Ilustração: Hélio Salles. Foto em boletim de campanha política para prefeito de Lambari. 1947. Reprodução.
Como já vimos (aqui), Hélio Monteiro de Toledo Salles, advogado, foi o primeiro prefeito de Lambari eleito pelo voto popular, em 23 de novembro de 1947, permanecendo no cargo até 31 de janeiro de 1951.
Hélio Salles, no dia de sua posse em 21/12/1947
Antes (de 8 de janeiro a abril de 1947), exercera o mesmo cargo, nomeado pelo Interventor Federal do Estado de Minas Gerais.
Hoje vamos falar desse seu próspero período do governo.
Vamos lá.
José Nicolau Mileo (Ruas de Lambari, p. 17) apresenta este pequeno resumo biográfico de Hélio Salles.
Confira:
Como visto aqui, durante longos anos, o povo de Lambari não pôde escolher seus dirigentes políticos. De fato, de Américo Werneck (nomeado em 1909) até 1947 (primeira eleição direta), e depois, no período de 1968 a 1985 (Regime Militar), os prefeitos foram nomeados.
Mas em 1947, após a queda do Estado Novo, sob a égide da Constituição de 1946, em 23 de novembro de 1947, deu-se a primeira eleição direta para a prefeitura de Lambari, na qual duas grandes forças políticas locais se enfrentaram.
De um lado, pelo PSD (Partido Social Democrata), João Lisboa Júnior, que governara Lambari como prefeito nomeado por longos anos (1935-1945), tendo como vice o Cel. Paulo Melo.
De outro, pela União Lambariense (UDN, PR e PRP), Hélio Monteiro de Toledo Salles, cujo vice era o Cel. José Capistrano.
Foi uma disputa acirrada, com acusações de parte a parte, na qual Hélio Salles foi eleito com 74% dos votos válidos.
Abaixo, um programa político com os resultados da eleições municipais em Lambari, no ano de 1947.
Confira:
O jornal Diário da Noite, edição de 30, dez, 1947, fez a cobertura da cerimômia de posse e trouxe a primeira entrevista do prefeito eleito.
Confira:
Bloco 1Bloco 2
Bloco 3
Reprodução. Diário da Noite, 30, dez, 1947 (bn.digital.gov.br)
Veja também este texto:
ARTIGO SOBRE LAMBARI EM 1947 - REVISTA DO IBGE
A Revista Brasileira de Geografia, número de outubro-dezembro de 1947, publicou longo artigo sobre Lambari, de autoria do Eng° Virgílio Correia Filho, que traz um retrato detalhado da história, geografia e economia da cidade no final dos anos 1940, período em que governou o prefeito Hélio Salles.
Confira:
Algumas fotos da cerimônia de posse do novo prefeito.
Confira:
Hélio Salles encaminha-se para a cerimônia de posse. Ao seu lado, José Maia da Silva
O prefeito eleito é saudado por centenas de populares
Hélio Salles discursa. Ao seu lado Oswaldo Krauss segura o microfone. Ao fundo, de bigode, Joaquim Leite
Cercado por correlegionários, populares e crianças, Hélio Salles discursa
O orador em inflamado discurso
Ao fiinal do longo discurso, a multidão aplaude
Ilustração: Lírios. Tela de Celina dos Santos (Arus)
Nesta Série Pinturas e Pintores de Aguinhas estamos lembrando alguns pintores e pinturas de Águas Virtuosas de Lambari.
Desta série, já publicamos:
Hoje veremos outras pinturas e pintores de nossa terra.
Vamos lá.
Nota: Este post já estava rascunhado há algum tempo, aguardando um espaço de tempo que damos quando se trata de uma série.
Vai hoje publicado em homenagem à CELINA DOS SANTOS, colega de escola e amiga, falecida ontem.
A tela Lírios, que ilustra este post, foi um presente que ela nos deu.
Obrigado, Celina, vá em paz!
Guima
Em janeiro de 2018, a Prefeitura Municipal apoiou a exposição ARUS PINTA LAMBARI, com diversas pinturas feitas pelo grupo de Pinturas do Arus Clube.
Confira:
Maria do Carmo Alves dos Santos (Carminha), Fátima Maria Barbosa Bacha
Fonte: https://www.facebook.com/prefeituradelambari/posts/1264549320356417/
Algumas pinturas e obras de pintores lambarienses:
Lírios. Tela de Celina dos Santos
Trem de ferro na Parada Melo. Pintura na parede por José Mateus de Oliveira
Fonte Luminosa. Tela por Cidinha
Prédio da Prefeitura de Lambari. Tela por Solange Ribeiro
Jesus abençoando [Capela residência bairro Sertãozinho]. Pintura parede por Adão Juarez
Artistas plásticos:
Ilustração: Paisagem. Lago e Montanha. Olímpio Portela
Nesta série Pinturas e Pintores de Aguinhas, já trouxemos os seguintes posts:
Pois bem, hoje focalizaremos outro artista lambariense: Olímpio Portela.
Vamos lá!
Olímpio Portela era pintor de paredes dos mais categorizados em Lambari, e também artista plástico, autor de inúmeras pinturas de paisagens de nossa terra.
Abaixo, uma pequena amostra do seu talento.
Algumas pinturas de Olímpio Portela:
Cascata na Fazenda. Tela de Olímpio Portela
Vista do Lago. Tela de Olímpio Portela
Estrada de Nova Baden. Tela de Olímpio Portela
Recanto do Lago. Óleo sobre duratex. 40 x 60. O. Portela
Lago ao pé da montanha. Óleo sobre duratex. 40 x 60. O. Portela
Acervos de:
Ilustração: A Bitaca do Veiaco, local onde se reúnem ex-jogadores, ex-técnicos, ex-árbitros, ex-torcedores e cornetas ainda em atividade, para (re)contar histórias, causos e lendas do glorioso futebol lambariense.
Como se sabe, é na Bitaca do Veiaco que se contam as melhores histórias de futebol. A língua afiada do Veiaco não esconde nem as glórias nem as mazelas do futebol aqui praticado desde os anos 1920. (aqui)
Veiaco, Guima e Jorginho Coca-cola, time do AVFC (1975)
Por lá, fatos, mentiras, coisas inventadas e lendas se misturam, podendo-se saber, por exemplo, quem foi o artilheiro do campeonato interno de 1943, a escalação do Águas Virtuosas na final de 1953, em Baependi, contra o Esporte São Lourenço (aqui), a idade verdadeira do atleta Misca — um dos segredos mais bem guardados do futebol lambariense.
Pois bem, dito isso, vamos recordar uma história que já contamos aqui no GUIMAGUINHAS, contar uma outra bem divertida, mas verdadeira, e lançar um grande desafio aos amantes da história do futebol lambariense.
Confiram a seguir.
Betinho, Guima e Veiaco. Veteranos do A.V.F.C. (1980)
Entre as lendas do nosso futebol, conta-se que no Campeonato interno de 1978 ocorreu o seguinte:
Um reserva que nunca saiu do banco
A cada domingo, eram realizadas duas partidas: a preliminar às 13h30, e a principal às 15h30.
Pois bem, ocorreu que numa partida preliminar, um time entrou em campo com 10 atletas, pois um jogador "titular" se atrasara.
A mesa diretora alertou o dirigente e o técnico do time sobre o fato, e mandou que se completasse a equipe com 11 jogadores, como determina a regra, colocando-se um dos atletas do "banco de reservas", que, aliás, só tinha um jogador "que não era lá muito bom de bola..."
Então, o técnico se recusou terminantemente a colocar o dito "reserva" em campo, alegando que o "titular" logo chegaria e que "não iria desperdiçar uma substituição!"
Coisas do futebol, minha gente, coisas do futebol!
O nome do "atleta"?... Bem, deixa pra lá, esse fato é bem conhecido e ele próprio ainda hoje se diverte com o ocorrido!
Hoje vamos contar uma história ouvida na Bitaca do Veiaco, a qual confirmei com várias testemunhas, inclusive com o próprio personagem, que é nosso amigo, deu boas risadas, mas não autorizou que seu nome e apelido fossem publicados, com medo de que alguém, de forma deliberada, tente quebrar o seu recorde.
Vamos lá!
O beque mais faltoso do mundo
Certo Time de Bairro de nossa cidade fazia seus treinos e jogos num campinho das proximidades, e entre eles estava um zagueiro das antigas chamado João (esse não é seu nome verdadeiro, mas vamos chamá-lo assim como o famoso personagem João, marcador de Garrincha).
João era um bom sujeito, e também um beque vigoroso, que chegava junto e dava da medalhinha pra baixo, como se diz. Mas tinha um porém: o dito zagueiro só jogava descalço, e ainda assim era temido por todo e qualquer atacante, que corriam de bolas divididas.
Assim foi até que, num belo dia, o Time de Bairro aceitou convite pra um amistoso em Olímpio Noronha, contra o time da Fazenda Santana. Na carroceria do caminhão que fez o transporte da equipe estavam, entre outros: Fulano, Sicrano e Beltrano — testemunhas oculares desta história, as quais entrevistei — e o nosso portentoso João.
Pois bem, na hora de entrar em campo, o Fulano, misto de técnico, dono do time e ponta-esquerda, deu ao João um velho par de chuteiras número 43, e disse:
— Ô João, hoje tem que usar, senão os homi não deixa cê entrar em campo, que o gramado aqui é tamanho oficial e tem regra, e nóis só tem onze jogadô, num tem reserva!
O pobre João, que nunca pusera um calçado pra jogar futebol, reclamou, discutiu, fez pé firme, mas não teve jeito: num esforço danado, empurra pra cá, amarra pra lá, dá nó de lá, dá nó de cá, acabou entrando em campo devidamente enchuteirado...
Prá quê???!!!!
O jogo começou e o nosso poderoso beque não parava em pé, não acertava a bola, não conseguia chegar junto (como gostava) nos atacantes adversários. Parecia que estava num campo de pura lama, desequilibrando-se à esquerda, à direita, na bola alta, na bola rasteira...
Mas o jogo seguiu, e logo aos 7 minutos o time da Time do Bairro fez 1 x 0. Tão logo a equipe do Santana deu a saída, o ponta arrancou, cruzou a bola e o João, atrapalhado pelas chuteiras, deu uma formidável rasteira no atacante. E o Paulista, famigerado árbitro de ÓNoronha, mostrou de pronto a marca do pênalti.
O primeiro de uma série que viria a ser cometida pelo João.
Reprodução. Desenho de Gut. Globo Esportivo, 25, ago, 1951
O Time do Bairro fez o segundo gol, e o João empatou, quer dizer, fez novo pênalti. O Paulista trilou o apito, bola na cal e o time da Santana igualou o placar: 2 x 2!
E assim foi até o fim do jogo: a cada gol lá, um pênalti cá, e a partida terminou com o placar de 5 x 5, tendo o nosso glorioso beque alcançado um recorde imbatível, digno do Guiness, qual seja: cometer 5 pênaltis numa partida de futebol.
E eu perguntei a ele: — E se não fosse a chuteira, João?
E ele respondeu:
— Aí, bão, teria feito só uns 2 ou 3 pênarti!
Se é vero? Claro que é, pergunte ao Veiaco!
O GRANDE DESAFIO: QUAL É A IDADE DO ATLETA MISCA?
Como dissemos acima, a idade verdadeira do atleta Misca é um dos segredos mais bem guardados do futebol lambariense.
Guima e Misca, time de Veteranos (Anos 1980)
Ocorre que não só a (verdadeira) idade do Misquete é um mistério, como também tem a seguinte e grave questão: em que time o atleta (?) Misca atuou antes de ser aceito no time de Veteranos do Águas?
Exatamente — isso também é um grande mistério, um dos maiores da história do já centenário futebol lambariense!
Daí o desafio, lançado pelo Veiaco:
— Quem conseguir provar que o Misca jogou futebol, em qualquer time que seja, antes de atuar (?) pelo Veterano do Águas será grandemente recompensando.
Mas veja bem: prova bem provada! Uma foto antiga (sem montagem), um borderô de um jogo ou a ficha de atleta original arquivada numa Liga de Futebol oficialmente reconhecida, uma ata registrada em cartório, uma gravação de algum narrador de rádio mencionando seu nome durante uma partida, em que fique bem caracterizado que se trata mesmo do referido atleta (?), ou qualquer outra prova desse gênero.
Testemunhos não serão aceitos, até porque eventuais testemunhas desse fato absolutamente improvável, se vivas estivessem, já estariam com bem mais de 100 anos!
Fica aí o desafio. Mãos à obra!
Uma suposta prova está sub judice
A propósito, o Kit, de olho na premiação, encontrou nos guardados do vô Pedro uma reprodução de foto da Associação Athlética de Lambary, datada de 1914, e a apresentou como prova de que o Misca teria jogado nessa equipe: o decano do nosso futebol seria o primeiro atleta, sentado, à esquerda da foto (v. abaixo).
Nossos peritos estão examinando antigos alfarrábios do museu do futebol para confirmar, primeiramente, se a reprodução da foto confere com o original, se não há nenhuma montagem, e bem assim estudando aspectos físicos do referido atleta, analisando sua evolução corporal ao longo das décadas, para verificar possíveis correspondências...
Mas, até o momento em que escrevo este post, continuam em dúvidas: acham que o Misca, por aquela época, era um pouco mais velho que o jovenzinho da foto...
Vamos aguardar a palavra final dos peritos.
O desafio continua em aberto!
Associação Athlética Lambary - Campeã do Sul de Minas - 1914 (Revista Fon Fon n. 40/Set/1914)
Ilustração: Martelo que pertenceu a Antônio Rosatti, imigrante italiano que trabalhou nas obras do Cassino de Lambari (1909-1911). Reprodução/Facebook/Ariovaldo R. Fonseca
Já falamos sobre o Cassino de Águas Virtuosas de Lambary em diversos posts, como estes:
Hoje falaremos um pouco sobre as obras do Cassino e seus obreiros.
Vamos lá.
A CONSTRUÇÃO DO CASSINO DE LAMBARI
Como se recorda, em 1909, Américo Werneck foi nomeado Prefeito de Águas Virtuosas de Lambary e Presidente da Comissão de Melhoramentos e Superintendente das obras de modernização e embelezamento da estância, tendo realizado, entre 1909 e 1911, a construção das obras fundadoras da cidade (Cassino, Lago, Parque Novo, Parque das Águas, Farol), além das obras de urbanização: abertura de vias de acesso ao Parque das Águas, calçamento, demolição de prédios antigos, retificação do Rio Mumbuca, luz elétrica, canalização da água potável e rede de esgotos, projeto esse que fora aprovado por Garção Stockler, quando exerceu o cargo de agente executivo municipal.
Para dar cabo desse gigantesco plano de obras, Werneck adquiriu mais de 100 imóveis, importou materiais de construção, contratou centenas de obreiros e artífices e a empresa Poley & Ferreira, do Rio de Janeiro, para elaboração dos projetos, entre eles a joia da coroa — o nosso magnífico Cassino.
Escritura de compra de terrenos por Américo Werneck. Reprodução/Facebook/Adriana M. Fonseca
Desenho em nanquim do Cassino de Águas Virtuosas de Lambary, projeto de Poley & Ferreira
Numa época em que a indústria nacional ainda engatinhava, o edifício do Cassino foi construído com materiais importados que chegaram por meio da via férrea. Desse modo, vieram: cimento e telhas, da França; ferragens, ladrilhos azulejos, peças de banheiro e materiais elétricos, da Inglaterra; pinho-de-riga, da Lituânia; canos de ferro, da Alemanha; pisos e forros, da Ásia.
Os milhares de tijolos gastos nas obras foram produzidos por dezenas de olarias existentes no vale do ribeirão São Simão, onde se formou o Lago Guanabara, nas vargens do Bairro Serrote e de "uma grande olaria a vapor no quilômetro 54 da rede Sul-Mineira para o fornecimento de quatro milhões de tijolos" (LIMA DA SILVA, 2011)
Mediante isenção aduaneira, foram importados diversos materiais de construção. Reprodução. Jornal do Comércio, 1910
Importação de material elétrico e maquinismos e acessórios (jogos de salão). Reprodução. Jornal do Comércio, 1910
Postes de iluminação para o entorno do Cassino de Lambari. Fonte: Francislei Lima da Silva
Recorde-se que a usina de força (atual prédio da prefeitura) e a iluminação pública de Águas Virtuosas de Lambary contam-se entre as obras de Werneck. Reprodução. bn.digital.gov.br
Também o primitivo sistema de água e esgoto e a caixa d'água no Alto do Sertãozinho foram obras de Werneck. Os canos de aço, pela primeira vez utilizados no Brasil, foram importados da Alemanha. (Foto de 1917)
Além da importação de materiais de construção, Werneck contratou no Rio de Janeiro diversos trabalhadores especializados (pedreiros, carpinteiros, estucadores).
[Estuque: Espécie de argamassa preparada com pó de mármore, cal, gesso, areia fina e cola, com a que se revestem paredes e tetos ou se fazem ornamentos. Fonte: Michaelis digital]
Anúncios. Procura-se bons oficiais: carpinteiros, estucadore e pedreiros para emboço e reboques. Reprodução. Jornal do Comércio, Rio, 1910
Muitos imigrantes italianos e portugueses, que vieram para Águas Virtuosas de Lambari e aqui se fixaram a partir dos anos 1890, também trabalharam nas obras do Cassino, entre eles, membros das famílias Raimundi, Rosatti, Machado, Framil, Lofiego, Lorenzo.
O Cassino em obras. Década de 1910. O cimento vinha em barricas, importado da França
Martelo que pertenceu a Antonio Rosatti, imigrante italiano que trabalhou nas obras do Cassino de Lambari. Reprodução. Facebook/Ariovaldo R. Fonseca
Rescisão do contrato de trabalho: Prefeito Américo Werneck e seu Antônio Rossati. Reprodução. Facebook/Adriana M. Fonseca
FOTO HISTÓRICA: WERNECK E OS OPERÁRIOS DAS OBRAS DO CASSINO
Durante a construção do Cassino, Américo Werneck posou com dezenas de trabalhadores para esta foto histórica.
Confira:
Reprodução. Facebook/Memória de Lambari
Foto histórica: Operários da construção do Cassino, meses antes da inauguração. Na foto, entre outros: Américo Werneck (de terno branco e bastão), e membros das famílias Lofiego, Raimundi e Machado
Acompanhado de autoridades civis e militares da União, do Estado de Minas Gerais e de Águas Virtuosas de Lambari, o Cassino foi inaugurado em 24 de abril de 1911 pelo Presidente da República Hermes da Fonseca.
Reprodução. Revista FonFon n. 572, de 1911 (bn.digital.gov.br)