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Memórias familiares e de minha terra natal
Meu Diário
25/11/2019 11h16
FAMÍLIAS PIONEIRAS DE AGUINHAS (1) - Família Silvestrini e Índice da Série

Ilustração: Ângelo Silvestrini, a esposa Luíza e uma neta. 

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SUMÁRIO

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APRESENTAÇÃO

Nesta série FAMÍLIAS PIONEIRAS DE AGUINHAS, vamos apresentar pequeno histórico de antigas famílias que se instalaram em ÁGUAS VIRTUOSAS DO LAMBARY no decorrer do século XIX, deixando aqui descendentes, edificações, empreendimentos, traços culturais — e histórias, muitas histórias...

Falaremos de algumas famílias mais antigas, que chegaram à vila de Águas Virtuosas na primeira metade do século XIX — elementos paulistas, fluminenses e mineiros que haviam povoado Campanha e municípios circunvizinhos. [1] Entre elas, as famílias: Alves, Assis, Bibiano, Carvalho, Chaves, Cunha, Dias, Espírito Santo, Fernandes, Ferreira, Gama, Lima, Magalhães, Mendes, Lobo, Machado, Nascimento, Ribeiro, Santos, Silva, Souza, Teixeira

Falaremos, também, de famílias de imigrantes que chegaram nas décadas finais do século XIX, como as italianas (entre elas: Biaso, Beloni, Bongiorni, Bianguli, Conti, Carlini, Gentil, Gesualdi, Gregatti, Metidieri, Raimundi, Rosatti, Sgarbi, Tucci, Viola), as libanesas (Bacha) e as portuguesas (entre elas: Cardoso, Machado, Geraldes, Moreira, Duarte, Gonçalves, Pereira, Pinto, Rodrigues, Tavares).

E não nos esqueceremos das famílias africanas, que a escravidão trouxe ao Brasil, e que deram ao país, ao Sul de Minas e a Águas Virtuosas a força de trabalho, a tradição religiosa, a musicalidade, o desempenho nos esportes tão característico desse povo.

Famílias essas algumas das quais fizeram parte da minha infância no bairro Vila Nova (onde nasci e vivi até os meus 8 anos) ou no futebol, entre elas, os Souza, os Silva, os Marciano, os Dantas.


Veja estes posts:

  • Qual é a melhor religião?  aqui
  • Recordações de um terno de congadas - aqui 
  • Futebol em família - aqui - aqui - aqui
  • Roberto - um craque da camisa 7? aqui
  • Craques do Águas Virtuosas - Chá - aqui - Tatá - aqui

 

Entre elas, pessoas raras e encantadoras, como tia Ia, com seus 108 anos! — um ícone da raça, religiosidade e cultura negras em nossa cidade. (veja aqui)

(Fonte: Jornal Serra das Águas - Josy Astério)


Pois bem, começaremos a Série pela família SILVESTRINI, que ao lado de inúmeros imigrantes italianos chegaram a Águas Virtuosas de Lambari a partir dos anos 1860 e participaram da fundação e do desenvolvimento de nossa cidade (aqui).

Vamos lá.

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A CHEGADA

Em 1896, chega ao Brasil o imigrante italiano DOMÊNICO SILVESTRINI e sua mulher EDWIGE POGGI SILVESTRINI. Com eles vieram 4 filhos:

  • ÂNGELO, casado com LUÍZA G. SILVESTRINI,
  • ZAÍRA, solteira,
  • ÂNGELA, casada com ONÉSIMO TORQUATO (mais os filhos do casal: SÉTIMO e TORQUATO, esse último recém-nascido) e
  • MÁRIO SILVESTRINI, o filho mais novo.

A família se radicou em Lambari e inicialmente trabalhavam como oleiros.

O primeiro neto de DOMÊNICO nasce em Lambari em 1901 e recebe o nome de PEDRO, em homenagem ao bisavô materno PIETRO POGGI.

Por essa época, a família se muda para o bairro rural de Nova Baden, montando ali uma olaria e uma pequena venda em frente de sua casa, na qual vendiam mantimentos, carne de porco, pão italiano, etc.

Algum tempo depois, DOMÊNICO, já muito velho, delega os negócios para o primogênito ÂNGELO.


Família Silvestrini: Ao centro, sentado, ÂNGELO SILVESTRINI. Em pé: à esquerda, ONÉSIMO e PEDRO; à direita, DOMINGOS. As crianças: Carlos, Ângelo, Luíza e Maria Aparecida.

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A FAMÍLIA CRESCE

Com as uniões, a família foi crescendo:

  • ZAÍRA SILVESTRINI casou-se com ERNESTO MELLO.
  • PEDRO SILVESTRINI consorciou-se com ZILDA ALMEIDA, que era filha de JOÃO GOMES D'ALMEIDA, o primeiro fotógrafo de Águas Virtuosas do Lambary (aqui).
  • ZULMIRA ALMEIDA, irmã de ZILDA, casou-se com ORESTES MELLO, irmão de ERNESTO MELLO.

Esses dois últimos eram filhos de JOAQUIM MANOEL DE MELLO, fundador do Hotel Mello (aqui)

Além do filho PEDRO, ÂNGELO e LUÍZA ainda tiveram três outros: MADALENA, DOMINGOS e ONÉSIMO, todos eles criados em NOVA BADEN, até 1911, quando a família voltou para a cidade.


Orestes Mello e Zulmira Mello

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OS PRIMEIROS NEGÓCIOS DA FAMÍLIA

Em Nova Baden, os Silvestrini fundam uma olaria e uma pequena venda.

Almanak Laemmert - Ano 1915 n. 71 (Reprodução)

Antijo tijolo fabricado em Nova Baden (NB) por DS (Domênico Silvestrini)


A LAVANDERIA E ENGOMADORIA

Mais à frente, as irmãs ZAÍRA e ÂNGELA se estabelecem com uma lavanderia e engomadoria, prestando serviços principalmente aos veranistas que frequentavam Lambari para tratamento de saúde, fazendo uso das águas minerais.

Engomavam com tamanha perfeição que suas freguesas costumavam mandar roupas do Rio e São Paulo para aqui lavadas e engomadas pelas duas irmãs.

Chegaram mesmo a abrir uma filial no Rio de Janeiro:


As Irmãs Silvestrini, de Águas Virtuosas, anunciam que se estabeleceram com serviços de lavanderia e engomadoria, no Rio de Janeiro, na Av. Mem de Sá (Lapa), em 1912

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A FUNDAÇÃO DOS LATICÍNIOS SILVESTRINI

Por essa época, MÁRIO e ONÉSIMO fundam uma modesta fábrica de laticínios, na qual fabricavam pequena quantidade de queijos e manteiga.

À medida que a manteiga foi sendo aceita no mercado, em razão de sua qualidade e sabor, à sociedade de MÁRIO e ONÉSIMO incorporou-se ÂNGELO, e os três passaram a diversificar a produção de queijos.


As instalações dos Laticínios Silvestrini em Lambari situavam-se atrás do atual Posto Gregatti. Na foto, vê-se uma ponte sobre o Rio Mumbuca e ao fundo o Colégio Santa Terezinha (destruído por um incêndio em 1987 - aqui)


 Exposição Nacional de Leite e Derivados, ocorrida no Rio de Janeiro, em novembro de 1925. No centro da foto, Pedro Silvestrini - (Reprodução: Revista Vida Doméstica, novembro de 1925)


O FAMOSO CATUPIRY®

Narra a tradição que o Catupiry® foi criado por Mário e Isaíra Silvestrini, em 1911, aqui em Águas Virtuosas.

  • Veja este post aqui

A marca Catupiry© está entre as marcas antigas mais valorizadas do Brasil.

Conforme está no livro Marcas de valor no mercado brasileiro (Anna Accioly, Joaquim Marçal F. de Andrade, Lula Vieira e Rafael Cardoso. Editora Senac, RJ, 2000). Reprodução. Prateleira da memória. Veja 12, fev, 2001 (*)


Inscrição em antiga embalagem do Catupiry®

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OS LATICÍNIOS SILVESTRE MUDAM-SE PARA SÃO LOURENÇO

Em 1928, à vista de problemas políticos locais, ausência de estímulos fiscais e dificuldades para o crescimento, os Silvestrini decidiram mudar a empresa para São Lourenço.

Incentivos dados pela prefeitura de São Lourenço, como isenção de impostos por 10 anos e cessão de terreno ao lado da estação ferroviária, o que facilitaria o transporte de leite e creme, que era feito por via férrea, foram decisivos para a tomada da decisão.

Ao fundo, à direita, as instalações dos Laticínios Silvestrini, em São Lourenço, em 1934

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CATUPIRY®

A partir de então, os LATICÍNIOS SILVESTRINI começam a crescer, graças ao árduo trabalho de ÂNGELO, de seu filho mais velho PEDRO e de MÁRIO.

MÁRIO SILVESTRINI, algum tempo depois, vende sua parte para o sobrinho PEDRO e parte para a cidade de SÃO PAULO, onde fundou um laticínio, e solidificou a marca CATUPIRY®.

De fato, em agosto de 1936, dá-se o registro da marca, sob o número 47449.

A industrialização do produto, que havia começado em São Lourenço, Minas Gerais, passou a ser feita em São Paulo somente em 1949, fato que impulsionou definitivamente os negócios. 

Distribuição do Catupiry® em São Paulo - Anos 1940 - [Reprodução]

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CREMELINO©

ÂNGELO e PEDRO continuaram em São Lourenço, trabalhando intensamente para o crescimento da empresa, já então como o nome de fantasia de MIRAMAR.

Dessa empresa, surgiu o requeijão CREMELINO©.

Reprodução. Correio da Manhã, 25, jun, 1947

Embalagem do Cremelino® [Reprodução]

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ÍNDICE DA SÉRIE FAMÍLIAS PIONEIRAS DE AGUINHAS

  • Família Silvestrini - Este post
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Nota: Agradecemos a colaboração da sra. Luíza Silvestrini da Cruz, filha de Pedro Silvestrini e Zilda Almeida Silvestrini, pelas informações prestadas e cessão de fotos utilizadas neste post.

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REFERÊNCIAS

  • [1] História cronológica de Lambari - Nascida Águas Virtuosas da Campanha. João Carrozzo. Piracicaba, Shekinah, 1988, p. 96
  • Jornal do Brasil - Edição 30 de abril de 1912 - Disponível em: http://memoria.bn.br
  • Almanak Laemmert - Ano 191 n. 71 - Disponível em: http://memoria.bn.br
  • Revista Vida Doméstica - novembro de 1925 - Disponível em: http://memoria.bn.br
  • Imagem antiga do Catupiry®  http://www.4shared.com/all-images/sQ0SLuqh/IMAGENS_ANTIGAS.html
  • http://mundodasmarcas.blogspot.com.br/2009/09/catupiry.html
  • Prateleira da memória. Revista Veja 12, fev, 2001
  • Jornal Correio da Manhã, 25, jun, 1947

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Publicado por Guimaguinhas
em 25/11/2019 às 11h16

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