Guimagüinhas
Memórias familiares e de minha terra natal
Meu Diário
02/05/2013 18h05
O Catupiry é de Aguinhas!

Ilustração: Antiga imagem do Catupiry©. Reprodução. Artigo: Prateleira da memória. Revista Veja 12, fev, 2001


SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO

Como sabem os lambarienses, o Catupiry® é de Aguinhas! 

O que é Aguinhas?

Uma cidade mítica e fabulosa, perdida numa Província do Reino Dorminhoco, lá nas Terras-de-trás-os-ocos-do-mundo, invenção de meu avô, lugar onde situava os causos e histórias que contava. Esse nome — Aguinhas — ele buscara no modo de falar dos caboclos da roça, quando se referiam às fontes de águas minerais da cidade de Lambari, em Minas Gerais. Os tabaréus, para dizer que iam à cidade, pronunciavam:

“—Vamos às’água!” — E isso queria dizer: “Vamos às fontes das águas minerais!”

Com o tempo, a pronúncia foi se alterando: às’águas... z’águas... z’aguinhas, ou seja: Vamos à z’aguinhas, que ele transformou em Aguinhas, no diminutivo, para conformar com as histórias que contava às crianças e ser o palco em que desfilavam personagens fantásticos de um universo infantil próprio e extraordinário que criou para os seus netos. (aqui) e (aqui)

Pois bem, a partir daí, este autor (neto do Zé Batista) criou as Histórias de Aguinhas, que expôs numa série de livros (aqui) e neste site GUIMAGUINHAS.

Isto é: o famoso requeijão, que de tão famoso deixou de ser marca para ser nome próprio (assim como GilleteBrahma, por exemplos, são sinônimos de lâmina de barbear e cerveja), foi criado por Mário e Isaíra Silvestrini, em 1911, aqui em Águas Virtuosas, hoje Lambari, e para nós deste espaço eletrônico simplesmente Aguinhas. (1) (2) (3)

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O CATUPIRY©

A criação

 Mário Silvestrini

Reprodução: site oficial da Catupiry© -  aqui


O requeijão cremoso, criado em 1911, recebeu a marca Catupiry® em agosto de 1936, a qual foi registrada sob o número 47449.

Inscrição em antiga embalagem do Catupiry®

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A primeira medalha

Em 1922, o Catupiry® ganhou seu primeiro prêmio: medalha de ouro na Exposição Internacional de Alimentos do Rio de Janeiro.

Reprodução: site oficial da Catupiry© -  aqui

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Mudança para São Paulo

A industrialização do produto sob a marca Catupiry®, que havia começado em São Lourenço, Minas Gerais, a partir dos anos 1940, passou a ser feita em São Paulo, o que impulsionou definitivamente os negócios. 

Em São Paulo, a empresa instalou-se na Rua Rudge, 218, bairro Bom Retiro.

Reprodução: site oficial da Catupiry© -  aqui


Atualmente, lá funciona o Empório Catupiry:

Reprodução. GoogleMaps (by André Stefano)


Em 1948, a fiscalização sanitária elogiava as excelentes condições da fábrica em São Paulo. Reprodução. Diário da Noite, 24, abril, 1948


Antiga embalagem do Catupiry® em caixinha de madeira.

Reprodução: Site Mercado Livre - aqui

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No Dicionário de Queijos Larousse

Em 1973, Catupiry© é nomeado pelo Dicionário Internacional de Queijos Les Fromages (Edições Larousse) como o "requeijão do Brasil".

Reprodução: site oficial da Catupiry© -  aqui

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A marca notória

Em 1999, a Catupiry© é reconhecida como Marca Notória pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).

Com isso, a marca ficou protegida em todas as categorias, não podendo ser reproduzida, imitada ou utilizada sem autorização.

Reprodução: site oficial da Catupiry© -  aqui

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O valor da marca

Catupiry® está entre as marcas antigas mais valorizadas do Brasil, diz o livro Marcas de valor no mercado brasileiro (Anna Accioly, Joaquim Marçal F. de Andrade, Lula Vieira e Rafael Cardoso. Editora Senac, RJ, 2000). Reprodução. Prateleira da memória. Veja 12, fev, 2001 (*)

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O REQUEIJÃO CREMELINO

Mas e o Cremelino?


Cremelino© também foi criado pelos irmãos Silvestrini, da firma Irmãos Silvestrini & Torquati, em Águas Virtuosas de Lambary, nos idos de 1911. Mas a marca só foi registrada nos anos 1940. Isso já em São Lourenço, visto que, anos antes, eles haviam mudado sua indústria de Lambari para aquela cidade.


Reprodução. Correio da Manhã, 21, dez, 1946


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A EMPRESA SILVESTRINI IRMÃOS & TORQUATI

No início dos anos 1900, os imigrantes italianos MÁRIO e ONÉSIMO SILVESTRINI fundam uma modesta fábrica de laticínios, na qual fabricavam pequena quantidade de queijos e manteiga. À medida que a manteiga foi sendo aceita no mercado, em razão de sua qualidade e sabor, à sociedade de MÁRIO e ONÉSIMO incorporou-se ÂNGELO TORQUATI, casado com LUIZA G. SILVESTRINI, e os três passaram a diversificar a produção de queijos, por meio da empresa Silvestrini Irmãos & Torquati.


                      Produtos Silvestrini em exposição no Rio de Janeiro, em 1925 (Revista Revista Doméstica, nov/1925) - Fonte da imagem: Museu Américo Werneck


 Exposição Nacional de Leite e Derivados, ocorrida no Rio de Janeiro, em novembro de 1925. No centro da foto, Pedro Silvestrini - (Reprodução: Revista Vida Doméstica, novembro de 1925)

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MEUS AVÓS E OS LATICÍNIOS SILVESTRINI EM PITANGUEIRAS (SP)

No livro Menino Serelepe (*) conto passagem da vida de meus avós maternos quando eles se mudaram de Aguinhas (Lambari) para Pitangueiras (SP), época em que meu avô Miguel Lobo trabalhava para os Silvestrini. Eis o trecho:

Vidinha mais ou menos boa vó Cema só teve quando vô Miguel foi ser gerente de laticínio em Pitangueiras, no Estado de São Paulo (uma foto do meu avô engravatado, posando com toda a família e a professora particular dos filhos, ilustra bem essa fase). Vô foi pra Pitangueiras levado pelo Mário Silvestrini, que o meu avô foi queijeiro dos bons e ensinou o ofício pros filhos homens mais velhos. [V. foto, abaixo.]


Fábrica da Catupiry©, em Pitangueiras (SP), onde meus avós trabalharam, atualmentre desativada. Reprodução. Fonte: Imobiliária Parceria


Noutro trecho, me refiro ao Catupiry©:

Mas a gente, vez por outra, comia coisas boas no passadio, porque o pai tinha o dom de saber “aplicar injeção sem dor”, povo dizia, e por conta disso ganhava presentes.

Do povo da roça: franguinho caipira, queijo de Minas, massinha de rapadura, goiabada cascão, ovos enrolados em palha de milho; do povo da cidade: requeijão Cremelino do Belloni, caixetas de doces da Tereza Viola, toletes de manteiga do Nélson Ximenes, pó-de-café do Jaca, caixinhas de Catupiry, que é invenção dos Silvestrini, aqui de Aguinhas, e quer dizer excelente em tupi-guarani. E mais vinhos do Sebastião Fernandes e cachaças do Amâncio Mandarano, que o pai sempre gostou moderadamente de um traguinho.

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CREME NATÁLIA, DE ALFEU BELONI

Na passagem acima há, contudo, um equívoco, que quero corrigir aqui: Cremelino não era a marca do requeijão produzido pelo Belloni, e sim Natália. Vejam abaixo que propaganda da época faz referência ao Creme Natália — o requeijão produzido pelos Laticínios Glória, de Alfeu Belloni.


Fonte da imagem: Armindo Martins. Lambari, Cidade das Águas Virtuosas, 1949.


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AS ANTIGAS INSTALAÇÕES DOS LATICÍNIOS SIVLESTRINI EM LAMBARI

As instalações dos Laticínios Silvestrini em Lambari situavam-se atrás do atual Posto Gregatti. Na foto, vê-se uma ponte sobre o Rio Mumbuca e ao fundo o Colégio Santa Terezinha (destruído por um incêndio em 1987 - aqui)

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OS LATICÍNIOS SILVESTRINI MUDAM-SE PARA SÃO LOURENÇO

Nos anos 1930, à vista de problemas políticos locais, ausência de estímulos fiscais e dificuldades para o crescimento, os Silvestrini tomaram a decisão de mudar a empresa para São Lourenço.

Para essa mudança de domicílio, foram decisivos os incentivos que receberam: isenção de impostos por 10 anos e cessão de terreno ao lado da estação ferroviária, o que facilitaria o transporte de leite e creme, que era feito por via férrea.

Ao fundo, à direita, as instalações dos Laticínios Silvestrini, em São Lourenço, em 1934

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O TESTEMUNHO DE RUBENS GENTIL LOBO

 Rubens Gentil Lobo

Quem me confirma parte dessas histórias é Rubens Gentil Lobo, meu tio, hoje com 88 anos (*), que trabalhou no Laticínios Glória. Mas, segundo ele, o nome do requeijão produzido pelo Belloni era conhecido por Natalino creme Natalino — e não por Natália.

Ele se recorda ainda que em Pitangueiras, isso nos anos 1930, preparava-se o creme com que se produzia o Catupiry, e que era enviado para uma fábrica existente em São Paulo, na Rua São Caetano. (4)

E nos anos 1940 ele também trabalhou num laticínio em Olímpio Noronha (MG), da família Carneiro, onde era preparado creme para manteiga, e as sobras do leite eram destinadas à extração de gazelina, que, segundo ele diz, tratava-se de material utilizado na produção de botões, cujas matérias-primas tradicionais - madrepérola, marfim, etc. , estavam em falta em vista da Segunda Guerra Mundial. (5)


 Pitangueiras (SP), anos 1930. Na foto: meus avós Miguel e Iracema, minha mãe Neli (no colo) e seus irmãos: Messias, Rubens, Mário, Sara e Maria José.


 Nos fundos dos Laticínios Catupiry©, em Pitangueiras (SP), ficava a casa onde meu avô Miguel Lobo residiu com a família. Reprodução. Fonte: Imobiliária Parceria

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(*) Rubens Gentil Lobo faleceu em 2016, aos 91 anos.

REFERÊNCIAS

(1) Eis o site da Catupiry®

(2) A história do Catupiry pode ser vista nestes links:

         http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/historia-da-catupiry/historia-da-catupiry-3.php 

https://portaldoqueijo.com.br/curiosidades_queijos/2017/04/26/catupiry-voce-conhece-sua-historia/

(3)  Diz Chico Júnior que a receita do Catupiry é um segredo: Embora os ingredientes básicos sejam conhecidos - leite fresco selecionado, creme de leite, massa coalhada e sal - a  técnica de fabricação é mantida em segredo desde 1911. O tempo de cozimento, a temperatura durante o processo de fabricação, a dosagem e a alta qualidade dos ingredientes utilizados também fazem parte da receita. Fonte:    

 http://www.sidneyrezende.com/noticia/155589+catupiry+um+dos+simbolos+da+gastronomia+nacional+faz+100+anos

(4) Imagens de antiga fábrica do Catupiry, em São Paulo, nos anos 1940, podem ser vistas neste link:

        http://www.4shared.com/all-images/sQ0SLuqh/IMAGENS_ANTIGAS.html

(5) A não ser essa informação de Rubens Lobo, não consegui nenhuma outra relativamente ao termo gazelina.

(*) Prateleira da memória. Revista Veja 12, fev, 2001

-  Jornal Correio da Manhã, 21, dez, 1946

- GoogleMaps

- www.imobiliariaparceria.com.br

- Entrevistas com Rubens Gentil Lobo

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O LIVRO MENINO-SERELEPE

 (*) Menino-Serelepe - Um antigo menino levado contando vantagem trata-se de uma ficção baseada em fatos reais da vida do autor, na Lambari dos anos 1960.

O livro é de autoria de Antônio Lobo Guimarães, pseudônimo com que Antônio Carlos Guimarães (Guima, de Aguinhas) assina a série MEMÓRIAS DE ÁGUINHAS. Veja acima o tópico Livros à Venda.

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Publicado por Guimaguinhas
em 02/05/2013 às 18h05

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