Ilustração: Recorte coluna Espaço Soçaite, do jornal Sputinik, Lambari, anos 1960
Já mencionamos em post anterior os bailes dos anos 1960 em Lambari [1], e hoje voltaremos ao tema.
Como se sabe, até a proibição do jogo, no Governo Dutra, em 1945, Lambari possuía cassinos e atraía levas e levas de turistas, quer a busca do jogo — e dos negócios e diversões que esse proporcionava —, quer pelas águas e pelo clima — veranistas que aqui faziam demoradas "estações de águas", que essas, por aquela época, ainda eram programas regulares de muitas famílias brasileiras.
E mesmo anos após o fechamento dos cassinos, nos salões do Cassino Imperial, do Cassino das Fontes e do Cassino do Lago eram promovidos inúmeros eventos dançantes, além de desfiles de misses, de moda, formaturas, bailes de carnaval, reveillon, etc.
ANOS 1940 - DISTRAÇÕES NOTURNAS
Os hotéis frequentemente organizam horas de arte, contratando artistas, conferencistas e músicos que deliciam os hóspedes e ouvintes em diversos horários do dia e da noite.
No salão do Bar Pinguim dança-se quase sempre à noite, ambiente recatado, seleto e com boa música; por motivo de festejos populares, como o da entrada da Primavera, semana joanina, Carnaval, formatura das normalistas e ginasianos, Natal e a passagem do ano se efetuam bailes, ora nos hotéis, no Cassino das Fontes, ora no salão do velho Cassino.
Lambari, a cidade das águas virtuosas. Armindo Martins, 1949, p. 113.
VERSO DE CARTÃO POSTAL DO CASSINO, DATADO DE 1957 O postal ao lado dá uma ideia da noite lambariense nos anos 1950: (...) A estação continua ainda muito concorrida - aqui o hotel acha-se repleto, tendo algumas moças e rapazes que divertem-se bastante, como é natural n'estes lugares. À noite há sempre uma animação nos ... e danças que prolongam-se até ... horas mais ou menos. É, enfim, a vida aqui muito alegre e divertida... |
Um apanhado no Sputnik dos anos 1960/61 também nos revela um pouco sobre aquelas "agitadas noites lambarienses".
Vejamos:
Mas nem sempre os eventos faziam sucesso, e o Sputnik mostrava então o seu aguçado viés satírico:
Consultei minha colega Jandira Adami, citada na nota acima, e ela me respondeu que dançava muito bem e "nunca levou chá de cadeira", e também me informou sobre os bons dançarinos de sua época.
Diz ela que, entre os mais novos, Ronaldo Castro e Maria Clara, de fato, dançavam muito bem, e que ela — Jandira — e Deo Viola, numa noite animada por discos, chegavam a dançar — sem parada — um LP inteirinho...
Falei também com Fina Salles — uma grande dançarina, segunda Jandira — e, somando as informações dessas duas, podemos mencionar os seguintes bons dançarinos daqueles anos elegantes:
Na geração mais nova: Deo Viola, Marcelo Monti, João Caproni, Ivan Alcântara, Salatiel Santoro, Zé Aírton Biaso, Gilberto Mileo, Haroldo Pinto, Lourdinha Mendes, Juju Viola, Sônia Nascimento, Ruth Bibiano, Cidinha Araújo, Lúcia Gregatti.
Na geração mais antiga: João André dos Santos, Acácio Martins, Hélio Noronha, Crisóstomo Fernandes, Jurandir Mayer (Alemão) e Nenê Nascimento.
E um grande destaque para Alfeu Belloni, não só por ser um excepecional pé-de-valsa, como também pela elegância.
Jandira Adami e outras belas moças em elegante noite lambariense dos anos 1960
Nenê Nascimento, em evento na Boite Imperial. Atrás: Vadinho Biaso, Marluce Krauss, José Capistrano, Virgilinho Ribeiro e Sílvio Barros
O casal Inês/Nenê Nascimento na noite lambariense
Nenê Nascimento e Branca Valério, Edith e Sebastião Fernandes e outros casais, dançando
Inês e Nenê Nascimento, grandes dançarinos, em noite de gala
[1] Aguinhas elegante (1): http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=37423
Veja também Aguinhas elegante (2): http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=38294