Guimagüinhas
Memórias familiares e de minha terra natal
Meu Diário
10/01/2020 11h53
QUEM VAI CONTAR AS PEQUENAS HISTÓRIAS? Dicas para escrever seu livro de memórias

 Ilustração: Escrever memórias. Antigas cartas e fotos e postais: Fonte: Pixabay


QUEM VAI CONTAR AS PEQUENAS HISTÓRIAS?1253689.png

SUMÁRIO

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APRESENTAÇÃO

Quem vai escrever as pequenas histórias, os fatos da parentalha, os causos e os modos de dizer da nossa gente, os acontecidos de Aguinhas? Quem vai recolher os caquinhos da memória, a lembrança das pequenas coisas que todo mundo esqueceu? Quem vai dar voz aos nossos antepassados? Quem vai se lembrar daqueles que não têm história pra contar? Quem vai contar nossa luta, nossa vivência, nossa terra, nossos amores, nossa sorte, nossos azares?

Não vão ser os grandes escritores, é claro. Mas eu gostaria que fosse alguém que narrasse soltinho, sem pensar em fazer literatura, que isso é coisa de poucos. Alguém que o fizesse numa prosinha esquadrejada e fácil, desempenada e leve, lixadinha, boa de ler. Enfim, bem acabada, no capricho, que nem se fosse uma peça aprontada por um desses carapinas que têm sentimento pelo que faz. Só isso, nem um soprinho a mais.

Palavras de JOSÉ BATISTA GUIMARÃES, a quem os netos chamavam de Pai Véio (pai mais velho), postas na página de abertura do site GUIMAGÜINHAS


Meu avô Zé Batista, contador de histórias e inspirador deste site


Aqui no site GUIMAGÜINHAS — espaço eletrônico no qual conto minhas histórias, histórias dos outros e de nossa Águas Virtuosas de Lambari —, tenho estimulado aos visitantes e àqueles que interagem conosco pelas redes sociais (e-mail, Facebook, Whatsapp) a que contem suas pequenas histórias, os fatos da parentalha, os causos e os modos de dizer da sua gente, os acontecidos do lugar em que nasceram, como diria o meu avô contador de histórias.

Vejam-se estes exemplos:

  • "Quem vai narrar as pequenas histórias - Mensagem inicial deste site - aqui
  • Como escrevi o "Menino-Serelepe" - aqui
  • Estímulo a que sejam contadas as histórias dos antepassados - aqui

Pois bem, volto ao tema para falar da importância, dos meios de realização e das ferramentas eletrônicas para escrever e publicar

  • memórias pessoais,
  • recordações da família e
  • história das instituições a que pertencemos.

Vamos lá.


Meu planejamento para contar as Histórias de Aguinhas

Meu primeiro planejamento para contar as Histórias de Aguinhas. Fonte: Como Minas, Aguinhas são muitas, do livro Menino-Serelepe. Disponível aqui


Antes de prosseguir...

Para contextualizar o tema deste post, examine este artigo: 

  • 20 razões para escrever suas memóriasescrito em inglês por Carmen Nigro e traduzido pelo site BPM - escritas da vida.

O texto fala da possibilidade de se trabalhar com historiadores pessoais (profissionais ou empresas que elaboram biografias, perfis, livros históricos de empresas, etc.), mas há informação útil para quem quer escrever a própria história ou de seus familiares, empresas, organizações, etc.

Confira aqui:

 20 razões para escrever suas memórias

Qual a importância da preservação das histórias de famílias e organizações e das nossas próprias histórias de vida? 

Em artigo publicado no blog do New York Public Library, a bibliotecária Carmen Nigro enumera 20 razões pelas quais indivíduos, famílias e organizações devem considerar trabalhar com um historiador pessoal para preservar suas histórias.

Disponível aqui: https://edicoesbpm.com.br/2807/

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QUE MEMÓRIAS?

O ato ou efeito de lembrar chama-se memória.  Memória é também: lembrança, recordação, reminiscência, rememoração. Por definição, memória é a capacidade do ser humano em reter as ideias, as experiências, as impressões.

Assim, quando você se perguntar: — quais são as minhas memórias? — verá que elas são múltiplas e incontáveis: pessoas, personagens, nomes, modos de falar, datas, lugares, edificações, propriedades, atividades, profissões, livros, documentos, e bem assim as narrativas, histórias e experiências emocionais ligadas a tudo isso.

Exemplificativamente, para ativar o cérebro à cata de lembranças, podemos citar:

  • Família: pessoas, nomes, histórias, expressões e linguagem familiares, genealogia
  • Documentos e objetos: registros civis, cartas, diários, fotografias, relíquias, medalhas, álbuns e livros de família
  • Ambientação física: casa (quintal, vizinhança, bairro); cidade (vias, praças, parques, arredores); estabelecimentos (fábricas, lojas, escolas, igrejas, cinemas, boates, bares, restaurantes, museus); imóveis rurais (chácara, granja, sítio, fazenda, plantações, instalações, maquinaria, currais); natureza (matas, rios, córregos, lagos, cascatas)
  • Meio sócio-educativo: criação e educação: lições, aprendizados, livros, brincadeiras, histórias
  • Pessoas: educadores, amigos(as), amores platônicos, namoradas(os), membros da comunidade, pessoas destacadas, pessoas engraçadas, pessoas humildes (mendigos, pedintes)
  • Diversões: passeios, férias, parque de diversões, circo, animais domésticos, jogos
  • Organizações: o negócio e a igreja da família; as escolas; as instituições públicas
  • Experiências emocionais: sonhos, desejos, sentimentos, impressões, intuições, conquistas, frustrações, decepções, conflitos, crises, medos, bullying
  • Decisões de futuro: estudo, profissão, negócios, mudanças, laços, desenlaces...

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E QUEM VAI CONTAR NOSSAS HISTÓRIAS?

(...) acreditamos que todos nós podemos (e devemos) contar as pequenas histórias dos nossos verdes (ou em amadurecimento) anos e os fatos e os modos de dizer e viver da parentalha.

É uma maneira prazerosa de guardar e reverenciar a memória dos ascendentes e deixar aos descendentes as narrativas que vão fortalecer os laços familiares e ser-lhes útil ao crescimento emocional, pessoal e espiritual.

GUIMAGÜINHAS


Como se viu acima, à pergunta que abre este tópico, meu avô teria respondido: — Não vão ser os grandes escritores, é claro.

Sendo assim, quem poderia contar nossas histórias de vida?

E ele que tinha resposta pra tudo, frisando as palavras, diria:  — ... alguém que narrasse soltinho, sem pensar em fazer literatura, que isso é coisa de poucos.

Desse modo, cada um de nós estamos sendo estimulados a contar as pequenas histórias dos verdes (ou em amadurecimento) anos e os fatos e os modos de dizer e viver da parentalha. 

E podemos fazer isso partindo de nossas próprias memórias, mas é certo que devemos procurar outras fontes e meios, como

  • entrevistar os mais velhos,
  • pesquisar documentos, fotos, registros,
  • (re)visitar lugares,
  • recordar velhas histórias,
  • trazer à memória acontecimentos antigos — alguns até desconfortáveis, doídos...

E para isso nunca houve tantos recursos como os que a tecnologia atualmente nos oferece.

De fato, temos hoje 

  • ferramentas eletrônicas de pesquisa,
  • obras e documentos raros digitalizados,
  • antigos livros em formatos digitais 

— recursos esses que nos possibilitam encontrar registros civis, localizar velhos livros, jornais e documentos, montar árvores genealógicas.

Ao lado disso, temos também recursos informatizados para

  • escrever,
  • revisar e
  • divulgar histórias.

É o que veremos a seguir.

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INSTRUMENTOS ELETRÔNICOS DE PESQUISAS 

É infindável o mundo da internet, como sabemos.

Assim, vamos mencionar algumas fontes de pesquisas eletrônicas que atendem aos objetivos deste post, isto é, escrever sobre pessoas, organizações e lugares, a nós ligados.

Vamos lá.


Fontes de pesquisa eletrônica de laços familiares

Há disponíveis os seguintes acervos eletrônicos:

  • Site do Arquivo Nacional http://arquivonacional.gov.br/br/
    • Cadastro on-line no SIAN - aqui
    • Listas de entradas de estrangeiros no Brasil
    • Listas de estrangeiros que chegaram pelo Porto do Rio de Janeiro
    • Movimentação de Portugueses no Brasil (rastreamento de cidadãos portugueses, a partir de um sobrenome)
  • Site Museu da Imigração do Estado de SP http://www.inci.org.br/acervodigital/
    • Registro de imigrantes (da chegada em navios até entrada hospedarias)
    • Publicações de colônias de imigrantes (entre 1886 e 1987)
    • Banco de imagens (Hospedaria de Imigrantes, cartões postais, fotografias de viagens e retratos dos imigrantes)
  • Site do Arquivo Público de São Paulo (APSP)  - http://www.arquivoestado.sp.gov.br/site/
    • Certidões de imigração (desembarque no Porto de Santos)
    • Banco de certidões de nascimento de maternidades de São Paulo (por e-mail dirigido ao APSP)
    • Jornais e revistas antigos
    • Ficha de criminosos (desde 1717)

Publicações do site GUIMAGÜINHAS

Para pesquisar o passado da família (inclusive dos ascendentes estrangeiros), já fizemos algumas indicações aqui no site GUIMAGÜINHAS, como estas:


Fontes de pesquisa de jornais e revistas antigos

Algumas fontes disponíveis:


Árvores genealógicas

Alguns sites para essa finalidade:

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FERRAMENTAS ELETRÔNICAS DE REDAÇÃO

Estão disponíveis aqui no site GUIMAGÜINHAS posts sobre redação e instrumentos eletrônicos de apoio redacional, como estes:

E-book Ferramentas eletrônicas de apoio à redação

E-book Palavras e expressões a evitar

E-book Facilitando a vida do leitor

Post Caixa de ferramentas eletrônicas para redação

Roteiros para Produção e revisão de textos

Outros posts do GUIMAGÜINHAS sobre Gramática e Ortografia

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MEIOS DE PUBLICAÇÕES ELETRÔNICOS

Para publicação/divulgação de textos e mensagens pessoais, comumente se usa:

Mas há opções mais sofisticadas, como as que comentamos a seguir.

Vamos lá.


Blogs

Há inúmeras possibilidades para se criar um blog pessoal, muitos deles gratuitos, como nestas plataformas eletrônicas:

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E-books 

Qualquer texto (posts, crônicas, poesias, contos, novelas, romances) elaborado por meio de um editor de textos (Word ou outro editor) pode ser transformado em e-book (PDF, ePub, etc.), e, nesse formato, ser divulgado nas redes sociais, blogs ou outras plataformas eletrônicas.

Há disponíveis na internet diversos programas gratuitos para isso.

Modelos de livros (templates)

Veja esta publicação do blog do Clube de Autores:

Formulários para livros

No Word do pacote Office da Microsoft, há um prático formulário para edição de livros, que inclui formatação, exemplo de bibliografia e dicas úteis.

Confira:


Transformando textos em formatos PDF

No caso do formato PDF, pode-se fazer deste modo:

  • Usando a impressora do computador

Com o arquivo Word (ou outro editor) aberto, digite: Crtl + P

          

Clique Alterar e vai aparecer o seguinte:

          

Clique Salvar como PDF

No comando da impressora vai aparecer:

          

A seguir, clique Salvar, e direcione arquivo em formato PDF para uma pasta

 

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Autopublicação

Há diversas plataformas eletrônicas para se produzir e lançar um livro de forma rápida, eficiente e gratuita, seja no formato físico ou digital, ou em ambos.

Estas são as mais conhecidas:

  • Publique-se (Saraiva) - aqui
  • Uiclap - aqui
  • kdp. Amazon - aqui
    • E-book: Como Formatar eBooks para Kindle usando o Word, de Luis B. Sampaio. Disponível aqui
  • Kobo Writing Life - aqui
  • Clube de Autores - aqui
  • Livrorama - aqui
  • Livros Digitais - aqui

Plataformas de edição

Eis duas das principais:

  • Kindle Create - aqui
    • Editor de textos gratuito disponibilizado pela Amazon que permite criar qualquer tipo de livro e divulgá-lo por meio das lojas Amazon/Kindle
  • Veja Como usar o Kindle Create - aqui
  • Wattpad - aqui
    • Comunidade de leitores e escritores que possibilita a publicação de livros, a interação com leitores e o conhecimento de outras obras

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Serviços profissionais

Para escrever, editar e publicar um livro, muitas vezes, é necessário ajuda profissional (revisão, copidesque, ilustração, formatação, publicação, divulgação) ou a contratação de um historiador profissional — neste caso, se o objetivo for produzir biografias, perfis histórico-profissionais ou livros de memórias de instituições e empresas.

Alguns sites especializados:

  • BPM - Escritas da vida - aqui
    • Biografias, livros históricos, Ghost writer, perfis
  • Uiclap - aqui
    • Encontre profissionais qualificados
  • ​​​​​Design do Escritor - aqui
    • Editoração completa
  • Profissionais do Livro - aqui
    • Capa, diagramação, conversão em ePub, ilustração
  • Vidaria - aqui
    • Biografias, histórias de vida, trajetórias profissionais
  • Valter Nascimento -  aqui
    • Consultoria em escrita
  • Anita Plural - aqui 
    • Trabalho com o texto (escrita, edição, preparação, revisão e tradução)    
    • (anitadimr@gmail.com)

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PARA SABER MAIS

20 razões para escrever suas memórias

https://edicoesbpm.com.br/2807/

Como escrever sua autobiografia

https://pt.wikihow.com/Escrever-Sua-Autobiografia

18 Dicas de Redação: Como contar histórias pessoais e familiares com confiança

https://www.familysearch.org/blog/pt/18-dicas-de-redacao/ 

Já pensou em escrever um livro sobre a história da sua família? Não perca tempo

http://www.origines.com.br/blog/escrever-livro-historia-da-familia/

Como escrever as memórias da Família

https://pt.wikihow.com/Escrever-as-Mem%C3%B3rias-da-Fam%C3%ADlia

Como escrever um livro sobre a história de uma família

https://vidaria.com.br/2017/11/13/como-escrever-um-livro-sobre-a-historia-de-uma-familia/

Como escrever as memórias da família

https://pt.wikihow.com/Escrever-as-Mem%C3%B3rias-da-Fam%C3%ADlia

6 Maneiras Divertidas de fazer a história da família

https://www.churchofjesuschrist.org/youth/article/6-fun-ways-to-do-family-history?lang=por

3 maneiras de guardar a história de sua família

https://www.semprefamilia.com.br/virtudes-e-valores/3-maneiras-de-guardar-a-historia-de-sua-familia/

Publicando seu livro de história da família

https://www.thoughtco.com/publishing-your-family-history-book-1422316

Árvore genealógica ajuda a contar a história da família à criança

https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2013/05/30/arvore-genealogica-ajuda-a-contar-a-historia-da-familia-a-crianca.htm

Como criar uma árvore genealógica

https://pt.wikihow.com/Criar-uma-%C3%81rvore-Geneal%C3%B3gica

Como elaborar uma árvore genealógica

https://pt.wikihow.com/Elaborar-uma-%C3%81rvore-Geneal%C3%B3gica

O que é storytelling?

https://www.escoladeroteiro.com.br/estrutura-de-storytelling/o-que-e-storytelling/ 

Autopublicação no Brasil - É viável publicar um livro independente no Brasil?

https://letraseversos.com.br/autopublicacao-no-brasil/​​​​

Como escrever um livro - Guia completo (Clube de Autores)

https://blog.clubedeautores.com.br/como-escrever-um-livro

Guia de publicação de livros (Clube de Autores)

http://media.clubedeautores.com.br/assets/templates/GuiaPublicacaoLivros.pdf

Aplicativos para Escrever: 11 excelentes aplicativos para escritores

https://comunidade.rockcontent.com/aplicativos-para-escrever/

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GLOSSÁRIO

♦ Copidesque: Revisão de texto que tem como foco a correção gramatical e ortográfica, a clareza e a objetividade, os cortes necessários e a adequação às normas editoriais; copy, copy desk.

♦ Ghost-writer: Pessoa que escreve um livro, um artigo ou um discurso por outra, a quem é atribuída a autoria desse texto, ou reservado seu uso.

♦ Memorabilia: Conjunto de objetos e coisas guardados ou colecionados por estarem relacionados com pessoa, acontecimento ou época importantes e por trazerem à tona memórias e lembranças.

♦ Storyboard: Sequência cronológica de desenhos, seguidos de texto ou áudio, que apresentam as principais ações, efeitos visuais e sonoros etc. para um filme, programa ou anúncio de televisão.

♦ Storytelling: Tell, e[ing. = contar] + story [ing. = história]. Storytelling é, portanto, o ato de contar histórias. Termo geralmente utilizado [marketing, propaganda, consultoria] para o ato de contar a história de uma empresa ou instituição.

♦ Template: Modelo informatizado a ser seguido, com uma estrutura predefinida que facilita o desenvolvimento e criação do conteúdo a partir de algo construído a priori. 

Fonte: Dicionário Michaelis Eletrônico

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TRECHOS DO LIVRO MENINO-SERELEPE QUE TRATAM DE CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS

Era deste modo que Pai Véio abria a contação de histórias:

— Há muito tempo passado, num lugar chamado Aguinhas, numa Província do Reino Dorminhoco, lá nas Terras-de-trás-os-ocos-do-mundo, foi que estes acontecidos se deram.

E, em seguida, cantava alto o tão esperado bordão:

— E os poucos que os contam, contam assim como eu vou contar.

E a fantasia começava, sem hora pra terminar.

Pai Véio, um contador de histórias, Cap. XXXIV do livro Menino-Serelepe


Deixei no livro Menino-Serelepe diversas referências à contação de histórias, atividade muito presente na minha criação/formação.

São registros de causos, histórias e narrativas de variada natureza, que tratam, por exemplo, do seguinte:

  • origens e dificuldades da família e dos antepassados
  • narrativas sobre a descoberta das águas e desenvolvimento da cidade 
  • fatos e atos da vida dos santos, contadas por minha avó ou ouvidas no catecismo
  • fábulas morais, cívicas e outras, aprendidas na escola 
  • contos infantis, contados e recontados pelos mais velhos
  • histórias inventadas ou recriadas por meu avô, ou aquelas que nós mesmos inventávamos — e
  • tantas outras...

Confira:


  • Em torno do braseiro: Do fogão, tomava-se, ainda, a munição do ferro de passar roupa, da lata de assar broas e do braseiro, que nas noites dos longos invernos aquecia os pés da família em roda, conversando, contando e recontando histórias, botando a prosa em dia, com todos falando de tudo. (Os luxos da vó. Cap. X)
  • Dos muitos causos e histórias de minha infância: E da fieira de histórias, uma digna de nota foi quando pai resolveu levar eu e mãe pra passear a cavalo a fim de conhecer a parentalha da vó Margarida — os Fernandes e os Ferreiras — que moravam na Ressaca, lá nos cafundós do Judas... (Aventuras com meu pai. Cap. XIII)
  • Comportamento do meu pai durante uma pescaria: (...) contando causos do preto velho Marcilino, que essas histórias eu gostava muito, cantando modinhas, declamando Catullo da Paixão Cearense... (Pescaria. Cap. XV)
  • Meu avô preparando um paieiro antes de contar histórias: Só depois de uma sessão dessas, tocada no compasso e na paciência do seu costume, é que dava início aos causos e histórias, para os quais sempre tinha uma versão própria e um modo especial, só seu, de imaginar, contar e encantar. (Passagem pelo sobradão do Pai Véio. Cap. XVI)
  • Época em que minha prima convalescente passou em nossa casa, no Pasto do Fubá:  Cleonice era muito querida na família, especialmente pela vó Cema, e como não podia se movimentar muito, em razão da doença, passávamos horas conversando, contando histórias, brincando com uns joguinhos que ela ganhara no Hospital das Clínicas. (No Pasto do Fubá. Cap. XVII)
  • Passagens do meu avô em nossa casa no Pasto do Fubá: Pai Véio também sempre passava por lá para prosear, ver como as coisas estavam indo e aproveitava pra me contar umas histórias. E vinham as do Capora, do Saci, da Mula-sem-cabeça, do Queima-Campo e outras tantas de bichos, de farroncas, de gentes, de almas-do-outro-mundo, do repertório infindável do meu avô. (No Pasto do Fubá. Cap. XVII)
  • Historinhas morais e cívicas na escola e no catecismo: E a coisa foi indo até que um dia misturei as lições do catecismo com as embaraçadas histórias que, no grupo escolar, nos contava uma professora de Moral e Cívica. (O catecismo e a ilha. Cap. XXI)
  • Brincadeiras com os filhos da Dona Catarina: Na casa da dona Catarina, além das atividades já mencionadas, guerra de travesseiro, pipas, bicicletas, conversas, leitura e contação de histórias também faziam parte de nosso cotidiano. (Os novos amigos. Cap. XXIV)
  • Pai Véio, meu grande contador de histórias: Ainda hoje ouço sua voz e o vejo recolher rapidamente as pernas, temendo ser pisado ao correr das nossas tropelias. Ali ele contava aos netos os causos, as histórias, as memórias da família.  (Pai Véio, um contador de histórias. Cap. XXXIV)
  • Em torno do braseiro:  Havia o cineminha falado — uma brincadeira inventada pelo Marquinhos do seu Camargo — um menino mais velho, engraçado e brincalhão que contava pra criançada da rua diversas histórias criadas e teatralizadas por ele mesmo, nas quais remedava os tipos, dublava as vozes, fazia meneios, palhaçadas, correrias, dando-nos sustos e provocando gargalhadas. (A vingança de Ben-Hur. Cap. XXXIX)
  • Histórias de minha mãe: Mãe conversava muito comigo, acarinhava, contava histórias, repetidas vezes falava da vida difícil que levara, recitava toda a genealogia da parentalha Gentil-Lobo e desfiava o rosário de lembranças da família. (As cantigas de minha mãe. Cap. XLI)
  • Conversa com Pai Véio sobre escrever mais histórias 

(...) — Ara, larga de preguiça e continua a me escrever o resto que planejamos e que ocê prometeu escrever.

— Eu não prometi nada, o senhor é que me fez prometer e inventou até um plano. É diferente. Ora, o contador de histórias, de causos, sempre foi o senhor e não eu.

— Contar sabia, com a vida difícil não tive oportunidade de aprender a escrever. Isso eu só sabia pro gasto.

— Uai! E eu nem sei contar as histórias nem escrevê-las. Sou de outra nação de contador, lembra? (A última do Pai Véio. Apêndice)

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NOTA

Os sites mencionados neste post são frutos de livre pesquisa na internet, via Google, e, desse modo, nada podemos dizer da qualidade dos serviços neles anunciados.

E registre-se também que este site GUIMAGÜINHAS:

  • não faz propaganda comercial,
  • não vende produtos e
  • não presta nenhum serviço de revisão de textos, pesquisa genealógica ou historiografia profissional, 

apenas compartilha gratuitamente informações e notícias históricas sobre a imigração de estrangeiros para a cidade de Lambari, MG (antiga Águas Virtuosas de Lambari), e bem assim instrumentos e ferramentas de redação, para uso geral, úteis para registro escrito de memórias pessoais, de histórias de vidas, de autobiografias, etc.

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REFERÊNCIAS

  • Menino-Serelepe. Antônio Lobo Guimarães. Edição do Autor, 2009
  • https://edicoesbpm.com.br/2807/
  • Diversos sites mencionados no texto acima
  • Dicionário Eletrônico Michaelis

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MENINO-SERELEPE

 O livro Menino-Serelepe - Um antigo menino levado contando vantagem é uma ficção baseada em fatos reais da vida do autor, numa cidadezinha do interior de Minas Gerais, nos anos 1960.

O livro é de autoria de Antônio Lobo Guimarães, pseudônimo com que Antônio Carlos Guimarães (Guima, de Aguinhas) assina a série MEMÓRIAS DE AGUINHAS.

Para saber mais sobre MENINO-SERELEPE e outros livros do autor, veja acima o tópico Livros à Venda.

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Publicado por Guimaguinhas
em 10/01/2020 às 11h53

Espaço Francisco de Paula Vítor (Padre Vítor)

 

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PEQUENA HISTÓRIA DE ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBAR... R$ 86,87
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As Águas Virtuosas de Lambari e a devoção a N... R$ 22,87
Os Curadores do Senhor R$ 36,40
Abigail [Mediunidade e redenção] R$ 33,55
Menino-Serelepe R$ 41,35
Site do Escritor criado por Recanto das Letras

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