ENTREVISTA
Concedida em 2010 ao BR - BOLETIM REGIONAL DA 1ª. Região Fiscal (Superintendência da Receita Federal em Brasília), para compor matéria sobre o lançamento dos meus livros Menino-Serelepe e Abigail.
1- Desde quando você escreve? Conte um pouco sobre o seu relacionamento com a leitura e a escrita.
R.: Bem, profissionalmente, em assuntos técnicos da área contábil, na qual sou formado, e matéria que lecionei, escrevo desde os 20 anos.
A leitura começou cedo, antes dos quinze anos. Lia de tudo: gibis, fotonovelas, dicionários, enciclopédias. Depois, passei a ler literatura espírita. Mais tarde, literatura técnica (contabilidade, auditoria, direito), didática e administrativa (administração, gestão de pessoas). A partir de 2000, por conta do projeto Lembr@ (veja abaixo), passei a ler gramática, redação e literatura.
Na RFB, por exemplo, escrevi, como coautor, o curso Contabilidade aplicada a Auditoria Fiscal, em 12 volumes, dos quais o volume 1 foi editado pela Cofis/AEM, Brasília, em 1987. Escrevi também o volume 1 da coletânea Contabilidade Fiscal – Noções Práticas para quem não tem formação contábil, editada pela Cofis, Brasília, 2003; o curso CPA – Comunicação Pessoal e Administrativa, que foi aplicado em 2004 para os gerentes da 1a. RF; e Pontinhos de Gerência, uma coletânea de artigos sobre administração, planejamento e comunicação institucional, divulgados no âmbito da 6a. RF (Minas Gerais)
2- Como surgiu a ideia de escrever livros?
R.: Desde a juventude eu carrego esse desejo, mas só pratiquei redação técnica e profissional durante toda a vida. Escrevi algumas crônicas e alguns artigos doutrinários espíritas, além de textos e apostilas técnicos, didáticos e de administração, como os citados acima. Mas a experiência com narrativas mais literárias só veio recentemente, há cerca de cinco anos.
3- O que levou você a criar um pseudônimo?
R.: A explicação está no livro Menino-Serelepe, na narrativa Os nomes do menino. Foi um modo de incluir o sobrenome Lobo, de minha mãe, que não possuo no registro civil.
4- O que a obra Abigail significa para você? E a obra Menino Serelepe? Fique a vontade para escrever o que quiser. Quais foram suas intenções ao escrever os livros? Foram intenções diferentes em cada livro? Se sim, explique, por favor.
Bem, Menino-Serelepe está ligado a um antigo desejo de narrar os modos e os causos da parentalha. Nesse livro, adotei um narrador menino, que, ao seu jeito, vê e expõe as coisas, fazendo confidências e contando histórias da infância. Fui um modo de resgatar o mundo em que nasci e no qual fui criado. A maneira que encontrei para registrar e fixar os costumes, a cultura, a fé religiosa e o modo de falar das pessoas com quem convivi. Aliás, cheguei mesmo a incluir no livro o Vocabulário de Aguinhas, com cerca de quinhentos ditos, expressões e palavras populares da região Sul de Minas.
Quanto a Abigail, eu pesquisei e resgatei fatos verdadeiros, ocorridos com uma minha tia, irmã de meu pai, falecida em 1944, e que eu não conheci. Foi a realização de uma espécie de promessa que fiz ao meu avô de escrever como se deu o ingresso da família na Doutrina Espírita. Aqui já se trata de é uma biografia romanceada, uma história contada de forma simples e emocionada, mostrando o terrível processo de obsessão espiritual – uma das experiências mais dolorosas por que pode passar um ser humano – que acometeu a então menina Abigail. No livro, procuro demonstrar, também, como o conhecimento e a prática espíritas, à luz dos ensinamentos de Jesus, são capazes de atender, equilibrar e redimir, não só os médiuns enfermos, mas também os espíritos sofredores que lhes causam os padecimentos. O livro traz ainda notas geográficas, históricas e biográficas e uma pequena memória do Centro Espírita Vinte e Quatro de Junho (atual Casa Espírita Francisco de Paula Vítor), instituição na qual Abigail obteve sua cura.
6- Como foi a repercussão de ambas as publicações na sua família e em Lambari?
R.: No âmbito familiar, a tônica foi de muita emoção e participação, até porque as narrativas circularam, antes do lançamento, em rascunho, entre alguns familiares, que me ajudaram a recordar e conferir fatos, nomes, datas, expressões.
Já a comunidade de Lambari recebeu muito bem o lançamento dos livros, e a rádio local promoveu ampla divulgação das obras, cujo lançamento ocorreu na Casa Espírita Francisco de Paula Vítor, no final do ano passado.
Acho importante mencionar, também, a grande aceitação dos livros por parte dos colegas da RFB, que adquiriram os livros, divulgaram entre seus familiares e forneceram feedbacks importantes para o autor, como o que o Gilberto Carreiro me fez por intermédio de uma de suas crônicas (eu sou o sétimo leitor dele!). Registro, ainda, o comentário sobre o livro Menino-Serelepe divulgado agora em fevereiro no blog de um colega aqui de Belo Horizonte (http://antesqueeudesista.blogspot.com).
7- Você pretende publicar mais livros sobre suas memórias? E quanto a livros sobre outros assuntos?
R.: Pretendo prosseguir a série Histórias de Aguinhas e escrever alguns livros doutrinários espíritas, tais como: o Orador Espírita, sobre a comunicação e a oratória espíritas, um livro de contos espíritas e transformar em livro duas dezenas de palestras espíritas que venho proferindo ao longo dos últimos anos, que quero intitular de Aulas de Espiritismo.
8- O que seria Histórias de Aguinhas?
R.: Histórias de Aguinhas é uma coletânea que venho escrevendo sobre a memória familiar e a de minha cidade natal – Lambari, MG (que já foi Águas Virtuosas e que nas narrativas é chamada de Aguinhas). O nome Aguinhas se refere a uma cidade mítica e fabulosa em que meu avô situava os causos e histórias que contava para os netos.
Esse termo Aguinhas meu avô buscou do modo de falar dos caboclos da roça, quando se referiam às fontes de águas minerais da cidade de Lambari: – Vamos às’água!” – E isso queria dizer: “Vamos às fontes das águas minerais”. Daí as z’águas, as z’aguinhas, depois Aguinhas, no diminutivo, para conformar com as histórias que contava às crianças.
9- Quantos anos você tem?
R.: 56 anos.
10- Você é casado? Se sim, qual o nome completo da sua esposa? Tem filhos? Se sim, quais os nomes completos deles?
R.: Sou casado com Celeste Emília Krauss Guimarães e temos 4 filhos e uma filha adotiva: Antônio Carlos Guimarães Júnior, Carlo Emílio Guimarães, José Batista Guimarães Neto, Alan Augusto Guimarães e Mônica Rodrigues da Silva.
11- Você é formado em qual faculdade?
R.: FACECA – Faculdade de Ciências Contábeis e Administrativas, de Varginha, MG.
12- Desde quando trabalha na RFB? Qual o seu cargo na RFB? Conte um pouco do seu serviço.
R.: Sou AFRFB, ingressei na RFB em 1983, e atualmente estou lotado na Difis/SRRF/6a. RF, no Núcleo de Capacitação & Desenvolvimento, e trabalho em projetos voltados às áreas de Treinamento e Desenvolvimento, Gestão de Pessoas, Desenvolvimento Organizacional e Comunicação Institucional.
14- Já trabalhou em outras áreas da Receita? Quais e quando?
R.: Sou da área de contabilidade e auditoria, trabalhei muitos anos na Fiscalização da RFB, fui instrutor do Programa Imposto de Renda (PIR) e da ESAF, e já exerci diversos cargos de gerência na Receita Federal. Fui Delegado da RFB em Varginha, MG (1990-1994) e em Juiz de Fora (1994-1995). Em Brasília, fui Superintendente na 1a. RF (1995-1999), Secretário-Adjunto (2000), e a partir do ano 2000 fui para a Assessoria da Cofis, onde trabalhei em diversos projetos. Por exemplo: sou autor e supervisor de Página Eletrônica Lembr@ - Lembretes de Linguagem Fiscal, coletânea de lembretes de língua portuguesa, de redação fiscal e administrativa, de metodologia, de técnica legislativa, disponível na Intranet da Cofis. Fui supervisor do Treinamento de Gerentes da Fiscalização - TGF, em 2004, e de 2000 a 2007, coordenador da Área de Auditoria da 2a. Etapa do Curso de Formação de AFRFB e ATRFB.
15- Nas horas livres o que você costuma fazer?
R.: Sou muito família e muito caseiro. Assim, meus programas giram em torno desses dois eixos, e na leitura, além de estudos e anotações, com vista aos demais livros que pretendo escrever.
16- Qual o seu hobby preferido?
R.: Pela ordem: família, livros, filmes, esportes
17- Você mora em Belo Horizonte há quanto tempo?
R.: 5 anos.
18- Quais seus planos para o futuro nos âmbitos profissional e pessoal?
R.: Estou próximo da aposentadoria, mas há alguns projetos em que estou trabalhando na RFB que quero deixar prontos.
O primeiro, é um treinamento que a 6a. RF está promovendo em parceria com o CENTRESAF/MG: o Formação de Facilitadores de Ensino, que tem o objetivo de capacitar servidores para preparar e aplicar ações de treinamentos, com especial enfoque nas ações de treinamento a distância aplicadas com recursos tecnológicos.
O segundo, é um treinamento, parte presencial, parte a distância, intitulado Melhorando o desempenho das Equipes – Comunicação e integração das equipes de trabalho na RFB – Recursos eletrônicos auxiliares da Gerência, da Comunicação e do Conhecimento, que ainda está em fase de formatação.
E o terceiro, e o mais ambicioso, é o projeto LER & ESCREVER, que está na fase de estudos e planejamento. Trata-se de uma Comunidade de Aprendizagem Virtual (CAV), por intermédio do Ambiente COLABORA/Moodle, na qual serão abordados temas tais como: produção do texto, gramática instrumental, lógica e argumentação jurídicas, elaboração e interpretação das leis, redação oficial e outros temas afins.
Na vida pessoal, após a aposentadoria, pretendo me dedicar aos netos (que no final de 2010 já serão quatro), às atividades sociais e doutrinárias espíritas e a prosseguir a série das Histórias de Aguinhas.