Ilustração: Dr. Manoel Airosa - médico. Reprodução. Acervo da família Airosa.
"UBI SUNT THERMOMIRALES FONTES, IBI SALUS"
Onde houver fontes termominerais, encontra-se saúde.
Na série de posts a seguir, vamos falar do médico Dr. Manoel Airosa, que atuou longos anos em Águas Virtuosas de Lambari, onde foi Diretor-clínico do Estabelecimento Hidroterápico de Lambari e Médico efetivo da Santa Casa Boa Vista.
Aqui, praticou a crenoterapia, estudou nossas águas minerais e escreveu artigos e livros sobre seus efeitos medicamentosos.
Foi fundador e diretor da Santa Casa Boa Vista.
Dividimos esta série de posts da seguinte maneira:
Vamos lá ao post número 1.
Manoel Airosa nasceu em Paracambi, RJ, em 25/10/1889, sendo filho do Capitão-Tenente José Antônio Airosa e D. Adelaide Xavier Airosa. Formado pela Faculdade de Medicina da Universidade do Rio de Janeiro, era médico operador e especializado em crenologia.
Em sua formatura, em 1912, defendeu a seguinte tese, aprovada com distinção:
Sempre atualizado com sua profissão, fez cursos especializados, participou de congressos e encontros médicos, escreveu ativamente artigos técnicos em revistas de medicina.
Além da atividade médica e intelectual, foi sócio-fundador e diretor do Jockey Club de Lambari e do Águas Virtuosas Futebol Clube (veja aqui e aqui).
Em 26 de julho de 1948, o AVFC comunica à Liga de Futebol Caxambuense sobre a nova diretoria do Águas Virtuosas Futebol Clube, na qual Manoel Airosa figurava como vice-presidente
Teve também atividade política em nossa cidade.
De fato, na nota seguinte, publicada no jornal O Fluminense (11-jan-1930), o dr. Airosa é designado como chefe político da situação dominante do Estado de Minas e Presidente do Direcório Político de Águas Virtuosas.
Confira:
Jornal O Fluminense, 11, jan, 1930. Reprodução. [bn.digital.gov. br]
Manoel Airosa foi fundador, diretor e clínico geral da Santa Casa Boa Vista, atividade pela qual, ao lado do dr. José dos Santos, não recebia nenhuma remuneração.
Confira abaixo:
LIVROS SOBRE NOSSAS ÁGUAS MINERAIS
Além de outros trabalhos mencionados no tópico a seguir, publicou o Dr. Manoel Airosa o seguinte:
Neste trabalho apresentado ao II Congresso Nacional de Hidro-Climatismo, ocorrido no Rio de Janeiro em 1942, concluiu o dr. Airosa:
OUTROS TRABALHOS DO DR. AIROSA
Dono de um estilo escorreito, claro e didático, Manoel Airosa, ao tempo em que viveu e praticou sua profissão em Águas Virtuosas de Lambari, escreveu sobre nossas águas, sobre homens públicos daqui e sobre a beleza de nossa terra.
Confira este post:
O dr. Manoel Airosa residia e mantinha escritório no centro da cidade, na Rua Tiradentes.
Confira estas fotos:
Rua Tiradentes antiga
Consultório e casa do dr. Airosa
Ilustração: Reprodução. Hotel Bibiano, ao tempo do prefeito Américo Werneck (1909). Nesse local, atualmente, funciona a Pousada do Duque.
No número 1 desta série sobre a Planta cadastral mandada organizar por Américo Werneck em 1909, falamos sobre a área central e o Parque das Águas de Lambari (veja aqui).
No número 2, falamos sobre o ribeirão Mumbuca (veja aqui).
Neste terceiro post vamos tratar de antigos hotéis de Águas Virtuosas, mostrados na referida planta.
Vamos lá.
ANTIGOS HOTÉIS DE ÁGUAS VIRTUOSAS
Na série HOTÉIS DE AGUINHAS (aqui), falamos a respeito de nossos hotéis.
No post Retrospectiva histórica dos hotéis de Aguinhas, mencionamos os seguintes hotéis:
Esses e alguns outros mais aparecem registrados na planta de 1909, que estamos comentando.
Sobre os hotéis de nossa cidade, existentes no início dos anos 1900, MILEO (1970) informa que:
PROPAGANDA DE HOTÉIS - INÍCIO ANOS 1900
HOTÉIS NA PLANTA CADASTRAL DA VILA, EM 1909
Hotel Bibiano. Início dos anos 1900
Hotel Brasil. Início dos anos 1900
Voltar
O Hotel Central localizava-se na antiga Rua Comendador José Breves (atual José Ieno), do lado esquerdo da Praça N. S. da Saúde.
O prédio, que serviu de hotel, colégio e dependências da Prefeitura Municipal, foi incendiado em 1987
Ilustração: Reprodução. Recorte da planta cadastral da Villa de Águas Virtuosas, ao tempo do prefeito Américo Werneck (1909), mostrando o rio Mumbuca em seu trajeto pelo centro da cidade com seu leito retificado, bem como, na linha tracejada, em seu trajeto original. Acervo de Bibianinho Carvalho Rocha.
No número 1 desta série sobre a Planta cadastral mandada organizar por Américo Werneck em 1909, falamos sobre a área central e o Parque das Águas de Lambari (veja aqui).
Neste número 2, vamos enfocar o ribeirão Mumbuca.
Vamos lá.
Mumbuca, nos dicionários, significa uma
Para os lambarienses, é o riozinho que corta a cidade, e que já foi chamado de Ribeirão Lambarizinho e Lambari Pequeno.
Em 1860, seu curso foi modificado, pois, em épocas de cheias, com frequência as águas invadiam as fontes das águas minerais. [*]
[*] Ainda nos dias de hoje, por vezes, ocorre essa invasão.]
A cidade de Lambari localiza-se no Vale do Mumbuca, numa depressão em que foram descobertas, em 1780, as fontes de águas minerais.
A cidade — com 901 metros de altitude, circundada por serras, morros e colinas — se desenvolveu ao redor das fontes, no côncavo da baixada formado pelo vale do Ribeirão Mumbuca, que cruza toda a zona urbana de oeste para leste.
Mapa de acidentes geográficos. Reprodução (Internet, com adaptações)
O Ribeirão Mumbuca em seu longo percurso atravessa o vale que ora se estreita, ora se alarga, tomando feição assimétrica. Em sua parte mais larga se situa a região central da cidade, encravada entre serras e montanhas que a protegem dos fortes ventos.
O Mumbuca nasce no bairro Mantiva, passa pelos bairros Mumbuca e Jacu, recebe águas dos córregos: Barreiro, Lobos e do Lago Guanabara, passa pelo bairro Serrote e deságua no Rio Lambari, município de Jesuânia, MG.
À esquerda do Ribeirão Mumbuca empina-se a Serra das Águas, cuja altitude varia de 1200 a 1350 metros. À direita do Mumbuca, em faixa de terreno menos acidentada, no entorno das fontes de água mineral, desenvolveu-se o centro da cidade, com ruas planas, cruzadas por ruas mais íngremes.
Reprodução. SIGA - Circuito das Águas/CODEMGE
AS CHUVAS E O DESVIO DO RIO MUMBUCA
Em 1834, os poços das duas nascentes de águas minerais de Lambari não possuíam nenhuma proteção e se localizavam em um largo denominado Largo da Fonte.
Com as chuvas, os poços costumavam ser invadidos pelas águas do Ribeirão Lambarizinho (atualmente, Mumbuca).
Em 1850, os poços foram protegidos por esteiras, para evitar a queda de pequenos animais. [MILÉO, 1970, págs. 25-26]
Em 1860, deu-se o desvio do Rio Mumbuca, então vizinho às fontes. [CARROZO, 1998, p. 72]
Obras de mudança do curso do Rio Mumbuca. Trecho em frente da atual Praça da Fonte Luminosa. Anos 1860. Reprodução colorizada. Fonte: Museu Américo Werneck
Na mapa abaixo, figura o Rio Mumbuca no seu novo leito (desviado nos anos 1860).
Veja também, na linha tracejada, o curso do antigo leito, que ficava no trecho de terreno em que foi construído o Parque Wenceslau Braz (Parque Novo).
Note-se que inauguração do Parque Wenceslau Braz, em 1911, Werneck aproveitou parte da água do Mumbuca fazendo-a serpentear por sobre a área do novo parque, formando pequenas ilhotas.
Confira nesta foto da época águas desviadas do Mumbuca serpeando nos terrenos do Parque Novo:
Parte da água do rio Mumbuca serpenteava pela área do Parque Wenceslau Braz, formando pequenas ilhas
O Rio Mumbuca, da Ponte do Parque Hotel até defronte os jardins do Condomínio Imperial
o Rio Mumbuca segue em linha reta do Posto Gregatti até as Duchas
Ilustração: Reprodução. Planta cadastral da Villa de Águas Virtuosas, ao tempo do prefeito Américo Werneck (1909). Acervo de Bibianinho Carvalho Rocha.
Em 1909, tão logo assumiu a prefeitura de Águas Virtuosas, Américo Werneck providenciou a planta cadastral da vila, a qual tomou como base dos projetos das obras a executar para melhoramento da localidade.
Tais obras abrangiam duas partes:
Pois são aspectos desse documento raro que vamos comentar neste post.
Vamos lá!
NOME DAS RUAS E PRAÇAS DA VILA EM 1902
Em 1902, mediante a Lei n. 7, de 26 de abril de 1902, na gestão de Eustáquio Garção Stockler, então agente executivo de Águas Virtuosas, foram dados nomes a ruas, praças e travessas da vila, como se vê logo a seguir.
As denominações dadas por essa lei — que em parte prevalece até nossos dias — é a que aparece registrada na planta cadastral que estamos examinando.
Curioso notar que já em 1902 dava-se o nome de Américo Werneck a uma das ruas da vila.
O CENTRO DA VILA E O PARQUE DAS ÁGUAS
Nesta Parte 1 veremos o centro da vila e o Parque das Águas.
Centro da cidade e Parque das Águas
O centro da Vila de Águas Virtuosas e o Parque das Águas, início dos anos 1900
Ilustração: Instrumentos de pedra encontrados na região de Lambari (Alto Boa Vista)
As informações deste post foram extraídas do Fascículo 7 - População, emigração e Colônia de Nova Baden, da Coletânea PEQUENA HISTÓRIA DE ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARI. [1]
São pequenas notas acerca da população indígena que habitou primitivamente a Região Sul do Estado de Minas, especialmente o chamado Sertão do Rio Verde, no qual estavam localizadas a cidade de Campanha e de Águas Virtuosas de Lambari.
Vamos lá.
POPULAÇÃO PRIMITIVA DO SUL DE MINAS
No final do século XVII, à procura de riquezas minerais, os bandeirantes paulistas com seus aliados indígenas atravessaram a garganta do Embaú na Mantiqueira e adentraram as matas Sul do Sertão do Cataguases – como era então chamada a região do centro, oeste e sul de Minas, ocupada por indígenas Cataguases ou Cataguás, conhecidos ainda por Catauás. [2]
O Sul de Minas, além dos Cataguás, era habitado também por Puris, Abatinguaras, Mandiboias, Moropaks, entre outros. À medida que vilas e cidades foram sendo criadas, as aldeias indígenas foram perdendo espaço e desaparecendo ao longo dos anos.
Esses povos indígenas e diversas outras etnias viviam há milhares de anos na região correspondente ao Sul de Minas e deixaram marcas em diversos lugares:
em Andrelândia é possível encontrar utensílios para uso doméstico e pessoal, utensílios para sepultamento dos mortos e cerâmicas pintadas em vermelho e branco. Tais objetos também podem ser encontrados em outros lugares do sul de Minas Gerais, como, por exemplo, os instrumentos de pedra e cachimbos presentes no Museu Regional do Sul de Minas, em Campanha, e os objetos (cachimbos, instrumentos de pedra e vasos funerários) expostos no Museu Municipal de Varginha. [3]
Instrumentos de pedra encontrados na região de Lambari (Alto Boa Vista)
Ferramenta primitiva de pedra, encontrada no bairro rural do Cafundó (Lambari, MG)