Guimagüinhas
Memórias familiares e de minha terra natal
Meu Diário
10/03/2015 07h34
MEMÓRIAS POLÍTICAS DE AGUINHAS (3) - Garção Stockler, o criador de Águas Virtuosas

Ilustração: Retrato de Garção Stockler. Reprodução. Recorte. Fonte: http://www.novomilenio.inf.br


SUMÁRIO


Introdução

Eustáquio Garção Stockler [Campanha, MG (?) — Soledade de Minas (1927)], médico formado pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, escritor, propagandista do movimento republicano, é figura das mais importantes da memória política de nossa cidade.

Se Lambari deve a Américo Werneck a construção de suas obras fundadoras (cassino, lago, farol, parque novo), como já dissemos aqui, deve antes a Garção Stockler a criação da estância hidromineral de Águas Virtuosas. 

De fato, a vinda de Garção Stockler para residir no município, as obras que realizou, o trabalho político que empreendeu e a divulgação que fez das águas minerais foram pontos fundamentais para o desenvolvimento do vilarejo. Daí porque Stockler é considerado o criador da estância hidromineral de Águas Virtuosas de Lambary, como centro de vilegiatura e de tratamento. (1) 

Coube também a ele obter a aprovação de um plano de saneamento e embelezamento da vargem — extensa área de terreno pantanoso e alagadiço, situado em ponto central da povoação e o alinhamento das principais vias de acesso ao Parque das Águas, obras essas concretizadas por Werneck, entre 1909-1911. (2) (3)


  • Veja também este post: (aqui).

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A missão de Garção Stockler

O memorialista campanhense Júlio Bueno narra como se encontrava a vila de Águas Virtuosas no final da década de 1870:

Em 1879, quando visitamos pela primeira vez a localidade de Águas Virtuosas, lá vimos os edifícios dos poços abandonados, em ruína, arruinados também os melhores prédios (...) Vimos poucos hotéis, silenciosos, cheios de uma vaga tristeza, com os velhos papéis das paredes desbotados, com suas alcovas cheirando a mofo. 

Depois, conta como Garção Stockler encantou-se com a vila:

Um dia um moço campanhense, filho de uma antiga e fidalga família, de volta de sua longa e afanosa carreira científica, ao passar por aquela fonte, que ficava à beira da estrada do Rio, apeou-se pra libar o precioso líquido. Nesse momento atravessa no seu espírito um raio de luz, e um sorriso de satisfação assoma-lhe aos lábios: estava traçado o seu itinerário, até aquele instante indeciso; estava decretado o reflorescimento de Águas Virtuosas de Lambari. Esse campanhense ilustre é o Dr. Stockler.  Vinha ele de concluir a sua carreira médica, que lhe custou longas horas de esforço inaudito, de vigílias desalentadoras, pois para manter-se fora obrigado a roubar ao estudo muito tempo, empregando-o em explicações de preparatórios...  

(Fonte: Almanaque Julio Bueno, p. 96)


Após fixar residência em Lambari (1882), e em paralelo às suas atividades médicas, políticas e científicas, ainda realizou Garção Stockler em Águas Virtuosas:

  • A fundação da primeira empresa exportadora das águas, de cuja exploração tornara-se arrendatário, em sociedade com o Dr. Bandeira de Mello.
  • A criação do que ficou conhecido como Parque das Águas*. 
  • O lançamento do jornal Àguas Virtuosas, para fazer propaganda das águas minerais, e, depois, da folha A Peleja, como tribuna de ideias políticas.
  • A formação da temporada de veraneio (janeiro a março; setembro a dezembro).

(*) ​A denominação Parque das Águas passou a indicar as fontes das águas minerais e seu entorno, após as obras empreendidas por Garção Stockler, nos anos 1880/90: aumento da área em torno das fontes, reforma do balneário, ajardinamento, cercamento com grades de ferro, etc. (4)

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O contrato de exploração das águas virtuosas

 

Fonte: Jornal A União (Ouro Preto) - 6/7/1887


Nomeação como médico do balneário

Nomeação de G. Stockler como médico do estabelecimento hidroterápico. Fonte: O Farol (Juiz de Fora) - 9/11/1900

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Propaganda da estância e de suas águas

Propaganda das águas virtuosas - jornal O Constitucional, 19-07-1885.

  • Por essa época, os aquistas (como eram chamados os que buscavam tratamento por meio das águas minerais) vinham de trem até Contendas (entre Caxambu e Conceição do Rio Verde), depois percorriam  de cavalo ou charrete "pouco mais de 5 léguas" até Águas Virtuosas. Em 1894, um ramal ferroviário chegou a Águas Virtuosas (veja aqui)
  • A propaganda menciona Garção Stockler, então diretor da "empresa das águas", a excelência do clima e a melhor época para as "temporadas".

Referência ao "médico Garção Stockler", que poderia cuidar da saúde de  "hóspedes enfermos" em visita à  Águas Virtuosas. (Propaganda em A Peleja)


Em 1892, as águas de Lambari já são vendidas em São Paulo.

Fonte: SANT'ANNA, Denise Bernuzzi de. Cidade das Águas - usos de rios, córregos, bicas e chafarizes em São Paulo (1822-1901). São Paulo : Editora Senac, 2007.

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Atividades políticas de Garção Stockler

Garção Stockler formou em Águas Virtuosas um agrupamento político do qual fizeram parte João Bráulio Júnior e João de Almeida Lisboa. Interesses políticos mútuos levaram Américo Werneck para tal grupo, que, a partir de 1899, passou a residir em Águas Virtuosas, na Fazenda Pinheiros, de propriedade de Garção Stockler. Esse grupo batalhou pelo reconhecimento das águas minerais  no tratamento de doenças e pela formação de uma estância hidromineral modelar, tendo participação decisiva no desenvolvimento de Águas Virtuosas, no final dos anos 1890 e início dos 1900. (5)

Stockler exerceu diversas funções públicas e cargos políticos, sempre atuando em favor dos interesses de nossa cidade:

  • Em 1887 foi eleito vereador em Campanha.
  • Em 1891 foi eleito deputado estadual e como tal foi um dos signatários da Constituição mineira.
  • Por essa época, depois da elevação da povoação das Águas Virtuosas à condição de Distrito de Paz, foi presidente do 1o. Conselho Distrital.
  • A partir de 1901, depois da criação do município de Águas Virtuosas do Lambari, foi durante anos seguidos o agente executivo municipal.
  • Em 1908 ocupou uma cadeira de senador estadual.
  • Em 1911 foi eleito deputado federal por Minas Gerais e exerceu o mandato entre 29 de agosto e 31 de dezembro, quando se encerrou a legislatura.
  • Reeleito para a legislatura 1912-1914.

Fonte: Ioneide Piffano Brion de Souza - Disponível em: http://goo.gl/Q5vx7t  


G. Stockler foi redator da folha política A Peleja, publicada em Águas Virtuosas, no final dos anos 1900.  Acima, frontispício da edição de 15 de maio de 1898.


(O grupo político de Garção Stockler) fundou, no transcurso da segunda metade da década de 1890, o  semanário A PELEJA que, pelo valor dos colaboradores, se tornou o mais importante arauto político noticioso e literário da época, em todo o sul de Minas. Américo Werneck, Ferreira Brandão, João Brandão, João Luiz Alves, grandes figuras do jornalismo mineiro, mantiveram suas colunas na A PELEJA, no jornal dirigido por Dr. Eustáquio Garção Stockler, dando-lhe realce e concorrendo para manter a brilhante posição política e social que a povoação de Águas Virtuosas conquistara naquele final do século 19, por mercê de seus homens públicos que, mais do que simples chefes políticos de um Distrito de Paz, eram autênticos líderes em toda região sul-mineira campanhense.

MILÉO, José Nicolau. Subsídios para a historia de Lambari. Guaratinguetá, SP : Editora Graficávila, 1970, págs. 119/20.

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Discursos de Garção Stockler

Alguns registros históricos nos mostram Garção Stockler como um notável orador. Vejam-se estes tópicos:

Na festa da Proclamação da República, em Campanha (18-11-1889)

Depois de tomarem assento os vereadores, o presidente, Dr. Eustáquio G. Stockler, fez um resumo dos acontecimentos que originaram a Proclamação da República no Rio de Janeiro e proclamou-a por sua vez, após o assentimento unânime dos vereadores. (...) Como ninguém mais pedisse a palavra o Dr. Stockler, presidente, encerrou a magna sessão com um discurso grandioso na forma, sublime pela profundeza dos conceitos. A cada instante o orador era interrompido por salvas de palmas frenéticas, prolongadas. Ao terminar foi abraçado com efusão por todos os circunstantes que o vitoriaram.   

Na inaguração da água potável, em Campanha

Obteve então a palavra o ilustrado facultativo, Dr. Eustáquio Garção Stockler, que produziu um discurso que a todos comoveu e arrebatou: a moral, a caridade, a gratidão, a ilustração e a memória dos antepassados que baixaram à tumba, legando à posteridade um nome e o produto de tanta justiça, abnegação e patriotismo, foram ali apreciados pelo distinto orador por alguns momentos admirável e surpreendente. Terminada a brilhante oração de tão profundo observador, vibrante analista e eminente escritor, o povo de novo pôs-se em marcha

(Fonte: Almanaque Julio Bueno, págs. 38, 60)


Nos redutos acadêmicos

Extraído da revista Atheneu Acadêmico, RJ, n. 2, de agosto de 1877.


Discursos em Águas Virtuosas

Por aqui, Garção Stockler discursou, por exemplo, a 9 de janeiro de 1902, quando tomou posse como Agente Executivo Municipal. Da ata dessa sessão solene, publicada por João Carrozzo  no livro História Cronológica de Lambari, págs. 116 a 118, consta o seguinte:

"... O Dr. Eustquio Garção Stockler que em brilhante e conceituado discurso, hypotecou as suas forças à causa do engrandecimento do novo município à cuja frente foi colocado por generosidade de seus amigos e correlegionários e convidou para unir-se no ideal de sua felicidade syntetizada na prosperidade do novo Município..." (sic)

Stockler voltou a discursar em agosto de 1909, por ocasião da lançamento da pedra fundamental das obras do cassino:

Fonte: Anuário Minas Gerais 1913

E, claro, tornou a discursar novamente, em abril de 1911, quando da inauguração das obras fundadoras de Águas Virtuosas, conforme já anotamos em post anterior. Confira (aqui)

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Referências

  • (1) MILEO, José Nicolau. Ruas de Lambari. Guaratinguetá, SP : Graficávila, 1970a, p. 50
  • (2) MILEO, José Nicolau. Subsídios para a história de Lambari. Guaratinguetá, SP : Graficávila, 1970b págs. 121 e 130
  •  (3) SILVA, Francislei Lima da. Os monumentos da água no Brasil. 2011, p. 47 disponível aqui
  •  (4) MILEO, 1970a, págs. 25-26
  • (5) CASTILHO, Fábio Francisco de Almeida. A Construção da Estância Balneária de Águas Virtuosas.In Como Esaú e Jacó: as oligarquias sul-mineiras no final do Império e Primeira República. Tese (Doutorado em História). Universidade Estadua Paulista, 2012, págs.129/130 - Disponível aqui
  • Jornais e revistas antigos: http://memoria.bn.br/
  • Ilustração de abertura: Foto de Garção Stockler (Fontehttp://www.novomilenio.inf.br/)

Veja também estes posts:

  • MEMÓRIAS POLÍTICAS DE AGUINHAS (1) - Dr. José dos Santos, médico e prefeito, aqui
  • MEMÓRIAS POLÍTICAS DE AGUINHAS (2) - Dr. Antônio Pimentel Júnior, sucessor de Américo Werneck, aqui
  • INAUGURAÇÃO DAS OBRAS DE AMÉRICO WERNECK, aqui

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Publicado por Guimaguinhas
em 10/03/2015 às 07h34
 
01/03/2015 06h25
MEMÓRIAS DE AGUINHAS - Uma antiga descrição de Aguinhas

SUMÁRIO


Introdução

Abaixo vai uma romântica descrição de Lambari, datada do início do Século XX, e bem assim algumas referências a nossa cidade, feitas por insignes autores.

Vamos lá.

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Uma antiga descrição de Aguinhas

 Um antigo narrador de Aguinhas assim a descreveu (com a ortografia da época):


Encantadora e pitoresca, engastada como fascinante esmeralda no largo seio de risonha bacia, poisa a Vila, toda emmoldurada de graciosas colinas, relvadas e planturosas, que se alteiam no Valle e descem por suaves curvas de nível a se abeberar nas águas frescas e maravilhosas do Mombuca, correndo-lhe ao norte, direcção oeste-leste, e do São Simão deslisando ao sul, direcção sud-oeste-léste.

A natureza ao formar-se ali andava certamente a brincar. É um raro e lindo pedaço de terra sob um lindíssimo pedaço de céu.

Abrigada pela Serra da Campanha que a protege das fortes correntes atmosphericas, em cujo dorso se attingem, com 40 minutos de cavallo, culmiancias de 200 a 1.300 metros, está collocado na altitude media de 930 metros acima do nível do mar.

As colinas do Sertãozinho, o Pico do Morro Sellado, e, ao longe, as montanhas de Conceição do Rio Verde lhe dão uma variedade de tons e de cores, formando, em uma harmonia deliciosa, um grande quadro deslumbrante e idealmente poético. É como uma linda marca mollemente reclinada em uma tape de flores, e que se espelha, sonhando, nas águas do Mombuca e no placido lago.

Sitio sub-alpestre florestado e aprazível, revestido de extensos pinheiraes, a atmosphera que o envolve é aseptica, ozonificada, tonica e vivificante. Sente-se o saneamento do pulmão e a vida neste pouso dá saúde e dá alegria: vive-se em um grande banho de luz, em um ambiente puro com um clima suave e acariciador. A grande altitude lhe dá o ar puro e ameno das montanhas, cuja topographia em comeros successivos permitte o rápido escoamento das águas pluviaes, na estação das chuvas. Devido á sua exposição ao sol, á intensa luminosidade, e prompto e quase immediato o dessecamento das terras, concorrendo com sua temperatura fresca para dotal-a de clima maravilhoso, merecidamente reputado como excepcional.

Com as primeiras chuvaradas de Setembro os campos recomeçam a reverdecer e então a payzagem se torna alegre e risonha. Neste clima se encontram todas as condições exigidas pelos mais notáveis hygienistas para a vivificação geral do liquido por excellencia vivo e nobre, que é o sangue, d’onde o levantamento das forças orgânicas e vitaes.

A exposição topographica permite franca e poderosa irradiação solar, quebrados todos os excessos de calor e suavisada a crueza da luz no revestimento florestal absorvente a extender-se de todos os lados, farfalhante, sonoroso e fresco. A temperatura média é de 19º. As noites calmas e frescas, sem barulho e sem mosquitos. Residência de verão das mais procuradas, casando o conforto d’um centro civilisado á salutar simplicidade campesina. É um centro escolhido por quantos querem respouso para o espírito e allivio aos seus soffrimentos.

 (Extraído de CAPRI, Roberto. Águas Virtuosas de Lambary. São Paulo : Pokay & Comp., 1918.)

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Palavras de Coelho Neto

O escritor Coelho Neto, ilustre frequentador de Minas Gerais e amante de suas águas, que se referira a Belo Horizonte como a “cidade vergel”, a Aguinhas não exaltou menos, e dela disse:

Falo como quem veio a gemer e sai deste ameno vale a cantar... Aqui bebe-se a cura aos copos – a paisagem, o céu, as flores, o ar e a gente dando alegria ao espírito dos infelizes que aqui chegam, como eu cheguei sem ânimo. Volto outro! Ora viva Deus!

 (Extraido de MARTINS, Armindo. Lambari – cidade das águas virtuosas. Linográfica Rio Ltda, RJ - 2a. edição, 1971.)

  

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Palavras do poeta Vargas Neto

E Vargas Neto, poeta e sobrinho de Getúlio Vargas, que aqui fazia suas estações de águas, de Aguinhas assim disse:

 ... é nessa cidadezinha de cromo suíço, pousado num seio de montanhas como num côncavo da mão, tendo na frente o grande lago onde se mira o cassino imponente, que o tempo, como nos grandes homens, tira a juventude mas deixa a majestade, é lá onde o meu espírito descansa e o meu fígado se refaz.

 (Prefácio ao livro de C. Garden. Uma vilegiatura em Lambari. Empresa a Noite, RJ, s/d.)

 

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Palavras do Conde D'Eu

Sua Alteza, o Conde D’Eu, quando viajou por estas bandas, em companhia da Princesa Isabel, anotou, no dia 10.10.1868, em carta ao seu pai:

...os arredores daqui são encantadores para excursões a cavalo; os dias são de deliciosa primavera e dificilmente se encontra recanto mais bonito.

 E termina afirmando que a decantada Floresta Negra, com sua cadeia de montanhas que correm paralelas ao Reno, não é mais pitoresca do que o aprazível lugar em que se encontra.

 (O último Conde D’Eu – Alberto Rangel – págs. 198 a 203. Apud José Nicolau Mileo. Subsídios para a história de Lambari .Graficávila, Guaratinguetá,SP, 1a. edição, 1970.)


 Gastão de Orleans - O último Conde D'Eu - de Alberto Rangel

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Publicado por Guimaguinhas
em 01/03/2015 às 06h25
 
20/02/2015 07h46
Águas Virtuosas Futebol Clube (54) - A passagem de Heriberto pelo Águas Virtuosas

SUMÁRIO


Introdução

Já comentamos nesta série Águas Virtuosas Futebol Clube sobre diversos jogadores que por aqui passaram e que atuaram profissionalmente no futebol. Aliás, entre 1967 e 1969 o AVFC, com times profissionais, disputou a divisão de acesso à 1a. Divisão do Futebol Mineiro. (aqui)

Recordamos, por exemplos, que Betinho Nascimento, Alemão Joãozinho Fernandes foram jogadores profissisonais. E assim também Hélio Alves, Ita, Dickson, Jorginho e Adílson (aqui).

Mas hoje queremos focalizar a breve passagem pelo nosso Águas de Heriberto Longuinho da Cunha, que ficou conhecido no mundo do futebol como Heriberto. Vamos lá.


Mineiro de Santa Rita do Sapucaí

Natural de Santa Rita do Sapucaí, nascido no dia 7 de abril de 1960, Heriberto, como jogador, foi um habilidoso meia, que atuou pelo São Paulo, Santos, Cruzeiro, Atlético Paranaense, entre outros clubes. Mas atuou também na lateral esquerda, e quando se aposentou tornou-se técnico de futebol.


Passagem pelo Águas Virtuosas

Em 1977, no Campeonato da Liga de Caxambu, o Águas Virtuosas ficou com o vice-campeonato, tendo perdido a final para o time do Itamonte. Naquele ano, alguns jogadores de Santa Rita do Sapucaí atuaram pelo Águas, entre eles: Aleluia, Luiz Carlos, Gato e Becão.

Pois foi na fase de classificação para os finais que o jovem Heriberto jogou algumas partidas pelo Águas Virtuosas. Não chegou a disputar a fase final, pois logo foi para os times de base do São Paulo Futebol Clube, onde acabou por se profissionalizar em 1979.


Fotos do Águas de 1977

Abaixo, foto do Águas de 1977, mas nela não aparece o Heriberto. Infelizmente, nem mesmo a ficha de inscrição do jogador na Liga de Caxambu conseguimos localizar.


Em pé: Luiz Carlos, Gato, Evaldo, Dimas, Tinz, Manezinho, Edson Becão e Edgar. Agachados: Bitihura, Aleluia, Décio, Tonho, Gabriel e Guima


 Antônio de Campos, conhecido por Aleluia (segundo agachado na foto acima) atuou profissionalmente no Mogi Mirim, Juventus, Paulista de Jundiaí. E depois como técnico foi o descobridor de vários craques, entre eles, HERIBERTO. Confira aqui


A carreira profissional de Heriberto

 Confira a carreira profissional de Heriberto Cunha, com passagens por diversos clubes brasileiros, como jogador e como técnico. (aqui)


Referências

  • terceirotempo.bol.uol.com.br; http://www.fredcunhanews.com/; Facebook HLC

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Publicado por Guimaguinhas
em 20/02/2015 às 07h46
 
14/02/2015 21h42
Aguinhas de outros carnavais

Boas recordações dos velhos e divertidos carnavais de Aguinhas...


Baile infantil a fantasia (Carnaval de 1928)


Desfile de fantasias, baile dos anos 1960

Senhoras e moças da sociedade lambariense, em baile de fantasias beneficente


Samba, anos 1960

Sambistas, no Cassino das Fontes, anos 1960


Crianças nas matinês

  

Crianças, de diferentes gerações, brincando o Carnaval


Moças e rapazes no Carnaval dos anos 1960

  

Carnaval anos 1960


A rapaziada se diverte, nos anos 1970

Carnaval dos anos 1970


Na foto de abertura, brincadeira de Carnaval nos anos 1980

Publicado por Guimaguinhas
em 14/02/2015 às 21h42
 
11/02/2015 20h29
Memórias de Aguinhas - Truco, moço! que o parceiro é um colosso!

O galo, quando canta / a cobra bate chocaio;/ quero que 'ocê me ensine/ roubar carta no baraio.

(Trova popular mineira, oriunda de Peçanha (MG)


SUMÁRIO


Introdução

Deixei anotado no Menino-Serelepe* uma passagem sobre o jogo de truco:

E tio Pedrinho, que depois que deixou a roça também tocou um bar na Vila Nova, quando estava visgado na orelha da sota, jogando a leite de pato, encamaçando o baralho, gostava de bravatear:  Truco, moço, que eu já vim do Mato Grosso, carça larga mão no borso, o parceiro é um colosso! Truco, moço!

Desde menino vi familiares jogando truco, especialmente aqueles que moravam na roça. Abaixo vai um pouco de lembranças de truco e truqueiros.

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Origens do jogo

Sua origem é incerta, mas especula-se que o jogo de truco (ou truque, como popularmente é chamado) tenha surgido dos mouros, porém não há consenso a esse respeito. No Brasil foi popularizado, a partir do Século XIX, por imigrantes italianos, portugueses e espanhóis, a princípio nos estados de São Paulo e Minas Gerais. Difundido pelos tropeiros, era muito jogado nas fazendas do interior do pais, depois, rapidamente chegou aos centros urbanos. É um jogo divertido e barulhento, com gritos e brincadeiras, que quase nunca é jogado a dinheiro.

Na foto abaixo, do início dos anos 1900, obtida no Museu Américo Werneck, provavelmente a pose se deu durante uma partida de truco. 

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Jogadores de truco, Lambari (MG), início dos anos 1900

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Douradinha, Dourada e Douradão (ou Douradona)

Tire a sorte. Dê vancê. / Serre o baraio, Tonico.

Dêxe pro pé. – Bamo vê? / Truco in riba desse bico!

(Trova caipira)


Foi meu pai quem me ensinou a jogar truco. Mas foi na casa do tio João Lobo (tio de minha mãe, irmão de meu avô Miguel Lobo), juntamente com meu primo Miguel, que aprendi a jogar a Douradinha (6 parceiros), a Dourada (8 parceiros) e o Douradão (10 parceiros). O jogo se dava nas tardes de domingo, no porão da casa do meu tio, regado a bolo, guaraná e café, gentilmente servidos pela tia Maria. Eu e Miguel éramos os mais jovens, e lá aprendemos a enfrentar um timaço, todos veteranos do jogo de truco: tio João Lobo, tio Pedrinho Avíncula, João Modesto, João Cabo, Candeia, Zé Vicente (das Congadas), Tião Venâncio, João Silvestre, entre outros.

Nesses jogos,  o baralho utilizado era o comum, com 52 cartas, do qual eram retiradas as cartas 8, 9 e 10 de todos os naipes (restando 40 cartas). Pelas nossas regras, a manilha era presa e valiam as conhecidas (quatro de paus, sete de copas, ás de espada e sete de ouros). Acima dessas, na Douradinha, a dama de ouros; na Dourada, acima da dama de ouros, o rei de ouros, e no Douradão, acima do rei de ouros, o rei de paus.

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Alfredo Volpi, Jogadores de truco (reprodução)


Os truqueiros de Aguinhas

Jogo é jogado, lambari é pescado.


Em janeiro de 1961, o Sputinik já comentava sobre os papudos do truco de então: Zé do Janjão, Juca Lino e Alcino, entre outros:

Por essa época, outros truqueiros famosos, reuniam-se no Bar do Juca, entre eles: Zé Roberto Monti, Carabina, Nenê Nascimento, Alemão, Chico Panu.

No Bar do Tião Vilanova, o truco também era concorrido: Hélio Noronha, Zé Roberto, Boró, Celso, João Bode, Neguinho...

Lá pelos anos 70, jogava-se truco no Varandão, no Bar da Cascata, no Bar do Seu Pedro, e nas parceiradas, entre outros: Pedro Barbeiro, João Fubá, Mauro, Zé Braz, Jair do Salomão, Pica-fumo.

Nos anos 80/90, a moçada do futebol costumava se reunir nos finais de semana na casa da Dona Xandoca e nos fundos do Restaurante do Lúcioentre eles: Décio, Kit, Magrelo, Véio, Betinho, Luizinho, Tucci, Misca, Ró, Guinho, Zé Amauri...

Atualmente, uma seleção de papudos e contadores de vantagens reúne-se aos domingos: Betinho Nascimento, João Bibiano, Lacy, Vicentinho, Sérgio Raimundi, Guinho, Misca... Quem ganha, quem perde, ninguém sabe, pois na segunda-feira todos se declaram vencedores!


Olha aí os truqueiros! Saudades dos que já partiram: João Bibiano, Betinho e Vicentino

Fonte: Reprodução. Facebook

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Prosório de truqueiro

E o Elia, de onze ainda perdia.


Histórias de truquêro, como as de pescador, são, geralmente, mentirosas, ou, no mínimo, exageradas. Mas, um dos truquêros citados acima contou-me o seguinte caso que teria ocorrido aqui em Aguinhas. Se é verdadeiro, não sei, mas vou contar.

"Mais vale um sinár farso do que carta"

Na nega de 7 queda, nóis 9 mio e eles 11, os hómi, bem de carta, mandaro. Um deles, o Elia, o que mandou o jogo, saiu de sete de copas e trêis, e seu parceiro tinha sete de oro e um doiszinho.

Do nosso lado, meu parceiro, que era o mão, não tinha nada, mas deu sinár farso de três. Eu saí de zap e trêis, mas dei sinár de espadia e escundi o trêis.

O adversário com o doiszinho e sete de oro era o pé, e meu parceiro, na mão, saiu de rei. Aí, o Elia cobriu de sete de copas,  querendo garantir a primeira, pois viu meu sinal de espadia. Mas eu fechei a primeira com o meu zap escundido!

Na outra mão, pensei: Eles mandaramdeve de ter mais uma manilha. Então, lancei uma dama e recuei o meu trêis. E aí o que fora pé na vez anterior cobriu de sete de oro, cum medo  do meu parceiro fechá o parceiro dele cum o trêis. Mas o sinár era farso, parceiro num tinha três nenhum, o três tava cumigo. Eles fizero a segunda, e na finár, o Elia, que tinha um três socô a mesa, gritando:

  Toma lá, pacuera! E jogou a carta na mesa. Mas eu tornei, mais árto: 

— Engole esse aqui, papudo!  E colei o meu trêis na testa! E ganhamo três armoço no Tião Vilanova!

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Vocabulário do truco

Bico: s.m. carta de somenos valor no jogo do truque (os “dois” e os “três")

Dunga: o dois de paus, no jogo de douradinha.

Manilha: [Do francês manille]. S. f. 1.Denominação comum a algumas cartas de baralho, em certos jogos, que possuem maior valor. No truco, há a manilha presa, em que as de maior valor são: sete de ouros, ás de espadas, sete de copas e quatro de paus. Na manilha solta, vira-se uma carta, e as cartas acima tornam-se manilhas, sendo as maiores, pela ordem, as dos seguintes naipes: paus, copas, espada e ouros.

 As manilhas recebem nomes curiosos: Zápite (zap, carreta, ferro, ); escopeta; espadilha; sete belo (douradinha, mata três).

Mão-de-onze: – Ocorre quando uma parceirada atinge 11 pontos na partida, e pode decidir se irá ou não jogar. Se não jogar, o adversário ganhará um ponto; se jogar, a mão valerá 3 pontos. Nessa mão, não se pode trucar.

Mão-de-ferro: – A mão-de-ferro se dá quando ambas parceiragens estão com 11 pontos na partida. Quem vencer a mão, ganha o jogo.

Negra (ou nega): [Gíria]. Em jogos de vários empates, a última partida, em que se define o vencedor.

Trucada: S. f. - uma vez, uma jogada ou mão de truque; o ato de trucar.

Truque, S. m. - jogo entre quatro parceiros, cada um dos quais dispõe de três cartas. É este o mais popular dos jogos de cartas, no interior de S. P. e de quase todo o Brasil. Em S. P. joga-se com as seguintes cartas, pela ordem dos valores: os dois, os três (bicos), o sete-oro (sete de ouros), a espadia (espadilha), o séte-cópa (sete de copas), o quatro-pau (quatro de paus), ou zápe. Faz parte da pragmática do jogo levá-lo sempre com pilhérias e bravatas, umas e outras geralmente acondicionadas em fórmulas estabelecidas.

Truquêro, S. m. - jogador de truque.

Trucar: Propor ao parceiro, no jogo de truco, a primeira parada.

Trucá(r), v. i. - o ato de provocar o adversário, no jogo do truque, antes de uma jogada. O que truca exclama, em regra: truco! O adversário manda, ou corre. Se manda, na dúvida de fazer a vaza, é geralmente com a frase - Bâmo vê, ou - Jogue. Se tem a certeza de ganhar, ou pretende amedrontar o outro, responde com ênfase, às vezes aos gritos: Toma seis! - Seis, papudo! - E diga porque não qué!" e outras bravatas por esse estilo.

Trucá de farso: trucar sem carta que assegure o lance, só para amedrontar o adversário; fig., fazer citação falsa, alegar fatos não verdadeiros.

Vaza: sf (castelhano baza). Cada uma das rodadas ou partidas de que se compõem o jogo. 

Referências:  O Dialeto Caipira, Amadeu Amaral - Dicionário Sertanejo, Cornélio Pires - Dicionário da Terra e da Gente de Minas, Waldemar de Almeida Barbosa.

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Causos de truco

  Veja causos contados por Rolando Boldrin, aqui


O truco na moda caipira

JOGO DE TRUCO - Rancheira - Música de Luizinho e letra de Ado Benatti. Gravação Odeon - 1959. Luizinho, Limeira e Zezinha mais os truqueiros: Ado Benatti, que aqui é chamado de Zé do Mato, e o Biguá reproduzindo em forma de música uma partida de truco. É a alegria, a criatividade e o talento do artista sertanejo de outros tempos. 

No Youtube - (aqui)

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Vocabulário de Aguinhas

A leite de pato(a): Jogar de brincadeira, sem valer nada. 

Encamaçar: Preparar (um baralho de cartas) para enganar os parceiros. 

Orelha da sota: Estar na orelha da sota = estar no jogo de cartas. [Sota = dama no jogo de baralho.] 

Visgado: Preso, agarrado [derivado de visgo, resina com que se prende pássaros].

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  (**) Este trecho faz parte do livro Menino-Serelepe - Um antigo menino levado contando vantagem, de Antônio Lobo Guimarães, pseudônimo com que Antônio Carlos Guimarães (Guima, de Aguinhas) assina a coletânea HISTÓRIAS DE ÁGUINHAS. V. o tópico Livros à Venda.


Referências: Museu Américo Werneck, Wikipedia, http://www.jogosdecartas.com.br/


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Publicado por Guimaguinhas
em 11/02/2015 às 20h29
Página 67 de 111

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