Introdução
Antônio Fonseca Pimentel, filho do Dr. Antônio Pimentel Júnior, prefeito de Lambari entre 1912/1918 (aqui), nascido em Ouro Fino (MG), em 1916, aqui morou até os 6 anos de idade, tendo deixado Lambari, com a família, em 5 de setembro de 1922. (1).
Funcionário público federal, fez carreira no antigo DASP, órgão do qual foi diretor (anos 1960). Foi também Diretor-Geral do Ministério da Viação e Obras Públicas (1959), ocupou, nos anos 1960, cargo de assessoramento no Ministério da Agricultura e foi Subchefe do Gabinete Civil (1969). É autor de diversos livros, quer de literatura, quer na área técnica em que trabalhou, e membro da Academia Brasiliense de Letras. Entre suas obras, destacam-se:
E contam-se, ainda, títulos em francês, inglês e espanhol, tais como: L'Administration du Personnel en Amérique Latine, Politics and Administration, Teoría del estado y administración pública.
Mas é em seu livro Memorial dos setenta, no qual narra sua trajetória de vida, que aparecem referências à nossa cidade. Vejamos as recordações das casas em que morou em Lambari:
Em Lambari (...), moramos, o primeiro ano, de princípio de 1919 a princípio de 1920, numa casa assobradada, de propriedade de um tal Artur Sodré, sita na atual rua Regente Feijó nº 215 e que ainda vi em outubro de 1984 praticamente sem alterações estruturais, mas, obviamente, não em muito bom estado de conservação, apesar de ainda habitada.
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Da casa de "seu" Artur Sodré passamos muito rapidamente por outra, de uma tal Tereza Martins, da qual guardo reminiscências apenas fragmentárias...
Finalmente, passamos, a partir de meados de 1920, a residir na casa de uma certa Aninha Horta, numa das esquinas da praça da matriz, onde ficava em 1984, sem a antiga casa, a chácara de um Sr. Castelo Branco. Nessa casa moramos até nossa partida definitiva de Lambari, no dia 5 de setembro de 1922...
Durante sua passagem por Lambari, em 1984, conforme narrado acima, Fonseca Pimentel presenteou D. Geralda Siqueira com um volume do livro Aguas Virtuosas de Lambary (Roberto Capri, 1918), que contém relatos e fotos da administração de seu pai (Antônio Pimentel Júnior) na prefeitura de Lambari, nas décadas de 1910/20.
Dedicatória de Fonseca Pimentel a dona Geralda Siqueira
Capa do livro Águas Virtuosas de Lambary (Roberto Capri, 1918), que traz um pequeno retrato descritivo e fotográfico de Lambari, à época da gestão do prefeito Dr. Antônio Pimentel Júnior
Fonseca Pimentel e Nélson Rodrigues (1962) [Reprodução]
Fonseca Pimentel (direita) e Tancredo Neves (esquerda), Brasília, 1979 [Reprodução]
PIMENTEL, A. Fonseca. Memorial dos setenta. Brasília : Editora Gráfica Brasiliana, 1989, págs. 61 e 65.
Antônio Pimentel Júnior foi o segundo prefeito de Águas Virtuosas do Lambary (2o. semestre de 1912 a 1918), tendo sucedido a Américo Werneck.
Segundo relata seu filho Antônio Fonseca Pimentel, no livro Memorial dos Setenta (aqui), a nomeação de Pimentel Júnior se deu nas seguintes circunstâncias:
Em outubro de 1912, foi meu pai nomeado prefeito de Lambari, então denominada, por extenso, Águas Virtuosas de Lambari.
Essa nomeação se deveu a dois fatos principais.
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O segundo fato a que se deu a nomeação de meu pai foi a decisão de Bueno Brandão de substituir, na prefeitura daquela estância hidromineral, a Américo Werneck,que, dentre numerosas outras obras, concluíra a construção do famoso cassino de Lambari e o inaugurara em 1911.
Bueno Brandão, como chefe do executivo estadual, estivera presente às festas de inauguração , verdadeiramente de mil-e-uma noites, segundo a tradição conservada. E, em sua conhecida simplicidade e austeridade, regressara a Belo Horizonte, segundo os íntimos, escandalizado com tamanha pompa e, de acordo com uma anedota, achando que, naquele andar, Américo Werneck quebraria não só Lambari, mas o próprio Estado de Minas, o que era evidentemente um exagero.
Meu pai era, assim, nomeado com a recomendação expressa de não gastar, ou gastar o menos possível, para compensar os gastos da administração anterior.
Era uma tarefa antipática e ingrata perante uma comunidade que esperara que Américo Werneck transformasse Lambari na Monte Carlo não só de Minas, mas do Brasil, o que não ocorreu nem sequer com o Cassino de Quintandinha, construído trinta anos depois em Petrópolis, a algumas dezenas de quilômetros apenas do Rio de Janeiro.
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Em que pesem as dificuldades acima relatadas, e a perda trágica de um filho — José — então com oito anos, num acidente com uma arma de fogo, fato ocorrido pouco mais de um mês após a chegada da família em Lambari, Pimentel Júnior conseguiu realizar, como prefeito, uma grande administração. Confiram abaixo o relato do escritor José Nicolau Mileo.
Fonte: MILEO, José N. Ruas de Lambari.
Aspectos da cidade entre 1912/1918
Um trecho da cidade, vista da Igreja N. S. da Saúde (nota-se um quarteirão inteiro, da atual Rua Tiradentes, sem nenhuma construção).
Fonte: CAPRI, Roberto. Águas Virtuosas de Lambary
PIMENTEL, Antônio Fonseca. Memorial dos Setenta. Brasília, DF : Gráfica Brasiliana, 1989, p. 57/58.
MILEO, José N. Ruas de Lambari. Guaratinguetá, SP : Gráfica Vila, 1ª. edição, 1970.
CAPRI, Roberto. Águas Virtuosas de Lambary. São Paulo : Pokay & Comp., 1918.
Veja também:
- MEMÓRIAS POLÍTICAS DE AGUINHAS (1) - Dr. José dos Santos, médico e prefeito, aqui
- INAUGURAÇÃO DAS OBRAS DE AMÉRICO WERNECK, aqui
Também nos divertíamos muito, lembrando ditos, expressões e
trovas populares, além de colecionar palavras em desuso na
língua, catadas tanto aos clássicos como aos matutos do
Sul de Minas Gerais.
(Do livro inédito : Pai Véio, um contador de histórias, de Antônio Lobo Guimarães)
Pelo que respeita à linguagem, tanto culta, como familiar ou popular,
é lá [em Minas Gerais] que me parece estar a feição primitiva.
(Gladstone C. de Melo, linguista e professor, de Campanha, MG,no livro A língua do Brasil)
Como já foi dito, a Série Vocabulário de Aguinhas trata-se de uma coleção de palavras e expressões, típicas de Lambari (MG) e região Sul do Estado de Minas Gerais, utilizadas no livro Menino-Serelepe*.
Entre essas palavras e expressões, há algumas que são caracteristicamente lambarienses. Os casos abaixo, por exemplos, pelo que sabemos, só ocorrem em nossa região:
Há outras expressões nossas, que não foram incluídas no vocabulário citado, e que são bastante curiosas, como estas:
Abaixo vai a letra "F" do nosso Vocabulário de Aguinhas.
Confira.
Vocabulário
Faniquito: Ataque de nervos sem importância nem gravidade; xilique.
Farejar: Procurar, esquadrinhar, descobrir.
Farronca: Entidade fantástica que amedronta as crianças. Bicho-papão, cuca.
Fazer vista grossa: Omitir-se; fazer que não viu.
Feijão-pagão: Feijão cozido, mas não socado, que se usa para preparar o feijão tropeiro.
Ficar de butuca: Ficar de olho, vigiar.
Fiote-de-cruz-credo: Pessoa feia, desajeitada.
Féria: Apuração da venda do dia no estabelecimento comercial.
Festão: Ramalhete de flores e folhagens.
Fifó: Fofoqueira de língua venenosa, intrigante.
Finco: Jogo de finco, ou de faquinha, em que se vai lançando, sem errar, os fincos (ou faquinhas) e traçando linhas no chão.
Forreca: Caminhonete velha e estragada.
Fuá: Barulho; confusão.
Fubica: Automóvel antigo e muito estragado.
Fulustreco: Designação de alguém que não se quer nomear, ou cujo nome é ignorado; fulano.
Fraga: Rocha escarpada; penedo, penhasco. Terreno escabroso.
(**) Este Vocabulário de Aguinhas faz parte do livro Menino-Serelepe - Um antigo menino levado contando vantagem, de Antônio Lobo Guimarães, pseudônimo com que Antônio Carlos Guimarães (Guima, de Aguinhas) assina a coletânea HISTÓRIAS DE ÁGUINHAS. V. o tópico Livros à Venda.
Veja nos números anteriores desta série:
http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=36347
http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=37267
http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=37892
http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=41044
http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=42798
Ilustração de abertura: Capa do Dicionário de Vocábulos Brasileiros, de Beaurepaire-Rohan, publicado em 1889, no Rio de Janeiro, pela Imprensa Nacional. A obra é fruto da cultura humanística do autor e da observação acurada, em trabalho de campo, em que ia fazendo a recolha de vocábulos e frases que ouvia em suas andanças pelo Brasil, onde foi, dentre outras atividades públicas exercidas, ocupante dos cargos de Presidente das Províncias do Pará, Paraná e Paraíba.
Ilustração: Logo Som das Águas. TV Manchete. 1987. Reprodução
Em 1987, foi realizado em Lambari o festival de música O SOM DAS ÁGUAS, promovido pela TV Manchete e Adonis Karan, com o apoio das Secretarias de Estado e Cultura e Esporte, Lazer e Turismo de Minas Gerais.
Transmitido ao vivo pela TV Manchete, para todo o Brasil, o festival contou com grandes nomes da Música Popular Brasileira e trinta músicas foram classificadas para a fase semifinal.
Abaixo algumas informações, fotos e vídeos desse festival. Confiram.
Ao fundo, palco do evento Som das Águas
(1) Ícone da extinta TV Manchete (2) O produtor musical Adonis Karan
A chamada para o festival, na TV Manchete
Veja a chamada para o festival O SOM DAS ÁGUAS, feito pela TV Manchete.
Reportagem da Revista Manchete
A revista Manchete divulgou o evento:
Reprodução. Revista Manchete n. 1857, de 1987
Reprodução. Revista Manchete n. 1857, de 1987
De Tadeu Franco e Sérgio Santos, a música Canoeiro.
Aqui na interpretação de Juca Novaes, confira:
Canoeiro, interpretado por Juca Novaes. Youtube - aqui: https://youtu.be/wKxmzISs1PI
Agradeço a contribuição de Juarez Cavalcanti Botelho.
Cacaso, como se recorda, é o apelido pelo qual ficou conhecido Antônio Carlos Ferreira de Brito, mineiro de Uberaba (1944), professor universitário, letrista e poeta. Cacaso é um dos principais nomes da "poesia marginal" brasileira. Sua obra, influenciada por Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e Oswald de Andrade, tematizou a política e o amor em tempos de ditadura e liberação sexual, com humor e crítica social.
Em 1987, conquista o 1º lugar no Festival de Música Som das Águas, realizado em Lambari (MG), com a música O Dia do Juízo, em parceria com Sueli Costa. E no dia 27 de dezembro, deste mesmo ano, morre, de enfarte, no Rio de Janeiro (Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Literatura Brasileira, disponível aqui)
Vídeos apresentações de O SOM DAS ÁGUAS
Apresentação de Oswaldo Montenegro e banda (Pierre Simões nos teclados, Milton Guedes no sax e Lui Coimbra no cello Pierre Simões), com a música Lume de estrelas. Veja no Youtube, aqui
Apresentação de Zé Alexandre, com a música Terra Sã. Veja no Youtube, aqui
Rosa Amor (Homenagem a Cartola), de Ubiratan Souza, com Eduardo Costa. No Youtube, aqui
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Na crônica A Seleção em Aguinhas, extraída do livro Menino-Serelepe*, anotei a lista dos 44 jogados da Seleção Brasileira que estiveram em Lambari, durante os preparativos da Copa do Mundo de 1966.
Como se recorda, esta é a lista:
Fábio, Gilmar, Manga, Ubirajara e Valdir (goleiros); Carlos Alberto Torres, Djalma Santos, Fidélis, Murilo, Édson Cegonha, Paulo Henrique e Rildo (laterais); Altair, Bellini, Brito, Ditão, Djalma Dias, Fontana, Leônidas, Orlando Peçanha e Roberto Dias (zagueiros); Denílson, Dino Sani, Dudu, Edu, Fefeu, Gérson, Lima, Oldair e Zito (apoiadores); Alcindo, Amarildo, Célio, Flávio, Garrincha, Ivair, Jair da Costa, Jairzinho, Nado, Parada, Paraná, Paulo Borges, Pelé, Servílio, Rinaldo, Silva e Tostão (atacantes).
Pois bem, nesse ano e meio em que o site GUIMAGUINHAS está no ar, alguns desses craques vieram a falecer, e noticiamos isso aqui. Veja o caso de Gilmar, Djalma Santos e De Sordi (aqui).
Dias atrás (31 de outubro), deu-se o falecimento de outro craque, ligado a essa Seleção e ao Galo Mineiro. Trata-se de Oldair, o grande capitão da conquista do Campeonato Brasileiro de 1971, vítima de câncer, aos 75 anos.
Oldair realizou 282 partidas com a camisa do Galo e marcou 61 gols.
Oldair (entre Alcindo e Jairzinho) na famosa foto da Seleção de 66, tirada no Cassino
Veja também:
Referências: Supersport (Estado de Minas); Youtube; Terceiro tempo
O livro Menino-Serelepe - Um antigo menino levado contando vantagem, de Antônio Lobo Guimarães, pseudônimo com que Antônio Carlos Guimarães (Guima, de Aguinhas) assina a coletânea HISTÓRIAS DE ÁGUINHAS, pode ser examinado no tópico Livros à Venda, acima.