Ilustração: João Gomes D'Almeida, o primeiro fotógrafo de Águas Virtuosas de Lambary e autor de famosos postais, cartões e fotografias de nossa cidade
Neste post vamos recordar aspectos da vida e da obra do fotógrafo João Gomes d'Almeida [1847-1907], morador de Águas Virtuosas de Lambary desde os finais do Século XIX, que no alistamento eleitoral de 1897/1898 figurava como o único fotógrafo profissional aqui residente.
Trata-se do primeiro fotógrafo radicado no Sul de Minas, e que deixou expressiva coletânea de fotografias, fotos postais e cartões de Águas Virtuosas de Lambary, produzida na primeira década dos anos 1900.
Falecido em 1907, foi sucedido por seu filho João Gomes de Almeida Filho (1893 – 1961), que, então, com 14 anos, prosseguiu no ofício do pai. Assim, pai e filho foram responsáveis pela produção das primeiras imagens de nossa cidade. [2] e [3]
Este post inicia também a Série Postais de Aguinhas, cujo índice vai ao final da página (aqui).
Vamos lá.
João Gomes d'Almeida: primeiro o pai, depois o filho
Francislei Lima da Silva escreveu para o Dicionário Histórico-biográfico dos fotógrafos e da fotografia do Brasil este pequeno resumo biográfico de João Gomes d'Almeida:
(...) nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1847, perdeu seus pais muito jovem, sendo criado por uma tia. Não foram encontradas maiores informações sobre a sua família, sua infância e juventude.
Em visita à região do sul de Minas Gerais, conheceu sua futura esposa na cidade de São Gonçalo do Sapucaí. Após o seu casamento, instalou-se em Águas Virtuosas de Lambary, estância balneária com grande afluxo de turistas em busca do tratamento termal com as águas minerais. Tornou-se fotógrafo da Empreza das Águas, sediando seu estúdio fotográfico no prédio da Empreza junto ao balneário e cassino do Parque das Águas. Na Photographia Fluminense, registrou grande número de cartões como souvenier para os missivistas/aquáticos que praticavam vilegiatura nos períodos de estação.
Seu primeiro contato com a fotografia teria se dado ainda no Rio de Janeiro, onde se profissionalizou no ofício, constando no alistamento eleitoral de Águas Virtuosas de Lambary de 1897/1898, como o único fotógrafo profissional residente na vila.
Como fotógrafo itinerante, atuou em diversas frentes na região sul mineira, registrando paisagens, monumentos, grupos e fotos mortuárias.
Veja o texto na íntegra (aqui)
Reprodução de dizeres de um cartaz existente no prédio da Empreza das Águas, recinto do Parque das Águas, no início dos anos 1900, que também figurava no verso de alguns retratos ali produzidos
A coletânea de postais de Águas Virtuosas
Fonte: O olhar de um fotógrafo e suas paisagens aquáticas - Francislei Lima da Silva [3]
Abaixo, alguns dos postais referidos acima:
Na definição do Aurélio cromo é
figura estampada em cores, em geral com relevo, constituindo pequeno impresso recortado para colagem em álbuns.
Esses cromos eram desenhados com base em postais, e alguns dos postais da coletânea de Almeida Filho foram transformados em cromos pela Casa Viola, do Rio de Janeiro.
Confira abaixo:
Fonte: Cromos de Aguinhas (aqui) - Detalhe do postal, reproduzido no cromo: o esguicho d'água, na pedra artificial existente ao pé da barragem.
Veja os demais posts desta série:
Veja também:
Nota: Agradecemos a colaboração da sra. Luíza Silvestrini da Cruz, neta de João Gomes d'Almeida e sobrinha de João Gomes de Almeida Filho, pelas informações prestadas e cessão das fotos utilizadas neste post.
Ilustração: 1940 - Recorte da planta baixa da antiga Praça de Jogos do A.V.F.C., na qual, além do futebol, foram previstos o salão de jogos, a piscina, a pista de jóquei e quadras de tênis, de peteca e de vôlei.
Prosseguindo com a Série SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DO ÁGUAS VIRTUOSAS F. C., vamos resgatar a história do Campo de Futebol do Águas Virtuosas, no antigo terreno do clube, inaugurado em 1926, e do Estádio do Águas Virtuosas Futebol Clube, situado defronte do Cassino, inaugurado em 1966.
Neste post (5a), focalizaremos o antigo campo do Águas Virtuosas, na Rua Francisco de Biaso. No próximo (5b), o Estádio do A.V.F.C., na Rua Francisco de Castro Filho, nas proximidades do Cassino.
Vamos lá.
O terreno do Águas Virtuosas e do Jockey Club
Nos anos 1930/40, consorciado ao Águas Virtuosas Futebol Clube, funcionou também o Jockey Club de Lambary. Para as atividades conjuntas, fora adquirido um terreno de 21.830 m2, no qual se construiu o campo de futebol e posteriormente as pistas de corrida, como já informamos nos números 1 e 2 desta Série SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DO ÁGUAS VIRTUOSAS F. C. (aqui) e (aqui).
Vista aérea do Antigo Campo do Águas Virtuosas
Conquanto a anotação supra, feita à mão nos anos 1940, a área citada possui 21.830 m2, conforme consta de escritura pública de dação em pagamento (outorgante: Prefeitura Municipal de Lambari e outorgado: Águas Virtuosas Futebol Clube), passada no Cartório do 2o. Ofício de Lambari, em 26 de julho de 1999.
A inauguração do Campo do Águas Virtuosas Futebol Clube
Fundado a 2 de agosto de 1926, o Águas Virtuosas Futebol Clube (AVFC) inaugurou seu campo de futebol em 7 de setembro de 1926, jogando partida amistosa contra o time de São Lourenço (MG).
O jornal O Globo, do Rio de Janeiro, assim noticiou o evento:
Reprodução - O Globo - 7 de setembro de 1926
A Praça de Jogos do Águas Virtuosas Futebol Clube
Em 1940, já construído o hipódromo, fez-se um plano para edificação das arquibancadas, para o que foi elaborada a seguinte planta baixa da Praça de Jogos do A.V.F.C., que já incluía a pista de corridas:
Planta baixa, feita em 1940, da Praça de Jogos do Águas Virtuosas. A pista de corrida tinha 600 m de extensão por 15 m de largura, em forma ovoide, com duas grandes retas, toda metrada e cercada de madeira.
Antigo Campo do Águas Virtuosas, 1941. Ao fundo, a cerca que separava o campo de futebol da pista de corrridas.
O terreno do futuro Estádio do Águas Virtuosas Futebol Clube
Como já contamos (aqui), nos anos 1950/1960, três times de futebol faziam uso do antigo Campo do Águas: Vasquinho, S.O.L e o próprio Águas Virtuosas.
Em 1963, mediante a Lei Municipal n° 265, de 13 de setembro, foram estabelecidas condições para que os acionistas do Águas Virtuosas Futebol Clube e do Jockey Club de Lambari doassem suas ações à Prefeitura Municipal e, com isso, a área de terreno acima mencionada (21.830 m2), situada na Rua Francisco de Biaso, com a garantia de que teriam direitos e vantagens em futuro Estádio Municipal a ser construído.
Esse "Estádio Municipal" viria a ser construído no terreno abaixo, o qual foi doado ao Águas Virtuosas por meio da Lei Municipal n° 359, de 27 de setembro de 1967.
Mas isso é assunto para o próximo post desta série (5b).
Anos 1930: Vista do terreno, em frente ao Cassino, onde seria construído o Estádio do Águas Virtuosas
Atual situação do antigo campo do Águas Virtuosas
Com a construção do Estádio do A.V.F.C, em 1966, o antigo campo, cuja área seria destinada à Indústrias ABI, para expansão de suas atividades, o Grêmio Recreativo daquela empresa — o GRABI — passou a utilizar o espaço para jogos e treinamentos. Em razão disso, o antigo campo do Águas passou a ser chamado de campo do GRABI.
Nos anos seguintes, como não se concretizou a doação do terreno às Indústrias ABI, muitos times amadores de Lambari passaram a utilizar o campo.
No final dos anos 1990, o jogador Tatá (veja este post - aqui) lá iniciou um trabalho social com meninos e jovens, encaminhando-os para a prática de esportes, especialmente o futebol.
Em 18 de novembro de 1999, mediante a Lei Municipal 1.228, a Prefeitura Municipal doou a área (21.830 m2) à Associação Atlética de Lambari - AAL, visando à continuidade do supracitado trabalho social, o que vem ocorrendo até os dias de hoje.
Portão de entrada - Antigo campo do Águas Virtuosas, onde funciona atualmente a Associação Atlética de Lambari - AAL
Evento esportivo no antigo campo do Águas
No dia 10 de abril de 2016, ocorreu no antigo campo do Águas a decisão do 8° Campeonato de futebol intermunicipal 2016. O jogo foi entre Lambari e São Lourenço, reunindo, quase noventa anos depois, adversários das mesmas cidades que inauguraram o campo do Águas em 1926. (V. acima - aqui)
Os jogadores Lambarienses se empenharam até o final, fizeram uma grande partida, mas o troféu ficou com time de São Lourenço (Equipe Sta. Helena), que venceu o jogo por 2 x 1.
O evento foi organizado pelo professor Marcos Cruz, com o apoio da Prefeitura Municipal de Lambari. Mais de 120 jovens participaram da competição, vindos de Cruzília, Natércia, São Lourenço, Caxambu entre outros municípios.
Fonte: site da Prefeitura Municipal de Lambari
Nota: Esta série SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DO ÁGUAS VIRTUOSAS F.C. foi elaborada com base em livros, atas, correspondências e outros documentos existentes nos arquivos do clube.
Posts já publicados
Continuidade da Série
A série SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DO ÁGUAS VIRTUOSAS F. C. prosseguirá com os seguintes títulos:
Em preparo: O Estádio do A.V.F.C.
Em preparo: Taça Guaraína - 1941- 2a. parte
Em preparo: Sócios
Em preparo: Diretorias
(*) Caro(a) visitante,
Nosso objetivo é compartilhar informações, histórias e fotos de nossa cidade, com vista à preservação de sua memória. Assim, se você tiver notícias, informações, fotos das pessoas ou famílias aqui mencionadas, ou quiser fazer alguma correção ou complementação ao texto aqui publicado, entre em contato conosco neste e-mail: historiasdeaguinhas@gmail.com
Ilustração: Márcio Krauss, tetracampeão pelo Águas Virtuosas, e um dos maiores goleiros da nossa história futebolística
Sob as traves dos dois campos em que o time do Águas Virtuosas atuou durante décadas — o antigo campo, na Rua Francisco de Biaso, e o Estádio do AVFC, na Rua Francisco de Castro Filho —, estiveram grandes goleiros, inclusive alguns com passagem pela Seleção Brasileira de Futebol.
Neste post, vamos recordar um pouco dessa história
Os campos de futebol do Águas Virtuosas
Visão atual do antigo campo do Águas Virtuosas, na Rua Francisco de Biaso
Estádio do Águas Virtuosas visto do Cassino, nos anos 1980
As traves que fizeram a história do nosso futebol
Dois registros históricos das traves dos campos do Águas Virtuosas enchem de saudades os amantes do nosso futebol.
1948: Gol de Nenê Nascimento, no antigo campo do Águas Virtuosas
1966: Treino da Seleção Brasileira, no recém-inaugurado Estádio do Águas Virtuosas. Na foto, os goleiros Fábio, Manga, Gilmar e Ubirajara, em companhia de Paulo Amaral, o treinador de goleiros (Reprodução: Jornal O Globo, abril de 1966)
Grandes goleiros do nosso futebol
Nos anos 1930/40, destacou-se Geraldo Pelota como um dos grandes goleiros do Águas Virtuosas, que depois teria Vaca e Eli Capeta como titulares durante anos.
Time do Águas Virtuosas da década de 1930
Time do Águas antigo. Deitado, encontra-se Geraldo Pelota, goleiro histórico do clube. Reprodução. Facebook Adrianododo
O goleiro Vaca ao lado de Manoel Correia, no time do Águas dos anos 1950
Eli (Capeta) foi goleiro do Flamengo de Varginha, e atuou também no Águas, nos anos 1950.
Mais à frente, vieram Zé Airton (Biaso), Nambu e Jaime.
Zé Airton, goleiro campeão pelo Águas Virtuosas em 1960 (aqui)
Lance do goleiro Nambu, jogo do Águas X Itanhandu, anos 1960 (aqui)
Carlinhos Castilho e Zé Airton Biaso, goleiros do Vasquinho, são premiados como campeões municipais de 1961
Vasquinho do início dos anos 1960. Na foto, três goleiros: Geraldo, Zé Aírton e Jaime
Jerri e Geraldo, dois goleiros que passaram pelo time profissional do Águas, nos anos 1960.
No fundo, à direita, o goleiro Carlinhos, que atuou à época do Águas profissional
Wílson, o melhor goleiro do Águas profissional dos anos 1960
Édson Rambaldi (Cavalo) foi goleiro do GRABI e do Águas, nos anos 1970
O goleiro Chicão (de São Lourenço), no Águas de 1975
Os goleiros Luiz Carlos (de Santa Rita) e Edson, no Águas de 1976
Quati e Márcio - goleiros do Águas Virtuosas na campanha do tetracampeonato (aqui)
Márcio no time tetracampeão em 1990 (aqui)
Como se sabe, em épocas douradas do futebol de nossa cidade, grandes clubes profissionais fizeram pré-temporadas e/ou amistosos no Estádio do Águas Virtuosas (aqui).
Entre esses clubes estão:
Eis os goleiros desses times, alguns deles com passagem pela Seleção Brasileira:
Ilustração: Título da reportagem sobre nossas Congadas, publicada na Revista Geográfica Universal, de maio/1979
Sobre nossas tradicionais congadas, já postamos no GUIMAGUINHAS estes textos:
Neste post, vamos recordar uma reportagem sobre as Congadas de Lambari, feita em 1979, com texto de Antônio Callado de Paiva e fotos de Carlos Humberto Toc, divulgada na Revista Geográfica Universal de maio daquele ano.
Vamos lá.
Capa da Revista Geográfica Universal, de maio de 1979, que trouxe a reportagem: As Congadas de Lambari (aqui)
Flagrante de nossas Congadas (Fonte: Foto Sabiá)
Entrevistando personagens históricos de nossas Congadas — como José Vicente, José Marques e Zé de Souza, todos herdeiros das tradições de Joaquim Baiano —, a reportagem busca as origens dos festejos no folclorista Luís da Câmara Cascudo e constata que as Congadas de Lambari "adquiriram um aspecto puramente regional, muito provavelmente devido à concepção de cada chefe de terno, no que diz respeito à interpretação da estrutura dos festejos".
Zé Marques, Zé Vicente, Zé de Sousa e Neném Lucas
(Reprodução - Revista Geográfica Universal - maio de 1979)
Os autores da reportagem entrevistaram e fotografaram os encarregados dos preparativos dos festejos: a confecção e retoque das roupas, a revisão e manutenção dos instrumentos, o preparo das comidas, que são consumidas pelos participantes e também vendidas para angariar fundos para a manutenção dos ternos.
Comentam também o autores que os santos homenageados pelos ternos são aqueles tradicionalmente tidos como protetores dos negros: São Benedito, N. S. Aparecida, N. S. do Rosário e Santa Efigênia. Mas há também nas cantorias a evocação de entidades ligadas aos ritos africanos, como o Preto-Velho e Iemanjá (a rainha do mar).
A seguir, detalham o ritual dos ternos: suas danças, movimentos, evolução, as músicas e o trajeto que percorrem na cidade: Saída do bairro Campinho, visita à Igreja de São Benedito, ao Morro do Cruzeiro, à Igreja Matriz de N. S. da Saúde.
E destaca também os estribilhos das músicas mais tocadas, como estes:
Uma música famosa feita por Fernando Dias para nossas Congadas (1) Sobre a origem dessa última música, intitulada Princesa Isabel, de autoria de Fernando Dias, veja (aqui)
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Dona Lisinha, esposa de José de Souza, e Sílvia, esposa de Neném Lucas, no preparo do doce de abóbora
(Reprodução - Revista Geográfica Universal - maio de 1979)
(1) O Imperador Ismal e a Imperatriz Vanilda (2) Um terno em evolução
(Reprodução - Revista Geográfica Universal - maio de 1979)
Paulo Roberto Viola, advogado, jornalista, pesquisador e escritor, filho do lambariense Paulo Grandinetti Viola, é o autor do livro Lambari, como eu gosto de você!, diversas vezes mencionado aqui no site GUIMAGUINHAS (aqui, aqui, aqui, aqui, aqui).
Paulo Roberto faleceu no dia dia 29 de abril de 2011, e hoje lhe prestamos essa singela homenagem, recordando sua obra literária e mediúnica de inspiração.
Série de livros de inspiração espírita-cristã sobre o Segundo Reinado
Sob a inspiração espírita-cristã, Paulo Roberto, grande admirador de Dom Pedro II e da Princesa Isabel, escreveu uma série de livros sobre o período do Segundo Reinado.
Os livros dessa série são estes:
Além desses, escreveu também dois outros livros de fundo espírita:
Fonte: oconsolador.com.br
Muita gente pergunta qual a ligação de Dom Pedro II e da princesa Isabel com o espiritismo. A ligação deles é a mesma de Teresa de Calcutá, de Francisco de Assis e de todos os demais ícones de nosso credo: os elevados valores morais. (Fonte: Edições Correio Fraterno do ABC)
Paulo Roberto ao lado do jornalista André Trigueiro, num evento espírita (Fonte: avozdoespiritismo.com.br)
Lançamento do livro "Francisco de Paula, o Eremita da Caridade"- Paulo Roberto Viola, representando a Casa de Francisco de Paula, com o ator Renato Prieto (que protagonizou André Luiz no filme Nosso Lar) e o Presidente do Grupo Espírita Regeneração (fundado por Bezerra de Menezes em 1891), Walter Alves. (Fonte: http://revistadoespiritismo.blogspot.com.br/)
Grande estudioso da história do Segundo Império, Paulo Roberto colaborou com a historiadora Mary Del Priore, autora do livro Do Outro Lado - A história do sobrenatural e do espiritismo, que conta a história do sobrenatural na sociedade brasileira, principalmente desde os fins do século XIX. E dois de seus livros (Bezerra de Menezes, A Abolicionista do Império e Barão de Santo Ângelo, o Espírita da Corte) foram mencionados na bibliografia da autora.