Ilustração: Etiqueta de antigo livro de atas do A.V.F.C.
Com a série ÁGUAS VIRTUOSAS FUTEBOL CLUBE, o site GUIMAGUINHAS vem publicando fotos, informações e histórias sobre a agremiação de futebol que leva o nome de nossa terra, bem como sobre outros times que representaram a cidade no passado (Vasquinho, G.R. ABI).
Série Águas Virtuosas Futebol Clube
Já esta série SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DO ÁGUAS VIRTUOSAS F. C. é resultado de uma pesquisa em livros, atas, correspondências e outros documentos existentes nos arquivos do clube, que estamos compartilhando com os lambarienses interessados no passado de nossa cidade, a título de subsídio para que — quem sabe? — alguém um dia escreva a história do nosso querido Águas Virtuosas Futebol Clube, nos moldes do livro União Futebol Clube - Fotos & Fatos, de Márcio Rodrigues Teixeira, que divulgamos aqui no site, na série FUTEBOL EM MINAS.
FUTEBOL EM MINAS - O União F. C., de Martinho Campos (MG)
Fundação, reorganização e estatutos
O Águas Virtuosas Foot-Ball Clube foi fundado a 2 de agosto de 1926, com a finalidade de
promover entre os seus associados a cultura physica em todas as suas modalidades, podendo realizar reuniões e divertimentos de caracter social e esthetico.
Isso consta de ata de 12 de junho de 1927, referente à assembleia que discutiu e aprovou o estatuto do clube. Essa reunião foi presidida por João Lisboa Júnior, secretariado por José de Oliveira Leite (1o. Secretário) e Oswaldo Cruz Lisboa (2o. Secretário). Faziam parte também da diretoria: Jonas Honorato de Assis (Vice-presidente) e Egydio Mileo (Tesoureiro). [Veja abaixo o item Quem é quem - aqui]
Fundado em 1926, o clube foi reorganizado em 1o. maio de 1927, quando a diretoria anterior (Nicolau A. Navarro, presidente, e Renê Alves Ferreira, 1o. Secretário) foi substituída pelos diretores acima mencionados. Dessa assembleia participaram 42 sócios.
Da assembleia de 12 de junho de 1937, para discussão e aprovação dos estatutos, participaram 25 sócios, que representavam 52 cotas. Entre os sócios fundadores estão conhecidas famílias lambarienses: Lisboa, Leite, Gesualdi, Biaso, Fernandes, Bacha, Chagas, Viola, Ieno, Raimundi, Krauss, Mileo, Mota, Lorenzo, entre outras.
Confira o documento abaixo:
Finalização e assinatura dos sócios na ata de 12 de junho de 1927, que aprovou o estatuto do Águas Virtuosas Foot-Ball Clube:
Nota: Esta série SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DO ÁGUAS VIRTUOSAS F.C. foi elaborada com base em livros, atas, correspondências e outros documentos existentes nos arquivos do clube.
A série SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DO ÁGUAS VIRTUOSAS F. C. prosseguirá com os seguintes títulos:
O Jockey Club - aqui
Amistosos da Década de 1930/40 - aqui
A Taça Guaraína - 1941 - 1a. parte - aqui
Em preparo: Sócios
Em preparo: Diretorias
Em preparo: Campo do A.V.F.C.
Ilustração: Barragem e encontro das águas do Lago Guanabara com as do Rio Mumbuca.
Mumbuca, nos dicionários, significa uma
espécie de abelha preta. Palavra de origem tupi, mõ buca, que furta, que penetra. Var. mombuca. (1)
Para os lambarienses, é o riozinho que corta a cidade, e que já foi chamado de Ribeirão Lambarizinho. Em 1860, seu curso foi modificado, pois em épocas de cheia o leito invadia as fontes das águas minerais.
Rio Mumbuca, após obras de mudança do curso (1900)
O Mumbuca de minhas memórias
No livro Abigail [Mediunidade e redenção], eu imaginei como deveria ser o Mumbuca, nos idos de 1930:
A cidadezinha de Águas Virtuosas é vista como a mais bonita da região das estâncias hidrominerais do Sul de Minas. Situada no centro de um vale suntuoso, em forma de concha, é resguardada ao norte das fortes correntes de ar pela imponente e majestosa Serra das Águas, que se alteia a mais de mil e duzentos metros. Ao sopé da montanha, através do rio Mumbuca, que nessa serra tem sua cabeceira, águas cristalinas serpeiam e rolam ligeiras, borbulhando nas pequenas quedas e nos trechos mais sinuosos. (2)
No livro Menino-Serelepe, narrei as brincadeiras no rio Mumbuca, nos tempos da meninice:
Penetrávamos no Rio Mumbuca nos fundos do Posto Gregatti, subíamos o rio por sob o túnel e saíamos do outro lado, escalávamos o paredão de tijolos para acessar o antigo cinema do hotel e dali íamos “excursionando”, começando pelo próprio cinema, e depois pelos salões de jogos — que Aguinhas foi cidade onde a jogatina reinou até os anos 40 — pelos jardins, pelas quadras, pelo terreno da caldeira, pela piscina, pelos jardins internos. (...)
Nesse túnel do Rio Mumbuca a turma chegou a manter um esconderijo, feito de objetos duramente catados ao fundo do rio: restos de concreto, tijolos, pedras, que, acumulados, formaram uma elevação na qual durante muito tempo brincamos e pescamos mandis, cascudos e lambaris. Bons tempos aqueles, pois o rio Mumbuca não era ainda tão poluído quanto atualmente. (3)
Isso mesmo: nesse Mumbuca de doída memória — brincávamos, pescávamos, nadávamos...
E então suas águas eram limpas, havia peixes... Todas as tardes, pescadores se postavam na ponte do Parque Hotel, em frente ao balneário do Imperial, na entrada e na saída do túnel do Hotel Imperial, na ponte do Parque Novo, em frente às duchas...
Hoje, vendo o Mumbuca tão degradado, cheio de lixo, malcheiroso, poluído, assoreado, me pergunto:
— Devemos dar adeus ao Mumbuca?
Chuvas que não vêm, fontes que secam, rios que morrem — e não é somente por obra da Natureza que isso vem ocorrendo. Em tudo isso, há, como sabemos, a pesada mão da imprevidência, do descaso e da irreponsabilidade do ser humano.
Assim, é certo que depende de nós — somente de nós — salvar o gracioso riozinho!
Saída do túnel, em frente do Posto Gregatti, local por onde adentrávamos o rio em nossas brincadeiras
Entrada do túnel, em frente do balneário do Imperial, local por onde saíamos e escalávamos o paredão que dava acesso às dependências do Hotel Imperial
(1) BUENO, Silveira. Grande Dicionário Etimológico, Prosódico da Língua Portuguesa - Vol. 5 - L/M - São Paulo : Saraiva, 1968.
(2) Esse texto descreve a Aguinhas dos anos 1930 e faz parte do Capítulo 1 - Uma cidadezinha ao pé da serra, do livro ABIGAIL [Mediunidade e redenção], de Antônio Lobo Guimarães, pseudônimo com que Antônio Carlos Guimarães (Guima, de Aguinhas), assina a coletânea HISTÓRIAS DE AGUINHAS. Veja o tópico Livros à venda.
(3) Essa narrativa faz parte do livro Menino-Serelepe - Um antigo menino levado contando vantagem, uma ficção baseada em fatos reais da vida do autor, numa cidadezinha do interior de Minas Gerais, nos anos 1960. O livro é de autoria de Antônio Lobo Guimarães, pseudônimo com que Antônio Carlos Guimarães (Guima, de Aguinhas) assina a série MEMÓRIAS DE ÁGUINHAS. Veja acima o tópico Livros à Venda.
Já falamos aqui no GUIMAGUINHAS sobre o Aeroporto de Lambari (aqui).
E mostramos como se deu a chegada do Núncio Apóstolíco no Brasil a Lambari, para o Congresso Eucarístico (aqui). E também indicamos um vídeo registrando esse episódio (aqui).
Esses acontecimentos se deram em 1955.
1955: No aeroporto, pessoas aguardam a chegada do Núncio Apóstolico no Brasil, Dom Armando Lombardi.
Décadas de 1950 e 1960 — época romântica das estações de água
Na década de 1950 e início dos anos 1960, Lambari e as estâncias hidrominerais de Minas viviam ainda uma época de ouro do turismo aquático, como então se dizia. O jogo havia sido proibido em 1945, e no entanto os veranistas enchiam os hotéis, havia estação de águas de 21 dias e férias cheias de 30 dias, em dezembro, janeiro, parte de fevereiro (Carnaval) e julho.
E os bares, as boates, os cinemas repletos de gente! (aqui)
Em 1959, voo direto do Rio para Lambari
Em 1959, nas férias e finais de semana, a Navegação Aérea Brasileira (NAB) realizava voos diários do Rio de Janeiro para Lambari, com duração de 60 minutos.
E a propaganda da época dizia:
Para suas férias e finais de semana, a NAVEGAÇÃO AÉREA BRASILEIRA acaba de lançar diariamente a linha Rio-Lambari, cujo percurso é cumprido pelo Douglas DC-3 em apenas 60 minutos, superando em nove horas o percurso normal das rodovias!
Viaje para Lambari e passe dias maravilhosos naquela estância hidro-mineral!
E parte da passagem podia ser financiada pela Credi-NAB em até 5 anos!
Confiram abaixo:
Reprodução: O Globo 2/fev/1959
Os voos eram feitos pelo avião Douglas DC-3
Sobre o DC-3, veja este texto (aqui)
Referências
Ilustração: Foto do incêndio do prédio da Prefeitura Municipal de Lambari (1987), onde funcionou durante décadas alguns importantes colégios de Lambari. (Foto cedido por Ninho Costa).
No livro Menino-Serelepe escrevi que, nos anos 1960, antes de ingressar no Ginásio Duque de Caxias, eu cursara a 5a. Série no Instituto Santa Terezinha. Logo a seguir, anotei que:
O Santa Terezinha, chamado de Coleginho, que pouco tempo depois disso encerrou suas atividades, foi famoso e tradicional no passado, aqui pelas bandas do Sul de Minas. Funcionou como internato durante muitos anos pra moças e rapazes. Mas na minha época isso já havia acabado e ele já não era nem sombra do que fora. Quando deixou de operar, suas instalações tornaram à Prefeitura de Aguinhas, que lá funcionou por uns tempos até um terrível incêndio destruir completamente a antiga edificação e grande parte do acervo da administração municipal.
Pois bem, neste post vão antigas fotos do Instituto Santa Terezinha, e também fotos do incêndio ocorrido em 1987, quando o prédio do instituto era ocupado pela Prefeitura Municipal.
Neste prédio, desde sua fundação, sempre funcionou algum estabelecimento escolar, entre eles: Colégio Minas, Ginário de Lambari e o Instituto Santa Terezinha.
Nos anos 1980, o prédio retornou ao Patrimônio Municipal, sendo ocupado pela Prefeitura de Lambari.
Circulado na foto, o Instituto Santa Terezinha, nos anos 1950
O Colégio Santa Terezinha, então chamado Ginásio de Lambari - Anos 1930
Em março de 1987, um pavoroso incêndio destruiu o antigo prédio e inestimáveis arquivos da Prefeitura de Lambari e da história do município.
Escombros do prédio, em razão do incêndio ocorrido em 1987.
O Corpo de Bombeiros e o incêndio da Prefeitura (1987)
Importantes arquivos da cidade de Lambari, MG, entre eles o patrimonial, o de recursos humanos, o financeiro e tributário, documentos, mapas e plantas do período Werneck, grande parte da biblioteca municipal Basílio de Magalhães e da memória fotográfica de Águas Virtuosas de Lambari (acervo de João Gomes D'Almeida [Filho]) foram destruídos.
Em 1988, na Administração Marcílio Botti, começou um trabalho de recuperação dos arquivos e documentos destruídos (Fonte: Minas em Revista, n. 99, de maio de 1988)
(*) Este trecho faz parte do livro Menino-Serelepe - Um antigo menino levado contando vantagem, de Antônio Lobo Guimarães, pseudônimo com que Antônio Carlos Guimarães (Guima, de Aguinhas) assina a coletânea HISTÓRIAS DE ÁGUINHAS. V. o tópico Livros à Venda.
Ilustração: Capa do livro A água mineral de Lambari. de José Nicolau Mileo, 1968
JOSÉ NICOLAU MILEO nasceu a 9 de abril de 1900, em Lambari (MG), filho de Rosário Mileo e Filomena Pelusi Mileo. Casou-se com Nair de Almeida, com quem teve dois filhos: José Francisco e Fernando José.
Fez os cursos elementares em Lambari, o ginasial em Lorena (SP) e formou-se médico pela Faculdade Nacional de Medicina (RJ). Formado, retornou a Lambari e nos anos de 1924 a 1928 aqui exerceu a profissão, época em que se interessou pela influência das nossas águas minerais na cura de doenças.
A partir de 1931, publicou diversos trabalhos sobre esse tema, entre eles as Notas de Crenologia Clínica, apresentado ao 1o. Congresso de Hidro-Climatologia (São Paulo, 1935), o qual recebeu as melhores referências do grande cientista brasileiro Vital Brazil (aqui)
Fac-símile da carta de Vital Brazil a J. N. Mileo, constante do livro abaixo
Desse trabalho, em 1961, surgiu a 1a. edição do livro A água mineral de Lambari - Contribuição para o seu conhecimento.
Capa da 3a. edição (1968)
Nessa 3a. edição, além dos aspectos estritamente médicos quanto à composição das águas e sua ação medicinal, José N . Mileo acrescentou algumas curiosidades históricas e lendárias sobre as águas de Lambari, quais sejam: A lenda dos 21 dias e A lenda das águas magnesianas, textos extraídos do semanário Hidrópolis, que foi publicado em Lambari por Júlio Lopes, por mais de três lustros.
Índice (da 3a. edição)
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OUTROS ESTUDOS SOBRE A ÁGUA MINERAL DE LAMBARI
Sobre nossas águas minerais há também estes estudos de médicos que trabalharam em Lambari:
Outros livros sobre a água mineral
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Veja a bibliografia sobre Águas Virtuosas do Lambary
Veja também a história da captação de nossas águas:
Veja a Série ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARY