Ilustração: Reprodução. Recorte da planta cadastral da Villa de Águas Virtuosas, ao tempo do prefeito Américo Werneck (1909), mostrando o rio Mumbuca em seu trajeto pelo centro da cidade com seu leito retificado, bem como, na linha tracejada, em seu trajeto original. Acervo de Bibianinho Carvalho Rocha.
No número 1 desta série sobre a Planta cadastral mandada organizar por Américo Werneck em 1909, falamos sobre a área central e o Parque das Águas de Lambari (veja aqui).
Neste número 2, vamos enfocar o ribeirão Mumbuca.
Vamos lá.
Mumbuca, nos dicionários, significa uma
Para os lambarienses, é o riozinho que corta a cidade, e que já foi chamado de Ribeirão Lambarizinho e Lambari Pequeno.
Em 1860, seu curso foi modificado, pois, em épocas de cheias, com frequência as águas invadiam as fontes das águas minerais. [*]
[*] Ainda nos dias de hoje, por vezes, ocorre essa invasão.]
A cidade de Lambari localiza-se no Vale do Mumbuca, numa depressão em que foram descobertas, em 1780, as fontes de águas minerais.
A cidade — com 901 metros de altitude, circundada por serras, morros e colinas — se desenvolveu ao redor das fontes, no côncavo da baixada formado pelo vale do Ribeirão Mumbuca, que cruza toda a zona urbana de oeste para leste.
Mapa de acidentes geográficos. Reprodução (Internet, com adaptações)
O Ribeirão Mumbuca em seu longo percurso atravessa o vale que ora se estreita, ora se alarga, tomando feição assimétrica. Em sua parte mais larga se situa a região central da cidade, encravada entre serras e montanhas que a protegem dos fortes ventos.
O Mumbuca nasce no bairro Mantiva, passa pelos bairros Mumbuca e Jacu, recebe águas dos córregos: Barreiro, Lobos e do Lago Guanabara, passa pelo bairro Serrote e deságua no Rio Lambari, município de Jesuânia, MG.
À esquerda do Ribeirão Mumbuca empina-se a Serra das Águas, cuja altitude varia de 1200 a 1350 metros. À direita do Mumbuca, em faixa de terreno menos acidentada, no entorno das fontes de água mineral, desenvolveu-se o centro da cidade, com ruas planas, cruzadas por ruas mais íngremes.
Reprodução. SIGA - Circuito das Águas/CODEMGE
AS CHUVAS E O DESVIO DO RIO MUMBUCA
Em 1834, os poços das duas nascentes de águas minerais de Lambari não possuíam nenhuma proteção e se localizavam em um largo denominado Largo da Fonte.
Com as chuvas, os poços costumavam ser invadidos pelas águas do Ribeirão Lambarizinho (atualmente, Mumbuca).
Em 1850, os poços foram protegidos por esteiras, para evitar a queda de pequenos animais. [MILÉO, 1970, págs. 25-26]
Em 1860, deu-se o desvio do Rio Mumbuca, então vizinho às fontes. [CARROZO, 1998, p. 72]
Obras de mudança do curso do Rio Mumbuca. Trecho em frente da atual Praça da Fonte Luminosa. Anos 1860. Reprodução colorizada. Fonte: Museu Américo Werneck
Na mapa abaixo, figura o Rio Mumbuca no seu novo leito (desviado nos anos 1860).
Veja também, na linha tracejada, o curso do antigo leito, que ficava no trecho de terreno em que foi construído o Parque Wenceslau Braz (Parque Novo).
Note-se que inauguração do Parque Wenceslau Braz, em 1911, Werneck aproveitou parte da água do Mumbuca fazendo-a serpentear por sobre a área do novo parque, formando pequenas ilhotas.
Confira nesta foto da época águas desviadas do Mumbuca serpeando nos terrenos do Parque Novo:
Parte da água do rio Mumbuca serpenteava pela área do Parque Wenceslau Braz, formando pequenas ilhas
O Rio Mumbuca, da Ponte do Parque Hotel até defronte os jardins do Condomínio Imperial
o Rio Mumbuca segue em linha reta do Posto Gregatti até as Duchas