O Cassino de Lambari foi construído pelo primeiro prefeito da cidade, Américo Werneck, num curto período de tempo: de junho de 1909 a maio de 1911. Inspirado em castelos europeus, ele constitui a obra prima do engenheiro, escritor e político Américo Werneck e fazia parte do projeto que visava a dar à cidade um ar de estância europeia e torná-la um grande centro de turismo. Projetado pela firma Poley & Ferreira, do Rio de Janeiro, com linhas arquitetônicas de um gosto apurado, de estilo barroco e neoclássico, o prédio ocupa uma área de 2.800 m2 e situa-se defronte a um lago artificial, que era iluminado por um farol e oferecia aos turistas legítimas gôndolas de Veneza para passeios. Num período de enormes dificuldades de transporte, o edifício foi construído com materiais importados que chegavam por meio da via férrea; assim, vieram: cimento e telhas, da França; ferragens, ladrilhos e peças de banheiro, da Inglaterra; pinho-de-riga, da Lituânia; pisos e forros, da Ásia. O Cassino é dotado de amplos salões para bailes, concertos, leituras, todos decorados de forma requintada e luxuosa: rico mobiliário, inclusive aqueles destinados aos jogos, imensos lustres de cristal, candelabros com volutas douradas e festivas, quadros japoneses emoldurados de motivos florais e ornitológicos. É de se destacar, ainda, o Salão Japonês, construído e decorado com maestria por artistas japoneses, cujo teto ostenta uma obra de arte na forma de um dragão, além de quadros de fundo de laca com gaviões de marfim e madrepérola e quadros orientais autênticos, de legítimo charão, representando as estações e os meses do ano.
Foi inaugurado em 24 de abril 1911 pelo então Presidente da República, Marechal Hermes da Fonseca, estando também presente o Governador do Estado, Júlio Bueno Brandão. Como Cassino, funcionou uma única noite, visto que, logo a seguir, o projeto malogrou em face da rescisão do contrato de arrendamento que Américo Werneck fizera ao Estado de Minas Gerais para explorar a estância de Águas Virtuosas (atual Lambari). A rescisão desse contrato resultou num litígio histórico, em razão dos brilhantes juristas que participaram da causa, entre eles, Rui Barbosa, J. X. de Carvalho Mendonça, Esmeraldino Bandeira, Heitor de Souza e Edmundo Lins, esses dois últimos membros do Supremo Tribunal Federal. Tal caso ficou conhecido como a Questão Minas x Werneck (BARBOSA, Rui. Questão Minas x Werneck. Obras Completas de Rui Barbosa. Volume XLV 1918 – Tomo IV e V. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1980.) [1]
[1] Esses dois livros podem ser vistos no Museu Américo Werneck, em Lambari.
Veja no Google Books referências a essa obra de Rui Barbosa, clicando aqui: Questão Minas X Werneck
Sobre Américo Werneck, veja também:
- Rui Barbosa e a Questão Minas X Werneck - http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/visualizar.php?idt=4299669
- Dados biográficos de Américo Werneck - http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=36346
- Um artigo sobre Américo Werneck - http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=37329
- Resumo biográfico de Américo Werneck - Prefeitos de Belo Horizonte/Biografia