Guimagüinhas
Memórias familiares e de minha terra natal
Meu Diário
05/09/2017 06h59
Memórias de Aguinhas - Olha o trem!

Ilustração: Reprodução - Calendário - Pintores com a boca e os pés (www.apbp.com.br)


SUMÁRIO

 


Apresentação

Na série O TREM DE AGUINHAS já publicamos diversos posts sobre a via férrea que serviu Águas Virtuosas de Lambari por 70 anos, entre os 1894 e 1966 (aqui).

Pois bem, hoje voltamos ao tema para contar como foi a chegada do trem em Águas Virtuosas do Lambari, no final do Século XIX.

Vamos lá.

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Como se chegava a Águas Virtuosas antes do trem

A descoberta das águas e a rota Campanha-Rio de Janeiro

Com a descoberta das fontes em 1780, as águas virtuosas (também chamadas águas santas) eram procuradas por moradores da comarca de Campanha e viajantes de tropa, atraídos por suas qualidades específicas. O acesso se dava, então, por meio de trilhas na mata fechada.

A partir da década de 1800, concorriam às fontes das águas virtuosas não só "famílias de toda a parte", como também "muitos e muitos eclesiásticos".

Em 1826, foi alterada a rota da estrada de Campanha para o Rio de Janeiro, fazendo-a passar próxima ao manancial das águas. Essa rota era frequentada por tropeiros, sertanistas, mineradores, boiadeiros e outros viajantes. [1]  [2] [3]

Inauguração das temporadas de veraneio

Como já contamos (aqui), a partir de 1853, dezenas de famílias, entre elas a do Comendador José Breves, vieram de várias partes do país fazer uso das águas, consolidando o hábito da procura das águas virtuosas e inaugurando a temporada de veraneio.

A visita da Princesa Isabel

Já vimos também (aqui) e (aqui) que em 1868 a Princesa Isabel e seu marido o Conde D'Eu vieram a Águas Virtuosas de Campanha, andando dezenas de quilômetros de liteira*.


Fonte: A história da Princesa Isabel: amor, liberdade e exílio , de Regina Echeverria (aqui).


(*) Liteira: veículo que consiste em uma espécie de cadeira fechada, suspensa por duas varas e carregada por dois homens ou atrelada a dois animais, um à frente e outro atrás. Dicionário Michaelis)

Liteira. Fonte: J. B. Debret (bn.digital)

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A cavalo, troles ou liteiras

Antes de 1894, podia-se chegar de trem até Contendas (Conceição do Rio Verde), e depois fazer o restante do trajeto até  Águas Virtuosas por meio de cavalo, troles ou liteiras.

Fonte: Reprodução: A Província de São Paulo - 10/abril/1888


Trole - Reprodução - Fonte: www.saojoseonline.com.br

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A chegada do trem em Águas Virtuosas

A construção do ramal para Campanha

Em 1889,  foi autorizada a construção do ramal partindo do kilômetro 106 da Estrada de Ferro Minas a Rio até a cidade de Campanha, passando por Águas Virtuosas do Lambari e Cambuquira.



A Estrada de Ferro Muzambinho chegou a Jesuânia (então chamada Lambari) em 1894.

Em 1o. de março, essa estação (chamada então Bias Fortes) foi inaugurada.

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O trem chega a Lambari (atual Jesuânia) em fevereiro de 1894

Reprodução: Revista Industrial 1894 (www.bn.digital)

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O trem chega a Águas Virtuosas (atual Lambari) em fevereiro de 1894

No dia 24 do mesmo mês a estrada de ferro chegava às Águas Virtuosas. [4

A primeira estação foi a Parada Melo, a estação ferroviária definitiva de Águas Virtuosas foi inaugurada alguns anos depois.


Reprodução: Revista Industrial 1894 (www.bn.digital)

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Do Rio de Janeiro a Lambari de trem - em 1904

Em 1904, a Estrada de Ferro Minas e Rio fazia propaganda da viagem de trem partindo do Rio de Janeiro até onde se acham as fontes de águas medicinaes conhecidas por Águas Virtuosas de Lambary.

Eram quase 12 horas de viagem, divididas entre baldeações, almoço e jantar. 


Estação Central, Rio de Janeiro, fins do Século XIX (Fonte: Wikipedia)


Saindo a Estação Central no Rio de Janeiro, a composição passava por


Reprodução: Almanaque Lambert, 1904 (bn.digital)

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Trem restaurante com destino a Águas Virtuosas, numa parada em Passa Quatro (1906)

Trem misto chegando em Campanha, MG (Reprodução: Internet)


Referências

  1. BUENO, Júlio. Almanach do Município de Campanha - Typografia do Monitor Sul-Mineiro, 1900, p. 93
  2. CARROZO, João. História Cronológica de Lambari - Nascida Águas Virtuosas da Campanha. Piracicaba, SP, Ed. Shekinah, 1988, p. 20
  3. LEFORT, Mons. José do Patrocínio. A Diocese da Campanha - 1993, págs. 206 e 207
  4. VIOLA, Paulo Roberto Viola. Lambari, como eu gosto de você. Rio de Janeiro : Ed. Navona, 2002, p. 117
  5. www.bn.digital
  6. Revista Industrial - 1894
  7. Almanaque Lambert - 1904
  8. A história da Princesa Isabel: amor, liberdade e exílio , de Regina Echeverria
  9. Pintores com a boca e os pés (www.apbp.com.br)

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Publicado por Guimaguinhas
em 05/09/2017 às 06h59
 
02/09/2017 12h22
Memórias de Aguinhas - A Navegação Aérea Brasileira (NAB) em Aguinhas

Ilustração: Reprodução do livro Douglas DC: 80 Glorious Years, de Geof Jones (Google Books)


SUMÁRIO

- Apresentação

- Propagandas de voos para Lambari

- Em 1960, os voos são encerrados

- O escritório da NAB em Lambari

- Uma antiga passagem da NAB

- Referências


Apresentação

Já falamos no GUIMAGUINHAS sobre o aeroporto de nossa cidade (aqui) e dos voos diretos para o Rio de Janeiro, nos anos 1950 (aqui).

Tais voos eram realizados pelas companhias NAB (Navegação Aérea Brasileira)  e NTA (Nacional Transportes Aéreos).

A NAB chegou a ter um escritório em nossa cidade, nos anos 1950; os voos, no entanto, foram interrompidos no início dos anos 1960.

É o que vamos ver abaixo. Vamos lá.

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Propagandas de voos para Lambari

Em 50 minutos chegava-se do Rio de Janeiro às estâncias do Sul de Minas.

Voos diretos e financiados em até 60 meses traziam turistas cariocas para Lambari, nos anos 1950.

Reprodução: Última Hora, 27/out/1958


Durante toda a década de 1950, vamos encontrar propagandas de voos diretos do Rio de Janeiro para as estâncias mineiras, Lambari entre elas, nos principais jornais e revistas da então Capital do Brasil:


Reprodução: O Cruzeiro, 1950


Reprodução: Diário de Notícias, 1951


Reprodução: Revista Fon Fon n. 2458, de 1954

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Em 1960, os voos são encerrados

O jornal O Globo, de janeiro de 1960, trouxe a triste notícia:

Reprodução: O Globo, 18/jan/1960

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O escritório da NAB em Lambari

Nos anos 1950, funcionava a agência da NAB (Navegação Aérea Brasileira) na Pça. Conselheiro João Lisboa.

Na foto abaixo, estão João Rely Martins (escrevendo) e, acima, sua mulher Zelina operando o rádio amador prefixo PPO2:

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Uma antiga passagem da NAB

Veja no link abaixo, uma antiga passagem da Navegação Aérea Brasileira:


Referências

  • Diários de Notícias, ano 1951
  • O Globo, edição 18/jan/1960
  • Última Hora - edições: 13/jul/1954 e 27out/1958
  • Revista O Cruzeiro, ano 1950
  • Wikipedia
  • www.bndigital
  • Familiares de João Rely Martins e Zelina Barbosa Martins, a quem agradecemos a cessão da foto acima.

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Publicado por Guimaguinhas
em 02/09/2017 às 12h22
 
15/08/2017 08h39
167 anos da criação da Paróquia de Águas Virtuosas

Reprodução: Selo postal comemorativo dos 167 anos da criação da Paróquia Nossa Senhora da Saúde (Águas Virtuosas de Lambary) - Diocese da Campanha


SUMÁRIO


Apresentação

Neste 15 de agosto de 2017, feriado municipal e dia da Padroeira de Lambari, recordamos a criação, há 167 anos, da Paróquia dedicada a Nossa Senhora da Saúde, com sede na então Águas Virtuosas de Lambary.

Para comemoração desta data festiva, foi lançado este lindo selo postal:

Abaixo vão um pequeno histórico deste acontecimento e alguns documentos da época.

Confira.

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A criação da Paróquia [*] de Águas Virtuosas

Tempos antes das descobertas das águas virtuosas, já crescia e prosperava um arraial situado nas margens da Estrada Geral, na Região do Rio Lambari – o arraial do Bom Jesus do Lambari (atual cidade de Jesuânia). [1]  [2]

Nesse arraial, no ano de 1816, se estabelecera, em uma área de campo, Antônio Xavier Mariano, que, mais tarde, foi nomeado procurador para a construção da capela do Senhor Bom Jesus, patrono da povoação. Para tanto, em 1826, Mariano adquiriu uma porção de terras na fazenda de Santa Rita do Lambari, com o objetivo de formar o patrimônio da referida capela. Assim foi que Senhor Bom Jesus se tornou a primeira capela na Região do Lambari, sendo depois elevada a Paróquia pela lei mineira de 15 de julho de 1828 e a Paróquia de instituição canônica a 2 de janeiro de 1852. [3]

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Reprodução: Almanach Sul-Mineiro, de 1874 



Em 1850, a povoação de Águas Virtuosas foi elevada à condição de Paróquia (Lei n. 487, de 28/06/1850), recebendo, a partir dessa data, o nome oficial de Águas Virtuosas. Aqui dá-se a divisão da "velha região do Lambari" (que abrangia a atual Jesuânia e a atual Lambari) em duas freguesias [**] : a da Águas Virtuosas (recém-criada), e a do Lambari (atual Jesuânia). [4]


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E-book: As Águas Virtuosas de Lambari e a devoção a Nossa Senhora da Saúde

Conforme noticiamos (aqui), está em fase final de produção o e-book abaixo, que será lançado texto eletrônico (e-book) e texto impresso (livreto).

Aguarde.

 

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Glossário

[*] Paróquia: Divisão territorial de uma diocese sobre a qual tem jurisdição ordinária um sacerdote, o pároco.

[**] Freguesia: Povoação, sob o aspecto eclesiástico.

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Referências

[1] Cidades – IBGE – Jesuânia – Disponível em: http://cod.ibge.gov.br/1S3D

[2] CARROZZO, João. Lambari (Outrora: Cidade de Águas Virtuosas da Campanha) - 3ª. edição, 1985, p. 21

[3] http://www.ograndematosinhos.com.br/isabel/outro_matosinhos_84.htm

[4] MILEO, José N. Subsídios para a história de Lambari. Guaratinguetá, SP : Graficávila, 1970

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Publicado por Guimaguinhas
em 15/08/2017 às 08h39
 
02/08/2017 20h21
RUAS DE LAMBARI (1) - Comendador José Breves, o Rei do Café

Ilustração: (Recorte) do retrato do Comendador José de Souza Breves - Coleção da Santa Casa de Misericórdio, Rio de Janeiro. Fonte: Facebook/brevescafe


SUMÁRIO


Apresentação

Este post inicia a Série Ruas de Lambari, cujo índice vai abaixo.

Ruas de Lambari, José Nicolau Mileo - Guaratinguetá, SP, Graficávila, 1970

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Comendador José Breves

No início do Século XX, a Câmara Municipal de Lambari, por meio da Lei n.o 7, de 26 de abril de 1902, deu à antiga rua do Comércio o nome do Comendador José Breves, em reconhecimento à afeição que ele e sua esposa Rita Breves dedicaram à então Águas Virtuosas da Campanha.

Abaixo vai um pouco de sua história.

 

Comendador José Breves e Rita Breves, frequentadores e beneméritos da cidade de Lambari, MG. Reprodução. Quadros pintados por Edmond Viancin. Fonte: brevescafe.net

 

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Quem foi o Comendador José Breves

Apelidado de "Rei do Café" por seus pares, dono de um poderio feudal, sozinho chegou a possuir mais de 6.000 escravos, número que poderia dobrar se juntarmos as propriedades e plantel de seu irmão e outros parentes.

Da Marambaia no Rio de Janeiro até o Piumbí na serra de Minas, dizia o velho comendador, que podia ir sem pisar em terra alheia. Em seu inventário foram arroladas mais de 90 popriedades, atestando sua fortuna e poderio. Possuía navios e gozava da amizade de Pedro I, tendo participado do Grito do Ipiranga.

Ele foi um grande benemérito de inúmeras obras pias, em Petrópolis, Lambari (MG), Piraí, e no Rio de Janeiro. 

(Fonte: http://brevescafe.net)


Texto de Gustavo Barroso sobre o Solar do Rei do Café (O Cruzeiro, 1, out, 1955)

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Inauguração da temporada de veraneio

O memoralista lambariense José Nicolau Mileo, de quem já falamos aquiaqui,  no seu precioso Subsídios para a história de Lambari, anotou como foram feitas as primeiras temporadas de veraneio, na então Águas Virtuosas da Campanha.

José e Rita Breves foram assíduos frequentadores da estância nos meados do Século XIX, e ajudaram a consolidar o hábito da procura da água e a estação de veraneio em Águas Virtuosas.

Veja:


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Resumo biográfico por José Nicolau Mileo

No seu livro Ruas de Lambari, José Nicolau Mileo faz o seguinte resumo biográfico do Comendador José Breves:

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A antiga Rua Comendador José Breves

Abaixo mapa indicando a antiga Rua Comendador José Breves. Atualmente, tal rua se chama José Ieno.


Antigas lojas da família Bacha localizadas na Rua Comendador José Breves

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Índice da Série

 


Referências

  • MILEO, José Nicolau. Ruas de Lambari. Cruzeiro, SP, Graficávila, 1970, p. 45
  • MILEO, José Nicolau Mileo. Subsídios para a história de Lambari. SP : Graficávila, 1970, págs. 65 a 67.
  • MARTINS, Armindo. Lambari, a cidade das Águas Virtuosas, 1949 - Fonte do mapa das ruas da cidade
  • http://brevescafe.net
  • Facebook/brevescafe

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Publicado por Guimaguinhas
em 02/08/2017 às 20h21
 
11/07/2017 06h14
Aparecida do Norte e a Senhora das Águas - Coincidências históricas

Ilustração: Imagem original de Nossa Senhora Aparecida [Século XVI] e a imagem de Nossa Senhora da Saúde [provavelmente da segunda metade do século XVII] existentes, respectivamente, no Santuário de Aparecida do Norte e na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Saúde, em Lambari, MG


SUMÁRIO


Apresentação

Este post foi extraído do e-book As Águas Virtuosas de Lambari e a devoção a Nossa Senhora da Saúde que o site GUIMAGUINHAS disponibilizou gratuitamente aqui.

O texto abaixo trata de duas curiosidades históricas que aproximam a devoção a Nossa Senhora da Aparecida, iniciada no ano de 1717, na antiga Vila de Guaratinguetá, na Província de São Paulo, e a Nossa Senhora da Saúde, iniciada a partir dos anos 1780, na Província das Minas, quando se deu a descoberta das Águas Virtuosas de Campanha do Rio Verde, futura cidade de Lambari, MG.

(Veja o texto: A devoção a Nossa Senhora Aparecida e a descoberta da “Água Santa” em Lambari, disponível aqui).

Vamos lá.


Capa do e-book, disponível aqui:

https://rl.art.br/arquivos/7457114.pdf

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A devoção à Senhora Aparecida

Foi em 1717 [a] que, segundo a tradição, se deu o achado por pescadores da imagem de Nossa Senhora da Conceição, posteriormente nomeada Nossa Senhora Aparecida. [1]

A partir daí, teve início a devoção por meio de famílias que se reuniam aos sábados em torno da imagem para rezarem o terço e cantarem em louvor da santa; depois, eram os que passavam pelo caminho e visitavam a capelinha à beira da estrada para pedir ou agradecer sua intercessão; mais à frente, o culto passou a ser feito em ritos domésticos, em pequenos altares e oratórios, prática essa que, já na metade do Século XVIII, se estendeu por diversos lugares, com a fama da Senhora Aparecida levada por tropeiros, sertanistas e mineradores. [1]

[a] Neste ano de 2017, em outubro, completam-se 300 anos da aparição da imagem da Virgem Maria.Nossa Senhora Aparecida.

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Disseminação das capelas dedicadas a Nossa Senhora Aparecida

Com Nossa Senhora da Conceição Aparecida, a devoção mariana introduzida pelos portugueses adquiriu nacionalidade brasileira, e a veneração à santa assume um caráter de identidade nacional.  [2]

A disseminação das capelas dedicadas a Nossa Senhora Aparecida coincide com a notícia do achado das águas minerais na região de Lambari, [2] visto que de 1780 a 1790 situa-se a década provável da descoberta das águas. [3]


 Imagem original de Nossa Senhora Aparecida [Século XVI] e a imagem de Nossa Senhora da Saúde [provavelmente da segunda metade do século XVII]

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A descoberta das Águas Virtuosas e a devoção a Senhora da Saúde

Logo após a descoberta das fontes, as virtudes miraculosas da água medicinal [3] passaram a ser apregoadas por todos, e elas começaram a ser designadas, já a partir de 1801, por águas santas[4] A expressão águas virtuosas começa a ser utilizada a partir de 1805, e acabou por nomear toda a região detrás da serra da Campanha por aquele nome: Águas Virtuosas. [4] E bem assim a serra divisória entre Campanha e Lambari passou a ser conhecida, desde 1805, como Serra da Água Virtuosa ou Água Santa da Campanha. [3]

Paisagem da séria Mata, de Benedito Calixto [6]

As expressões águas santas ou águas virtuosas nasceram provavelmente da crença e da fé populares, por associação dos efeitos medicinais e curadores da água à “tradição católica dos milagres da Virgem Santíssima” [2], como ficou assentado nos costumes devocionais da Região das Águas Virtuosas. 

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Viajantes e tropeiros aproximam as duas histórias

Mais tarde, passava pelo lugar uma estrada, e o boiadeiro ou tropeiro parava, chegava reverente até a nascente da ÁGUA SANTA, bebia, punha um pouco sobre a cabeça nua, banhando os cabelos e a testa, e enchia uma botija, que levava com escrupuloso cuidado para operar a uma, a 50, 80 e cem léguas de distância.

Extraído de A LENDA DAS ÁGUAS VIRTUOSAS, texto atribuído a Américo Werneck (aqui)


Circulando pela Estrada Velha, ou Caminho Velho [b], tropeiros, sertanistas, mineradores, boiadeiros e outros viajantes trouxeram à Região do Lambari o achado da Senhora Aparecida, e possivelmente foram esses mesmos que levaram às localidades por onde passavam as notícias, semeadas pela devoção religiosa, das “curas milagrosas” produzidas pela “água santa”, por intercessão de Nossa Senhora da Saúde. [2]

[b] O Caminho Velho foi a primeira via aberta oficialmente pela Coroa Portuguesa para o tráfego entre o litoral fluminense e a região mineradora. Do mar (Paraty) às minas (Vila Rica), ele soma 630 quilômetros, ligando o Atlântico – Rio de Janeiro –  e depois São Paulo, passando pela Vila de Guaratinguetá –  à cidade de Campanha (MG).


Rancho Grande (dos Tropeiros), de Benedito Calixto [6]

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Quase dois séculos depois, a construção das igrejas

Além da aproximação histórica supracitada, entre Aparecida do Norte e Águas Virtuosas de Lambari, há uma outra curiosidade, ocorrida em meados do Século XX: tanto o santuário de Aparecida como a Igreja de Lambari foram projetados pelo mesmo arquiteto: Calixto de Jesus Neto. 

De fato, dos projetos da nova Matriz de Nossa Senhora da Saúde em Lambari, adotou-se o elaborado pelo Dr. Benedito Calixto de Jesus Neto, formado no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, que fora também responsável pelo projeto do Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. [5]

(Veja o texto: O Santuário de Aparecida e a Igreja de Lambari, disponível aqui).


Santuário de Aparecida do Norte e a Matriz de N. S. Saúde, em Lambari

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Referências

[1] SOUZA, Juliana Beatriz Almeida de. Virgem mestiça: devoção à Nossa Senhora na colonização do Novo Mundo. Tempo, v. 6, n. 11, 2001. p. 77-92 

 [2] CARVALHO, Roberto Junho. A lenda de Lambari por uma perspectiva semiótica: construção de sentido, origens e ideologia. Dissertação (Mestrado) – Universidade Vale do Rio Verde (UninCor), Três Corações, 2015. 

 [3] LEFORT, Mons. José do Patrocínio. A Diocese da Campanha, 1993, págs. 206 e 207 

 [4] MILEO, José N. Subsídios para a história de Lambari. Guaratinguetá, SP : Graficávila, 1970, págs.12, 14, 16 e 56. 

 [5]  GUIMARÃES, Antônio Carlos. A Basílica de Aparecida do Norte e a Igreja de Lambari – Disponível em: http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=39880  

[6]  BENEDITO CALIXTO [Benedito Calixto de Jesus (1853/1927): pintor, desenhista, professor, historiador e astrônomo amador brasileiro]  vem a ser avô de Benedito Calixto Neto, autor do projeto da Igreja Matriz de Lambari (V. link acima)

 Autorretrato - Benedito Calixto

(*) Biografia de Benedito Calixto - aqui

(**) Fonte das pinturas de Benedito Calixto: Pinacoteca Benedicto Calixto http://pinacotecadesantos.org.br/Benedicto.aspx

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Publicado por Guimaguinhas
em 11/07/2017 às 06h14
Página 50 de 114

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