Ilustração: O ator José Carlos Barroso, entrevistado por Braga. Reprodução. Frame vídeo jogo Artistas da TV Globo x Caiçaras (ES) - 1983 - Disponível YouTube
Em setembro de 1987, mês em que se comemora o Dia da Cidade de Lambari, a Prefeitura Municipal organizou um amistoso entre o time de Veteranos do Águas Virtuosas e o time de Artistas da TV Globo, partida que se deu no Estádio do Águas Virtuosas.
Vamos recordar esse jogo, que terminou empatado em 2 x 2.
Vamos lá.
Guima, capitão do Veteranos, com a miniatura da garrafa de água mineral de Lambari entregue aos visitantes. À esquerda, Laércio Ribeiro; à direita, Manezinho e seu filho.
Reprodução. Recorte. Acervo de Laércio Ribeiro
Tratava-se de um time formado por artistas, comediantes e outros funcionários da Rede Globo, do Rio de Janeiro, que realizava jogos amistosos em diversas regiões do País.
No jogo ocorrido em Lambari, estavam, entre outros, os seguintes artistas:
Lug de Paula (seu Boneco da Escolinha do Professor Raimundo), Tony Tornado, Eliezer Mota, Eduardo Galvão e João Carlos Barroso.
Dessa partida participou também o ex-jogador Paulo César Caju, da Seleção Brasileira, Botafogo, Grêmio, entre outros grandes times.
Paulo César Caju (Reprodução. Wikipedia)
Eduardo Galvão (Reprodução. Wikipedia) |
O Veteranos do Águas Virtuosas
Abaixo, foto do time de Veteranos do Águas Virtuosas tirada em setembro de 1987.
Pode-se notar também a arquibancada cheia e muita gente assistindo dos muros do cassino.
Em pé: Luizinho, (?), Dílson Junqueira, Dílson (Santa Quitéria ), Paulinho, Ró, Cal, Eugênio Rodrigues, Luisão, (?), Pato, Quinho, e Roque. Agachados: Turquinho, Arildo Carreira, Misca, Luís , Jorginho, Chiquinho (Santa Quitéria ), Laércio, Guima, Manezinho e Tucci.
(Foto: Reprodução. Acervo de Laércio Ribeiro)
Artistas da TV Globo X Caiçara (ES)
O ator Eliezer Motta, entrevistado por Braga. Reprodução. Frame vídeo jogo Artistas da TV Globo x Caiçaras (ES) - 1983 - Disponível YouTube
Ilustração: Recorte. Aplicação de vacina antivariólica no Instituto Vacinogênio de São Paulo. Reprodução. Fonte: Museu de Saúde Pública Emílio Ribas. Apud Teixeira & Almeida, 2004.
Informa José Nicolau Miléo [1] que
Pois bem, posto isso, vamos conhecer melhor o episódio.
Segundo a Wikipedia:
A vacina antivariólica foi a primeira vacina desenvolvida com sucesso, tendo sido introduzida por Edward Jenner em 1796. O desenvolvimento da técnica resultou da observação feita por Jenner que as mulheres que vendiam leite de vaca não eram atacadas pela varíola desde que tivessem sido anteriormente infectadas pela varíola bovina, o que mostrava que a a inoculação com varíola bovina, bem mais benigna, protegia contra a varíola. A palavra "vacina" é derivada de Variolae vaccinae, a varíola dos bovinos, o termo cunhado por Jenner para designar a varíola bovina e usado no título da sua obra An enquiry into the causes and effects of Variolae vaccinae, known by the name of cow pox.A vacina era inoculada com recurso a uma agulha bifurcada.
Administração da vacina antivariólica (note a utilização da agulha bifurcada). Reprodução. Wikipedia
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Vacina_contra_a_var%C3%ADola
O INSTITUTO VACÍNICO DO IMPÉRIO
O site MAPA - Memória da Administração Pública Brasileira, traz as seguintes informações sobre o Instituto Vacínico do Império:
Criado pelo decreto n. 464, de 17 de agosto de 1846, o Instituto Vacínico do Império tinha por atribuição o estudo, a prática, o melhoramento e propagação da vacina.
A varíola constituiu-se uma das maiores preocupações sanitárias desde o período colonial, acometendo de forma endêmica e epidêmica diversas regiões do Brasil. Mas foi a partir da vinda da Corte para o país em 1808 que se verificou a adoção de medidas que procuraram melhorar o quadro sanitário da colônia, como a difusão da vacinação, até então feita por particulares. Em 1811 foi criada a Junta Vacínica da Corte sob a inspeção do físico-mor e do intendente-geral de Polícia da Corte, ficando responsável pela vacinação jenneriana na cidade do Rio de Janeiro e pelo fornecimento da linfa vacínica para as províncias.
A Independência brasileira promoveu um rearranjo político-institucional que teve início com a Constituição de 1824 e que alterou o papel das câmaras municipais. A lei de 30 de agosto de 1828 aboliu os lugares de físico-mor, cirurgião-mor e provedor-mor do Império, passando às câmaras e à justiça ordinária suas atribuições, determinação que foi complementada pela lei de 1º de outubro de 1828, mais conhecida como Regimento das Câmaras Municipais. Com isso as cidades e vilas ficavam responsáveis, dentre outras, pelas questões relativas à saúde pública, o que incluía a difusão da vacina (BRASIL. Lei de 1º de outubro de 1828, art. 69).
Fonte: Instituto Vacínico do Império - http://mapa.an.gov.br/index.php/menu-de-categorias-2/366-instituto-vacinico-do-imperio
Diz o Decreto nº 464, de 17 de Agosto de 1846, que regulamentou o "Instituto Vaccinico do Imperio" e mandou executá-lo:
REGULAMENTO, A QUE SE REFERE O DECRETO DESTA DATA, REFORMANDO O INSTITUTO VACCINICO DA CORTE, E GENERALISANDO-O A TODO O IMPERIO
CAPITULO I
Do Instituto Vaccinico do Imperio
Art. 1º Haverá no Imperio hum Instituto Vaccinico, que será composto:
1º De hum Inspector Geral.
2º De huma Junta Vaccinica na Capital do Imperio, a qual será presidida pelo Inspector Geral, e terá quatro Vaccinadores effectivos, dous supranumerarios, e hum Secretario; havendo tambem hum Porteiro, que ao mesmo tempo servirá de Continuo.
3º De hum Commissario Vaccinador Provincial na Capital de cada Provincia.
4º De hum Commissario Vaccinador Municipal em cada Municipio.
5º De Commissarios Vaccinadores Parochiaes em todas as Povoações, onde haja pessoas com as necessarias habilitações, que se prestem a desempenhar esse Emprego.
Art. 2º O fim do Instituto Vaccinico do Imperio he o estudo, pratica, melhoramento, e propagação da Vaccina.
Art. 3º Os lugares de Inspector Geral, Membros da Junta Vaccinica da Côrte, e Commissarios Vaccinadores Provinciaes, só poderão ser exercidos por Medicos, ou Cirurgiões legalmente habilitados para curar, com Diplomas das Escolas de Medicina do Imperio, ou das antigas Academias Medico-Cirurgicas. Estes Empregados, bem como o Secretario da Junta Vaccinica da Côrte, serão nomeados por Decreto Imperial; o Porteiro sel-o-ha por Portaria do Ministro e Secretario d'Estado dos Negocios do Imperio; e todos elles vencerão os ordenados constantes da Tabella annexa.
(Mantida a grafia da época)
A APLICAÇÃO DA VACINA EM ÁGUAS VIRTUOSAS
Em julho de 1872, Antônio Joaquim do Nascimento, Comissário Vacinador da Paróquia de Águas Virtuosas, recebeu do Comissário Vacinador Provincial, Dr. Domingos Eugênio Moreira, o regulamento das obrigações inerentes aos comissários vacinadores a fim de coadjuvar na sua parte ao importante trabalho muito em atraso na província (grafia atualizada).
Desse regulamento, constava, por exemplo, a seguinte instrução:
Instruções sobre a vacinação enviadas ao vacinador paroquial. Reprodução. Fonte: MILEO, 1970, p. 101
TRANSCRIÇÃO DO TEXTO ACIMA Indicação para o uso das lâminas de vacina Para se inocular linfa vacínica, já dissecada, das lâminas de vidro, basta abri-la com uma faca, lançar sobre cada uma, uma tênue gota d'água a fim de dissolver com a mesma agulha de vacinar ou qualquer lanceta ou canivetinho que não tenha servido para qualquer operação cirúrgica, condição esta a que se deve muito atender a vacina seca, e proceder imediatamente a inoculação, levando para isso na ponta do instrumento suficiente quantidade do líquido obtido pela dissolução da vacina seca, e fazendo-a penetrar sob a pele sem que excite efusão de sangue. Se extrai a linfa vacínica no 7o. ou 8o. dia depois da vacinação de uma pessoa sã, essa linfa se apresenta como uma gota de lágrima na pústula do que se levantar película com a ponta da lanceta, guardando-se a linfa entre duas lâminas de vidro, quando porém ela aparecer como leitosa e grossa, já não serve, por se ter transformado em pus, o que acontece depois de oito dias. (Com grafia atualizada e pontuação original) |
Reprodução. Fonte: Os primórdios da vacina antivariólica em São Paulo: uma história pouco conhecida. Luiz Antonio Teixeira e Marta de Almeida
- [1] MILEO, José Nicolau. Subsídios para a história de Lambari. Guaratinguetá, SP, Graficávila, 1970, p. 99/100
-TEIXEIRA, Luiz Antonio; ALMEIDA, Marta de. Os primórdios da vacina antivariólica em São Paulo: uma história pouco conhecida, 2004. https://www.scielo.br/j/hcsm/a/63pwhBVBZMDRdwKX3SWrRYb/?lang=pt
- https://pt.wikipedia.org/wiki/Vacina_contra_a_var%C3%ADola
- O Instituto Vacínico do Império - http://mapa.an.gov.br/index.php/menu-de-categorias-2/366-instituto-vacinico-do-imperio
- Decreto nº 464, de 17 de Agosto de 1846 - Manda executar o Regulamento do Instituto Vaccinico do Imperio (sic) - aqui
Ilustração: Logo da série MARCOS HISTÓRICOS DE ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARI
Nesta série MARCOS HISTÓRICOS DE ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARI, vimos listando marcos fundamentais da história de nossa cidade.
Confira a seguir.
APRESENTAÇÃO
Neste número 7 da série MARCOS HISTÓRICOS DE ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARI, veremos o arrendamento da estância de Águas Virtuosas por Américo Werneck, em 1912, a rescisão do contrato no ano seguinte, a longa disputa judicial entre Werneck e o Governo de Minas Gerais (Questão Minas x Werneck), que durou quase 10 anos, e, por fim, o abandono da estância durante o período em que transcorria a demanda judicial.
Confira a seguir.
Ilustração: Logo da série MARCOS HISTÓRICOS DE ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARI
Nesta série MARCOS HISTÓRICOS DE ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARI, vimos listando marcos fundamentais da história de nossa cidade.
Confira a seguir.
APRESENTAÇÃO
Neste número 6 da série MARCOS HISTÓRICOS DE ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARI, veremos a criação do nosso município (1901), a captação e separação das nossas fontes de água mineral (1905/06), e a Era Werneck (1909/11) — as obras de Américo Werneck, consideradas as fundadoras de nossa cidade (Cassino, Lago, Farol, etc.)
Confira a seguir.
MARTINS, Armindo. Lambari – Cidade das Águas Virtuosas, 1949.
MILEO, José N. Ruas de Lambari. 1970.
MILEO, José N. A água mineral de Lambari. 1968
MILEO, José N. Subsídios para a história de Lambari. 1970.
CARROZZO, João. Lambari - Outrora "Cidade de Águas Virtuosas da Campanha". 3a. edição, 1985.
CARROZZO, João. História Cronológica de Lambari. 1988.
BARBOSA, RUI. Obras Completas. [Questão Minas x Werneck.] Volume XLV 1918 – Tomo IV e V. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1980.
Ilustração: Ilha dos Amores, no Lago Guanabara, em Lambari, MG. Postal colorizado. Reprodução. Museu Américo Werneck
O escritor, historiador, poeta e político BASÍLIO DE MAGALHÃES, que durante anos frequentou Lambari e aqui foi enterrado, de quem muito já falamos nesta série (aqui), em 1937 mandou um cartão postal da nossa Ilha dos Amores ao poeta e deputado PRADO KELLY (aqui), que se encontrava adoecido e se tratando em Petrópolis, convidando-o a convalescer em Lambari, — cuja Ilha dos Amores é um atrativo para os poetas, escreveu Magalhães.
Basílio de Magalhães
Em resposta, Prado Kelly enviou-lhe um poema, que foi publicado no Semanário Hidrópolis, que circulava em Lambari, por aquela época.
Confira a seguir.
Prado Kelly. Reprodução. Wikipedia
Capa de livros de Prado Kelly (1904-1986) - advogado, jurista, poeta, jornalista e magistrado brasileiro. Foi Ministro da Justiça (1955) e Ministro do STF (1965-1968)
CAMÕES E O MITO DA ILHA DOS AMORES
Diz a Infopedia (Dicionários Porto Editora):
O mito da Ilha dos Amores é contado por Luís de Camões, nos Cantos IX e X d'Os Lusíadas. Nestes cantos, é relatada a vontade da deusa Vênus em premiar os heróis lusitanos, com um merecido descanso e com prazeres divinos, numa ilha paradisíaca, no meio do oceano, a Ilha dos Amores.
Nessa ilha maravilhosa, os marinheiros portugueses podiam encontrar todas as delícias da Natureza e as sedutoras Nereidas, divindades das águas, irmãs de Tétis, com quem se podiam alegrar em jogos amorosos.
Fonte: https://www.infopedia.pt/$a-ilha-dos-amores
O Canto Nono d' Os Lusíadas, conhecido por Ilha dos Amores ou Ilha de Vênus (Deusa do Amor e da beleza). Ilustração. Reprodução. Edição Bibliex, 1980
Esse mito narrado por Luís de Camões n' Os Lusíadas inspirou o nome de diversas ilhas em toda parte, inclusive o da nossa ilha do Lago Guanabara, em Lambari.
É a esse mito que referiu Basílio de Magalhães, — que era poeta e político — ao convidar o também político e poeta Prado Kelly a ali se restabelecer, mencionando o mito e citando outro trecho do Canto Nove d' Os Lusíadas:
E como se verá abaixo, Kelly insere no poema a temática e as passagens d' Os Lusíadas citados por Magalhães.
A ILHA DOS AMORES DO LAGO DE LAMBARI
Abaixo, vão alguns postais colorizados da Ilha dos Amores, no Lago Guanabara, que, ao tempo de Basílio de Magalhães em Lambari (anos 1930/50), parecia mesmo a ilha maravilhosa ("ínsula divina") preparada por Vênus para os nautas portugueses, como narra Camões (Canto IX, 21):
Isto bem resolvido, determina
De ter-lhe aparelhada, lá no meio
Das águas, algüa ínsula divina
Ornada d'esmaltado e verde arreio
Ilha dos Amores. Lago Guanabara. Lambari, MG. Postais colorizados. Reprodução
Eis o poema-resposta enviado por Prado Kelly a Basílio de Magalhães, extraído do livro de Carrozzo [1]:
Reprodução. Carrozzo [1]
OS LUSÍADAS é a maior obra épica de Portugual, a primeira epopeia portuguesa publicada em versão impressa. Provavelmente iniciada em 1556 e concluída em 1571, foi publicada em Lisboa em 1572.
Capa. Os Lusíadas. Luís de Camões. Comentado por Augusto Epifhanio da Silva Dias. Reprodução.
Capa. Os Lusíadas. Luís de Camões. Primeira edição, 1572
— [1] CARROZZO, João. Lambari - Outrora "Cidade de Águas Virtuosas da Campanha". Piracicaba, SP : Shekinah Editora, 3a. edição, 1985, p. 121
— Museu Américo Werneck
— Facebook/Lambari/fotos e textos
— Luís de Camões. Os Lusíadas [Edição comentada]. Rio de Janeiro, Bibliex, 1980
— https://pt.wikipedia.org/wiki/Os_Lus%C3%ADadas
— https://pt.wikipedia.org/wiki/Prado_Kelly
— http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/jose-eduardo-do-prado-kelly