Guimagüinhas
Memórias familiares e de minha terra natal
Textos

Biriba e Futrica

Esse também não deve ter bulido nos ninhos de passarinhos
nem ter andado pelas vargens sob a proteção
do cachorro Biriba.

(Do Poema Da famosa aventura de ter sido criança em Aguinhas, do livro Menino-Serelepe)


Minha infância foi marcada pela presença de animais domésticos, especialmente cães. Eu tive um cachorrinho chamado Cavaco, minha vó Cema teve o Piloto, mas foi meu tio João, um caçador apaixonado, que possuiu o maior número deles.

E no Menino-Serelepe** eu falo de meu tio João e de seus cachorros:

Tio João, orgulhoso de sua doze e da trela de paqueiros, gostava de caçar capivaras, pacas e de atirar bicho que voava e pra isso tinha um mundaréu de cachorros (Biriba, Veneza, Ximango) ...

E assim esses cachorros - especialmente o Biriba - até hoje habitam o imaginário infantil meu e de meus primos.


Fotos

(...) e se relaxava para caçar o jaó nas capoeiras e, nos campos, a codorna e a pomba torcaz.
(Guimarães Rosa - Sagarana )


  

(1) Minha prima Biga e Biriba                 (2) Biriba em caçada de campo

 

(3) Biriba em caçada de campo             (4) Biriba amarrando caça


 

     Veneza, ansiosa pelo início da caçada  


 


Ximango amarrando caça

E noutro trecho do livro eu resumo a (triste) história da cachorrinha Futrica:

   E o fato triste se deu quando a monstrenga da jardineira rasga-roupa de Jesuânia atropelou a Futrica, uma cachorrinha bassê ainda filhote, que o tio João vinha ensinando a caçar, pois que o Biriba já trabalhara bastante e estava na hora de pendurar as chuteiras. Ficamos desolados, fizemos o enterro, pertinho da mina d’água que rodava nosso monjolinho. Oramos, pusemos flores, e no dia seguinte buscamos vingança. E, assim, durante mais de um mês, era só passar a jardineira que eu mais Tista e Tadeu, camuflados no barranco, fazíamos chover terrões por sobre ela. O motorista parava, procurava a gente, indagava, e jamais descobriu o porquê era apedrejado — nem os autores da façanha. O bombardeio só parou quando tio João veio dizer que já ‘stava de bom tamanho a vendetta da Futrica. 


Vocabulário de Aguinhas

Amarrar (a caça): Estacada que o cão de caça dá quando avista uma presa, permanecendo imóvel até a chegada do caçador.
Doze: espingarda de cartuchos para caça, calibre 12
Jardineira rasga-roupa: Corresponde aos ônibus velhos, com bancos soltando molas, que costumavam rasgar as roupas dos usuários. [Gíria ocorrente em Aguinhas.]


(*) Essas são lembranças de uma época em que a caça esportiva era legal, no País. Atualmente, encontra-se proibida. Confira a Legislação de proteção à faúna.


(**) Esta narrativa faz parte do livro Menino-Serelepe - Um antigo menino levado contando vantagem, uma ficção baseada em fatos reais da vida do autor, numa cidadezinha do interior de Minas Gerais, nos anos 1960.

O livro é de autoria de Antônio Lobo Guimarães, pseudônimo com que Antônio Carlos Guimarães (Guima, de Aguinhas) assina a série MEMÓRIAS DE ÁGUINHAS. Veja acima o tópico Livros à Venda.

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Enviado por Guimaguinhas em 22/10/2013
Alterado em 26/11/2013
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