Guimagüinhas
Memórias familiares e de minha terra natal
Meu Diário
28/05/2013 14h46
Literatura de Aguinhas (9) - Correspondência de Henriqueta & Mário

Num romance de Autran Dourado, certo personagem, ao refletir ante as dificuldades do ofício de escritor, diz que "nunca recebera cartas de Mário" - vendo-se, assim, como um "desafortunado da literatura", visto que Mário de Andrade correspondera-se com tanta gente.

A verdade é que Mário praticava com grandes personalidades do romance, da poesia, das artes, da música, o que chamava de "epistolomania". E nessa correspondência, de tão variados  temas, ora teorizava, ora provocava, ora criticava, ora palpitava, ora pontificava como mestre ou como orientador. Na literatura, correspondeu-se com vários escritores e poetas, eles eles: Carlos Drummond, Manuel Bandeira, Fernando Sabino, Oswald de Andrade, Cecília Meirelles, Pedro Nava, Sérgio Buarque de Holanda.

O mesmo Dourado disse que as noites e dias de dedicação a que Mário se entregava em sua faina epistolar certamente lhe roubaram precioso tempo para cuidar de sua própria obra poética e literária, conquanto essa seja extraordinária. De qualquer modo, a epistolografia de Mário de Andrade - correspondeu-se com cerca de 1.100 pessoas! - possivelmente está entre as maiores do mundo. (1)

Mas sua correspondência com Henriqueta Lisboa possui características peculiares. O poeta Affonso Romano de Sant'Ana diz que Mário disputava com os autores homens, mas com Henriqueta "ele confessava. Ela era o seu divã." (2).

E é ainda Sant'Anna, mineiro de Belo Horizonte, quem confessa esta delicada lembrança de seus tempos de estudante sobre a nossa Henriqueta:

Conheci Henriqueta Lisboa. Levemente. Discretamente. Sem aproximar-me muito. Para minha geração, ela era um ícone mineiro do modernismo, como o Emílio Moura e seu cigarro de palha. Então, eu a via num ponto de ônibus e admirava-a em seu silêncio. Via-a passando no saguão da faculdade e me parecia que ela apenas pousava na realidade. Devo ter conversado com ela (breve e respeitosamente) uma ou outra vez. Insuficientemente.

Ela era irmã do José Carlos Lisboa, que nos dava aula de literatura espanhola na Faculdade de Letras, sediada em três andares doEdifício Acaiaca. Era cunhada do professor Lourenço, que nos dava latim. Era irmã de Alaíde Lisboa, que nos ensinava pedagogia. Dizia-se que tinha, na cabeceira da cama, um retrato de Mário de Andrade coberto com um véu de casta paixão. E me penitencio de não a ter procurado mais e não ter desvelado por ela minha admiração. (2).

Pois bem, a citada correspondência entre ambos foi objeto de um livro - cuja capa encima este post -, numa bela e minuciosa edição de Eneida Maria de Souza, que mostra

o ritmo intenso da interação entre os dois escritores, e o aparente paradoxo de duas personalidades tão distintas, com projetos literários muito diferentes, [abrindo-se] a confidências e reflexões marcadamente pessoais, num nível de franqueza e complexidade raras vezes alcançado [...] (3).

E aqui queremos destacar do livro um pequeno ponto que interessa à nossa terra - Aguinhas, qual seja: um cartão postal que a lambariense Henriqueta enviou a Mário de Andrade, no Natal de 1943: (4)


(1) http://veja.abril.com.br/060897/p_132.html

(2) Henriqueta e Mário. Affonso Romano Sant'Anna. [Artigo]. Estado de Minas, 16, mai, 2010.

(3) Correspondência Mário de Andrade & Henriqueta Lisboa. Organização, introdução e notas de Eneida Maria de Souza. São Paulo : Editora Peirópolis : EDUSP, 2010.

(4) https://www.ufmg.br/online/arquivos/015918.shtml


Monografia sobre Henriqueta Lisboa: aqui

Publicado por Guimaguinhas
em 28/05/2013 às 14h46
 
28/05/2013 07h34
Condomínio Imperial

No livro Abigail [Mediunidade e redenção], há um capítulo no qual narro determinado momento da vida da personagem em que ela, seus pais e um irmão trabalharam no Hotel Imperial. Eis alguns trechos:


Um pouco mais à frente, Margarida conseguiu emprego como arrumadeira no Hotel Imperial, e a família pôde alugar a parte de cima da casa e sair daquele porão sufocante. Algum tempo depois, também Abigail foi trabalhar no mesmo hotel: com sua letra bonita conquistou vaga na portaria, onde era responsável pelo cofre, setor no qual se registravam e guardavam os objetos de valor dos hóspedes. José melhorou, mas não podia pegar serviço pesado. Experimentou, então, trabalhar de empregado. Foi ser guarda-noturno no Hotel Imperial. Rondava os fundos do prédio, na Parada Mello [...]
...........................
Na seca, Joãozinho ia carrear com o pai; nas temporadas, trabalhava de comi (*) no Hotel Imperial, e, nessas ocasiões, o Dé, então com dez para onze anos, é quem lhe cobria as faltas na farmácia dos Lisboa. (1). 

Ainda em Abigail [Mediunidade e redenção], conto que minha avó materna [Margarida] foi funcionária do Hotel Imperial e do Grande Hotel. No Imperial, trabalhou na rouparia e lavanderia; indicada por Tereza, mulher do maître Paulo Hanzgruber, veio a substituí-la no posto de governanta geral, e nessa função foi que se aposentou. E assim também lá trabalhou minha tia Irene, irmã de meu pai, que chegou a explorar, juntamente com Darci, seu marido, e por um bom tempo, uma lanchonete no Imperial, isso já na fase do condomínio. E, acrescento também, que em post anterior (2), narrei algumas peripécias do menino-serelepe nesse mesmo hotel. 

Cito esses fatos para registrar a grande ligação de minha família, pelo lado paterno, com o Imperial, e bem assim dos netos de Margarida, que vivemos boa parte de nossa infância nas suas dependências. Por todas essas razões, o fechamento do hotel e sua transformação em condomínio foi um momento de grande tristeza para todos nós.

Tal fato se deu em 1963, e os anúncios de venda, de página inteira, foram publicados nos maiores jornais do País. Na Folha de S. Paulo apareceram nas edições de 3 e 10 de março de 1963. Uma semana após o primeiro anúncio, 70% dos apartamentos já haviam sido vendidos! (3)

Eis o anúncio publicitário na edição de 10 de março de 1963 do jornal Folha de S. Paulo:



(*) Do Vocabulário de Aguinhas: Comi = Auxiliar (aprendiz) de garçom.

(1) Cap. 20 - Hotel Imperial, do livro ABIGAIL [Mediunidade e redenção], de Antônio Lobo Guimarães, pseudônimo com que Antônio Carlos Guimarães (Guima, de Aguinhas), assina a coletânea HISTÓRIAS DE AGUINHAS. Veja o tópico Livros à venda.

(2) V. o post Hotel Imperial, neste link: http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=37406

(3) Colaboração de Wagner Augusto, amigo de Lambari, do Imperial e leitor destas páginas eletrônicas.

Publicado por Guimaguinhas
em 28/05/2013 às 07h34
 
27/05/2013 16h34
Aguinhas elegante (1)

SUMÁRIO


Introdução

 

Lambari viveu épocas gloriosas no tempo do jogo, dos hotéis cheios, do Cassino das Fontes, das bandas famosas, dos bailes elegantes, dos veranistas que faziam um mês inteiro de Estação de Águas. E o nosso Cassino do Lago, se não serviu ao jogo - visto que funcionou como cassino por uma única noite -, foi palco de eventos inesquecíveis: bailes, desfiles, formaturas, atividades culturais.

 


 

Do semanário Sputnik, de 26/02/1961


Fotos

As fotos abaixo resgatam um pouco do charme desse tempo. A maioria delas me chegou por meio de minha colega Auditora-Fiscal aposentada Jandira Adami Neves de Carvalho, cuja família é de Santa Rita do Sapucaí. Escritora e poeta, possui diversos livros publicados e é membro da Academia de Letras, Ciências e Artes de Santa Rita do Sapucaí. (1)

Jandira - ou Janda, como gosta de ser tratada - trabalhou em Lambari no final de 1950, início dos anos 1960, na Coletoria Federal. Foi Miss Simpatia Embaixatriz do Turismo, representando nossa cidade em diversos eventos, e aqui deixou amigos com os quais ainda mantém laços. Seus padrinhos de casamento são lambarienses: Maria de Jesus Viola (Juju) e Lalica e Benedito da Silva Guerra.

Foram anos glamurosos, e, além de Janda, podem-se citar outras participantes desses concursos, como Cidinha Araújo, Marluce Krauss e Dayse Nunes, também modelos de beleza e simpatia das mulheres de Aguinhas dos anos 1960.

Vejamos alguns desses momentos de uma antiga e elegante Aguinhas:



                          

      Jandira Adami, no Desfile Bangu, com 17 anos                           Desfile Confecções Freitas, 1958

Jandira - Desfile Imperatriz das Sedas, 1960

                              

Jandira eleita Miss Simpatia, numa festa de N. S. Saúde       Como Embaixatriz do Turismo, em Poços de Caldas

                                                    Jandira e outra participante desfilando no Concurso Miss Elegante

(1) http://www.berju.uaivip.com.br/


Índice da Série

Aguinhas elegante 2: aqui

Aguinhas elegante (3) aqui

Aguinhas elegante (4) - O Cassino das Fontes aqui

Aguinhas elegante (5) - Bailes e noites dançantes no Cassino das Fontes aqui

Publicado por Guimaguinhas
em 27/05/2013 às 16h34
 
26/05/2013 06h42
Hotel Imperial - Índice da Série Hotéis de Aguinhas

SUMÁRIO


Apresentação

Este post sobre o Hotel Imperial inicia a Série Hotéis de Aguinhas, cujo índice vai ao pé desta página, neste link.


Hotel Imperial

Em o Menino-Serelepe* conto várias passagens de minha infância vividas no sobradão do Pai Véio, meu avô paterno. O velho sobrado se situa(va) ao lado do Hotel América e em frente ao Hotel Imperial. O América não existe mais, o Imperial virou condomínio, mas o sobradão ainda continua lá...

Esse local foi um ponto privilegiado de amigos e de brincadeiras, e até hoje tenho vivas as imagens da turma, das lutas e jogos de bola com os veranistas, e a aventura - certamente única - de brincar escondido no túnel do Rio Mumbuca e nas dependências internas do Hotel Imperial.

Aqui vai um resumo dessas memórias, ilustradas por fotos.

Eis como narro o sobradão e a brincadeira dos trolinhos de cabos de vassoura:

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O sobradão do Pai Véio e os trolinhos de cabos de vassoura

Na minha infância, vó Margarida morava com a tia Irene mais tio Darci mais os filhos num sobrado enorme e já muito danificado, que conhecera dias melhores em século passado, situado em frente ao Hotel Imperial, e por esse tempo a família ocupava os três andares da metade esquerda do edifício. Nessa casa, nasceram todos os filhos da tia Irene: Beto, Dedei, Randolfo, Darcirene, Elisângela, e nela também se criou o Marcelino, filho adotivo dos meus avós. O andar de cima do sobradão era alcançado por uma enorme e empinada escada de madeira, da qual a criançada, pra descer, nunca usava os degraus: escorregava-se pela peça que arrematava os cantos da escada, com as mãos agarradas nos dilatados corrimões.

E foi depois de muito negociar, com intercessão do pai, do Pai Véio, da vó Cema, que mãe concedeu que eu, já morando na cidade, pudesse ir sozinho à casa da vó Margarida brincar com os primos da banda de lá. E ali formei nova turma de amigos: Beto, Ike, Carzalberto, Marquinho, Toninho, Zé Maria, Dimas e mais umas meninas irmãs desses meninos, além da Regina, filha da dona Zuza. E o cenário das brincadeiras e das artes se expandiu. Pra resumir e pra contar só o diferente, se brincava de trolinho de cabo de vassoura que a gente fabricava pra descer, a jato, o morro da Paradinha Melo. Os trolinhos eram dois cabos de vassouras postos em paralelo, com a parte de baixo untada de sebo de vaca, travados pelo assento e pelo apoio de pé, feitos de madeira. Na lateral do assento, preso por um prego grande, um toco de madeira revestido de pneu, formando uma manivela, que quando acionada tocava o chão, frenando os trolinhos. A pista: o inclinado passeio em frente ao Hotel Imperial, que começava na Parada Melo e terminava fronteiro à porta do sobradão da vó. O trolinho era montado de forma a se encaixar perfeitamente na greta do passeio, que era feito de ladrinhos lá da fábrica do seu Tonico Fernandes.

Do Posto Gregatti, que ficava logo abaixo do sobradão, vinha o óleo para lubrificar as fendas da calçada, que antes eram lavradas, alargadas e aparadas por meio de uma ferramenta improvisada, feita de cinta metálica, do tipo com que antigamente se lacravam os caixotes de mercadorias. E aí se organizavam disputas e campeonatos ferrados. Arranhões, escoriações, a toda hora aconteciam; saía-se, às vezes, meio esfrangalhado, mas de quebraduras, não me lembro.

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Sobradão do Pai Véio, em frente ao Hotel Imperial. Na foto, pode-se ver o alpendre do sobradão e a descida da Parada Melo (passeio do centro), onde brincávamos de trolinhos de cabos de vassoura.


Outras brincadeiras e o Hotel Imperial

Noutro trecho do livro, falo de mais brincadeiras e das aventuras no Hotel Imperial:


Por essa época se deu o fechamento do Hotel Imperial, que viria a ser  transformado num condomínio, e o colossal prédio, por uns bons tempos, ficou sem receber ninguém e praticamente deserto, só alguns funcionários trabalhando na manutenção. E nessa instalação gigantesca do Hotel Imperial é que se dava uma das nossas mais fantásticas brincadeiras — o pique-esconde. Iniciávamos pelas cercas de ciprestes próximas ao sobradão, depois saltávamos a mureta do hotel ou trepávamos à laje que dava ao primeiro andar do edifício, entrávamos pelos salões, subíamos pelas escadarias, corríamos pelos extensos corredores. E isso, muitas vezes, à noite. Poucas crianças tiveram espaço tão especial pra brincar de pique-esconde quanto essa turma da rua da casa da vó Margarida. E a brincadeira ia mais longe, pois fazíamos também umas “excursões” que ficaram famosas. Escondidos, andávamos por todos os ambientes do hotel. Penetrávamos no Rio Mumbuca nos fundos do Posto Gregatti, subíamos o rio por sob o túnel e saíamos do outro lado, escalávamos o paredão de tijolos para acessar o antigo cinema do hotel e dali íamos “excursionando”, começando pelo próprio cinema, e depois pelos salões de jogos — que Aguinhas foi cidade onde a jogatina reinou até os anos 40 — pelos jardins, pelas quadras, pelo terreno da caldeira, pela piscina, pelos jardins internos. Depois escalávamos o barranco que dava pros lados da casa do Copide, cruzávamos a cerca-viva de cana-da-índia, saltávamos no leito da linha do trem, percorríamos um trecho até a Parada Melo e por ela reentrávamos no Hotel Imperial, que ali havia um acesso para os passageiros que chegavam de trem. Mas por esse tempo, já trem não havia mais.

Nesse túnel do Rio Mumbuca a turma chegou a manter um esconderijo, feito de objetos duramente catados ao fundo do rio: restos de concreto, tijolos, pedras, que, acumulados, formaram uma elevação na qual durante muito tempo brincamos e pescamos mandis, cascudos e lambaris. Bons tempos aqueles, pois o rio Mumbuca não era ainda tão poluído quanto atualmente.

Na circunvizinhança do Hotel Imperial, nos tempos em que esse assim funcionou, a turma da rua também brincava de coisas mais amenas, como pescar no laguinho do Parque Novo, rodar arquinho (aproveitado de recortes de latões de leite da fábrica do Biaso), bulir com o papagaio da dona Alzira, fazer desenhos de carvão nos muros, bater pelada contra os cariocas, jogar pingue-pongue e bolinha de gude. Ah, e havia também uma “coleção” que inventamos — a de automóveis rabos-de-peixe que consistia no seguinte: cada um que avistasse primeiro os Cadillac, os Oldsmobile, os Studbaker, os Buick, os Ford, enfim, qualquer daqueles vistosos carros de pneus de banda branca dos anos 50 e 60, punha-os na sua “coleção” — e ninguém podia “roubar”. E ficava à frente do jogo quem mantivesse “coleção” mais exuberante, que variava ao sabor das idas e vindas dos veranistas...

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Automóveis rabos-de-peixe estacionados no Hotel América, que eram objeto de nossa "coleção"...


O Hotel Imperial visto dos fundos, e a Parada Melo vista de frente


Balneário que funcionava nas dependências internas do Hotel Imperial. Ao fundo, a chaminé da caldeira


Fundos do hotel, visto da Praça da Liberdade (fonte luminosa)


Vista da piscina do Imperial


Os luxuosos corredores internos do Hotel Imperial


Veranistas nos jardins internos do Hotel Imperial


Boliche - com a transformação do hotel em condomínio, parte do Imperial foi desativada, como o cinema. E nesse espaço surgiram o boliche e a boite Tic Tac.


(*) Esta narrativa faz parte do livro Menino-Serelepe - Um antigo menino levado contando vantagem, uma ficção baseada em fatos reais da vida do autor, numa cidadezinha do interior de Minas Gerais, nos anos 1960.

O livro é de autoria de Antônio Lobo Guimarães, pseudônimo com que Antônio Carlos Guimarães (Guima, de Aguinhas) assina a série MEMÓRIAS DE ÁGUINHAS. Veja acima o tópico Livros à Venda.


Referências:

http://floradaserra.blogspot.com.br/2012/03/turismo-nostalgia-lambari.html

http://www.flickr.com/photos/andre_decourt/2341498815/

Youtube - Piscina do Imperial


Veja também Condomínio Imperial - http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=37428


Índice da Série Hotéis

Publicado por Guimaguinhas
em 26/05/2013 às 06h42
 
25/05/2013 07h18
SOL - Sociedade Olímpica de Lambari - Atividades esportivas dos anos 1960

 

Em o Menino-Serelepe conto uma história verdadeira, envolvendo um atleta da antiga SOL - Sociedade Olímpica de Lambari. Ei-la:

Certo dia, tio João fazia uma lavagem de ouvido no De Paula, um jogador de basquete do time da Sociedade Olímpica – SOL, que por aqueles tempos era quase imbatível nas Olimpíadas de Campanha. De Paula, um gigantão vendendo saúde, de quase dois metros de altura, tinha orelha da mesma gramagem... (Ô lasquera!)

Tal lavagem era feita com uma mistura de água e vaselina líquida, amornada num fogareiro a álcool, que eu ajudava a preparar. Para a aplicação, se utilizava uma seringa grande com uma agulha grossa. E eu lá assistindo, botando sentido, pra modo de aprender. Quando terminou a aplicação, eu que mineiramente costumava dar meus pitacos e com jeitinho metia a colher em assuntos de adulto, perguntei: — Tem perigo não, tio, de a agulha sair quando ocê injeta? Tio João, meio de veia torta, respondeu na feição: — Não fica querendo passar de pato a ganso, menino! Quando engrossar o cangote, ocê pode dar palpite. Tem perigo não. Quer ver? E, mirando a seringa com um resto da mistura na porta do quartinho de injeção, apertou forte o êmbolo e... plaft! a agulha voou longe e fincou na madeira. Desse dia em diante, tio nunca mais fez uso da agulha em tal tipo de aplicação. (1)

Por essa época [anos 1960], a quadra da antiga SOL era movimentadíssima: basquete, vôlei, futebol de salão... As Olímpiadas de Campanha e a grande rivalidade regional com Cambuquira, Caxambu e Campanha, entre outras, assopravam a flama esportiva lambariense: as torcidas se organizavam e acompanhavam os treinos e os jogos, os Montas reforçavam o time de basquete, a cidade inteirinha se envolvia com os jogos.

Depois, por um longo período, a quadra da SOL ficou inativa. Durante esses anos de abandono, os meninos pulavam o muro e batiam lá suas peladas. Mas, nos anos 1980, houve uma revitalização e muitas atividades e torneios foram realizados.

Durante os anos de atividade, alunos do ginásio faziam lá sua ginástica; times do Águas faziam exercícios e aquecimentos; times mirins de futebol de salão treinavam e disputavam torneios. Em algum tempo, recebeu campeonatos internos de futebol de salão e de vôlei. Há poucos anos, transformou-se num ginásio coberto da prefeitura.

Deixemos algumas fotos contarem um pouco dessa história:

Equipe ÁGUAS VIRTUOSAS. Na foto, entre outros: RELI, CAETANO, ROBERTO, MIGUEL IGNÁCIO (MONTA), GILBERTO  ARAÚJO (BODINHO), CRISÓSTOMO. AGACHADOS: MARCOS VIOLA, GILBERTO LEITE, DANIEL PASQUALIN, NAMBU, EGIDINHO MILEO.

Equipe representante de Lambari, com uniforme emprestado. Na foto, DE PÉ: CRISÓSTOMO, CAETANO, GILBERTO LEITE, ROBERTO, MIGUEL IGNÁCIO (MONTA) E JUCÃO. AGACHADOS: RELI, MARCOS VIOLA, EGIDINHO MILEO, DANIEL PASQUALIN, GILBERTO ARAUJO (BODINHO)

Equipe da S.O.L. Outubro de 1965. Na foto: DE PÉ: ROBERTO, CAETANO, GILBERTO LEITE, MIGUEL IGNÁCIO (MONTA), CRISÓSTOMO. AGACHADOS: RELI, CARLOS ABBUD, DANIEL PASQUALIN, EGIDINHO MILEO, GILBERTO ARAUJO (BODINHO), MARCOS VIOLA E DR. NELSON MIRANDA.


Na foto, entre outros, em pé: Ieié, Cláudio, Carlinhos Castilho. Agachados: Alexandre, Celinho.

Na foto, entre outros, em pé: Ferreirinha, Picolé, Broa, Carlinhos Castilho. Sentados: Bodinho, Vicente, Marcos.

Vôlei feminino, anos 1980.

Vôlei feminino, anos 1980.

Premiação/comemoração, anos 1980.

Time do Cruzeiro, anos 1980: Lambari, Dimas, Luizinho, Betinho, Tucci, Celinho e Biguá.
Agachados: Rubens Nélson, Flavinho, Kit, Marcos e Picolé.

Time da ABI, anos 1980: João Batista, Egídio, Miltinho, [?], Paulinho, Guima e Gílson.


(*) Na foto de abertura, Maria Emília Salles, atleta de futebol feminino, com a camisa da SOL.

(**) Veja o texto SOL - Subsídios para sua história, neste link:

http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=37680


(*) Se você, caro(a) visitante, tiver notícias, informações, casos e fotos dessa época, ou quiser fazer alguma correção ou complementação ao texto aqui publicado, entre em contato conosco neste e-mail: historiasdeaguinhas@gmail.com


(1) Esta narrativa faz parte do livro Menino-Serelepe - Um antigo menino levado contando vantagem, uma ficção baseada em fatos reais da vida do autor, numa cidadezinha do interior de Minas Gerais, nos anos 1960.

 O livro é de autoria de Antônio Lobo Guimarães, pseudônimo com que Antônio Carlos Guimarães (Guima, de Aguinhas) assina a série MEMÓRIAS DE ÁGUINHAS. Veja acima o tópico Livros à Venda.

Publicado por Guimaguinhas
em 25/05/2013 às 07h18
Página 104 de 114

Espaço Francisco de Paula Vítor (Padre Vítor)

 

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