Reprodução: Selo postal comemorativo dos 167 anos da criação da Paróquia Nossa Senhora da Saúde (Águas Virtuosas de Lambary) - Diocese da Campanha
Neste 15 de agosto de 2017, feriado municipal e dia da Padroeira de Lambari, recordamos a criação, há 167 anos, da Paróquia dedicada a Nossa Senhora da Saúde, com sede na então Águas Virtuosas de Lambary.
Para comemoração desta data festiva, foi lançado este lindo selo postal:
Abaixo vão um pequeno histórico deste acontecimento e alguns documentos da época.
Confira.
A criação da Paróquia [*] de Águas Virtuosas
Tempos antes das descobertas das águas virtuosas, já crescia e prosperava um arraial situado nas margens da Estrada Geral, na Região do Rio Lambari – o arraial do Bom Jesus do Lambari (atual cidade de Jesuânia). [1] [2]
Nesse arraial, no ano de 1816, se estabelecera, em uma área de campo, Antônio Xavier Mariano, que, mais tarde, foi nomeado procurador para a construção da capela do Senhor Bom Jesus, patrono da povoação. Para tanto, em 1826, Mariano adquiriu uma porção de terras na fazenda de Santa Rita do Lambari, com o objetivo de formar o patrimônio da referida capela. Assim foi que Senhor Bom Jesus se tornou a primeira capela na Região do Lambari, sendo depois elevada a Paróquia pela lei mineira de 15 de julho de 1828 e a Paróquia de instituição canônica a 2 de janeiro de 1852. [3]
Reprodução: Almanach Sul-Mineiro, de 1874
Em 1850, a povoação de Águas Virtuosas foi elevada à condição de Paróquia (Lei n. 487, de 28/06/1850), recebendo, a partir dessa data, o nome oficial de Águas Virtuosas. Aqui dá-se a divisão da "velha região do Lambari" (que abrangia a atual Jesuânia e a atual Lambari) em duas freguesias [**] : a da Águas Virtuosas (recém-criada), e a do Lambari (atual Jesuânia). [4]
E-book: As Águas Virtuosas de Lambari e a devoção a Nossa Senhora da Saúde
Conforme noticiamos (aqui), está em fase final de produção o e-book abaixo, que será lançado texto eletrônico (e-book) e texto impresso (livreto).
Aguarde.
[*] Paróquia: Divisão territorial de uma diocese sobre a qual tem jurisdição ordinária um sacerdote, o pároco.
[**] Freguesia: Povoação, sob o aspecto eclesiástico.
[1] Cidades – IBGE – Jesuânia – Disponível em: http://cod.ibge.gov.br/1S3D
[2] CARROZZO, João. Lambari (Outrora: Cidade de Águas Virtuosas da Campanha) - 3ª. edição, 1985, p. 21
[3] http://www.ograndematosinhos.com.br/isabel/outro_matosinhos_84.htm
[4] MILEO, José N. Subsídios para a história de Lambari. Guaratinguetá, SP : Graficávila, 1970
Ilustração: (Recorte) do retrato do Comendador José de Souza Breves - Coleção da Santa Casa de Misericórdio, Rio de Janeiro. Fonte: Facebook/brevescafe
Este post inicia a Série Ruas de Lambari, cujo índice vai abaixo.
Ruas de Lambari, José Nicolau Mileo - Guaratinguetá, SP, Graficávila, 1970
Comendador José Breves
No início do Século XX, a Câmara Municipal de Lambari, por meio da Lei n.o 7, de 26 de abril de 1902, deu à antiga rua do Comércio o nome do Comendador José Breves, em reconhecimento à afeição que ele e sua esposa Rita Breves dedicaram à então Águas Virtuosas da Campanha.
Abaixo vai um pouco de sua história.
Comendador José Breves e Rita Breves, frequentadores e beneméritos da cidade de Lambari, MG. Reprodução. Quadros pintados por Edmond Viancin. Fonte: brevescafe.net |
Quem foi o Comendador José Breves
Apelidado de "Rei do Café" por seus pares, dono de um poderio feudal, sozinho chegou a possuir mais de 6.000 escravos, número que poderia dobrar se juntarmos as propriedades e plantel de seu irmão e outros parentes.
Da Marambaia no Rio de Janeiro até o Piumbí na serra de Minas, dizia o velho comendador, que podia ir sem pisar em terra alheia. Em seu inventário foram arroladas mais de 90 popriedades, atestando sua fortuna e poderio. Possuía navios e gozava da amizade de Pedro I, tendo participado do Grito do Ipiranga.
Ele foi um grande benemérito de inúmeras obras pias, em Petrópolis, Lambari (MG), Piraí, e no Rio de Janeiro.
(Fonte: http://brevescafe.net)
Texto de Gustavo Barroso sobre o Solar do Rei do Café (O Cruzeiro, 1, out, 1955)
Inauguração da temporada de veraneio
O memoralista lambariense José Nicolau Mileo, de quem já falamos aqui e aqui, no seu precioso Subsídios para a história de Lambari, anotou como foram feitas as primeiras temporadas de veraneio, na então Águas Virtuosas da Campanha.
José e Rita Breves foram assíduos frequentadores da estância nos meados do Século XIX, e ajudaram a consolidar o hábito da procura da água e a estação de veraneio em Águas Virtuosas.
Veja:
Resumo biográfico por José Nicolau Mileo
No seu livro Ruas de Lambari, José Nicolau Mileo faz o seguinte resumo biográfico do Comendador José Breves:
A antiga Rua Comendador José Breves
Abaixo mapa indicando a antiga Rua Comendador José Breves. Atualmente, tal rua se chama José Ieno.
Antigas lojas da família Bacha localizadas na Rua Comendador José Breves
Outras ruas e praças mencionadas no site GUIMAGUINHAS
Ilustração: Imagem original de Nossa Senhora Aparecida [Século XVI] e a imagem de Nossa Senhora da Saúde [provavelmente da segunda metade do século XVII] existentes, respectivamente, no Santuário de Aparecida do Norte e na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Saúde, em Lambari, MG
Este post foi extraído do e-book As Águas Virtuosas de Lambari e a devoção a Nossa Senhora da Saúde que o site GUIMAGUINHAS disponibilizou gratuitamente aqui.
O texto abaixo trata de duas curiosidades históricas que aproximam a devoção a Nossa Senhora da Aparecida, iniciada no ano de 1717, na antiga Vila de Guaratinguetá, na Província de São Paulo, e a Nossa Senhora da Saúde, iniciada a partir dos anos 1780, na Província das Minas, quando se deu a descoberta das Águas Virtuosas de Campanha do Rio Verde, futura cidade de Lambari, MG.
(Veja o texto: A devoção a Nossa Senhora Aparecida e a descoberta da “Água Santa” em Lambari, disponível aqui).
Vamos lá.
Capa do e-book, disponível aqui:
https://rl.art.br/arquivos/7457114.pdf
Foi em 1717 [a] que, segundo a tradição, se deu o achado por pescadores da imagem de Nossa Senhora da Conceição, posteriormente nomeada Nossa Senhora Aparecida. [1]
A partir daí, teve início a devoção por meio de famílias que se reuniam aos sábados em torno da imagem para rezarem o terço e cantarem em louvor da santa; depois, eram os que passavam pelo caminho e visitavam a capelinha à beira da estrada para pedir ou agradecer sua intercessão; mais à frente, o culto passou a ser feito em ritos domésticos, em pequenos altares e oratórios, prática essa que, já na metade do Século XVIII, se estendeu por diversos lugares, com a fama da Senhora Aparecida levada por tropeiros, sertanistas e mineradores. [1]
[a] Neste ano de 2017, em outubro, completam-se 300 anos da aparição da imagem da Virgem Maria.Nossa Senhora Aparecida.
Disseminação das capelas dedicadas a Nossa Senhora Aparecida
Com Nossa Senhora da Conceição Aparecida, a devoção mariana introduzida pelos portugueses adquiriu nacionalidade brasileira, e a veneração à santa assume um caráter de identidade nacional. [2]
A disseminação das capelas dedicadas a Nossa Senhora Aparecida coincide com a notícia do achado das águas minerais na região de Lambari, [2] visto que de 1780 a 1790 situa-se a década provável da descoberta das águas. [3]
Imagem original de Nossa Senhora Aparecida [Século XVI] e a imagem de Nossa Senhora da Saúde [provavelmente da segunda metade do século XVII]
A descoberta das Águas Virtuosas e a devoção a Senhora da Saúde
Logo após a descoberta das fontes, as virtudes miraculosas da água medicinal [3] passaram a ser apregoadas por todos, e elas começaram a ser designadas, já a partir de 1801, por águas santas. [4] A expressão águas virtuosas começa a ser utilizada a partir de 1805, e acabou por nomear toda a região detrás da serra da Campanha por aquele nome: Águas Virtuosas. [4] E bem assim a serra divisória entre Campanha e Lambari passou a ser conhecida, desde 1805, como Serra da Água Virtuosa ou Água Santa da Campanha. [3]
Paisagem da séria Mata, de Benedito Calixto [6]
As expressões águas santas ou águas virtuosas nasceram provavelmente da crença e da fé populares, por associação dos efeitos medicinais e curadores da água à “tradição católica dos milagres da Virgem Santíssima” [2], como ficou assentado nos costumes devocionais da Região das Águas Virtuosas.
Viajantes e tropeiros aproximam as duas histórias
Mais tarde, passava pelo lugar uma estrada, e o boiadeiro ou tropeiro parava, chegava reverente até a nascente da ÁGUA SANTA, bebia, punha um pouco sobre a cabeça nua, banhando os cabelos e a testa, e enchia uma botija, que levava com escrupuloso cuidado para operar a uma, a 50, 80 e cem léguas de distância.
Extraído de A LENDA DAS ÁGUAS VIRTUOSAS, texto atribuído a Américo Werneck (aqui)
Circulando pela Estrada Velha, ou Caminho Velho [b], tropeiros, sertanistas, mineradores, boiadeiros e outros viajantes trouxeram à Região do Lambari o achado da Senhora Aparecida, e possivelmente foram esses mesmos que levaram às localidades por onde passavam as notícias, semeadas pela devoção religiosa, das “curas milagrosas” produzidas pela “água santa”, por intercessão de Nossa Senhora da Saúde. [2]
[b] O Caminho Velho foi a primeira via aberta oficialmente pela Coroa Portuguesa para o tráfego entre o litoral fluminense e a região mineradora. Do mar (Paraty) às minas (Vila Rica), ele soma 630 quilômetros, ligando o Atlântico – Rio de Janeiro – e depois São Paulo, passando pela Vila de Guaratinguetá – à cidade de Campanha (MG).
Rancho Grande (dos Tropeiros), de Benedito Calixto [6]
Quase dois séculos depois, a construção das igrejas
Além da aproximação histórica supracitada, entre Aparecida do Norte e Águas Virtuosas de Lambari, há uma outra curiosidade, ocorrida em meados do Século XX: tanto o santuário de Aparecida como a Igreja de Lambari foram projetados pelo mesmo arquiteto: Calixto de Jesus Neto.
De fato, dos projetos da nova Matriz de Nossa Senhora da Saúde em Lambari, adotou-se o elaborado pelo Dr. Benedito Calixto de Jesus Neto, formado no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, que fora também responsável pelo projeto do Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. [5]
(Veja o texto: O Santuário de Aparecida e a Igreja de Lambari, disponível aqui).
Santuário de Aparecida do Norte e a Matriz de N. S. Saúde, em Lambari
[1] SOUZA, Juliana Beatriz Almeida de. Virgem mestiça: devoção à Nossa Senhora na colonização do Novo Mundo. Tempo, v. 6, n. 11, 2001. p. 77-92
[2] CARVALHO, Roberto Junho. A lenda de Lambari por uma perspectiva semiótica: construção de sentido, origens e ideologia. Dissertação (Mestrado) – Universidade Vale do Rio Verde (UninCor), Três Corações, 2015.
[3] LEFORT, Mons. José do Patrocínio. A Diocese da Campanha, 1993, págs. 206 e 207
[4] MILEO, José N. Subsídios para a história de Lambari. Guaratinguetá, SP : Graficávila, 1970, págs.12, 14, 16 e 56.
[5] GUIMARÃES, Antônio Carlos. A Basílica de Aparecida do Norte e a Igreja de Lambari – Disponível em: http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=39880
[6] BENEDITO CALIXTO [Benedito Calixto de Jesus (1853/1927): pintor, desenhista, professor, historiador e astrônomo amador brasileiro] vem a ser avô de Benedito Calixto Neto, autor do projeto da Igreja Matriz de Lambari (V. link acima)
Autorretrato - Benedito Calixto
(*) Biografia de Benedito Calixto - aqui
(**) Fonte das pinturas de Benedito Calixto: Pinacoteca Benedicto Calixto http://pinacotecadesantos.org.br/Benedicto.aspx
Conforme já narramos aqui, aqui e aqui, o Águas Virtuosas chegou à disputa final do Campeonato de 1953, tendo como adversário o Esporte de São Lourenço, e mesmo ganhando a primeira partida e empatando a segunda, teve de fazer um terceiro jogo, que perdeu, terminando a disputa como vice-campeão.
De qualquer modo, o Águas Virtuosas conquistou de forma brilhante o segundo turno, credenciando-se para a final. É o que veremos a seguir.
Vamos lá.
Carlos Rodrigues Eufrásio, professor de história do Ginásio de Lambari e resenhista esportivo do semanário O ÁGUAS VIRTUOSAS, de Lambari
O professor Carlos Rodrigues Eufrásio resenhou para o semanário O ÁGUAS VIRTUOSAS, de 11 de outubro de 1953, como foi a campanha do Águas Virtuosas no segundo turno.
Eis o seu relato:
Reprodução: O ÁGUAS VIRTUOSAS, 11, out, 1953
O Águas Virtuosas disputou o returno do Campeonato de 1953, promovido pela Liga de São Lourenço, com as seguintes equipes da região:
Obteve 5 vitórias, 2 empates e foi derrotado uma vez.
Reprodução: O ÁGUAS VIRTUOSAS, 2, ago, 1953
Reprodução: O ÁGUAS VIRTUOSAS, 9, ago, 1953
Reprodução: O ÁGUAS VIRTUOSAS, 30, ago, 1953
Reprodução: O ÁGUAS VIRTUOSAS, 30, ago, 1953
Reprodução: O ÁGUAS VIRTUOSAS, 6, set, 1953
Reprodução: O ÁGUAS VIRTUOSAS, 20, set, 1953
Reprodução: O ÁGUAS VIRTUOSAS, 27, set, 1953
Reprodução: O ÁGUAS VIRTUOSAS, 4, out, 1953
Ao final do returno, conquistado pelo Águas Virtuosas, o professor Carlos Rodrigues fez a seguinte avaliação quanto ao desempenho dos atletas:
Reprodução: O ÁGUAS VIRTUOSAS, 11, out, 1953
Algumas avaliações do professor Carlos, postas acima, confirmam o que se sabe de alguns jogadores históricos do Águas. Como por exemplos:
Na campanha do returno, o Águas marcou 26 vezes e sofreu 6 gols.
Nas finais, marcou 5 vezes e sofreu 7 gols.
Os artilheiros do time:
Registre-se, ainda, a realização de 3 amistosos do Águas Virtuosas, realizados no segundo semestre de 1953, nos quais o time fez 11 gols e levou 3. Os jogos de setembro foram comemorativos do 27º aniversário do Águas.
Semário O ÁGUAS VIRTUOSAS, 13, set e 18, out de 1953
Confira os resultados e os artilheiros:
Os artilheiros foram:
Ilustração: Portão da gruta de N. S. da Saúde, no Parque das Águas, em Lambari, MG
Logo após a descoberta das fontes das Águas Virtuosas de Lambary, as virtudes miraculosas da água medicinal [1] passaram a ser apregoadas por todos, e elas começaram a ser designadas, já a partir de 1801, por águas santas; a expressão águas virtuosas começa a ser utilizada a partir de 1805. [2]
Essas expressões nasceram provavelmente da crença e da fé populares, por associação dos efeitos medicinais e curadores da água à “tradição católica dos milagres da Virgem Santíssima” [3], como ficou assentado nos costumes devocionais da Região das Águas Virtuosas. Aliás, A Lenda das Águas Virtuosas bem apanha esse aspecto: a cura de Cecília associa-se à devoção da Virgem Maria. [4]
Abaixo vão informações sobre a gruta dedicada a Nossa Senhora da Saúde, cuja devoção está associada desde a descoberta das fontes às virtudes terapêuticas das águas minerais de Lambari.
A gruta dedicada a N. S. da Saúde no Parque das Águas
No Parque das Águas em Lambari, há uma gruta dedicada a Nossa Senhora da Saúde, fruto da devoção, da crença e do fervor popular, que a história, a cultura e a religião estabeleceram, ao longo do tempo, entre as propriedades terapêuticas das águas virtuosas e a ação protetora dos que se socorrem à Senhora da Saúde.
Fonte: www.cidade-brasil.com.br
O olho d'água sob a Igreja Matriz
Na encosta esquerda do outeiro onde se ergueram as três igrejas dedicadas a Nossa Senhora da Saúde, em Lambari, há um olho d’água – uma nascente – que dá origem a um pequeno fio d’água.
Há muito se pensa na captação dessa água – que ali brota aos pés da Igreja Matriz de N. S. Saúde – e a construção de uma pequena gruta ou ermida dedicada à Senhora das Águas.
Gruta de Nossa Senhora de Lourdes, que havia na entrada do Hospital S. Vicente de Paulo, em Lambari, MG
A Série AS ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARY
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