Ilustração: Antigo latão para leite de 50 l, em aço estanhado, produzido pela ABI, de Lambari, MG
No tocante ao tema PROFISSÕES DE AGUINHAS, já elaboramos estes dois posts:
Hoje falaremos de algumas outras profissões e prestações de serviços, como aluguéis de carros de praça, engomadeiras, guarda-livros, funilarias.
Vamos lá.
Ex libris da Biblioteca Nacional do Brasil, feito porEliseu Visconti, em 1903, confeccionado em nanquim e guache sobre papel medindo 26 X 21 cm
Há inúmeras informações sobre Águas Virtuosas de Lambary em antigos jornais, almanaques e revistas, disponibilizados pela Biblioteca Nacional do Brasil, neste site:
http://memoria.bn.br/hdb/maisacessados.aspx
Entre aqueles documentos, destacamos o Almanak Laemmert, do qual estão disponíveis 38 volumes, relativos a anos entre 1891 e 1940.
Dessa coletânea é que extraímos as informações abaixo, sobre antigas profissões de Aguinhas.
Antigas profissões de Aguinhas
Carros antigos em Lambari (1928)
O dentista Olavo Krauss e sua mulher Dona Maria do Carmo
As Irmãs Silvestrini, de Águas Virtuosas, anunciam que se estabeleceram com serviços de lavanderia e engomadoria, no Rio de Janeiro, na Av. Mem de Sá (Lapa), em 1912
Famílias italianas pioneiras em Águas Virtuosas do Lambary — como Castilho, Biaso e Lorenzo — viram seus descendentes seguir as profissões de pais e avós.
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A família Biaso, pioneira na fabricação de utensílios e aparelhos para laticínios | A contabilidade da família Lorenzo |
Ilustração: Titulo reportagem do jornal A Noite (RJ), edição de 30 de janeiro de 1930
Dentro da Série SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DO ÁGUAS VIRTUOSAS F. C., trazemos hoje uma histórica reportagem sobre o clube, realizada por Figueira de Almeida para o jornal A Noite, do Rio de Janeiro, publicada no dia 30 de janeiro de1930.
Vamos a ela.
A arquibancada de tijolos e a cerca de madeira
Na foto, vê-se a construção da arquibancada de tijolos e madeira de lei, que ficava alinhada à esquerda do campo. Esse, por sua vez, era circundado por uma cerca de madeira. Confira (aqui).
Tratava-se de um belo campo, de grandes dimensões (120m x 70m) e gramado perfeito.
Confira:
Em 1930, o AVFC bateu grandes adversários
A reportagem alinha expressivos resultados obtidos naquela época pelo time do Águas Virtuosas, com um elenco composto somente por jogadores do lugar:
A desde sempre apaixonada torcida do Águas Virtuosas
Em 1929, o Águas não havia perdido nenhuma partida realizada fora de Lambari, e dentro de casa estava invicto desde a sua fundação em 1926.
A torcida entusiasta, porém ordeira, ajudara o time em brilhantes "viradas" de placar:
Torcida do Águas, nos anos 1980/90
Além do futebol, o clube incentivava a prática de outros esportes, e na sua sede havia quadras de vôlei e de peteca.
Antiga planta da Praça de Esportes do A. V. F. C.
Propaganda de material esportivo dos anos 1930, existente nos arquivos do clube
Estatuto, finanças e diretoria
Os estatutos do clube foram baseados nos do Fluminense Futebol Clube, do Rio, à época considerados modelares. Seus associados, em número de uma centena, garantiam a boa situação financeira do clube.
A diretoria era composta, entre outros, pelos seguintes:
Águas Virtuosas F. C. — orgulho esportivo do Sul de Minas
Figueira de Almeida estava veraneando em Águas Virtuosas do Lambary quando elaborou a reportagem, e ele a encerra deixando dois grandes elogios ao clube:
No próximo mês de agosto, o Águas Virtuosas Futebol Clube completará 90 anos de fundação.
E a propósito disso, tomara que as palavras acima, de um antigo e distante colaborador do jornal A Noite, amante de Águas Virtuosas do Lambary e do clube que lhe levou o nome, que, não obstante tenham ecoado há tanto anos, continuam poderosas e comoventes, possam inspirar a nós lambarienses — quem sabe? — na recriação do time de futebol da cidade, orgulho de tantas gerações.
Posts já publicados
Continuidade da Série
A série SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DO ÁGUAS VIRTUOSAS F. C. prosseguirá com os seguintes títulos:
Em preparo: Taça Guaraína - 1941- 2a. parte
Em preparo: Sócios
Em preparo: Diretorias
(*) Caro(a) visitante,
Nosso objetivo é compartilhar informações, histórias e fotos de nossa cidade, com vista à preservação de sua memória. Assim, se você tiver notícias, informações, fotos das pessoas ou famílias aqui mencionadas, ou quiser fazer alguma correção ou complementação ao texto aqui publicado, entre em contato conosco neste e-mail: historiasdeaguinhas@gmail.com
Já falamos em outro post sobre o primeiro fotógrafo de Aguinhas — João Gomes d'Almeida [1847-1907], que foi sucedido por seu João Gomes de Almeida Filho (1893 – 1961) (aqui).
Neste post veremos algumas técnicas utilizadas por esses importantes fotógrafos de nossa cidade.
Vamos lá.
Antigas técnicas de fotografias
João Gomes d'Almeida era um fotógrafo atualizado com as técnicas fotográficas do seu tempo. Com efeito, da propaganda de sua Photographia Fluminense se podia ver que ele tirava retratos "por todos os systemas até hoje conhecidos."
Para tanto, D'Almeida possuía um caderno de anotações e recortes sobre técnicas e novidades do ramo de fotografias, do qual extraímos estas interessantes informações:
Fórmulas químicas utilizadas na revelação de fotos
Técnica para escrever "recados secretos" num postal
Anúncio de drogas utilizadas na revelação de fotografias
Artigo sobre a fotografia das cores
Os Almeidas trabalharam também com a fotografia estereoscópica — uma técnica de fotografia em 3 dimensões —, tendo deixado uma pequena coletânea de fotos históricas de Águas Virtuosas de Lambari, elaboradas com essa técnica, como também um estereoscópio — equipamento utilizado para visualizar aquelas fotos.
Vejamos essa história.
A fotografia estereoscópica é formada por imagens iguais, que se repetem em dois quadros e quando as vemos, através do estereoscópio, elas se fundem e nos passam a impressão de uma imagem em 3 dimensões. (Fonte: https://artistajosemedina.wordpress.com)
Foi criada pelo inglês David Brewster (1781-1868), amigo do fotógrafo William Henry Fox Talbot (1800-1877), em 1849, a partir dos estudos de visão binocular desenvolvidos no passado pelos italianos Giovanni Battista della Porta (ca.1542-1597) e Leonardo da Vinci (1452-1519). (Fonte: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/)
Fotografia estereoscópica (Fonte Mercado Livre)
Fotografia estereoscópica (Finlândia) pertencente ao acervo de João Gomes de Almeida Filho
Perfecscope é o nome comercial de um estereoscópio inventado por Hawley C. White, patenteado em 15 de Outubro de 1895. Trata-se de um equipamento feito de alumínio, com uma haste inferior para o encaixe da mão, dotado de um visor de duas lentes e um suporte para fotografias estereoscópicas.
Perfecscope que pertenceu a João Gomes de Almeida Filho (1893 – 1961)
Perfecscope 1900 - AISO22 (Fonte: Youtube)
Antigas fotografias descobertas na França
No sótão de casa, Mathieu Stern, fotógrafo e blogueiro francês, encontrou uma "cápsula do tempo" com objetos de 120 anos, incluindo películas fotográficas.
Para revelar os negativos das fotos, Stern teve de recorrer a uma técnica datada de 1842.
Coletânea de fotografias estereoscópicas de Águas Virtuosas de Lambari (Acervo de João Gomes Filho)
Casario, centro de Águas Virtuosas (rua do Ginásio)
Turistas remando no Lago Guanabara. Ao fundo o Cassino, no qual aparece uma cobertura no terraço, que não existe mais
Vista do centro de Águas Virtuosas, antes da construção do Cassino
Nota: Agradecemos a colaboração da sra. Luíza Silvestrini da Cruz, neta de João Gomes d'Almeida e sobrinha de João Gomes de Almeida Filho, pelas informações prestadas e cessão das fotos utilizadas neste post.
Ilustração: Vista do interior do Cine Éden, anos 1930/40 (Fonte: Acervo de João Gomes de Almeida Filho)
Abaixo, um pouco da história do Clube Éden (também: Cassino Éden, Cine Éden), que pertenceu a sr. José Ieno, onde, nos anos 1930/40, chegaram a tocar renomados músicos brasileiros, entre eles Luciano Perrone e Radamés Gnatalli [1]
Naqueles anos, funcionou também ali o Cine Éden, de propriedade de Mello & Irmãos, ao tempo do cinema mudo.
Fonte: Almanak Laemmert, n. 71, de 1915
E, mais à frente, um sistema de alto-falantes que retransmitia o Repórter Esso, à época, o noticiário mais famoso do rádio, e dava notícias locais (notícias da cidade, notas sociais, previsão do tempo).
Confira a seguir.
Éden Clube, em Lambary, anos 1920/30 (o 3o. prédio, da esquerda para a direita. Atualmente, ali funciona uma sorveteria).
Noite elegante no Éden Clube, nos anos 1930
Daquela época de ouro em Lambari, a valsa Saudades de Lambary, de Luciano Perrone (aqui), reaparece, em 1953, em LP do maestro Leo Peracchi
[Reprodução do jornal Última Hora, de 14, out, 1953]
Abaixo, uma foto histórica do interior do Cine Éden, pertencente ao acervo de João Gomes de Almeida Filho, fotógrafo do qual já falamos (aqui)
Interior do Cine Éden, anos 1930/40.
D. Sílvia Grandinetti tocava piano no Cine Éden, à época do cinema mudo
(Fonte: Paulo Roberto Viola, Lambari, como eu gosto de você!)
(Fonte: Paulo Roberto Viola, Lambari, como eu gosto de você!)
[1]
(Reprodução: www.funarte.gov.br)
Em 1929, [Radamés] foi convidado pelo professor Fontainha a se apresentar no Teatro Municipal do Rio de Janeiro tocando pela primeira vez com acompanhamento de orquestra no "Concerto em si bemol maior", de Tchaikovski, tendo recebido grandes elogios da crítica carioca. Por essa época, já radicado no Rio de Janeiro, encontrava-se em dificuldades financeiras quando recebeu o convite para atrabalhar no Cassino das Fontes, na cidade mineira de Lambari, substituindo o pianista Mário Martins. Nessa ocasião, conheceu o baterista Luciano Perrone, com quem construiria uma sólida amizade por toda a vida e que se tornaria um de seus músicos prediletos.
Fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB (aqui)
Conheci Luciano Perrone no ano de 1929 , mais de cinquenta anos, portanto, em Lambari, uma estação de águas. Fui contratado para tocar no Cassino das Fontes no lugar do Mário Martins; ele estava no Cassino Éden tocando bateria e em lua-de-mel ao mesmo tempo.
Do livro Radamés Gnatalli, de Aluísio Didier (Brasiliana Produções, 1996)
Os cassinos abriram campo profissional para Radamés, que passou uma temporada em Lambari, onde conheceu Luciano Perrone, o baterista que integraria todos seus conjuntos dali para frente.
Do livro A Casa da minha Infância, de Luiz Nassif (Editora Agir, 2008)
Na lua-de-mel em Lambari (MG), [Luciano Perrone ] conheceu o pianista Radamés Gnattali, que viria a ser seu maior parceiro instrumental. "Ele me convidou para acompanhá-lo no fox 'Gato no Telhado'", lembra. A amizade ficou tão forte que Radamés ensinou o baterista a tocar piano. "Foi por causa das aulas dele que eu pude tocar tímpano em um concerto sinfônico em 1932", diz. Aos 26 anos, Luciano atuou como percussionista na Rádio Clube do Brasil. Dois anos depois, participava do programa de inauguração da Rádio Nacional do Rio de Janeiro. "Cheguei a gravar o tema 'Luar do Sertão' como jingle da Rádio Nacional", diz.
IstoÉGente (aqui)
(Reprodução: Clique Musical UOL)
[Luciano Perrone ] foi um dos primeiros bateristas de música popular a estudar teoria musical e tocava tanto em bailes quanto orquestras sinfônicas. Personagem fundamental para isso foi Radamés Gnattali, que ele conheceu em 1929, durante sua lua-de-mel em Lambari (MG). Diz a história que tocaram juntos o fox Gato no Telhado e, admiração mútua à primeira vista, nunca mais se separaram. Radamés chegou a dar-lhe aulas de piano, e Perrone funcionou como uma espécie de celeiro de ritmos para os inventivos arranjos de Radamés, inclusive a famosa orquestração para Aquarela do Brasil (Ary Barroso), que se destaca por seu quebrado e irresistível acento rítmico sincopado, desde a introdução.
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Foi compositor bissexto. Além de Ritmo de Samba na Cidade, tem em seu repertório choros para vibrafone, como Flutuando nas Nuvens, e valsas como Saudades de Lambari.
Clique Musical UOL (aqui)
Ilustração: Alunos no Grupo João Bráulio Jr., em 1918
Nosso primeiro grupo escolar foi criado em 1907 e instalado em 1908, por iniciativa de João Bráulio Júnior, importante político mineiro nascido em Campanha, MG, que morou em Águas Virtuosas e trabalhou politicamente pelo desenvolvimento de nossa cidade.
Quando foi criado, tomou o nome de Grupo Escolar da Vila de Águas Virtuosas, depois foi designado por Grupo Escolar Dr. João Bráulio Júnior; atualmente é denominada Escola Municipal Dr. João Bráulio Júnior.
Inicialmente a instituição funcionou na Rua Wenceslau Braz, em antigo prédio construído e doado pelo município.
No post abaixo, veremos informações sobre o João Bráulio do ano de 1918, extraídas do livro Águas Virtuosas de Lambary, de Roberto Capri, e bem assim fotos da instituição datadas de 1929.
Vamos lá.
Antigo João Bráulio. Ginástica. Início anos 1900
Antigo João Bráulio. Auditório. 1929
Antigo João Bráulio. Auditório. 1929
Sobre o João Bráulio, veja também estes textos: