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19/06/2013 07h29
O PARQUE DAS ÁGUAS (1) - Índice da Série Parque das Águas

Apresentação

Este post sobre o Parque das Águas inicia a Série Parque das Águas, cujo índice vai ao pé desta página.


Sumário


O Parque das Águas (1)

As pessoas que precisarem usar das águas minerais do Lambary devem ficar sabendo que, partindo da corte, lhes é indispensável tomar o expresso que sai do Rio de Janeiro às 5 horas da manhã, indo ter à estação do Cruzeiro, onde tomarão os carros da (Estrada de Ferro) Minas e Rio até a estação de Contendas.Daí a viagem far-se-á a cavalo ou de liteira, em bons caminhos, que tem de extensão pouco mais de 5 léguas, até a povoação das Águas.

Para não alongar demais a viagem convém que os doentes só deixem a Conceição do 
Rio Verde, que é onde está a estação de Contendas, na manhã do dia seguinte.
Nas Águas do Lambary encontra-se facilmente quem forneça as conduções precisas, 
do modo que for exigido, por preço cômodo, e a redação deste periódico dá à 
respeito as informações que lhe forem solicitadas
 
(Do periódico Águas Virtuosas, de 1884)

Aguinhas de antigamente

Apresentação

Nesta série Parque das Águas, vamos fazer breve histórico sobre a origem de nossas águas minerais, da criação da vila, das primeiras fontes, da captação realizada em 1905/06, das obras de Américo Werneck e das remodelações e reformas por que o parque passou.

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Histórico do município de Lambari

Para informações acerca do surgimento da povoação e da cronologia de Águas Virtuosas de Lambari — a descoberta das águas, o surgimento e evolução da vila, as primeiras obras de saneamento, a captação inicial das águas e as primeiras pesquisas sobre sua natureza curativa — pode-se acessar estes textos:

A história da formação cidade de Lambari é conhecida basicamente pelas obras dos memorialistas José Nicolau Mileo, Armindo Martins e João Carrozzo. (*) 

A documentação ainda existente encontra-se, principalmente, no Instituto Histórico e Geográfico de Campanha, no Museu Américo Werneck e no Arquivo Público Mineiro. (**) 

  

Centro da vila - meados Século XIX.

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As fontes das águas de Lambari 

A partir de 1840, surgiram os primeiros trabalhos médicos sobre as águas virtuosas [1], mas, mesmo assim, até 1880, suas propriedades curativas eram quase desconhecidas do mundo médico e do público em geral. [2]

Em 1872, o Dr. Eustáquio Garção Stockler fixou residência na então povoação das Águas, e durante os anos de 1884 e 1885 realizou intensa propaganda acerca das virtudes da água, criando para isso um periódico quinzenal intitulado Águas Virtuosas.

Em 1888, lei estadual conferiu-lhe o direito de exploração das águas, e em sua gestão foi reformado o estabelecimento hidroterápico, que, inaugurado em 1872, jamais entrara em funcionamento e aumentada a área do parque das fontes, formando o respectivo jardim. Stockler fundou também a primeira empresa exportadora das águas e formou a temporada de veraneio (de janeiro a março e de setembro a dezembro). [3]

 

Pavilhão protetor do poço da água (1865) [4]


A seguir, a Companhia União Industrial do Brasil, que explorava comercialmente as águas, realizou, por volta de 1894, a construção do galpão de engarrafamento, a instalação das máquinas de gaseificação, a cobertura das fontes, a instalação de banheiras e outros serviços, o aumento e cercamento do parque por grades de ferro. [5] [6]

Em 25 de janeiro de 1895, a Empresa de Águas Minerais Lambari-Cambuquira assinou contrato para exploração das águas; tal empreendimento durou até princípio de 1904, quando a empresa entrou em liquidação forçada. E, por essa razão, em 18 de maio de 1906, mediante o Decreto n. 1903, o Governo do Estado encampou os bens e direitos da empresa, entre eles — o parque, o balneário (com duchas, banheiras, mobiliário), o cassino (existente dentro do recinto do parque), as fontes recentemente captadas, o galpão de engarrafamento e os terrenos, casas e benfeitorias anexos à fonte do parque.


Uma vista antiga do Parque das Águas

            

O balneário  

                                             

Máquinas de gaseificação

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A evolução do espaço em torno das nascentes

Em 1834, os poços das duas nascentes de águas minerais não possuíam nenhuma proteção e se localizavam em um largo denominado Largo da Fonte. Com as chuvas, os poços costumavam ser invadidos pelas águas do Ribeirão Lambarizinho (atualmente, Mumbuca).

Em 1850, os poços foram protegidos por esteiras, para evitar a queda de pequenos animais. [7] Em 1860, deu-se o desvio do Rio Mumbuca, então vizinho às fontes.  [8]

Na segunda metade da década de 1860, o Largo da Fonte foi reformado e melhorado, e as duas nascentes foram reunidas em um único poço, abrigado em prédio ladrilhado, coberto de telhas e protegido por grades de ferro. Então, ajardinou-se o Largo, construiu-se um pequeno chafariz e deu-se início à construção do balneário. Com essas melhorias, o Largo da Fonte passou a ser chamado de Praça dos Poços.  [7]

Em 1888, quando Garção Stockler era o concessionário das águas, a Praça dos Poços foi cercada com grades de ferros e o balneário foi reformado e posto em funcionamento. A partir daí passou o complexo passou a ser denominado de Parque das Águas. [7]

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A captação e separação das águas

A captação das águas, separadamente por nascentes, porém reunidas sob um só pavilhão, foi feita pelo engenheiro Dr. Benjamin Jacob, no ano de 1905. [9]

Nesse trabalho, Jacob recebeu ajuda do prático Venancinho da Rocha Figueiredo. Esse Venancinho trata-se certamente do mesmo Venâncio da Rocha Figueiredo Junior, que trabalhou na separação das águas minerais do parque de Caxambu. [10]

Vejamos como se deu a perfuração do solo e a captação das águas, com base em informações colhidas em José N. Miléo [11] e fotos do Museu Américo Werneck.

(As fotos originais foram colorizadas por computador)


 

1a. FASE: 

 

Proteção e separação das

nascentes 

situadas em plena rocha

a 8 metros de 

profundidade.


  

2a. FASE

As águas das fontes n. 1 e 2 já

trazidas à superfície por intermédio de

manilhas de 8 polegadas.

 

Vê-se no primeiro plano,

o engenheiro Benjamin Jacob 

 

  

3a. FASE

 

Base das fontes n. 1 e 2, vendo-se

também as manilhas que canalizam

para o ribeirão Mumbuca a água que

jorra dia e noite

 

 

O registro fotográfico dessas obras de

canalização das águas das

nascentes,  separadas cada uma  

conforme a sua propriedade

   terapêutica, foi realizado por João

Gomes D'Almeida, supervisionado pela 

equipe de Benjamin Jacob,  Eles foram

os  primeiros profissionais a

efetuarem esse trabalho com recursos

e técnicas modernos. (***)

Sobre essas fotos, confira este post (aqui)

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(*) Livros sobre a história de Lambari

MARTINS, Armindo. Lambari - A cidade das Águas Virtuosas. 1a. edição, 1949; 

MILÉO, José Nicolau. A água mineral de Lambari. Cruzeiro, SP : Grafica Liberdade, 3a. edição, 1968.

MILÉO, José Nicolau. Subsídios para a história de Lambari. Guaratinguetá, SP : Graficávila, 1a. edição, 1970a; 

MILÉO, José Nicolau. Ruas de Lambari. Guaratinguetá, SP : Graficávila, 1a. edição, 1970b.

CARROZZO, João. História cronológica de Lambari. Piracicaba, SP : Shekinah Editora e Gráfica, 1988.

Para conhecer uma bibliografia sobre a cidade de Lambari, leia este texto: 

http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=37327

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(**) Documentação sobre a história de Lambari

Instituto Histórico e Geográfico de Campanha: 

http://istoecampanha.blogspot.com.br/2011/06/instituto-historico-e-geografico-da.html

Museu Américo Werneck: http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=36378

Arquivo Público Mineiro: http://www.siaapm.cultura.mg.gov.br/


(***) Monografia sobre o embelezamento de Lambari

SILVA, Francislei Lima da. Monumentos da água no Brasil: Pavilhões, fontes e chafarizes nas estâncias Sul Mineiras (1880-1925) [Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2012. Disponível em: http://www.ufjf.br/ppghistoria/files/2011/01/Francislei-Lima-da-Silva.pdf    - Consultado em 16, jun. 2013.


Referências bibliográficas do texto acima

(1) MILÉO, 1968, págs. 45/51;

(2) MARTINS, 1949, p. 45; 

(3) MILÉO, 1970b, p. 49; 

(4) MILÉO, 1970a, p. 93; 

(5) MARTINS, 1949, p. 47; 

(6) MILÉO, 1970a, p. 124; 

(7) MILÉO, 1970b, págs. 25-26; 

(8) CARROZO, 1998, p. 72; 

(9) MARTINS, 1949, p. 49; 

(10) https://familiaayresontemhojesempre.blogspot.com/2017/03/a-fonte-duque-de-saxe-de-caxambu-e-sua.html

(11) MILÉO, 1968, págs. 29/35. 


Fonte das fotos: Museu Américo Werneck


Índice da Série Parque das Águas

A 2a. e 3a. partes desta série estão nos links abaixo:


Veja também

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Publicado por Guimaguinhas
em 19/06/2013 às 07h29

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