E quem vai narrar as pequenas histórias?
Saudosismo e saudade não são sinônimos. Um aprisiona,
a outra se alimenta do que sente falta para criar algo novo.
Hoje de um jeito, amanhã de outro.
(J. Guimarães Rosa)
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Mais os amo quando volte / pois do que por fora vi /
Mais querer minha terra / E minha gente aprendi.
(Gonçalves Dias, na sua última "Canção do Exílio")
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A vida não é a que a gente viveu, e sim a que a gente recorda, e como recorda para contá-la.
(Gabriel Garcia Marquez)
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Todas as paixões passam e se apagam, exceto as mais antigas, aquelas da infância.
(Cesare Pavese)
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A paisagem onde a gente brincou a primeira vez e a gente com quem conversou a primeira vez não sai mais da gente e eu, quando voltar, vou ver se consigo fazer a minha terra.
(Cândido Portinari, pintor (e poeta) que pintou e poetou inspirado por temas e pessoas de sua terra natal: Brodowski, SP)
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Não existe rua com pedras mudas nem casa sem ecos.
(Góngora)
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A gente descobre que o tamanho das coisas há de ser medido pela intimidade que temos com as coisas (...) Assim, as pedrinhas do nosso quintal são sempre maiores do que as outras pedras do mundo. Justo pelo motivo da intimidade.
(Manoel de Barros)
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— Minas é a montanha, montanhas, o espaço erguido, a constante emergência, a verticalidade esconsa, o esforço estático; a suspensa região — que se escala. Atrás de muralhas, caminhos retorcidos, ela começa, como um desafio de serenidade. Aguarda-nos amparada, dada em neblinas, coroada de frimas, aspada de epítetos. De que jeito dizê-la? Minas: a gente olha, se lembra, sente, pensa. A gente não sabe?.
(Guimarães Rosa)
Cara(o) visitante,
Falava-me sempre o velho Zé Batista:
Quem vai escrever as pequenas histórias, os fatos da parentalha, os causos e os modos de dizer da nossa gente, os acontecidos de Aguinhas? Quem vai recolher os caquinhos da memória, a lembrança das pequenas coisas que todo mundo esqueceu? Quem vai dar voz aos nossos antepassados? Quem vai se lembrar daqueles que não têm história pra contar? Quem vai contar nossa luta, nossa vivência, nossa terra, nossos amores, nossa sorte, nossos azares?
Não vão ser os grandes escritores, é claro. Mas eu gostaria que fosse alguém que narrasse soltinho, sem pensar em fazer literatura, que isso é coisa de poucos. Alguém que o fizesse numa prosinha esquadrejada e fácil, desempenada e leve, lixadinha, boa de ler. Enfim, bem acabada, no capricho, que nem se fosse uma peça aprontada por um desses carapinas que têm sentimento pelo que faz. Só isso, nem um soprinho a mais. (1)
Meu avô se referia à cidade de Lambari, MG, que já foi Águas Virtuosas, e que ele, nas histórias que contava aos netos, chamava de Aguinhas, e, claro, também à parentela, aos amigos e conhecidos do lugar.
Hoje estou aqui com as minhas HISTÓRIAS DE AGUINHAS, tentando responder às suas indagações e na esperança de que meus textos tenham saído ao seu gosto.
E convido você pra estar comigo, neste espaço virtual, compartilhando informações, fotos e histórias de Minas, de mineirices, de casos e "causos", de escrevinhação e livros - e de outros acontecimentos novos e antigos de Aguinhas e do Sul das Gerais...
Guima, de Aguinhas, março de 2013.
(1)Do livro inédito: O Prosório do Pai Véio (que é como os netos chamavam o avô José Batista Guimarães)
(*) Nos últimos escritos de Gonçalves Dias, que morreu num naufrágio quando voltava para o Brasil, o poeta retornou ao seu célebre poema.
(**) Pronúncia: Agüinhas - como se houvesse o trema
(***) Acima: Capa do livro de Roberto Capri, 1918
Informações importantes
O site GUIMAGUINHAS, como está dito acima, objetiva
compatilhar informações, fotos, histórias e outros acontecimentos antigos da outrora ÁGUAS VIRTUOSAS DA CAMPANHA, depois ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARY e hoje LAMBARI.
Desse modo, o site GUIMAGUINHAS: