Ilustração: Montagem. José do Patrocínio e trecho de texto que escreveu, em 1901, sobre Águas Virtuosas de Lambari [Imagem: Capa da biografia de José do Patrocínio, de Mário Aranha, pela Editora Mostarda. Texto do Jornal O Estado de S. Paulo - 25, set/1911 (bn.digital.gov.br)]
O jornal O Estado de São Paulo (Estadão) trouxe na sua edição de 25/09/1911 um texto sobre ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARI, que destacamos abaixo.
Nele, são tecidos alguns comentários sobre a "atual estação de Águas" (de 1911) e destacado o tratamento dado pelo Hotel Mello aos seus hóspedes:
- ... verdadeiras delícias, não só pela selecta sociedade jovial e distinta que alli se reune e vive na mais doce harmonia...
- ... divertem-se as senhoritas organisando concertos, dansas etc.
- ... magnífico concerto, que por despedida do exmo. sr. desembargador Serafim Muniz Barreto, foi-lhe dedicado pelos hóspedes... (Grafia original do texto.)
E, ao final, ao fazer referências à villa, transcreve-se texto de JOSÉ DO PATROCÍNIO sobre nossa cidade.
Confira a seguir.
José do Patrocínio (1853-1905) foi um farmacêutico, jornalista, escritor, orador e ativista político brasileiro. Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Destacou-se como uma das figuras mais importantes do movimento abolicionista no país. Fonte: https://www.academia.org.br/academicos/jose-do-patrocinio/biografia
O Jornalista e Líder Abolicionista José do Patrocínio com 26 anos de idade, 1879. Fonte: Wikipedia |
ESTAÇÃO DE ÁGUAS NO HOTEL MELLO (1911)
A estação de águas em Lambari, em 1911, e a estadia no Hotel Mello:
Fonte: Jornal O Estado de S. Paulo - 25, set/1911 (bn.digital.gov.br)
ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARI VISTA POR JOSÉ DO PATROCÍNIO
Tem a gente vontade de adoecer, só para justificar uma peregrinação a estes domínios da vida sadia.
JOSÉ DO PATROCÍNIO, falando sobre Águas Virtuosas de Lambari (1901)
Extraído de um livro sobre Lambari publicado em 1901, pela então Empreza das Águas, o texto traz uma descrição de José do Patrocínio sobre nossa Águas Virtusas, então uma villa, ainda.
José do Patrocínio, lembre-se, também visitou Águas Virtuosas.
Confira:
Fonte: Jornal O Estado de S. Paulo - 25, set/1911 (bn.digital.gov.br)
- Jornal O Estado de S. Paulo - 25, set/1911 (bn.digital.gov.br)
- ABL - https://www.academia.org.br/academicos/jose-do-patrocinio/biografia
- Wikipedia - José do Patrocínio - https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_do_Patroc%C3%ADnio
- Editora Mostarda - José do Patrocínio - https://www.editoramostarda.com.br/produto/jose-do-patrocinio/
Ilustração: A linha do trem margeando o Lago Guanabara: saía da Estação Ferroviária (atual Estação Rodoviária), passava pela Parada Mello (fundos do Condomínio Imperial), cruzava o pontilhão sobre o Rio Mumbuca, passava por trás da antiga Fábrica de Garrafas (atual Escola João Nunes Ferreira), margeava o Lago Guanabara, cruzava o Corte de Pedra e tomava rumo de Jesuânia, Olímpio Noronha, Freitas...
Conforme contamos na Série O TREM DE AGUINHAS (aqui),
Desde o final do Século XIX, nossa cidade estava ligada por via férrea às principais cidades do País: Rio de Janeiro (então Capital da República), Belo Horizonte (Capital do Estado) e São Paulo (principal cidade do País).
De fato, inaugurada em 24 de março de 1894, dessa data até os anos 1920, o desembarque era feito na estaçãozinha da Parada Mello.
Parada Mello. Reprodução. Revista FON FON N 17, 1914 (bn.digital.gov.br)
Neste post, vamos recordar a inauguração do trem noturno para Águas Virtuosas, ocorrido em maio de 1908, e constatar o luxo desses vagões especiais.
Veja a seguir.
FOTOS DA LINHA DO TREM MARGEANDO O LAGO GUANABARA
Abaixo se vê o trajeto da via férrea contornando o lago de Lambari:
Esta outra foto indica o local onde Werneck pretendia construir a Estação Ferroviária de Águas Virtuosas (veja aqui)
O TREM NOTURNO PARA ÁGUAS VIRTUOSAS
Em 1908, a Estrada de Ferro Muzambinho inaugura o trem noturno para Águas Virtuosas, com "comodidades magníficas, verdadeiramente luxuosas", como diz a reportagem a seguir.
Nela há uma descrição pormenorizada dos dois carros dormitórios que passaram a ser utilizados.
É uma viagem no tempo!
Confira:
Reprodução. Trem interior 1a. classe da E.F. SAPUCAHY. Fonte: apm
para as mulheres.
pela grande caixa do tecto.
Fonte: O Paiz - 4, mai, 1908. (bn.digital.gov.br)
RECEPÇÃO DA IMPRENSA NO HOTEL MELLO
Conforme se vê da reportagem abaixo, a inaguração do trem noturno para Águas Virtuosas se deu em clima de festas, com inúmeros convidados, em comitiva, que foram recebidos com ruas enfeitadas, foguetes, banda de música, recepção no Cassino e lauta refeição no Hotel Mello.
Confira:
Ilustração: Véio com a camisa do Águas, assinada por diversas atletas do clube
Eita, Veiaco! Cê foi deixar a gente, sô!
Pois é, nosso amigo Véio — Egberto Nascimento — nos deixou.
Certamente — além de jogador inteligente e de um habilidoso pé esquerdo — foi o mais alegre e brincalhão dos amigos que jogaram futebol comigo.
Dificilmente se irritava, nunca o vi metido numa briga — em que pese a "língua ferina" — e os apelidos idem — que pespegava na turma do futebol e da sinuca.
De fato, ficou conhecida a Bitaca do Veiaco, como contamos abaixo, onde aprontava das suas!
Vá com Deus, grande amigo! (Que nunca se esqueceu de um aniversário meu, visto que em novembro ele sempre envelhecia antes de mim).
Deus te ampare e ilumine seus passos.
Maria de Nazaré conforte os seus familiares e os milhares de amigos que te querem bem!
Vá com Deus!
Egberto e esposa, em foto recente
Aqui no site GUIMAGÜINHAS contamos histórias inventadas pelo Veiaco na sua famosa bitaca...
Confira no link abaixo:
https://guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=57787
Algumas fotos de futebol de Egberto Nascimento o — Véio.
Ah, o apelido Véio, ele contava, veio da infância em razão dos cabelos louros claros, que lhe davam um ar de grisalho...
Águas de 1975, Véio aparece agachado entre Xepinha e Rubens Nélson
Véio chegou a jogar no juvenil do Flamengo de Varginha.
Ele é o segundo agachado na foto.
Veiaco, Guima e Jorginho Coca-cola, time do AVFC (1975)
Betinho, Guima e Véio - no time do Veteranos do AVFC,
campeão Sul Mineiro de 1981
Véio no time do Vasquinho de 1971, com Betinho, Motinha e Evaldo
Ilustração: João Bráulio Moinhos de Vilhena Júnior. Campanha, MG, 1860. Paris, 1908.
Fonte: Assembleia Legislativa de Minas Gerais
João Bráulio Moinhos de Vilhena Júnior era filho do ilustre Desembargardor João Bráulio Moinhos de Vilhena e Dona Manoela Augusta Capistrano D’Alkimim de Vilhena, filha de João Capistrano Rodrigues, filho primogênito de João Rodrigues de Macedo. Nasceu em Campanha, MG, em 23 de julho de 1860, e faleceu em princípios de 1908 em Paris.
Em 1890, fixou residência em Lambari, após ter clinicado na Capital Federal.
Pertenceu ao grupo político de Garção Stockler. Foi eleito deputado por diversas legislaturas, a partir de 1891, e no governo de João Pinheiro exerceu o cargo de Secretário de Finanças. Vinha sendo preparado para suceder seu chefe, indicado pelo PRM, Partido Rebublicano Mineiro, quando, em 1908, em missão oficial em Paris, veio a falecer num acidente de carro.
Segundo Tarcísio Brandão de Vilhena, o
Dr. João Bráulio Moinhos de Vilhena Júnior (foi) médico de reconhecida competência, jornalista brilhante, político de grande prestígio, orador fluente, parlamentar respeitado e atuante, e secretário de estado. Na imprensa, (fez) extraordinária obra literária (na qual) predominou a sua alma de poeta que a todos encantava.
Como literato e tribuno, é referido também por Martins de Oliveira, na sua História da Literatura Mineira (1913).
Em Águas Virtuosas de Lambari clinicou e trabalhou politicamente para o seu desenvolvimento.
Em Águas Virtuosas de Lambari, a partir de 1890, João Bráulio Júnior participou do grupamento político de Garção Stockler, João de Almeida Lisboa e Américo Werneck, tendo sido redator e co-fundador do jornal lambariense A Peleja, que publicava colunas políticas e artigos de propaganda da estância e de suas águas minerais.
A Peleja. 15, maio, 1898
Na atividade política, João Bráulio Júnior muito trabalhou pelo desenvolvimento de Lambari, como informa o memorialista José Nicolau Mileo:
O Paiz - 15, julho, 1903
Em 1906, assumiu a pasta de Finanças do Estado de Minas, na Administração de João Pinheiro (1906-1908).
O Malho - n. 207/1906 - bn.digital.gov.br
O CONSULTÓRIO E O INSTITUTO GINECOLÓGICO
A partir dos anos 1890, João Bráulio Júnior atuou em Lambari como clínico geral, cirurgião e crenólogo (especialista na indicação medicamentosa de águas minerais):
Fonte: novomilenio.inf.br
Ao lado do Dr. Rego Monteiro, fundou em 1896 o Instituto Cirurgico Gynecológico, especializado em moléstias das senhoras e dos órgãos genito-urinários do homem.
Reprodução. Propaganda do Instituto. João Bráulio Júnior prescrevia injeções de água mineral.
Fonte: Almanaque Laemmert, 1903 (gn.digital.gov.br)
Fonte: Anuário Minas Gerais, 1909
O GRUPO ESCOLAR QUE LEVA O SEU NOME
João Bráulio — como é conhecida a Escola Municipal Dr. João Bráulio Júnior, de Lambari (MG) —, é a mais antiga escola do município e formadora de gerações e gerações de lambarienses.
Quando foi criada, a instituição tomou o nome de Grupo Escolar da Vila de Águas Virtuosas, e, em 6 de junho de 1908, passou a ser denominada Grupo Escolar Dr. João Bráulio Júnior, em homenagem a esse grande benemérito de nossa cidade, falecido precocemente num acidente de carro em Paris.
Anuário de Minas Gerais - 1909/13
Grupo João Bráulio, anos 1960
Veja também:
Sobre seu falecimento, colhemos no blog Isto é Campanha, (apud Antonio Casadei) as seguintes informações:
A 23 de julho de 1.907. empreendeu viagem a Europa em Missão oficial do governo Mineiro para resolver assunto de natureza financeira do governo Mineiro e, também, para tratamento de saúde Em principio de 1.908 foi operado de antiga enfermidade, em LOUSSANNE, Suíça, pelo famoso cirurgião Dr. Roux.Regressando a Paris mais tarde, com seus familiares, sofreu gravíssimo acidente de automóvel, quando deixava um templo que fora visitar, próximo ao centro da cidade Luz, vindo a falecer., apesar dos socorros médicos, só se salvando a sua esposa, uma filhinha de pouca idade e uma criada que tambem ocupava o veículo sinistrado O prestigioso jornal Campanhense, “Munitor sul Mineiro”, em sua edição de 13 de julho de 1.908, estampou, com destaque, a seguinte notícia sobre a lamentável ocorrência: "Despachos telegráficos de Paris dão-nos a triste notícia do horroroso desastre de que foi vitima nosso caro amigo e ilustre conterrâneo, Dr. João Bráulio Moinhos de Vilhena Júnior e sua exma família, ao sair da Basílica do Sagrado Coração de Jesus, nos arredores de Paris e de seu falecimento em decorrência dos ferimentos recebidos. Dizem ainda os referidos despachos telegráficos que na tarde de 5 do corrente, o Dr. João Bráulio, sua esposa e uma filhinha de pouca idade, conduzida por uma criada, regressando de uma Igreja, de automóvel, quando o pneumático de uma das rodas arrebentou, fazendo com que o veículo capotasse e projetasse ladeira abaixo por uma distância de cerca de 10 métros. Socorridas as vítimas por populares, foram de imediato, recolhidas ao hospital Leviboisiére, onde apesar dos esforços médicos´, veio a falecer na tarde desse dia, salvando-se os outros passageiros do veículo”. O já citado jornal “Monitor Sul Mineiro” de 19 de julho de 1.908 dava, com detalhes, as seguintes informações da chegada dos restos mortais do inditoso médico Campanhense: “Como estava anunciado, chegou a bordo do vapor “AVON” o corpo enbalsamado de nosso ilustre conterrâneo, Dr. João Bráulio Moinhos de Vilhena Júnior, que no dia 5 de julho foi vítima de um desastre de automóvel em Paris. O cadáver do malogrado brsileiro foi acompanhado pela viúva, uma filhinha e mais um filho que estudava na Alemanha.” {* Na verdade, estudava na Suíça} |
No livro Ruas de Lambari, de José Mileo, encontramos este resumo biográfico de João Bráulio Júnior:
Veja também:
Ilustração: Visita ao Museu Américo Werneck para entrega da planta de Águas Virtuosas ao tempo de Werneck (1909)
Visitamos ontem as dependências do MUSEU AMÉRICO WERNECK no Parque das Águas para entregar ao acervo daquela instituição o seguinte:
Este é o registro desta visita.
Confira.
A PLANTA - ÁGUAS VIRTUOSAS AO TEMPO DE WERNECK
Como anotamos aqui no site GUIMAGÜINHAS (ver link 1, a seguir), em 1909, tão logo assumiu a prefeitura de Águas Virtuosas, Américo Werneck providenciou a planta cadastral da vila, a qual tomou como base dos projetos das obras a executar para melhoramento da localidade.
Essa planta pertencia ao acervo de Bibiano José Carvalho da Silva Rocha e nos foi emprestada para a elaboração da série de posts que discriminamos abaixo, com o compromisso de, posteriormente, entregá-la ao acervo do nosso museu.
Pois bem, após afixá-la numa bela moldura de madeira, gentilmente cedida pela Madeireira Levi, fizemos ontem a entrega dessa peça única ao Museu Américo Werneck.
O LIVRO - PEQUENA HISTÓRIA DE ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARI
Aproveitando a visita acima, deixamos também para o acervo do Museu Américo Werneck um volume do nosso livro PEQUENA HISTÓRIA DE ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARI, no qual fizemos um resumo didático de 300 anos de história de nossa cidade.
Esse livro enfeixa os 10 fascículos da Coletânea PEQUENA HISTÓRIA DE ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARI, quais sejam:
Esses fascículos, no formato e-book, estão disponíveis gratuitamente no site GUIMAGÜINHAS, neste link: https://guimaguinhas.prosaeverso.net/ebooks.php
No formato impresso, tanto os fascículos quanto a edição econômica (que consolida os fascículos acima) estão à venda na editora UICLAP, neste link: https://uiclap.bio/guimaguinhas
- Planta da Villa de Águas Virtuosas - Mandada organizar pelo exmo. sr. Prefeito Municipal Dr. Américo Werneck - 1909
- Pequena história de Águas Virtuosas de Lambari. Antônio Carlos Guimarães. Editora UICLAP, SP, 2022
- RESUMOS DA HISTÓRIA DE "ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARY" - Pontos da história de Lambari - aqui
- Nossos agradecimentos ao Bibianinho Rocha pelas informações, pela cessão da planta histórica e pela amizade e atenção com que nos trata.