Ilustração: Telha (tipo francesa), importada de Marselha, França, que pertenceu a primitivo telhado do Cassino de Lambari. Reprodução. Fonte: Instagram Felipe Messias Lobo (felipemessias582) [1]
Neste post, vamos recordar antigas cerâmicas de Lambari, contar um pouquinho da história das olarias de tijolos/telhas de nossa cidade e de materiais importados utilizados na construção de nosso Cassino.
Vamos lá!
Telhas cerâmicas A mais usada em projetos residenciais é a telha cerâmica. Além de ser esteticamente bonita, ela oferece conforto térmico e é eficiente na hora de vedar o telhado. Também chamadas “telhas de barro”, elas podem ser naturais ou esmaltadas. Os modelos cerâmicos podem variar, dependendo do design da peça e suas características. É possível encontrar a telha romana, que tem um design sofisticado, a telha colonial, que apresenta excelente vazão de água e facilidade para instalar, ou a telha americana, que é sofisticada e possui boa estabilidade. Além delas, há ainda a telha italiana, que dispensa o uso de argamassa e oferece excelente conforto térmico, a telha francesa, com design plano, e a telha portuguesa, com design moderno e boa estabilidade. Fonte: Archtrends Portobello - https://archtrends.com/ [2] |
ANTIGAS OLARIAS DE ÁGUAS VIRTUOSAS
Desde meados dos anos 1800, as primeiras olarias da povoação de Águas Virtuosas faziam escavações para tirar barro para fábrica de tijolos e telhas e construir edificações no entorno das fontes. [3]
Sabe-se também que existiram diversas olarias no vale em que se formou o lago Guanabara, das quais saíram milhares de tijolos para edificação das obras de Werneck.
No vale do Mumbuca, no trecho em que esse rio corta o bairro Serrote, há décadas se instalaram olarias, aproveitado um tipo de barro lá existente, apropriado à feitura de telhas e tijolos. [4]
Há ainda referências a três olarias históricas, fundadas por imigrantes italianos, das quais falaremos a seguir.
Reprodução. Almanak Laemmert 1915, n. 71. (bn.digital. gov.br) [5]
A primeira, fundada na colônia de Nova Baden por Domenico Silvestrini, como já contamos aqui.
Antijo tijolo fabricado em Nova Baden (NB) por DS (Domênico Silvestrini)
Também em Nova Baden, havia uma olaria pertencente a José Gregatti
Antijo tijolo fabricado em Nova Baden (NB) por JG (José Gregatti)
A terceira pertenceu à família Biaso e localizava-se no bairro hoje conhecido por Cerâmica, da qual também já falamos (aqui).
Antijo tijolo fabricado no bairro Cerâmica por Annunciato Biaso e Irmãos (ABI)
A cerâmica de Annunciato Biaso & Irmãos (ABI) fabricou também telhas, cujo modelo foi copiado da telha francesa importada de Marselha, utilizada no telhado do Cassino de Lambari, possivelmente, em reforma/remodelação do telhado da edificação, que passou por modificações, ao longo do tempo.
Confira:
Telha (tipo francesa), fabricada por Annunciato de Biaso & Irmãos, cujo modelo foi copiado de telha que pertenceu ao primitivo telhado do Cassino de Lambari.
Confira com a original francesa logo abaixo.
Reprodução. Fonte: Instagran Felipe Messias Lobo (felipemessias582)
OS TIJOLOS E TELHAS DO CASSINO DE LAMBARI
Como sabemos, grande parte dos materiais utilizados por Américo Werneck na construção do Cassino de Lambari foram importados, tais como
cimento, pisos, forros, madeiramento da cobertura (pinho de Riga), azulejos e peças sanitárias — vindos da Ásia, Inglaterra, Portugal e e França.
Material elétrico e pisos importados para a construção do Cassino. Reprodução. Jornal do Comércio, 1910
Veja este post: Importação de materiais para o Cassino de Lambari:
https://guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=57771#import
Conquanto alguns autores mencionem telhas e tijolos importados, é certo porém que esses últimos vieram de olarias da própria região.
De fato, o historiador Francislei Lima da Silva, baseado em BARBOSA (1980, XLV 1918 – Tomo V, p. 105 [12]), refere a
"uma grande olaria a vapor no quilômetro 54 da rede Sul-Mineira para o fornecimento de quatro milhões de tijolos"
para as obras de remodelação e embelezamento da estância de Águas Virtuosas. [6]
Note-se, ainda, que gigantesca quantidade de tijolos foi empregada na base da barragem do lago e no aterramento da vargem existente às margens direita e esquerda do ribeirão Mumbuca, onde se formou o Parque Wenceslau Braz e foi instalada a antiga leiteiria.
Reprodução. Jornal O Paiz - Edições 24 e 25 de abril de 1911 (bn.digital)
No tocante às telhas, de fato essas vieram da França, e foram utilizadas para substituir o primitivo telhado de ardósia do prédio do Cassino. [7]
Telha (tipo francesa), importada de Marselha, França, que pertenceu ao primitivo telhado do Cassino de Lambari. Reprodução. Fonte: Instagran Felipe Messias Lobo (felipemessias582)
Como se pode ver, o telhado do Cassino de Lambari sofreu modificações ao longo do tempo. Reproduções. Museu Américo Werneck e Mercado Livre