Os avós foram peladeiros. O pai também foi (e ainda é). Logo, Léo e Rafa têm pedigree. Além, disso, peladeiro, que é peladeiro, tem boas histórias pra contar! E eles já têm.
Então, vamos contar esse caso desde o começo.
Alencar Moreira é o avô materno, e foi grande peladeiro. Jogou no Águas, no Vasquinho e no Azulão. Esteve uma temporada no Rio de Janeiro, em 1965, treinando no Vasco da Gama, na época de Gainette, Brito e Fontana. Alto, elegante, tinha boa visão do jogo e dominava e tocava bem a bola. Por essas características, recebeu o apelido de Mengálvio - aquele mesmo do lendário ataque do Santos: Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe. Mas nós o chamávamos de Menga.
Guima, o avô paterno, também foi peladeiro, e já contou algumas de suas estripulias com a bola aqui neste espaço virtual. (1) Jogou também no Águas, no Vasquinho e no GRABI.
Os avós jogaram juntos muitas peladas. Foram adversários na época do Juvenil do Águas e Azulão (campeonato interno de 1971), e atuaram pelo Vasquinho (1971). As peladas de que participaram se davam principalmente no Campo da Piscina, no Campinho do Cassino e no antigo Campo do Esporte. O primeiro, um campo de areia; o segundo, de terra; o terceiro, um meio brejo que existia ali onde hoje é o Estádio do Águas. Dá pra recordar alguns colegas de pelada dessa época: Betinho do Cassino, Gracilino Raça, Betão do Bemge, Sérgio Raimundi.
Guiminha, o pai, jogou no
Águas (anos 90), depois se mudou, mas continuou peladeiro em Varginha, Juiz de Fora e Brasília, cidades em que morou.
Bem, esse é o resumo do
pedigree. Mas e as histórias?
Vamos lá, então.
O "Time dos Peixes" Ano passado, Léo e Rafa resolveram formar um time de peladas, no colégio em que estudam, em Brasília.
O nome do time será "Piranhas"
, avisaram à mãe quando pediram que ela providenciasse um jogo de camisas. "Piranhas"
?! - Flávia estranhou.
Sim! - disseram -
São fortes, saltam, correm aos bandos! Mas, claro, esse nome não pegava bem, e a mãe - a muito custo - os convenceu a mudar para
Peixes do Futebol - como está na camisa acima.
Goleada estonteante
Pois bem, donos das camisas e da bola, Léo e Rafa decidem tudo: escolhem os jogadores do seu time, distribuem as camisas, apitam o jogo. Os coleguinhas, claro, querem jogar no time do Léo e Rafa, pois o time adversário ou joga sem camisa ou com a camisa do uniforme da escola.
E assim foi que houve um jogo que acabou 15 x 0 para o glorioso time do
Peixes do Futebol. Vocês ganharam de tudo isso?! - Flávia perguntou, eufórica com o desempenho do time dos filhos.
Mas como foi?! Vocês jogaram bem?! Fizeram muitos gols?! - e foi enchendo de perguntas os meninos. E o Léo respondeu: -
Jogamos bem, fizemos muitos gols, mas não foi só isso, mãe... É que o nosso time tinha 6 jogadores e o outro só jogou com dois! E Flávia disse: -
Mas não pode ser assim, tem que dividir certinho os jogadores. E Léo concluiu: -
Mas, mãe, todo mundo quer jogar no nosso time, porque tem camisa!"Ele não passa a bola pra mim!"
Certa feita, dias após uma pelada num clube que frequentavam, uma mãe encontrou-se com Flávia e pôs-se a reclamar: -
Flávia, você precisa pedir pro Rafa passar a bola pro meu filho! No último final de semana, ele chegou a chorar, dizendo que o Rafa não passava a bola pra ele durante o jogo.
E quando chegou em casa, Flávia conversou com Rafa e pediu a ele que passasse a bola para o tal amiguinho do clube, que isso não se faz, futebol é jogo coletivo, etc., etc., etc... E Rafa querendo falar e Flávia não parava o sermão. Aí Rafa gritou: -
Mas, mãe, como ia passar a bola pra ele, se ele 'stava jogando no outro time!
Léo e Rafa "penteando a bola", no campo do Águas Virtuosas (2007)
Léo e Rafa batendo bola no gol.
Alencar e Guima. Ao lado: Carlo e José (filhos do Guima). Embaixo: Léo, Rafa e Guiminha
Tinz, Alencar, Sérgio, Betinho e Tatá - no time do Vasquinho de 1971
Alencar entre Cafezinho e Tinz - no time do Vasquinho de 1971
Guima (no centro) no Vasquinho de 1971 Guiminha no time do Águas (1995)
(1) V. Jogo de bola e Peladeiros (1), nestes links: