Ilustração: Antigo postal da Volta do Lago, na qual se construíram belas vivendas, hoje já demolidas
Neste post, vamos recordar antigas vivendas* e casas de veraneio na Volta do Lago, um dos recantos mais belos de nossa cidade.
De fato, da maioria dos pontos da Volta do Lago pode-se avistar, além, claro, do espelho do Lago Guanabara, também o edifício do Cassino, o Cruzeiro, a Serra das Águas e o Morro do Selado, monumentos naturais e artificiais desta nossa velha e encantadora Águas Virtuosas de Lambary.
Vamos começar esta série com o Retiro do Lago.
Vamos lá.
(*) Lugar onde se vive; CASA; HABITAÇÃO; MORADA; RESIDÊNCIA:
Apesar deste fresco nome de vivenda campestre, o Ramalhete, (...) tinha o aspecto tristonho de residência eclesiástica... [Eça de Queiroz, Os maias]
O Lago Guanabara, o seu entorno e a Volta da Mata foram inaugurados por Américo Werneck, em 1911, conforme já se contou aqui e aqui.
Nas décadas seguintes, belas vivendas, pertencentes, entre outras, às famílias de João Lisboa e Gustavo Barroso, foram ali construídas.
Essa é a história que estamos contando nesta Série Vivendas antigas da Volta do Lago.
Volta do Lago praticamente deserta, nos anos 1930
A partir dos anos 1940, novas construções aparecem
Um belo contraste do entorno do Lago Guanabara: ontem e hoje
Volta do Lago povoada e iluminada, na virada do ano (2017-2018)
Artigo sobre Lambari, na Revista IBGE, anos 1940, referia as vivendas em torno do Lago Guanabara (ao fundo)
Anúncio de venda de vivenda na Volta do Lago (Reprodução: Jornal do Comércio, 9,jan.1955)
Meu Retiro à beira do lago é, humildemente comparando, como aquele Moinho que Afonso Daudet alugou, para dele escrever as deliciosas "Letres de mon moulin", embora seu ocupante não tenha pretensões de ser um Daudet.
GUSTAVO BARROSO, Crônica
Gustavo Barroso [Fortaleza, CE, 29/12/1888. Rio de Janeiro, RJ, 3/12/1959], jornalista, escritor, ensaísta, fundador e diretor do Museu Histórico Nacional, por mais de 30 anos, membro da Academia Brasileira de Letras, de quem já falamos aqui e aqui, era apaixonado por Águas Virtuosas de Lambary e aqui construiu o seu Retiro do Lago.
Gustavo Barroso, em 1955, discursando na inauguração do busto de Américo Werneck existente na Praça Conselheiro João Lisboa
Senhoras Gilberto Câmara e Gustavo Barroso - Reprodução/Revista O Cruzeiro, 1929
E essa paixão levou a que ele não só tivesse construído o seu Retiro, mas ainda se fizesse acompanhar da amiga e escritora Ligia Paula Pinto e de sua secretária no MHN, a professora e museóloga Nair de Moraes Carvalho, que também tiveram suas vivendas na Volta do Lago.
Gustavo Barroso no livro de memórias de José Benedito Rodrigues
Como se sabe, o médico Dr. José Benedito Rodrigues escreveu 3 livros que constituem registro histórico importante para a memória de Lambari e Jesuânia, quais sejam: O retrato do velho médico, Casa Progresso e Pescados no rio da memória, acerca dos quais já falamos aqui e aqui.
Pois bem, no seu livro Casa Progresso, p. 99, ele fez essa descrição de Gustavo Barroso:
No mesmo livro, p. 101, falou das árvores e fruteiras do Retiro do Lago:
Antigas vistas do Retiro do Lago
Vista aérea do Retiro do Lago - que se situava pouco depois do Hotel Itaici em direção ao Pinhão Roxo
À direita da foto, o Retiro do Lago; à esquerda, a propriedade de Francisco Costa Prado (Chico Peão)
O Retiro do Lago, de Gustavo Barroso
A casa e cavalariça de Chico Peão.
Vizinhas ao Retiro do Lago, ali eram abrigados e cuidados os cavalos de Gustavo Barroso
Seu Chico Peão
Vistas reproduzidas do GoogleMaps:
Vindo do Hotel Itaici, aqui começava o Retiro do Lago
Neste trecho situava-se o Retiro do Lago
Novos edifícios e construções tomaram o lugar do Retiro do Lago e da antiga propriedade do seu Chico Peão
- A casa centenária de Benício Chaves