Nos anos 1950, a Melhoramentos lançou a série Viagem através do Brasil, de Ariosto Espinheira, voltada aos Estados brasileiros, na qual se mostrava um
autêntico desfile das grandezas de nossa terra através de seus costumes, encantos naturais, formação histórica, acidentes geográficos, etc.
Volumes caprichosamente ilustrados, constituindo a coleção um precioso documentário.
O volume 4 desta coletânea foi dedicado a Minas Gerais, e nele encontramos referência à nossa Aguinhas. Diz o texto na pág. 116:
Prosseguindo para o sul, apreciamos belas paisagens, e logo aparece, cercada de morros muito verdes, a cidade de Lambari.
As propriedades curativas de suas águas magnesianas e radiotivas atraem centenas de pessoas anualmente.
Lá está a cidade com seu casario alegre, praças, jardins e ruas, sua Matriz; sua Prefeitura Municipal; o Ginásio, o Grupo Escolar; seu Cassino e seu lago cheio de ilhas encantadoras....
(continua abaixo...)
Ilustração de Percy Lau.
Os lances abaixo são de um jogo amistoso entre o Águas Virtuosas e Itanhandu, futebol amador, em 1965.
O placar foi 2 x 1 para o Águas, gols de Zezé Gregatti e Alemão. O técnico era o Alemão, e ele próprio entrou no segundo tempo e fez o gol da vitória.
Nessa época, este era o time base do Águas:
Em pé: Gidão, Cabritinho, Nambu, Jaime, Rubinho, Chá, Zé Carlos, Delém e Motinha. Agachados: Evaldo, Zoinho, Alemão, Betinho, Chanchinha, Walmando, [?] e Fausto.
Lances do jogo
Falta contra o Águas. Nambu prepara-se para a defesa. Ao fundo, na barreira: Evaldo e Delém. No canto direito, olhando o lance, Ademir.
Defesa de Nambu. A meia distância, Chá e Motinha observam o lance.
(1)Chute de meia distância de Betinho. Zezé Gregatti, observa.
(2) Cruzamento da direita: Betinho chegando na área. Zezé Gregatti prepara-se para cabecear.
Gol de Zezé Gregatti, de pé esquerdo.
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Num romance de Autran Dourado, certo personagem, ao refletir ante as dificuldades do ofício de escritor, diz que "nunca recebera cartas de Mário" - vendo-se, assim, como um "desafortunado da literatura", visto que Mário de Andrade correspondera-se com tanta gente.
A verdade é que Mário praticava com grandes personalidades do romance, da poesia, das artes, da música, o que chamava de "epistolomania". E nessa correspondência, de tão variados temas, ora teorizava, ora provocava, ora criticava, ora palpitava, ora pontificava como mestre ou como orientador. Na literatura, correspondeu-se com vários escritores e poetas, eles eles: Carlos Drummond, Manuel Bandeira, Fernando Sabino, Oswald de Andrade, Cecília Meirelles, Pedro Nava, Sérgio Buarque de Holanda.
O mesmo Dourado disse que as noites e dias de dedicação a que Mário se entregava em sua faina epistolar certamente lhe roubaram precioso tempo para cuidar de sua própria obra poética e literária, conquanto essa seja extraordinária. De qualquer modo, a epistolografia de Mário de Andrade - correspondeu-se com cerca de 1.100 pessoas! - possivelmente está entre as maiores do mundo. (1)
Mas sua correspondência com Henriqueta Lisboa possui características peculiares. O poeta Affonso Romano de Sant'Ana diz que Mário disputava com os autores homens, mas com Henriqueta "ele confessava. Ela era o seu divã." (2).
E é ainda Sant'Anna, mineiro de Belo Horizonte, quem confessa esta delicada lembrança de seus tempos de estudante sobre a nossa Henriqueta:
Conheci Henriqueta Lisboa. Levemente. Discretamente. Sem aproximar-me muito. Para minha geração, ela era um ícone mineiro do modernismo, como o Emílio Moura e seu cigarro de palha. Então, eu a via num ponto de ônibus e admirava-a em seu silêncio. Via-a passando no saguão da faculdade e me parecia que ela apenas pousava na realidade. Devo ter conversado com ela (breve e respeitosamente) uma ou outra vez. Insuficientemente.
Ela era irmã do José Carlos Lisboa, que nos dava aula de literatura espanhola na Faculdade de Letras, sediada em três andares doEdifício Acaiaca. Era cunhada do professor Lourenço, que nos dava latim. Era irmã de Alaíde Lisboa, que nos ensinava pedagogia. Dizia-se que tinha, na cabeceira da cama, um retrato de Mário de Andrade coberto com um véu de casta paixão. E me penitencio de não a ter procurado mais e não ter desvelado por ela minha admiração. (2).
Pois bem, a citada correspondência entre ambos foi objeto de um livro - cuja capa encima este post -, numa bela e minuciosa edição de Eneida Maria de Souza, que mostra
o ritmo intenso da interação entre os dois escritores, e o aparente paradoxo de duas personalidades tão distintas, com projetos literários muito diferentes, [abrindo-se] a confidências e reflexões marcadamente pessoais, num nível de franqueza e complexidade raras vezes alcançado [...] (3).
E aqui queremos destacar do livro um pequeno ponto que interessa à nossa terra - Aguinhas, qual seja: um cartão postal que a lambariense Henriqueta enviou a Mário de Andrade, no Natal de 1943: (4)
(1) http://veja.abril.com.br/060897/p_132.html
(2) Henriqueta e Mário. Affonso Romano Sant'Anna. [Artigo]. Estado de Minas, 16, mai, 2010.
(3) Correspondência Mário de Andrade & Henriqueta Lisboa. Organização, introdução e notas de Eneida Maria de Souza. São Paulo : Editora Peirópolis : EDUSP, 2010.
(4) https://www.ufmg.br/online/arquivos/015918.shtml
Monografia sobre Henriqueta Lisboa: aqui
No livro Abigail [Mediunidade e redenção], há um capítulo no qual narro determinado momento da vida da personagem em que ela, seus pais e um irmão trabalharam no Hotel Imperial. Eis alguns trechos:
Ainda em Abigail [Mediunidade e redenção], conto que minha avó materna [Margarida] foi funcionária do Hotel Imperial e do Grande Hotel. No Imperial, trabalhou na rouparia e lavanderia; indicada por Tereza, mulher do maître Paulo Hanzgruber, veio a substituí-la no posto de governanta geral, e nessa função foi que se aposentou. E assim também lá trabalhou minha tia Irene, irmã de meu pai, que chegou a explorar, juntamente com Darci, seu marido, e por um bom tempo, uma lanchonete no Imperial, isso já na fase do condomínio. E, acrescento também, que em post anterior (2), narrei algumas peripécias do menino-serelepe nesse mesmo hotel.
Cito esses fatos para registrar a grande ligação de minha família, pelo lado paterno, com o Imperial, e bem assim dos netos de Margarida, que vivemos boa parte de nossa infância nas suas dependências. Por todas essas razões, o fechamento do hotel e sua transformação em condomínio foi um momento de grande tristeza para todos nós.
Tal fato se deu em 1963, e os anúncios de venda, de página inteira, foram publicados nos maiores jornais do País. Na Folha de S. Paulo apareceram nas edições de 3 e 10 de março de 1963. Uma semana após o primeiro anúncio, 70% dos apartamentos já haviam sido vendidos! (3)
Eis o anúncio publicitário na edição de 10 de março de 1963 do jornal Folha de S. Paulo:
(*) Do Vocabulário de Aguinhas: Comi = Auxiliar (aprendiz) de garçom.
(1) Cap. 20 - Hotel Imperial, do livro ABIGAIL [Mediunidade e redenção], de Antônio Lobo Guimarães, pseudônimo com que Antônio Carlos Guimarães (Guima, de Aguinhas), assina a coletânea HISTÓRIAS DE AGUINHAS. Veja o tópico Livros à venda.
(2) V. o post Hotel Imperial, neste link: http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=37406
(3) Colaboração de Wagner Augusto, amigo de Lambari, do Imperial e leitor destas páginas eletrônicas.
SUMÁRIO
Lambari viveu épocas gloriosas no tempo do jogo, dos hotéis cheios, do Cassino das Fontes, das bandas famosas, dos bailes elegantes, dos veranistas que faziam um mês inteiro de Estação de Águas. E o nosso Cassino do Lago, se não serviu ao jogo - visto que funcionou como cassino por uma única noite -, foi palco de eventos inesquecíveis: bailes, desfiles, formaturas, atividades culturais.
Do semanário Sputnik, de 26/02/1961
As fotos abaixo resgatam um pouco do charme desse tempo. A maioria delas me chegou por meio de minha colega Auditora-Fiscal aposentada Jandira Adami Neves de Carvalho, cuja família é de Santa Rita do Sapucaí. Escritora e poeta, possui diversos livros publicados e é membro da Academia de Letras, Ciências e Artes de Santa Rita do Sapucaí. (1)
Jandira - ou Janda, como gosta de ser tratada - trabalhou em Lambari no final de 1950, início dos anos 1960, na Coletoria Federal. Foi Miss Simpatia e Embaixatriz do Turismo, representando nossa cidade em diversos eventos, e aqui deixou amigos com os quais ainda mantém laços. Seus padrinhos de casamento são lambarienses: Maria de Jesus Viola (Juju) e Lalica e Benedito da Silva Guerra.
Foram anos glamurosos, e, além de Janda, podem-se citar outras participantes desses concursos, como Cidinha Araújo, Marluce Krauss e Dayse Nunes, também modelos de beleza e simpatia das mulheres de Aguinhas dos anos 1960.
Vejamos alguns desses momentos de uma antiga e elegante Aguinhas:
Jandira Adami, no Desfile Bangu, com 17 anos Desfile Confecções Freitas, 1958
Jandira - Desfile Imperatriz das Sedas, 1960
Jandira eleita Miss Simpatia, numa festa de N. S. Saúde Como Embaixatriz do Turismo, em Poços de Caldas
Jandira e outra participante desfilando no Concurso Miss Elegante
(1) http://www.berju.uaivip.com.br/
Aguinhas elegante 2: aqui
Aguinhas elegante (3) aqui
Aguinhas elegante (4) - O Cassino das Fontes aqui
Aguinhas elegante (5) - Bailes e noites dançantes no Cassino das Fontes aqui