Ilustração: Basílio de Magalhães. Reprodução. Perfil no IBGH
Nesta Série BASÍLIO DE MAGALHÃES, vamos tratar do famoso historiador, filósofo, lexicógrafo, político, escritor, jornalista, professor, poliglota (que falava também o tupi-guarani) — que durante muitos anos fez estações de águas em Lambari, depois passou a residir entre nós, numa modesta casa na Rua São Paulo, no centro da cidade.
Basílio aqui viveu o resto de seus dias, tendo sido também enterrado nesta estância hidromineral. "Conversador sem igual, cheio de vivacidade e erudição, (...), dono de prodigiosa memória" [1], ele foi uma das influências culturais da poeta Henriqueta Lisboa. [2]
Vamos lá.
No livro O retrato do velho médico [3], José Benedito Rodrigues, que foi médico de Basílio de Magalhães, conta lances da vida do escritor em nossa cidade:
A primeira vez que conversei com Basílio de Magalhães eu era recém-formado [...] Foi num jantar oferecido ao doutor João Lisboa Júnior, em Lambari (...). Tive a honra de ficar sentado ao seu lado, e fiquei profundamente impressionado com a sua cultura, inteligência e variedade de temas por ele abordados.
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Quem passasse pelo Parque das Águas, via sempre um grupo de normalistas (...) em torno de um homem, lembrando o filósofo Sócrates da antiga Grécia, discorrendo sobre os mais variados assuntos. Era Basílio de Magalhães. Na varanda de sua casa, ficava aquele homem baixo, de óculos de lentes grossas, com um boné metido na cabeça, em leituras profundas, ou na farmácia do Mário Santoro, conversando com todos e sobre tudo.
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Em fins de 1957 [Basílio] adoeceu, e entrou em estado de coma, e no dia 14 de dezembro (...), pela madrugada, faleceu da maneira mais modesta possível, cercado de poucos amigos. Seu sepultamento foi comum [...] à beira de sua sepultura, quatro vozes entrecortadas de emoção se fizeram ouvir, exaltando a sua trajetória cultural e científica, lastimando o [seu] desaparecimento (...)
Magalhães foi autor de cerca de cem obras e pertenceu a 26 associações culturais, sendo 17 brasileiras e 9 estrangeiras. Sua biblioteca chegou a somar quase 27 mil volumes. [4] Seu nome foi dado ao Salão Nobre da Prefeitura Municipal de São João del-Rei. Basílio é patrono do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei, e é também patrono de uma cadeira no mesmo instituto e de uma cadeira na Academia de Letras de São João del-Rei. Além disso, Câmara Cascudo dedicou-lhe um verbete no famoso Dicionário do Folclore Brasileiro.
Fonte: Wikipedia/Basilio de Magalhães
No entanto, não chegou a pertencer à Academia Brasileira de Letras:
Basílio de Magalhães, um dos maiores valores culturais do Brasil, (...) por circunstâncias difíceis de explicar, deixou de pertencer a esta casa [a Academia Brasileira de Letras - ABL ],
discursou certa vez Ivan Lins, escritor, membro da Academia, e também ilustre frequentador de nossa terra. [5]
Diz Oyama de Alencar Ramalho que Basílio faleceu
esquecido e pobre, a ponto de ter que vender sua biblioteca para sobreviver. [b]
E também são modestas as homenagens que recebeu em Lambari: o nome de Basílio de Magalhães foi dado à biblioteca pública municipal e a uma rua na Volta do Lago.
Em dezembro de 1960, o Sputnik anunciava esta singela homenagem ao insigne escritor:
Semanário Sputnik - Dez/1960 - Lambari, MG
Algumas obras de Basílio de Magalhães
(*)
(**)
Fonte: http://cifrantiga2.blogspot.com.br/2011/03/basilio-de-magalhaes.html
Falecimento em Lambari - Nota do Estadão
Em 14 de dezembro de 1957, num sábado, faleceu em Lambari o professor Basílio de Magalhães.
O jornal o Estado de São Paulo, jornal em que foi colaborador, publicou a seguinte nota:
Estado de São Paulo, 18/12/1957
Textos sobre Basílio de Magalhães
[a] Artigo de Guilherme Santos Neves, publicado em A Gazeta, Vitória, ES, por ocasião da morte de Basílio de Magalhães
http://www.jangadabrasil.org/almanaque/2011/08/10/basilio-de-magalhaes/
[b] O esquecimento de Basílio de Magalhães e as tentativas de rememorá-lo - Artigo de Oyama de Alencar Ramalho
http://saojoaodel-rei.blogspot.com.br/2010/06/o-esquecimento-de-basilio-de-magalhaes.html
[c] Monografia sobre a trajetória de vida de Basílio de Magalhães
http://www.ufsj.edu.br/portal-repositorio/File/pghis/monografias/basilio.pdf
Índice da SÉRIE BASÍLIO DE MAGALHÃES
[1] Ivan Lins, artigo no Correio da Manhã, de 2, ago, 1960. In CARROZO, João. História Cronológica de Lambari. Piracicaba, SP : Shekinah Editora, 1988, pág. 211.
[2] A Poesia de Henriqueta Lisboa, Blanca Lobo Filho.
[3] V. O retrato do velho médico, José Benedito Rodrigues, pág. 115.
[4] VIOTTI, Dario Abranches. Basílio de Magalhães. In: Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais. Vol VII, 1960,p.597-602. Apud: PINTO, Jacqueline das Mercês Silva. Basílio de Magalhães: trajetória e estratégias de mobilidade social 1874-1957, monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação em História de Minas nos séculos XVIII e XIX da UFSJ, in: https://ufsj.edu.br/portal-repositorio/File/pghis/monografias/basilio.pdf
[5] O retrato do velho médico, José Benedito Rodrigues, pág. 115. Veja também este post: http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=36383.
[6] Publicado pela primeira vez em Londres em 1853, o relato da viagem de quatro anos (1848-1852) do cientista inglês pela Amazônia constitui um valioso estudo sobre o clima, a geologia, a biologia e os indígenas da região, incluindo aspectos sociais e costumes locais. Essa expedição ao Brasil foi a primeira de uma série de viagens e pesquisas de Wallace (1823-1913) que serviram de base para a formulação, em paralelo com Darwin, dos princípios da seleção natural e do evolucionismo.
O texto integral desse livro, a erudita apresentação de Basílio de Magalhães e suas admiráveis notas podem ser vistos aqui: http://www.brasiliana.com.br/brasiliana/colecao/obras/114/.
Observação: Nos últimos anos de sua vida, após pesquisar e combater os fenômenos espíritas, Russel Wallace convenceu-se de sua realidade, tendo publicado obras de teor espírita. Veja aqui.