Ilustração de abertura: Reprodução de uma revista sobre a Copa de 1958, mostrando a Taça Jules Rimet
Por toda a cidade e de modo especial na turminha do futebol da Igreja Protestante, a notícia caiu como uma bomba: A seleção brasileira de futebol, como parte dos preparativos para a Copa do Mundo na Inglaterra, fará um período de treinamento em Aguinhas. E a notícia eletrizou a cidade. Em Aguinhas? Não é possível. Ninguém acreditava e todos correram ao jornal, ao rádio, à TV, à Prefeitura...
Treino da Seleção Brasileira em Teresópolis: um menino invade o campo para falar com os atletas. Ele é contido por um segurança, que o segura pelo braço e o vai conduzindo para fora do gramado. Neymar intervém e retorna com o garotinho. Vem tocando a bola com ele. Juntam-se diversos jogadores em torno do garoto. Posam para fotos. Neymar, o grande craque da Seleção — e depois Thiago Silva, o capitão —, batem as fotos. Uma cena fantástica para quem assiste. Uma emoção marcante para o menino de 8 anos que realizou um sonho de que jamais se esquecerá... |
Pois bem. Eu tinha 12 anos quando a Seleção Brasileira realizou aqui em Lambari, em 1966, os seus treinamentos. Logo, logo, meio século terá passado, mas ainda estão muito vivas em minha memória diversas imagens daquela época, algumas das quais registrei no livro Menino-Serelepe (*) e publiquei aqui no GUIMAGUINHAS: como consegui os autógrafos de Pelé e Garrincha, a foto oficial que a Seleção tirou ao lado do Cassino, o momento marcante em que diversos craques da Seleção deixaram mãos e pés na placa de cimento no Campo do Águas...
Tudo isso e muito mais está na Série "A Seleção em Aguinhas". Confiram abaixo.
Série: A SELEÇÃO EM AGUINHAS
Crônica: "A Seleção em Aguinhas" - Narra resumidamente a estada da Seleção Brasileira em Lambari, na visão do Menino-Serelepe (aqui)
Autógrafos de Pelé e Garrincha - Narra como o Menino-Serelepe conseguiu os autógrafos de Pelé e Garrincha (aqui)
Caderneta de autógrafos - Narra como o Menino-Serelepe perdeu sua caderneta de autógrafos dos jogadores da Seleção de 1966 (aqui)
Postal com autógrafos dos jogadores - Mostra um postal histórico do Hotel Itaici com diversos autógrafos de jogadores da Seleção de 1966. (aqui)
Treinos da Seleção (1) - Registros e fotos de treinos da Seleção em Lambari (aqui)
Treinos da Seleção (2) - Registros e fotos de treinos da Seleção em Lambari (aqui)
Visitantes ilustres - Mostra que o Campo do Águas foi construído para receber a Seleção Brasileira de 1966 (aqui)
Tostão: Uma crônica sobre o craque Tostão em sua passagem por Lambari (1966) (aqui)
Gilmar, Djalma Santos e De Sordi - Registro do falecimento dos craques, dois dos quais estiveram em Lambari em 1966 (aqui)
As Seleções de futebol de 1966 x Seleção da Copa América de 2024 - (aqui)
Filme sobre a concentração da Seleção de 66 em Caxambu
Depois de Lambari, a Seleção Brasileira seguiu para Caxambu, e sobre a temporada dos selecionados naquela cidade há um vídeo disponível no Youtube. Esse filme mostra cenas dos exercícios físicos, dos treinos, do dia a dia na concentração, e também os passeios pela cidade e o contato dos jogadores com a imprensa e a torcida. Tais cenas são semelhantes às atividades da Seleção quando esteve em Lambari, em abril daquele ano de 1966. Na parte final, o vídeo mostra a visita dos jogadores à igreja/casa de Nhá Chica, em Baependi. Confira tudo no link abaixo:
Concentração da Seleção Brasileira em Caxambu
Colaboração de André Gesualdi, Wagner Augusto e Berenice Lobo Maldonado
(*) Menino-Serelepe - Um antigo menino levado contando vantagem, livro de memórias de Antônio Lobo Guimarães, pseudônimo com que Antônio Carlos Guimarães (Guima, de Aguinhas) assina a coletânea HISTÓRIAS DE ÁGUINHAS. V. o tópico Livros à Venda.
Álbuns de figurinhas sempre fizeram sucesso em meio à criançada, especialmente os lançados por ocasião de Copa do Mundo. Isso ocorreu comigo, com meus filhos e está acontecendo agora com os meus netos, que têm hoje a mesma idade que eu tinha nos idos de 1962, quando fiz meu primeiro álbum.
Em o Menino-Serelepe (*) registrei como consegui meu primeiro álbum de figurinhas. Naqueles tempos eu morava no Pasto do Fubá, e eis como narrei o caso:
Pelo meio do ano, seu Luiz trouxe um sobrinho, Jorge, e ficamos amigos. Jorge vinha com uma novidade que me encantou (e que até hoje encanta): um álbum de figurinhas da Copa de 62. Insisti, chorei, e o pai, com grande sacrifício, começou a coleção pra mim.
Decorei os nomes dos jogadores de todas as seleções: Chile: Escutti...; México: Carbajal...;Iugoslávia: Soskic...; Espanha: Sedrun...; Inglaterra: Springett ...; e, claro, da do Brasil, que ainda trago fresca na memória: Gilmar, Djalma Santos...
Aqui nasceu a paixão por Garrincha, Didi, Nilton Santos, Amarildo, que esses, ao lado de Pelé e uns poucos, eram todos figurinhas carimbadas, as últimas que pus no álbum.
A seleção brasileira no álbuum da Copa de 1962
A evolução da tecnologia da colagem
As gerações de colecionadores de minha família passaram por três "tecnologias de colagem". Eu sou do tempo da goma arábica (ou do grude, que era o mais comum); meus filhos, da cola branca; e meus netos das figurinhas autocolantes.
A febre das figurinhas da Copa de 2014
Com os álbuns vêm as tradicionais atividades correlatas: a lista de faltas, o troca-troca de figurinhas, o jogo de bafo. Já não há figurinhas carimbadas, mas há novidades: muitas meninas e adultos (às vezes, famílias inteiras) colecionando e o uso da tecnologia para a troca (ou compra) de figurinhas (internet, redes sociais, etc.).
Dizia-se carimbada, antigamente, em relação a algumas figurinhas que recebiam um carimbo, e, por isso, eram consideradas mais difíceis de serem conseguidas e valiam mais no troca-troca. Nos dias de hoje não existem figurinhas consideradas "difíceis"; de qualquer modo, cromos de Neymar e alguns outros craques custam mais nos pontos de trocas. (veja aqui)
A febre das figurinhas é mundial, mas no Brasil ela está alcançando números formidáveis, impulsionada pelo fato de a Copa ser no Brasil, pela tecnologia (que permite contatar outros colecionadores, trocar e/ou comprar figurinhas), pelos pontos de troca que surgem naturalmente (bancas de jornais, praças, shoppings), entre outros fatores.
Meus netos Leo e Rafa com o álbum da Copa de 2014
Lembranças das Copas de 58, 62 e 66
(1) (2)
(3)
(*) Menino-Serelepe - Um antigo menino levado contando vantagem, livro de memórias de Antônio Lobo Guimarães, pseudônimo com que Antônio Carlos Guimarães (Guima, de Aguinhas) assina a coletânea HISTÓRIAS DE ÁGUINHAS. V. o tópico Livros à Venda.
(*) Com a colaboração de André Gesualdi.
Ilustração de abertura: Cartaz de propaganda institucional do Parque Estadual de Nova Baden (PENB)
Em 1889, Américo Werneck chegou a Águas Virtuosas do Lambary e foi residir na Fazenda dos Pinheiros, que adquirira a Garção Stockler. Nessa propriedade, em meio à vegetação nativa, plantou árvores frutíferas, eucaliptos e pinheiros. Em 1898, como Secretário de Agricultura de Minas Gerais, ele criou, nas proximidades de sua fazenda, a Colônia de Nova Baden. E ali, em 1901, surgiu a Estação Ferroviária de Nova Baden, visando a incrementar o desenvolvimento da colônia. Mais à frente, ele transformou a Fazenda dos Pinheiros num Horto Florestal, o qual veio a dar origem a um Posto de Seleção de Sementes. (aqui).
Após o litígio com o Governo de Minas Gerais (a chamada Questão Minas X Werneck - aqui), Américo Werneck abandonou a Fazenda dos Pinheiros, que acabou sendo apropriada pelo Estado e transformada numa área de reserva municipal com finalidades ambientais.
O relatório de gestão do Governo de Minas Gerais de 1923, traz as seguintes informações:
Uma antiga descrição do Horto Florestal
Em 1974, a área foi protegida, com a criação da Reserva Biológica de Nova Baden. Em 1994, sua categoria de manejo foi alterada para Parque Estadual, que passou a ser administrado pelo Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais (Decreto n. 36.069, de 17/09/1994).
Na área do Parque funciona também a Fazenda Experimental de Nova Baden (aqui)
Fonte: Boletim Informativo do Parque Estadual de Nova Baden - I trim/2014
A residência de Werneck, construída em 1889, que hoje guarda o patrimônio histórico do Parque e funciona como escritório e centro de visitantes
No Parque, são realizadas também diversas atividades ecológicas, tais como: visitas escolares, exposição de vídeos educativos, palestras sobre temas diversos sobre o meio ambiente, trabalhos didáticos e interpretativos.
Uma nova espécie descoberta no PENB
O Pachimeroydes novabadensis
Uma nova espécie de inseto descoberta no Parque Estadual de Nova Baden (aqui).
Segundo informações da Administração do PENB, trata-se de um percevejo pertencente a família Miridae de aproximadamente 3 mm de comprimento, com coloração predominante vermelha brilhante e de aspecto metálico. Os exemplares foram encontrados na trilha das Sete Quedas, em ambiente úmido , sobre folhagens às margens da trilha.
O Parque é uma importante reserva de diversas espécies de anfíbios, mamíferos e aves.
Dentre as espécies, destacam-se os primatas barbado, sauá, mico e macaco-prego, além de jaguatiricas, quatis, tatus e tamanduás-mirim.
Veja também texto e fotos de uma visita ao Parque Estadual de Nova Baden (aqui)
Veja também:
Agradecemos à Gerência do Parque Estadual de Nova Baden as informações prestadas para elaboração deste post e o envio do Boletim Informativo I trim/2014.
Ilustração: Vitral oval do Cassino de Lambari, que seria ponto de referência de efemérides solares.
(...) a curiosidade daquela época na fachada lateral [do Cassino]era um vitral, no lado leste, que marcava os solstícios de verão e de inverno e os equinócios, segundo alguns estudiosos.
JORNAL "ESTADO DE MINAS" [1]
Neste post vamos resumir uma curiosa história sobre o nosso Cassino e as efemérides solares.
Vamos lá.
No livro O Palácio Casino de Lambari - Sonho, Segredo, Realidade, Antônio C. Martins de Carvalho [2] descreve "um fato astronômico desconhecido envolvendo o Casino".
Na opinião de Martins de Carvalho, que também é astrônomo amador, Américo Werneck
(...) posicionou admiravelmente o Palácio de Lambari para marcar nos pontos determinados as quatro principais efemérides do Sol, que são: o Solstício de Verão, os Equinócios e o Solstício de Inverno. [3]
Desse ponto de vista, haveria no Cassino de Lambari marcações importantes relativas a tais efemérides do Sol, que só encontrariam equivalentes nos monumentos megalíticos existentes na Porta do Sol, situada em Thiunacaco, na Bolívia e em Stonehenge, no Sul da Inglaterra. [4] Como se sabe, alguns estudiosos afirmam que esses dois monumentos estão orientados para marcar, respectivamente, os Equinócios ao amanhecer, e o Solstício de Verão, no hemisfério Norte.
Segundo Carvalho [5], o que o engenheiro Américo Werneck
(...) projetou para homenagear o Sol, quando desenhou a planta do Palácio de Lambari, está relacionado com a proporção das medidas da construção e a latitude do lugar (...)
Para ilustrar sua teoria, o autor elaborou uma planta na qual estariam as marcações que permitiriam observar o pôr do sol nas quatro principais efemérides solares: solstícios de inverno e verão e equinócios. A altura e posição dos zimbórios (cúpulas), a colocação do vitral oval, a medida e localização das varandas, constituíriam pontos de referências para essa observação. [6]
Eis a visão da planta baixa do Cassino, que para Martins de Carvalho mostram a intenção de Werneck quanto às efemérides solares:
Fonte: O Palácio Casino de Lambari - Sonho, Segredo, Realidade, de Antônio C. Martins de Carvalho
O centro da varanda do lado leste (o item 4, na figura acima) seria o ponto de referência com base no qual Werneck teria orientado as dimensões do seu projeto. Afirma Carvalho, ainda, que
(...) o pôr do sol, no dia do Solstício de Verão, poderia ser visto dentro do vitrô oval, para uma pessoa situada no centro da varanda do lado leste (...) [7]
Pontos cardeais - A frente do Cassino está voltada para a Serra das Águas, ao Norte
Vitrô oval do Cassino
Fachada leste do Cassino [8]
Em sua monografia de doutorado em História [9], Fábio Francisco de Almeida Castilho anota que ao lado do Cassino (à esquerda, olhando-se o prédio de frente), foi construído o Farol da República, que, à época de sua inauguração, iluminava o lago e produzia um belo efeito nos vitrais do Cassino. O farol guarda simetria em relação ao solstício e ao equinócio, e a escolha do nome foi uma homenagem ao regime republicano, do qual Werneck foi ardoroso defensor.
Esse também é o pensamento de Martins de Carvalho, ao informar que Werneck
(...) posicionou o Farol de modo que quem visse o pôr do sol da janela em estilo gótico, localizada na parte superior, coincidisse com o Sol se pondo, no meio do telhado do salão principal, no dia 15 de novembro. Sem dúvida, uma demonstração de que era republicano. [10].
Ao fundo, o Farol da República, visto da balaustrada do Cassino [8]
Extraído de Paulo Cesar Sentelhas e Luiz Roberto Angelotti. ESALQ/USP
Fontes: Dicionário Astronômico/Inape/Araçatuba (aqui) - Aula de Meteorologia Agrícola/Esalq/USP (aqui); Wikipedia.
Como se sabe, o prédio do Cassino passa por uma reforma (aqui, o projeto), e é bom lembrar que em obras e restaurações anteriores ocorreram diversas agressões às características originais do prédio (veja aqui, especialmente o tópico Restaurações).
Assim, tanto quanto possível, elementos arquitetônicos originais, como os referidos no livro objeto deste post e tantos outros mais, são itens que devem ser preservados, em respeito à memória cultural e histórica de Lambari e da monumental obra de Werneck.
Outra visão do vitral oval do Cassino
Uma visão dos zimbórios (cúpulas) do Cassino
Outra visão dos zimbórios (cúpulas) do Cassino
Nota: Exemplar do livro O Palácio Casino de Lambari - Sonho, Segredo, Realidade, de Antônio C. Martins de Carvalho, encontra-se no Museu Américo Werneck (aqui).
Fotos: Museu Américo Werneck; Carlos Augusto Lorenzo; Fundação João Pinheiro.
Sobre Américo Werneck, veja:
Série Américo Werneck (aqui)
(*) Se você, caro(a) visitante, tiver notícias, informações, fotos, ou quiser fazer alguma correção ou complementação ao texto aqui publicado, entre em contato conosco neste e-mail: historiasdeaguinhas@gmail.com
Foto de abertura: Antigo postal em cores* do Laguinho dos Patos, no Parque Wenceslau Braz, Lambari, MG.
[*] Naqueles tempos, o postal, originalmente em preto e branco, era colorido à mão.
Abaixo vão postais do Parque Wenceslau Braz, em Lambari, MG.
Obra de Américo Werneck, construída em 1911, conhecida também por Parque Novo, trata-se de um pequeno bosque, no centro da cidade, com diversas espécies importadas (figueiras, eucaliptos, magnólias, pinheiros), alamedas, coretos e um pequeno lago, com aves aquáticas.
Vegetação semelhante à do Parque Novo existe também no Parque Municipal de Belo Horizonte (aqui), cuja construção se deu à época em que Werneck encontrava-se nessa capital (ele foi Secretário de Agricultura de MG [1898/1901], prefeito de Belo Horizonte [1898] e membro da Comissão Construtora da Nova Capital [1897/1899]. [aqui]).
Sobre a construção desse parque, veja as fotos abaixo e leia este texto, publicado no Anuário de Minas Gerais de 1913 (aqui)
Postais antigos
Fontes: Museu Américo Werneck e coletânea de postais do autor.
Veja o número 1 da série POSTAIS ANTIGOS (Cidade de Lambari), aqui