Ilustração: Basílio de Magalhães. Iconográfico. da Coletânea Sonetos Brasileiros. Garnier. Reprodução. Fonte: bn.digital.gov.br
"Por circunstâncias difíceis de explicar", como disse o acadêmico Ivan Lins [4], Basílio de Magalhães não pertenceu à Academia Brasileira de Letras (ABL), não obstante tivesse todos os méritos para isso, uma intensa vida política, cultural e literária e uma obra de reconhecido valor.
Abaixo um pequeno trecho dessa história.
Vamos lá.
Basílio de Magalhães e as academias de letras
Basílio de Magalhães foi membro da Academia Paulistana de Letras, ocupando a cadeira 2, cujo patrono era o Visconde de São Leopoldo, da Academia Fluminense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), além de diversos outros institutos históricos estaduais. É também sócio honorário da Academia Mineira de Letras, patrono da cadeira 20 do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei e patrono da cadeira 7 da Academia de Letras de São João del-Rei.
Reprodução. Jornal do Comércio, 16, março, 1935 (bn.digital.gov.br)
Concorreu ao menos quatro vezes a uma cadeira na Academia Brasileira de Letras (ABL), sem, contudo lograr êxito. De fato, em 1936, concorreu mas foi vencido por João Neves da Fontoura, que tomou a cadeira 2 que pertencera a Coelho Neto.
Em 1937, na sucessão de Paulo Setúbal, concorreu à cadeira 31, que acabou ocupada por Cassiano Ricardo.
Em 1940, à vaga de Luís Guimarães, foi eleito o poeta Manuel Bandeira, com 21 votos; Basílio teve apenas 1 voto.
E em 1941, inscrevera seu nome à vaga de José de Alcântara Machado, mas injunções políticas fizeram os candidatos desistirem das candidaturas, e, então, como candidato único, Getúlio Vargas foi eleito. [1] [2] [3]
Assim foi que
Basílio de Magalhães, um dos maiores valores culturais do Brasil, (...) por circunstâncias difíceis de explicar, deixou de pertencer a esta casa [a Academia Brasileira de Letras - ABL ],
discursou certa vez Ivan Lins, escritor, membro da Academia, e também ilustre frequentador de nossa terra. [4]
Bilhete ao acadêmico Rodolfo Garcia - 1935
Reprodução. Fonte: bn.digital.gov.ve
Meu caro Garcia,
Afetuoso abraço,
Por absoluta falta de tempo, ainda não pude comunicar pessoalmente a você que já me inscrevi (creio que em primeiro lugar) no pleito da sucessão Coelho Neto. Antes de seguir para Lambary (o que farei a 20 do corrente mês), espero conversar com você sobre a minha nova candidatura, e também caro, peço desde já a você que vá cabalando a favor do meu nome os votos de alguns colegas seus, especialmente os de Ataufo [de Paiva], Gustavo Barroso, Victor Vianna e Fernando de Magalhães. Não se esqueça de recomendar-me também ao Múcio Leão e ao Miguel Osório de Almeida.
Basílio de Magalhães 12-XII-935
Nesse pequeno trecho são mencionados três acadêmicos da ABL, contemporâneos de Basílio de Magalhães —
— curiosamente todos eles frequentadores de Lambari.
[1] Neto, Lira. Getúlio (1930-1945): Do governo provisório à Ditadura do Estado Novo. Cia. das Letras, SP, 2013
[2] Costa, Nélson. Jubileus Acadêmicos [artigos]. Correio da Manhã, edições de 6, ago, 1961 e 20, dez, 1962
[3] Jornal do Comércio, edição de 31, ago, 1940.
[4] Rodrigues, José Benedito. O retrato do velho médico. Belo Horizonte, O Lutador, 1993, págs. 114 e 115
- bn.digital.gov.br - Bilhete de Basílio de Magalhães a Rodolfo Garcia
- bn.digital.gov.br - Jornal do Comércio, 16, março, 1935