Em o Menino-Serelepe conto uma história verdadeira, envolvendo um atleta da antiga SOL - Sociedade Olímpica de Lambari. Ei-la:
Certo dia, tio João fazia uma lavagem de ouvido no De Paula, um jogador de basquete do time da Sociedade Olímpica – SOL, que por aqueles tempos era quase imbatível nas Olimpíadas de Campanha. De Paula, um gigantão vendendo saúde, de quase dois metros de altura, tinha orelha da mesma gramagem... (Ô lasquera!)
Tal lavagem era feita com uma mistura de água e vaselina líquida, amornada num fogareiro a álcool, que eu ajudava a preparar. Para a aplicação, se utilizava uma seringa grande com uma agulha grossa. E eu lá assistindo, botando sentido, pra modo de aprender. Quando terminou a aplicação, eu que mineiramente costumava dar meus pitacos e com jeitinho metia a colher em assuntos de adulto, perguntei: — Tem perigo não, tio, de a agulha sair quando ocê injeta? Tio João, meio de veia torta, respondeu na feição: — Não fica querendo passar de pato a ganso, menino! Quando engrossar o cangote, ocê pode dar palpite. Tem perigo não. Quer ver? E, mirando a seringa com um resto da mistura na porta do quartinho de injeção, apertou forte o êmbolo e... plaft! a agulha voou longe e fincou na madeira. Desse dia em diante, tio nunca mais fez uso da agulha em tal tipo de aplicação. (1)
Por essa época [anos 1960], a quadra da antiga SOL era movimentadíssima: basquete, vôlei, futebol de salão... As Olímpiadas de Campanha e a grande rivalidade regional com Cambuquira, Caxambu e Campanha, entre outras, assopravam a flama esportiva lambariense: as torcidas se organizavam e acompanhavam os treinos e os jogos, os Montas reforçavam o time de basquete, a cidade inteirinha se envolvia com os jogos.
Depois, por um longo período, a quadra da SOL ficou inativa. Durante esses anos de abandono, os meninos pulavam o muro e batiam lá suas peladas. Mas, nos anos 1980, houve uma revitalização e muitas atividades e torneios foram realizados.
Durante os anos de atividade, alunos do ginásio faziam lá sua ginástica; times do Águas faziam exercícios e aquecimentos; times mirins de futebol de salão treinavam e disputavam torneios. Em algum tempo, recebeu campeonatos internos de futebol de salão e de vôlei. Há poucos anos, transformou-se num ginásio coberto da prefeitura.
Deixemos algumas fotos contarem um pouco dessa história:
Equipe ÁGUAS VIRTUOSAS. Na foto, entre outros: RELI, CAETANO, ROBERTO, MIGUEL IGNÁCIO (MONTA), GILBERTO ARAÚJO (BODINHO), CRISÓSTOMO. AGACHADOS: MARCOS VIOLA, GILBERTO LEITE, DANIEL PASQUALIN, NAMBU, EGIDINHO MILEO.
Equipe representante de Lambari, com uniforme emprestado. Na foto, DE PÉ: CRISÓSTOMO, CAETANO, GILBERTO LEITE, ROBERTO, MIGUEL IGNÁCIO (MONTA) E JUCÃO. AGACHADOS: RELI, MARCOS VIOLA, EGIDINHO MILEO, DANIEL PASQUALIN, GILBERTO ARAUJO (BODINHO)
Equipe da S.O.L. Outubro de 1965. Na foto: DE PÉ: ROBERTO, CAETANO, GILBERTO LEITE, MIGUEL IGNÁCIO (MONTA), CRISÓSTOMO. AGACHADOS: RELI, CARLOS ABBUD, DANIEL PASQUALIN, EGIDINHO MILEO, GILBERTO ARAUJO (BODINHO), MARCOS VIOLA E DR. NELSON MIRANDA.
Na foto, entre outros, em pé: Ieié, Cláudio, Carlinhos Castilho. Agachados: Alexandre, Celinho.
Na foto, entre outros, em pé: Ferreirinha, Picolé, Broa, Carlinhos Castilho. Sentados: Bodinho, Vicente, Marcos.
Vôlei feminino, anos 1980.
Vôlei feminino, anos 1980.
Premiação/comemoração, anos 1980.
Time da ABI, anos 1980: João Batista, Egídio, Miltinho, [?], Paulinho, Guima e Gílson.
(*) Na foto de abertura, Maria Emília Salles, atleta de futebol feminino, com a camisa da SOL.
(**) Veja o texto SOL - Subsídios para sua história, neste link:
http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=37680
(*) Se você, caro(a) visitante, tiver notícias, informações, casos e fotos dessa época, ou quiser fazer alguma correção ou complementação ao texto aqui publicado, entre em contato conosco neste e-mail: historiasdeaguinhas@gmail.com
(1) Esta narrativa faz parte do livro Menino-Serelepe - Um antigo menino levado contando vantagem, uma ficção baseada em fatos reais da vida do autor, numa cidadezinha do interior de Minas Gerais, nos anos 1960.
O livro é de autoria de Antônio Lobo Guimarães, pseudônimo com que Antônio Carlos Guimarães (Guima, de Aguinhas) assina a série MEMÓRIAS DE ÁGUINHAS. Veja acima o tópico Livros à Venda.