Guimagüinhas
Memórias familiares e de minha terra natal
Textos
Ilustração de abertura: Pequeno prato decorativo da loja Alpina, em Monte Verde (MG) — terra de montanhas, matas, cachoeiras e serelepes...
Quando voltamos do passeio, que ficou sabendo da história do serelepe, vó Margarida foi logo augurando: — Ih, Neli, agora mesmo é que vai ser fogo, pois os antigos diziam que curumim que serelepe morde, trepa inté em espinheiro!
 

O livro Menino-Serelepe

O título do meu livro Menino-Serelepe*, em que narro lances da minha vida até os 12 anos de idade, decorre de dois fatos verdadeiros: primeiro, fui mesmo um menino muito arteiro — daí a menção ao termo serelepe. Segundo, eu fui
de fato mordido por um serelepe — passagem que narro no capítulo XIV do livro e já contei aqui.

O texto que vai abaixo resume esses dois pontos e abre o meu livro de memórias.

Um menino que foi mordido por serelepe
 
Conversa entre meu pai e Braizinho [que eram primos], depois de uma visita que fizemos à fazenda que esse administrava, lá pelos lados de Heliodora:

— Este seu menino, Dé, se sortá ele, ele corre em riba da cerca, s’quilibrando no arame farpado!
— Ah, Braizinho, ele sempre foi arteiro desse jeito, mas piorou muito desque foi mordido por um serelepe.
— Uai, Dé, então isso explica bem os acontecido! Que já vi menino arteiro, mas nunca um que fizesse tantas e tais! Até hoje corre por aqui o eco dos gritos da Neli: Guimaraaaãessss... Guimaraaaãessss...

 


Resposta do menino
 
[“Primo Braizinho dizia de mim essas coisas, o menino disse, acho que foi porque, nessa visita, eu cheguei soltando bombinha e pus fogo pasto, e foi uma trabalheira pros camaradas apagar. Montei nos bezerros, toureei as vacas, quebrei duas porteiras, joguei bola descalço contra um time de roceiros calçados de botina, saltei, de seis metros de altura, de cima da máquina de limpar café, por sobre o monte de palha. Corri pasto, emborquei o cocho de sal do gado, inventei guerra de estrume, rolei um cupim morro abaixo e derrubei o esteio do retiro, espantei galinha, abri tampa do ladrão do açude, cacei periquitos, fiz armadilha de laço pros gatos, joguei bombinha nos cachorros, fiz mais isso, aquilo e aquiloutro. Acho que foi só por essas coisinhas que fiz, coisa que qualquer criança faz...”]

Vocabulário de Aguinhas

Arteiro: 
Que faz travessuras; traquinas.
Cupim: ninho de cupins; cupinzeiro, murundu.

Curumin: [Bras.] criança, menino.
Emborcar: Pôr de boca para baixo, virar de borco.
Esteio: escora.
Ladrão: Cano ou orifício das caixas de água por onde se escoa o excedente do líquido.
Por riba: Por cima.
Serelepe: Que é irrequieto, buliçoso; ágil, vivo, esperto.

Saiba mais sobre o serelepe (esquilo ou caxinguelê)

   - Clique aqui
Foto: reprodução - R. N. Cipriani/G1

 
 (*) O livro Menino-Serelepe - Um antigo menino levado contando vantagem  (Edição do autor, 2009) é uma ficção baseada em fatos reais da vida do autor, numa cidadezinha do interior de Minas Gerais, nos anos 1960.

O livro é de autoria de Antônio Lobo Guimarães, pseudônimo com que Antônio Carlos Guimarães (Guima, de Aguinhas) assina a série MEMÓRIAS DE ÁGUINHAS. Veja acima o tópico Livros à Venda.​

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Enviado por Guimaguinhas em 23/03/2015
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