Ilustração: Zezé Gregatti e Betinho Nascimento. Dois dos maiores jogadores do time profissional do Águas Virtuosas de Lambari, MG - Anos 1968-69
A década de 1960 foi imensamente rica para o futebol lambariense.
De fato, naqueles anos nós tivemos:
Para essas grandes realizações, o Águas Virtuosas contou com diretores e colaboradores de peso, entre eles: Manoel Correia, Manoel Mota, Chico de Castro, Jairo Ferreira, Dr. Ismael Gesualdi, Daniel Gregatti , Dr. Antônio Ferreira, Domingos Gregatti e José Capistrano.
O time do Águas Virtuosas dos anos 1960 (amador, depois profissional) foi, sem sombra de dúvida, um dos melhores da história do clube. Nos esquadrões formados àquela época, destacaram-se zagueiros como Guinho, Chanchinha, Chá, Zé Carlos, Ademir, Bulau, Pulga, Folhão, Tinz e Delém, e um meio campo/ataque em que jogaram craques como Miltinho, Wilsinho, Paulinho, Motinha, Walmando, Betinho Nascimento, Damião, Evaldo, Alemão, Zezé Gregatti.
Para elaborar este post sobre os grandes times do Águas Virtuosas dos anos 1960, entrevistamos e recolhemos fotos com Betinho Nascimento.
E também recordamos nossa passagem pelo juvenil do Águas Virtuosas (1966-67) e a subida para o time de reservas do Águas profissional (1968-69), quando, a convite do Sr. Jaime, técnico de futebol vindo de Belo Horizonte, eu fui participar das atividades do time profissional (preparação física, treinos, etc.), ao lado de Dimas Nascimento, e mais tarde de Zé Helvécio Moreira.
Confira a seguir.
ENTREVISTA COM BETINHO NASCIMENTO
Antes de prosseguir, assista os vídeos da entrevista mencionada acima, acessando:
O TIME DO VASQUINHO PASSA A ATUAR NO CAMPO DO ESPORTE
Como sabemos, nos idos de 1909-10, para construção do Cassino e do Parque Novo, o primeiro prefeito de Lambari Américo Werneck aterrou a área que começava no antigo Grande Hotel até a margem direita do Rio Mumbuca. (Veja: Memórias de Aguinhas (15) - História da fundação de Águas Virtuosas -2)
Nesse espaço, foi construído o Grupo João Bráulio, e entre o grupo escolar e o prédio do Cassino formou-se uma vargem, em parte alagada, onde tempos depois se fez um aterro, dando origem a um campo de futebol de várzea.
Sobre essa antiga vargem e seus alagados, veja este post:
Nesse campo, anos mais tarde, veio a treinar e jogar o time amador do Esporte, e o espaço ficou conhecido por: Campo do Esporte.
Time de Nova Baden, anos 1960, em jogo realizado no antigo Campo do Esporte, onde passou a treinar e jogar o time do Vasquinho, no início dos anos 1960. Neste local seria construído, em 1966, o Estádio do Águas Virtuosas.
Outros times amadores dos anos 1950/60
No primitivo campo do Águas, nos anos 1950 e início dos anos 1960, além do time principal do Águas Virtuosas, jogavam também outros times amadores da cidade, e lá muitos campeonatos internos foram então disputados. (Veja: ÁGUAS VIRTUOSAS F.C. (60) - Outros times dos anos 1950/60)
O mais importante desses times foi o Vasquinho, que sagrou-se campeão da cidade no ano de 1961.
Vasquinho. Equipe campeã lambariense de 1961
Time do Vasquinho. 1962. Em pé: Guinho, Zoinho, Cabritinha, Gil, Nambu, Tinz, Delém, Jaú e Chanchinha. Agachados: [?], Zé Aírton, Sérgio, Zezé, Betinho e Chá
Jovens atletas em meio a veteranos do Águas Virtuosas. Início anos 1960. Ainda no campo antigo. Em pé: Crisóstomo, Guinho, Zé Aírton, João André, Chá e Chanchinha. Agachados: Walmando, Pé-de-ferro, Galaor, Betinho e Chanchão.
Uma outra formação do Vasquinho (anos 1960), já atuando no novo Estádio: Motinha, Chá, Jaime, Gil, Alencar, Zé Carlos, Guinho e Zé Roberto (Juiz). Agachados: Cabritinho, Zezé Gregatti, Alemão, Pé-de-ferro e Sérgio.
A CONSTRUÇÃO DO ESTÁDIO DO ÁGUAS VIRTUOSAS
Em 1966, para receber a Seleção Brasileiro de Futebol, o Águas Virtuosas Futebol Clube construiu o seu estádio, cuja história já contamos neste post:
Reprodução: Correio da Manhã, 10, abr, 1966
A VINDA DA SELEÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL A LAMBARI
Como escrevi no meu livro de memórias (MENINO-SERELEPE), a vinda da Seleção Brasileira de Futebol a Lambari, em 1966, foi um acontecimento inesquecível:
Por toda a cidade e de modo especial na turminha do futebol da Igreja Protestante, a notícia caiu como uma bomba: A seleção brasileira de futebol, como parte dos preparativos para a Copa do Mundo na Inglaterra, fará um período de treinamento em Aguinhas. E a notícia eletrizou a cidade. Em Aguinhas? Não é possível. Ninguém acreditava e todos correram ao jornal, ao rádio, à TV, à Prefeitura...
Do livro MENINO-SERELEPE
Por essa razão, e por eu ter vivido aqueles dias extraordinários, o site GUIMAGÜINHAS elaborou uma série de posts sobre a vinda da Seleção a Lambari.
Confira aqui:
Treino da Seleção Brasileira em Lambari (1966). Reprodução
A FORMAÇÃO DO TIME PROFISSIONAL DO ÁGUAS VIRTUOSAS
Grandes times do Águas Virtuosas anos 1950/início 1960
Como se sabe, nos anos 1950/início 1960, o Águas Virtuosas formou grandes times de futebol, reconhecidos em todo o Sul de Minas Gerais.
Em pé: Dr. Ferreira, Cunha, João Rely, Crisóstomo, Gidão, João André, Lilico, Vaca e Manoel Correia. Agachados: Prof. Raimundo, Quinzinho, Neném Nascimento, Laerte, Hélio Fernandes, Pinelinho e Chico de Castro.
Como se vê do programa acima, em 18 de julho de 1954, o Águas Virtuosas— consagrado esquadrão do Sul de Minas — estava invicto a 25 partidas, tendo goleado times de São Lourenço, Itajubá, Itanhandu, Campo Belo, Machado, entre outros.
Águas Virtuosas com a faixa de Campeão Sul Mineiro de 1960. Em pé: entre outros: Dr. Ferreira (treinador), Crisóstomo, Lilico, Guinho, Zé Aírton, Zezé Gregatti, Chanchinha. Agachados: Pé-de-ferro, Marron, Alemão e Pinellinho
Jogadores do Vasquinho vão compor o novo time do Águas
Com a construção do Estádio do Águas Virtuosas, em 1966, o time do Vasquinho passou a atuar no novo campo, mas, o então presidente do Águas Manoel Correia exigiu que usassem o uniforme do Águas Virtuosas.
Com isso, a diretoria do clube lançava a semente do renascimento dos grandes times do Águas dos anos 1950/início dos anos 1960.
Time do Águas, no novo Estádio. Em pé: Geraldo, Chá, Cabritinho, Tinz, Delém, Zé Carlos e Jaú. Agachados: Chiquinho Barletta, Betinho, Walmando, Zoinho e Serginho Barletta
O Águas Virtuosas começa a fase profissional
Após a vinda da Seleção Brasileira de Futebol a Lambari, o Águas Virtuosas, em 1967, montou um grande time com jogadores da cidade (oriundos do Vasquinho) e alguns outros vindos de fora (entre eles: Damião, Folhão, Evaldo).
Águas do ano 1967. Em pé: Motinha, Folhão, Damião, Zezé Gregatti, Evaldo, [?], Ademir e Sérgio. Agachados: [?], Chá, Cabritinho, Delém, Walmando, Chanchinha, Betinho e Jaime.
Em 1968, o Águas formou um time profissional, visando a alcançar a primeira divisão do Futebol Mineiro. Para tanto, trouxe de Belo Horizonte um técnico (sr. Jaime) e alguns jogadores, entre eles Bulau e Liu.
Sr. Jaime, técnico do Águas Virtuosas profisssional (1968-69)
Águas Virtuosas. 1968. Os craques lambarienses Zezé Gregatti e Betinho Nascimento ao lado de jogadores profissionais: Bulau, Miltinho, Sarará e Liu. Ao fundo, o lateral Baiano e o goleiro Carlinhos.
Águas Virtuosas. 1968. Em pé: Paulinho, Wilson, Baiano, Bulau, Folhão e Chá. Agachados: Miltinho, Sarará, Varlei, Walmando e Wilsinho
Águas Virtuosas. 1968, com jogadores da cidade e outros vindos de fora. Em pé: Wilson, Bulau, Pulga, Baiano, Liu e Motinha. Agachados: Sérgio, Walmando, Miltinho, Betinho e Paulinho
Águas Virtuosas. 1969. Em pé: Sr. Jaime, Jerri, Maurício, Bulau, Pulga, Paraguaio, Baiano, Liu e Geraldo. Agachados: Betinho, Alemão, Valmando, Varlei, Rivelino, Sabadine e Sérgio Raimundi.
Jogadores profissionais do Águas Virtuosas (1968-69)
Dentre os jogadores profissionais que passaram pelo time do Águas Virtuosas em 1968/69, estão os seguintes:
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Pulga - o grande craque do time profissional do Águas Virtuosas (1968-69)
Natural de Cambuquira, MG, onde também veio a falecer, José Divino Filho, o Pulga (3 de novembro de 1941- 1o. de janeiro de 2010) foi o grande destaque do time profissional do Águas Virtuosas dos anos 1968-69. Zagueiro técnico, excelente cabeceador e com saída de bola perfeita pelo lado esquerdo da defesa. Ele jogou no Atlético de Três Corações-MG, Flamengo de Varginha-MG e Hepacaré de Lorena-SP. Em 1967, Pulga (então chamado de Mineiro) foi campeão da segunda divisão de futebol pelo Bragantino, o que levou o clube à elite do futebol paulista. Diz Mílton Neves que Pulga esteve próximo de acertar com Corinthians e Palmeiras, mas sua carreira declinou por causa do alcoolismo, seu algoz (site Terceiro Tempo). Pulga com faixa de campeão de 1967 da 2a. Divisão pelo Brangantino (Bragança Paulista). Reprodução. https://www.facebook.com/Memorias-do-Esporte-Cambuquirense Veja também este post do site Terceiro Tempo, de Mílton Neves: |
A DISPUTA DE VAGA NA PRIMEIRA DIVISÃO PROFISSIONAL DO CAMPEONATO MINEIRO
Em 1968, o time profissional do Águas Virtuosas disputou vaga na primeira divisão profissional do Campeonato Mineiro.
Sobre isso, encontramos no blog do Cacellain:
Na década de 60, a segunda divisão em termos de hierarquia no Campeonato Mineiro era a Primeira Divisão de Profissionais entre 1968 e 1968 e, em 1969, a Divisão de Acesso. Apesar de a competição ter crescido dramaticamente em termos de quantidade ano a ano, poucos foram os times que suportaram os gastos de uma competição profissional por várias temporadas, tendo a maioria disputado no máximo três edições do certame.
Ao longo da década, estes foram os que primeiro se aventuraram pelos gramados do interior em busca de um lugar ao sol, ou seja, na Divisão Extra:
Alfenense Futebol Clube (Alfenas)
Acesita Esporte Clube (Timóteo)
Águas Virtuosas Futebol Clube (Lambari)
América Futebol Clube (Barbacena)
América Futebol Clube (Caratinga)
América Futebol Clube de Alfenas (Alfenas)
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Fonte: http://cacellain.com.br/blog/?p=41079 (os grifos são nossos)
Filiação do Águas Virtuosas à Federação Mineira de Futebol
Fonte: https://historiadofutebol.com/blog/?p=688
Equipes que disputaram o Campeonato Mineiro de Profissionais
Fonte: https://historiadofutebol.com/blog/?p=51521
Lista de participantes da Primeira Divisão de Profissionais e Divisão de Acesso em Minas Gerais (1916-1969)
Fonte: https://historiadofutebol.com/blog/?p=41079
O lance decisivo que tirou o Águas Virtuosas da primeira divisão
O time profissional do Águas Virtuosas de 1968-69 não era uma grande equipe, sem padrão de jogo e com constantes alterações na formação do time.
Mas, não obstante isso, seus valores individuais conseguiram levar o clube a uma final decisiva.
Ela ocorreu em 1969, em Três Corações
Infelizmente, o Águas Virtuosas, jogando pelo empate, perdeu a vaga para acesso à primeira divisão numa final histórica contra o Atlético Clube de Três Corações.
Placar de 1 x 0, gol contra do extraordinário zagueiro Pulga, em um lance de rara infelicidade: uma bola cruzada, um cabeceio dentro da área e a bola bateu-lhe na nuca e entrou.
O sonho da primeira divisão foi embora — e o Águas Virtuosas nunca mais disputou futebol profissional.
A FORMAÇÃO DOS TIMES MIRIM E JUVENIL DO ÁGUAS VIRTUOSAS
O time Mirim do Águas Virtuosas
Após a estada da Seleção Brasileira de Futebol em Lambari (1966) e a montagem do novo time do Águas Virtuosas (1967), formou-se o Mirim do Águas Virtuosas, cujo treinador foi o Damião, atleta do Águas que viera do estado do Rio de Janeiro.
Veja esta história aqui:
Águas Virtuosas Futebol Clube (9) - Times Mirim e Juvenil
Damião Silva, atleta do Águas Virtuosas (1966-69) e técnico do mirim do Águas Virtuosas
Mirim do Águas, 1967: Alexandre, Geraldinho, Ieié, Celinho, Décio e Biguá. Agachados: Andrezinho, Zé Maria, Xepinha, Rubens Nélson e Roberto.
Juvenil do Águas. Final dos anos 1960. Em pé: Ieié, Zé Paulo, Adão, Guima, Vaca e Celinho. Agachados: Xepinha, Roberto, Pedro Guela, Rubens Nélson e Dílson
O time Juvenil do Águas Virtuosas
Como dissemos acima, em 1968, para formação do time profissional, o Águas Virtuosas contratou o sr. Jaime, técnico de futebol vindo de Belo Horizonte. Assim, coube a ele indicar e trazer jogadores profissionais e também promover alguns atletas do juvenil para o time principal.
Por essa razão, passou a comandar o juvenil do Águas Virtuosas, dando treinamento físico, tático e de fundamentos de futebol. Naqueles anos 1968-69, jogavam no juvenil, entre outros: Eu, Dimas Nascimento, Zé Helvécio, Ieié, Vaca, Adão, Firmino, Celinho, Roberto, Xepinha, Zé Paulo, Pedro Guela, Dílson.
Juvenil do Águas, 1970: Ieié, Vaca, Adão, Guima, Firmino e Celinho. Agachados: Roberto, Xepinha, Zé Paulo, Pedro e Dílson.
Os reservas do time profissional do Águas Virtuosas
Tempos depois, Eu, Dimas, e mais tarde, Zé Helvécio, fomos promovidos para o time de reservas, passando a atuar ao lado de Carlinhos e Geraldo (goleiros), Maurício Sapo, Sérgio Raimundi, Edson e Nego Rambaldi, Neguita, Fausto, Rubinho e outros mais.
Essa foi uma parte inesquecível de minha vida como atleta do Águas Virtuosas. Eu com quinze anos para dezesseis anos participando de um time profissional!
Exercícios físicos, orientação tática, treino com bola — tudo o que um menino boleiro quer do futebol. E mais: massagista, tênis profissional, chuteira de trava, suspensor Big, uniforme de educação física, uniforme de treino — tudo lavadinho e passadinho, entregue no vestiário pelo Zé Boião — grande sujeito e então roupeiro do time do Águas.
O saudoso Zé Boião, dedicado roupeiro do Águas Virtuosas
Sobre outros assuntos conversados com Betinho Nascimento, veja estes posts:
Campeão de 1961, na foto com a irmã Márcia