Ilustração: Montagem. Medidas preventivas aconselhadas pela Inspectoria de Hygiene do Rio de Janeiro, então capital do Brasil, durante a epidemia de gripe espanhola (1918-1919) e Como prevenir o contágio do Coronavírus, instruções do Ministério da Saúde, 2020.
As autoridades brasileiras ouviram com descaso as notícias vindas de Portugal sobre os sofrimentos provocados pela pandemia de gripe na Europa. Acreditava-se que o oceano impediria a chegada do mal ao país. Mas, essa aposta se revelou rapidamente um engano.
JULIANA ROCHA
A gripe espanhola – como ficou conhecida devido ao grande número de mortos na Espanha – apareceu em duas ondas diferentes durante 1918. Na primeira, em fevereiro, embora bastante contagiosa, era uma doença branda não causando mais que três dias de febre e mal-estar. Já na segunda, em agosto, tornou-se mortal. [1]
Enquanto a primeira onda de gripe atingiu especialmente os Estados Unidos e a Europa, a segunda devastou o mundo inteiro: também caíram doentes as populações da Índia, Sudeste Asiático, Japão, China e Américas Central e do Sul. [1]
De janeiro de 1918 a dezembro de 1920, infectou 500 milhões de pessoas, cerca de um quarto da população mundial na época.Estima-se que o número de mortos esteja entre 17 milhões a 50 milhões, tornando-a uma das epidemias mais mortais da história da humanidade. A gripe espanhola foi a primeira de duas pandemias causadas pelo influenzavirus H1N1, sendo a segunda ocorrida em 2009. [2]
Neste post, recordamos os horrores dessa pandemia de 1918-19 no Rio de Janeiro, então capital da República, e em Águas Virtuosas de Lambari, onde 49 pessoas faleceram.
Fontes:
[1] http://www.invivo.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=815&sid=7
[2] https://pt.wikipedia.org/wiki/Gripe_espanhola
Vamos lá.
HISTÓRIA DA GRIPE ESPANHOLA NAS ESTÂNCIAS HIDROMINERAIS DO SUL DE MINAS
No livro A gripe espanhola nas estâncias hidrominerais de Cambuquira, Caxambu, Lambari e São Lourenço - MG - 1918-1919, o historiador varginhense José Roberto Sales apresenta estudos sobre a epidemia de influenza espanhola, entre 1918 e 1919, em Minas Gerais, nos municípios da microrregião de São Lourenço: as estâncias hidrominerais de Cambuquira, Caxambu, Lambari e São Lourenço, por meio de estudo de dados de mortalidade obtidos nos Cartórios do Registro Civil de cada município.
Desse livro extraímos informações sobre a gripe espanhola em Águas Virtuosas de Lambari, naquele período triste de 1918-19, que podem nos auxiliar a entender a grave crise por que estamos passando com o Coronavírus/Covid19.
O historiador varginhense José Roberto Sales. Reprodução. Fonte: https://fundacaoculturaldevarginha.com.br/colecao-joserobertosales/
A gripe espanhola nas estâncias hidrominerais de Cambuquira, Caxambu, Lambari e São Lourenço - MG - 1918-1919. [e-book]. José Roberto Sales. 1a. edição, 2013. Capa: Fachada principal do antigo Elite Hotel Cambuquira – MG
A GRIPE ESPANHOLA EM LAMBARI - 1918-1919
O período epidêmico da gripe espanhola em Lambari (Águas Virtuosas) teve a duração de 83 dias entre 09 de novembro de 1918 e 30 de janeiro de 1919. Durante o período epidêmico ocorreram setenta óbitos por mortalidade geral, ou seja, óbitos por todas as causas de morte. Desse total, 49 foram em consequência da gripe espanhola e/ou complicações decorrentes.
JOSÉ ROBERTO SALES
Do livro acima, no capítulo 3, páginas 118 a 138, extraímos o seguinte:
Em Lambari – MG, à época denominada Águas Virtuosas, a pesquisa revela a ocorrência de 49 óbitos por influenza espanhola e complicações decorrentes, no período de 09 de novembro de 1918 a 30 de janeiro de 1919.
O período epidêmico teve a duração de 83 dias. As vítimas fatais foram 23 homens e 26 mulheres. Em ambos os sexos, ocorreram óbitos em todas as faixas etárias. O pico ocorreu no mês de novembro de 1918, com 30 óbitos.
A maioria dos óbitos ocorreu nas residências das vítimas ou de familiares (32); os demais, no hospital (13) e no Asilo São Vicente de Paula (1).
As causas das mortes registradas nos atestados de óbitos cartoriais foram: gripe (26), gripe pneumônica (18), meningite (2), broncopneumonia (1), pneumonia (1) e meningoencefalite de origem gripal (1). Consideramos os registros de gripe pneumônica como uma complicação decorrente da gripe.
As principais vítimas da epidemia foram os maiores de cinquenta anos de idade de ambos os sexos. A principal ocupação dos homens era a de jornaleiro agrícola (lavrador que trabalhava por jornada diária de trabalho) e a única ocupação das mulheres, o serviço doméstico.
A GRIPE ESPANHOLA NA CAPITAL DA REPÚBLICA (1918-19)
Ela foi chamada de a Espanhola. O som das castanholas vinha do ranger de dentes dos infectados. A princípio, ninguém notou. Mergulhados em problemas de abastecimento e notícias da Primeira Guerra Mundial, adoecer parecia normal a milhares de cidadãos.
MARY DEL PRIORE
Se na Europa a Espanhola se disseminava e apavorava, em setembro de 1918, no Rio de Janeiro, capital da República, as notícias eram ignoradas ou tratadas em tom de brincadeira.
É o que conta a historiadora Mary Del Priore no artigo abaixo, publicado hoje no Jornal O Globo.
Confira:
Reprodução. Jornal O Globo, 30, mar, 2020. Disponível aqui
Reprodução. Facebook
RECOMENDAÇÕES PARA CONTER A GRIPE ESPANHOLA
Em artigo intitulado:
o jornal eletrônico DiáriodoRio.com mostra a semelhança entre as recomendações para contenção da gripe espanhola e o Coronavírus.
Aviso publicado em jornais do Rio de Janeiro (1918-19). Reprodução. Fone: JornaldoRio.com
CUIDADOS RECOMENDADOS PARA CONTENÇÃO DO CORONAVÍRUS
O Ministério da Saúde disponibiliza na internet informações oficiais sobre a pandemia Coronavírus/Covid 19 no Brasil.
Disponível aqui: https://coronavirus.saude.gov.br/
Já comentamos os cuidados recomendados pela Prefeitura Municipal de Lambari quanto à pandemia do Coronavírus/Covid19.