

A rodovia MG 456, que liga Lambari à Fernão Dias (via Heliodora), recebeu o seu nome.

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 Marcílio Botti - Natural de Juiz de Fora (20-02-1939), advogado, professor, assessor parlamentar, ocupou cargos públicos no Governo de Minas, com Tancredo Neves. Frequentava Lambari e aqui adquiriu o Ideal Hotel, e foi eleito prefeito de Lambari em 1988. Entre seus feitos, encontramos: reconstrução da Biblioteca Basílio de Magalhães, a nova Rodoviária Municipal (na antiga estação ferroviária), recuperação do Parque Novo e do Laguinho dos Patos e a criação da cidade modelo (minicidade). Criou o Projeto Filhote (atividades esportivas para a juventude), série de eventos de grande sucesso em nossa cidade.

No seu governo, ocorreu o infeliz incidente do incêndio do prédio da Prefeitura Municipal.

Outras informações: aqui e aqui

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Lista dos Prefeitos de Lambari

Eis as lista dos dirigentes municipais de Águas Virtuosas de Lambari, depois Lambari:

PREFEITOS DE LAMBARI

Agente Executivo

1902 – Dr Eustáchio Garção Stockler (Agente executivo)

Nomeados pelo Governo do Estado

1907 – Dr Américo Werneck ( 1º Prefeito - nomeado por Wenceslau Braz)

1911 – Raul Noronha de Sá

1913 – Dr. Antonio Pimentel Junior

1914 – Henrique Cabral

1918 – Francisco de Castro Filho (interino)

1919 – Dr. Raul Franco de Almeida

1920 – Affonso de Paiva Vilhena (interino)

1921 – João de Almeida Lisboa (em exercício)

1921 – Messias Silveira Machado (interino)

1923 – Joaquim Figueira da Costa Cruz

1924 – Júlio Bráulio (interino)

1924 – Bernardo José de Paulo Aroeira

1930 – Eurico Leopoldo de Bulhões Dutra

1931 – Ernesto de Mello (interino)

1932 – Luiz Lisboa

1935 – Dr. João Lisboa Júnior – até dezembro de 1945

1945 – Dr. Felix Geraldo de A. e Silva (interino)

1946 – Dr. João Lisboa Júnior

1947 – Dr. Helio Monteiro de Toledo Salles (nomeado pelo interventor no Estado).

1947 – Dr Ural Prazeres, Joaquim Araújo Júnior  ( abril a outubro de 1947).

Prefeitos eleitos e acompanhados de Câmara Municipal

1947 – Dr. Helio Monteiro de Toledo Salles

1951 – Dr. João Lisboa Júnior

1954 - José Horton de Morais (em exercício)

1955 – José Capistrano

1959 - José dos Santos

1963 - José Capistrano

1967 – Prefeito Jairo Ferreira

1967 – Posteriormente Presidente da Câmara: Dr. José Vicente da L. de Vilhena

Nomeados pelo Governo do Estado

1972 – Professor Walter Cordeiro

1973 – Dr. José Vicente L. de  Vilhena

1973 – Dr. Cyro Rodrigues Coelho

1973 – José Carlos de Alcântara

1976 – Dr. José Vicente L. de Vilhena

1984 – Renato Nascimento (Assumiu o cargo de prefeito em 14 de maio de 1983)

Eleição direta

1988 – Dr. Marcílio Marques Botti

1989 – Eugênio Carneiro Rodrigues

1993 – Sebastião Carlos dos Reis

1997 – Eugênio Carneiro Rodrigues

2001 – Nely Fernandes Arantes Bahia

2005 – Sebastião Carlos dos Reis

2009 – Marco Antônio de Resende

2013 - Sérgio Teixeira

2017 - Sérgio Teixeira

 

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Índice da Série Memórias Políticas de Aguinhas

 

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Referências

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Publicado por Guimaguinhas
em 08/11/2019 às 08h58
Página 26 de 108

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