Ilustração: Verbete Fontanário. Diccionário Prático Illustrado - Jayme de Séguier - 4a. edição, Lelo, Porto, 1935. Recorte
Descobertas em 1780/90 (veja aqui), nossas fontes de águas virtuosas só foram captadas (separadamente por nascentes e reunidas sob um só pavilhão) em 1905/06 — obra do engenheiro Dr. Benjamin Jacob, que já contamos aqui.
Foi somente após essas obras que se construiu o fontanário original, cuja estrutura interna se mantém até hoje.
Pois bem, abaixo vai um pouquinho da história da construção do nosso fontanário e do pavilhão original, realizada no início do Século XX.
Vamos lá.
Um pouco da memória das FONTES DAS ÁGUAS VIRTUOSAS para conhecimento dos mais novos — e para relembrar aos mais velhos a importância e os cuidados de conservação do nosso maior patrimônio. |
Fontanário é substantivo masculino com o sentido de fonte, chafariz.
Vem do latim fontanus, que em italiano deu fontana — como está na famosa Fontana di Trevi — a maior e mais ambiciosa construção de fontes barrocas da Itália, localizada no rione Trevi, em Roma (Wikipedia - aqui)
Fontana di Trevi - Reprodução. Wikipedia
Fontanário (= fontenário, fontal, fontanal), como adjetivo, significa relativo a fonte ou às suas nascentes (Aulete, 2a. edição brasileira).
Há também a grafia fontenário e o substantivo marco fontenário.
Confira:
Diccionário Prático Illustrado - Séguier - 4a. ed., Lelo, Porto, 1935
Resumo histórico do fontanário de Águas Virtuosas de Lambary
Do artigo A POLÍTICA HIDRÁULICA NAS ESTÂNCIAS BALNEÁRIAS DE ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARY E BAEPENDY(CAXAMBU) EM FINAIS DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO SÉCULO XX, apresentado no XVII Encontro Regional ANPUH/MG, realizado em Mariana (Julho/2012), pelo historiador lambariense Francislei Lima da Silva, disponível AQUI, colhemos o seguinte resumo:
A região do Sul de Minas tem o seu passado histórico marcado pela edificação das estâncias balneárias de Águas Virtuosas de Lambary e Águas Virtuosas do Caxambu, em finais do século XIX e início do século XX. Duas vilas transformadas em Hidrópolis: centros difusores de hábitos saudáveis e civilizados, que fundaram seus princípios a partir do poder de cura das águas minerais. Sua particularidade esteve no esforço por equipar as vilas com monumentos da água, que ofereceram uma abundancia de recursos hídricos, combinando o conhecimento de hidráulica ao do engenheiro e do arquiteto. A construção de fontes, pavilhões e chafarizes favoreceu o processo de edificação do complexo aquífero. (O grifo não é do original.)
Francislei — cujo artigo acima recomendamos seja lido por inteiro — referindo-se às fontes, pavilhões e chafarizes de Águas Virtuosas de Lambary, diz que
Retomando os exemplos das fontes do Parque de Lambary, perscrutamos as fases de revestimento das fontes com manilhas de cerâmica e tijolos de barro cozido e a canalização das mesmas para desaguar no Ribeirão Mumbuca e estruturação do balneário. Nessas imagens observamos os trabalhadores juntos do engenheiro responsável pela obra, o engenheiro Benjamin Jacob.
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Concluídas as obras de canalização das fontes, completou-se a empreitada com a edificação do fontanário. (O grifo é nosso.)
Sequência fotográfica da construção do fontanário
Turistas, no Parque das Águas, em 1905.
1905/06 - Captação e separação das nascentes
As águas das fontes n. 1 e 2 já trazidas à superfície por intermédio de manilhas de 8 polegadas.Vê-se no primeiro plano o engenheiro Benjamin Jacob |
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1909/1911 - Construção do pavilhão
Blueprint do pavilhão das fontes. Reprodução. Poley & Ferreira (1908).
Essa firma foi contratada por Américo Werneck para realizar os projetos de melhoramento e embelezamento da estância de Águas Virtuosas de Lambary (ver: aqui)
O pavilhão - Postal dos anos 1920 - À esquerda, a casa de copos
Cromo - Pavilhão das fontes de Águas Virtuosas de Lambari
O pavilhão de ferro foi retirado nos anos 1960, quando da reforma do Parque das Águas realizada pela Hidrominas (aqui)
Diz o memorialista José Nicolau Miléo que o pavilhão estava "corroído pelo tempo, e imprestável, e veio a ser substituído e o parque totalmente reformado."
Sobre a casa de copos, diz Francislei Lima da Silva:
Ao aquático foi oferecida toda comodidade, estando o pavilhão das fontes construído junto ao Balneário e à casa de copos, interligados ao parque por vários caminhos. Tomando da água, durante as horas recomendadas, o aquático poderia deixar sua caneca no cavalete posto junto das fontes, enquanto descansava nos jardins ou jogava no Cassino das Fontes dentro do prédio do Balneário, até que desse a hora de retornar para a ingestão de mais uma dosagem da água indicada. (Grifei.)
Assim, a casa de copos
funcionava como uma pequena loja de canecas ou copos decorados com uma pintura e/ou gravação do nome da estância, a fim de que o turista pudesse utilizar-se dele durante as vezes do dia em que tivesse de tomar das águas, conforme a indicação do médico da estância. (...) possuía prateleiras e ganchos para acondicionar cada utensílio. (Lima da Silva, cit.)
Na Série Parque das Águas, deste site, falamos sobre a casa de copos (aqui)
A casa de copos - Anos 1940. Reprodução. Facebook/Murilo Pereira Coelho/Acervo de Ludgero Augusto Pereira (Zico)