Sumário
- Introdução
- Dados pessoais e formação
- Vivências
- Empreendimentos
- Gosto pelas Letras
- Publicista
- Parlamentar
- Homem público
- Aspectos de sua vida em Águas Virtuosas de Lambari
- Registros biográficos de Américo Werneck
- Referências
- Ilustração de abertura
- Demais posts da série
1 - Introdução
O objetivo deste post é divulgar, por meio de pequenas notas e indicações bibliográficas, alguns subsídios para conhecimento dos principais fatos da vida de Américo Werneck.
Esses subsídios foram postados aqui, também, para uma ligeira visão do contexto cultural e político em que ele nasceu, se formou e viveu, com o que pretendemos facilitar a exposição e a compreensão desta série As obras literárias de Américo Werneck, e bem assim conhecer fatores influentes sobre a pena do escritor.
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2 - Dados pessoais e formação
Américo Werneck nasceu no Distrito de Bemposta, em Paraíba do Sul (RJ) [atualmente Bemposta pertence ao município de Três Rios (RJ)], no dia 13 de março de 1855, filho de Inácio dos Santos Werneck e de Luísa Amélia de Oliveira, barões de Bemposta. Faleceu no Rio de Janeiro em 17 de setembro de 1927. Foi casado com Judith de Lemos Werneck e posteriormente com Regina de Andrade Werneck.
Homem de coração generoso, do que há pelo menos dois registros:
- O retrato de Américo Werneck estampado no Asilo São Luiz para Velhice Desamparada, no Rio de Janeiro, em razão de ter sido ele um dos beneméritos daquela instituição.
- O registro constante da nota de seu falecimento (jornal A Noite, RJ, de 17/09/1927) de que fizera doações importantes a muitas instituições de caridade.
Estudos preparatórios: Colégio Kopke, de Petrópolis, no Colégio Pedro II, e no externato Aquino, ambos no Rio de Janeiro. Matriculou-se na então Escola Central, no ano de 1872, e formou-se Engenheiro Civil, na turma de 1876, da então Escola Politécnica do Rio de Janeiro, nome que aquela recebeu a partir de 1874.
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3 - Vivências
- Seu berço foi a aristocracia rural, escravocrata e cafeeira do Vale do Paraíba (RJ), meados do Século XIX.
- Cursou engenharia, no Rio de Janeiro [1872-1876]
- À busca de Judith, sua primeira mulher, esteve hospedado em São Gonçalo do Sapucaí (MG), na mansão da Baronesa de Rio Verde, tia de Judith [anos 1870].
- Morou em São Gonçalo do Sapucaí (MG) [anos 1870/80] e praticou o jornalismo no jornal Gazeta Sul-Mineira, folha republicana e abolicionista daquela cidade.
- Instalou-se em Águas Virtuosas do Lambary em 1889, quando comprou a Fazenda dos Pinheiros. Juntou-se ao grupo político formado por Garção Stockler. Praticou o jornalismo nas folhas A Peleja (Águas Virtuosas) e A Revolução.
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4 - Empreendimentos
- No seu livro Judith (1), Werneck relata suas dificuldades para conseguir emprego na área de engenharia ["havia engenheiros demais para a épóca"], e ["Disposto a combater a monarquia na imprensa e nas urnas, não podia solicitar emprego público".] (págs. 135/36).
- E prossegue: "Decidido o abandono da profissão, não descobrindo futuro na carreira das letras, para a qual me impeliam as aptidões cerebrais, sem jeito para o comércio, restava-me o campo independente da agricultura."
- Proprietário rural e cafeicultor no Vale do Paraíba [em São José do Vale do Rio Preto, numa fazenda anexa à de seu pai, provavelmente em 1877, logo após sua formatura] e no Sul de Minas [Fazenda dos Pinheiros, em Águas Virtuosas do Lambary, adquirida por compra a Garção Stockler, em 1889].
- Arrendatário das águas de Cambuquira, MG, a partir de 1895 [Empreza Lambary e Cambuquira, fundada por Américo Werneck], realizou estudos e captações das águas daquela estância. Uma das fontes de Cambuquira é denominada Regina Werneck, em homenagem à segunda esposa de Werneck.
- Arrendatário da Estância Hidromineral de Águas Virtuosas [1912-13]
- Acionista das Indústrias Alba, Rio de Janeiro [Década de 1920] - Empreendimento em que aplicou a indenização recebida do Governo de Minas Gerais - Questão Minas X Werneck (aqui).
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5 - Gosto pelas Letras
- No livro Judith, Werneck relata como conheceu e se apaixonou por sua primeira mulher [Judith Lemos Werneck]. Essa narrativa começa em princípios de 1874 [Werneck tinha 18 para 19 anos e Judith, 12] e se encerra com o casamento [17 de novembro de 1878].
- No mesmo livro [pág. 30], e ainda jovem estudante, confessa estar nos primeiros lineamentos de Arte de Educar os Filhos. Como lhe faltasse ainda experiência e vivência para escrever tal obra, fez-se romancista, e escreveu as primeiras páginas de Graciema.
- Ainda em Judith, à pag. 110, escreveu: ".. distraía-me a escrever os dois romances Morena e Graciema, no último dos quais te encarnavas na figura poética de Juracy." [No romance, esse fato ocorre no mês de novembro de 1877].
- Às páginas 139/40 de Judith, durante um baile em São Gonçalo do Sapucaí, na mansão da Baronesa de Rio de Verde [Olímpia Carolina Villela de Lemos, tia de Judith], confessa estar escrevendo romances: "Um chama-se Morena. É uma lenda mineira, vasada nas impressões de viagem. Tem um entrecho real e interessante. Ao outro pus o título Graciema e Juracy. — São dois ideais de mulher. Espero com essa obra fundar a escola idealista brasileira, casando a poesia da inocência com o lirismo da natureza americana". [Em nota posterior à primeira edição do livro, desculpou-se pela pretensão.]
- Na época em que morou em São Gonçalo do Sapucaí (MG), Werneck passou a publicar folhetins no jornal Gazeta Sul-Mineira [A Conjuração Mineira; Romance Brasileiro]. E certamente é dessa época sua inspiração para escrever A heroína da Inconfidência, romance da vida de Bárbara Heliodora, que também residira naquela cidade.
- Quanto aos idiomas estrangeiros, provavelmente conhecia o espanhol, o inglês e o francês. É certo que conhecia esses dois últimos. Do inglês, traduziu Hamlet, de Shakespeare, do qual incluiu longos trechos no livro Marido e Amante. Dominava também o francês, pois escreveu diversos artigos baseados no livro Trois ans au Ministère des Travaux Publics, de Yves Guiot. (2)
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6 - Publicista
Na definição de José Veríssimo, publicista é aquele que escreve por amor e interesse da causa pública e cuja íntima inspiração é política. (3)
Podemos separar a atividade jornalística de Werneck de sua passagem pelo Sul de Minas (anos 1880/90), que teve como bandeiras principais o abolicionismo e a república, daquela praticada em idade mais madura, em jornais da Capital Federal, Belo Horizonte, Petrópolis.
De artigos publicados nessa última fase, em que passou a exercer cargos no Legislativo e no Executivo, é que se originaram alguns dos opúsculos e livros sobre finanças, economia, sociologia, direito e política que editou.
Abandonou a vida pública em 1912, quando deixou a Prefeitura de Águas Virtuosas. Mas prosseguiu com sua vida literária, escrevendo livros e publicando artigos.
Dos livros ligados à sua atividade de publicista, podemos citar:
“O Brasil seu Presente e seu Futuro”; “Erros e Vícios da Organização Republicana”; “Problemas Fluminenses”; “Estudos Mineiros”; “Ecos da Multidão”; “Revisão Constitucional”; “Indústrias de Transportes”; “Reforma do Sistema Tributário”; “Reflexões sobre a Crise Financeira”; “Tarifas Aduaneiras”; “Política e Finanças”; “Interdito Possessório”; “Juízo Arbitral”; “Liberdade de Testar”; “Do Divórcio”.
Veja também edições da GAZETA SUL MINEIRA, anos 1887, 1890, 1991, editada em São Gonçalo do Sapucaí, por Américo Werneck (aqui)
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7 - Parlamentar
- Na eleição de 24 de abril de 1892, elegeu-se deputado estadual no Rio de Janeiro.
- Em 1902 foi eleito deputado estadual no estado do Rio e ocupou uma cadeira na Assembleia Legislativa fluminense até 1904.
- Em 1906 foi eleito deputado federal pelo estado do Rio de Janeiro e tomou posse em maio do mesmo ano, cumprindo o mandato até dezembro de 1908.
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8 - Homem público
- Prefeito de Belo Horizonte por pequeno período: um mês e quatorze dias [setembro de 1898].
- Fez parte da Comissão Construtora da Nova Capital (Belo Horizonte) [29 de dezembro de 1897 a 14 de abril de 1899] (aqui)
- Em setembro de 1898, foi nomeado secretário de Agricultura e Obras Públicas do estado de Minas Gerais, no governo de Francisco Silviano de Almeida Brandão (1898-1902), permanecendo no cargo até fevereiro de 1901.
- Em abril de 1904, no governo de Nilo Peçanha (1903-1906), tornou-se consultor técnico de Obras Públicas, Comércio e Indústria do estado do Rio, mantendo-se nessa função por dois anos. Esse cargo foi criado especialmente para Werneck.
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9 - Aspectos de sua vida em Águas Virtuosas de Lambary
- Em 1889 passou a residir em Águas Virtuosas de Lambary, participando de grupo político que tinha, entre outros, Garção Stockler e João Bráulio Moinhos Vilhena.
- Entre 1898 e 1908, ocupou diversos cargos públicos, no Rio de Janeiro e Belo Horizonte, mas continuou visitando Lambari (era proprietário da Fazenda dos Pinheiros, em Nova Baden, atual Parque Estadual de Nova Baden) e sempre ligado aos problemas políticos da localidade.
- Em 1909, foi nomeado Prefeito de Lambari e Presidente da Comissão de Melhoramentos e Superintendente das obras fundadoras da cidade (Cassino, Lago, Parque Novo, Parque das Águas, Farol, etc.)
- Em 26 de abril de 1911, inaugurou as obras acima, com a presença, entre outras autoridades, do PR, Hermes da Fonseca, e do Presidente de MG, Bueno Brandão, e de Wenceslau Braz, ex-presidente do Estado e futuro presidente da República.
- Em 16 de maio de 1912, arrendou ao Governo de Minas Gerais , por 90 anos, a estância de Águas Virtuosas de Lambari.
- Em 27 de junho de 1913, em razão de divergências e desentendimentos com o Estado de Minas na execução do contrato acima, propôs na Justiça Federal (BH) ação rescisória desse contrato.
- Em 1º de julho de 1915, foi instalado Juízo Arbitral para dirimir as questões do contrato de arrendamento da estância de Águas Virtuosas de Lambari.
- Em outubro de 1916, o Juízo Arbitral deu ganho de causa a Américo Werneck, condenando o Estado a uma indenização de 2.754 contos de réis.
- O Governo de Minas Gerais, tendo como advogado Rui Barbosa, apela ao Supremo Tribunal Federal da decisão do Juízo Arbitral. Em 1918, o STF manteve a decisão arbitral, favorável a Américo Werneck.
- Em 21 de maio de 1922, no Governo Artur Bernardes, o Governo de Minas Gerais, enfim, pagou a indenização devida a Américo Werneck, a qual importou em 2.722:500 contos de réis, após acordo com o beneficiário.
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10 - Registros biográficos
Themístocles Linhares (4), ao comentar os romances de Werneck, registra em nota de rodapé:
Américo Werneck, pouco se sabe de sua biografia. Como tivesse vivido sempre no Rio de Janeiro, supõe-se que tenha ali nascido e morrido.
O fato é que havia e ainda há poucos registros biográficos de Américo Werneck. De qualquer modo, seguem abaixo indicações dos que conseguimos coletar.
- Site da Prefeitura de Belo Horizonte (aqui)
- PINHEIRO, Luciana. Amércio Werneck [CPDOC/FGV] (aqui)
- VELHO SOBRINHO, J. F. Dicionário Bio-bibliográfico Brasileiro [2 vols]. Rio de Janeiro : Irmãos Pongetti, 1937 [aqui]
- CARROZZO, João. História Cronológica de Lambari. Piracicaba, SP : Shekinah Editora, 1ª. edição, 1988, págs. 230/32.
Fonte: MARTINS, Armindo. Lambari, cidade das Águas Virtuosas, 1a. edição, 1949, p. 19.
Fonte: MILEO, José N. Ruas de Lambari. Guaratinguetá, SP : Graficávila, 1a. edição, 1970, págs. 35/36.
Fonte: LUZ, Nícia Vilela. A luta pela industrialização do Brasil. São Paulo : Editora Alfa Ômega, 1978, págs. 88/89
Fonte: Externato Aquino (1864) - Ex-alunos - Subsídios biográficos-genealógicos. Pág. 6. Disponível em: http://www.cbg.org.br/novo/wp-content/uploads/2012/07/externato-aquino-II.pdf. Visitado em 11/03/2014.
Fonte: Jornal A Noite, Rio de Janeiro, 17/09/1927
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10 - Referências
- WERNECK, Américo. Judith, por seu noivo Américo Werneck. Lisboa : Typographia A Editora Ltda., 1912.
- GALVÃO, Ronaldo Guimarães. Relações Culturais Brasil-França nas crônicas de Brito Broca: a entrevista com Émile Zola, 1898. [Artigo] Revista Estação Literária, Londrina, PR, vol. 11, p. 348.
- VERÍSSIMO, José. História da Literatura Brasileira. Brasília, DF : Editora UnB, 4a. edição 1981, p. 266.
- LINHARES, Themístocles. História Crítica do Romance Brasileiro (1728-1981). Belo Horizonte : Itatiaia : Editora da USP, 1987, p. 256.
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11- Ilustração de abertura
Sobrado construído no final Século XVIII, em São Gonçalo do Sapucaí (MG) [atualmente demolido], que pertenceu à Baronesa de Rio Verde [Olímpia Carolina Villela de Lemos], tia de Judith de Lemos, que veio a ser a primeira mulher de Werneck. No romance Judith, Werneck descreveu cenas ocorridas nos anos 1870, no interior desse sobrado.
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12- Demais posts da série:
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