Conheci pessoalmente o Tatá quando ele veio compor o time do Juvenil do Águas, no campeonato interno de 1970. Antes, conhecia sua fama.
Com efeito, um pouco mais velho do que eu, por essa época ele já fizera nome no time do Vasquinho e também estivera fazendo testes no América Futebol Clube, do Rio. Não ficou, me contaria mais tarde, porque, muito jovem, sozinho, sem conhecidos, com saudades da família, preferiu voltar. Mas tinha potencial para ficar, e se o tivesse feito certamente teria despontado em algum grande time do Brasil.
Uma sua característica era a maneira de andar, que a foto abaixo entremostra. Caminhava de cabeça em pé, ginga-gingando, e isso - para nós os moleques do Mirim/Juvenil do Águas - caracterizava um jogador "mascarado". Mas não era o caso do Tatá, que possuía um gênio humilde, alegre e brincalhão.
Tinha futebol para ser exibido, se o quisesse, mas na verdade, aquele era o seu andar natural. Estatatura mediana, forte, veloz, pernas curtas possuía grande habilidade, protegia e conduzia a bola, em velocidade, com perfeição. E a sua matada de bola no peito foi uma das mais bem feitas que vi um jogador realizar. Não importava a bola, ou sua velocidade - ela batia e colava, como se dizia, e depois rolava pelo peito, num domínio elegante.
Tatá preparando-se para o jogo GRABI x Ubiratan, anos 1970
Com ele joguei no Juvenil do AVFC, no Vasquinho, no GRABI, no Águas amador dos anos 1970 e no Veteranos do AVFC. Infelizmente, foi também nessa época - anos 1970 - que fraturou o pé, num jogo contra o Itamonte, lance de que me lembro bem, pois fui eu quem lhe tirou a chuteira e as ataduras. Ainda assim, recuperou-se e voltou a atuar em campeonatos internos e em times de veteranos.
Tatá (último, em pé, à direita), ainda muito jovem, no time de Olímpio Noronha, ao lado dos irmãos Barlett
Vasquinho 1970. Em pé: Geraldo, Tinz, Cafezinho, Delém, Tatá e Celinho. Agachados: Chá, Véio, Betinho, Evaldo e Zoinho
GRABI.1972. Tatá, Véio e Betinho.
GRABI x UBIRATAN. 1974. Guima, Tinz, Edson e Tatá
GRABI. 1972. Amistoso. Em pé: Tinz, Delém, Vaca, Guima, Celinho, Edson, Chá e Chanchinha. Agachados: Chiquinho Barletta, Sérgio, Tatá, Xepinha e Roberto
Mas Tatá foi, ao lado do craque, uma grande figura humana. Me recordo que à época do Juvenil do Águas, morando no centro da cidade, próximo à Igreja Protestante, muitas vezes o vi ajudando o seu tio Geraldinho — já velho e cansado — na varrição das ruas. E enquanto ele trabalhava, nós íamos andando e conversando por um bom trecho.
No final dos anos 1990, Tatá iniciou, no antigo campo do Águas Virtuosas, um trabalho social com meninos e jovens, encaminhando-os para a prática de esportes, especialmente o futebol.
Time do Tatá. Fonte: Facebook/Binho
Este projeto, com algumas modificações, existe até hoje.
Mas despontou também no samba, nas congadas famosas do seu Zé Marques, e, ainda, como treinador/formador de jovens atletas de futebol. (1)
Congadas em Lambari, MG (2)
Morreu muito jovem, perto dos 50 anos. E constituiu, juntamente com sua esposa Zéti, uma bela família, que só tem motivos para se orgulhar do grande Marcos - o Tatá.
Tatá (à direita da bandeira), nas Congadas, no Terno do seu pai - seu José Marques
(Facebook. Marcos da Cruz. Reprodução)
(1) TRECHOS DE UM POEMA DEDICADO A MARCOS JOSÉ DA CRUZ, O TATÁ, POR OCASIÃO DAS FESTAS DE CONGADAS, MAIO DE 2003, LAMBARI, MINAS GERAIS.
MAIS UMA ESTRELA
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Há pouco tempo atrás
Uma estrela apareceu
Nasceu uma linda criança,
Foi um presente de Deus
Seu nome escolhido: Marcos
Marcos José da Cruz
Disse seu pai, muito eufórico:
Terá as bênçãos de Jesus
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Com sua caixinha, ia na frente
No terno da congada
Sendo por todos aplaudida,
Muito mesmo admirada
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Casou, formou família
Cumpriu sua obrigação
Carregou a sua cruz
Foi pai, amigo e irmão
Até um time de futebol
Ele conseguiu formar
Todos sabem e conhecem
É o time do Tatá
Foi tão rápida a sua jornada
Como um cometa passou
Deixou belas recordações
O nosso carinho levou
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(AUTORA: Maria Inês Rodrigues de Oliveira – ORADORA: Ângela Rodrigues Marciano de Castro)
(1) Projeto social da Associação Atlética de Lambari - AAL
(2) Foto de Joseane Astério - Congadas em Lambari, 2010.
(3) Site Prefeitura de Olimpio Noronha