Antônio Pimentel Júnior foi o segundo prefeito de Águas Virtuosas do Lambary (2o. semestre de 1912 a 1918), tendo sucedido a Américo Werneck.
Segundo relata seu filho Antônio Fonseca Pimentel, no livro Memorial dos Setenta (aqui), a nomeação de Pimentel Júnior se deu nas seguintes circunstâncias:
Em outubro de 1912, foi meu pai nomeado prefeito de Lambari, então denominada, por extenso, Águas Virtuosas de Lambari.
Essa nomeação se deveu a dois fatos principais.
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O segundo fato a que se deu a nomeação de meu pai foi a decisão de Bueno Brandão de substituir, na prefeitura daquela estância hidromineral, a Américo Werneck,que, dentre numerosas outras obras, concluíra a construção do famoso cassino de Lambari e o inaugurara em 1911.
Bueno Brandão, como chefe do executivo estadual, estivera presente às festas de inauguração , verdadeiramente de mil-e-uma noites, segundo a tradição conservada. E, em sua conhecida simplicidade e austeridade, regressara a Belo Horizonte, segundo os íntimos, escandalizado com tamanha pompa e, de acordo com uma anedota, achando que, naquele andar, Américo Werneck quebraria não só Lambari, mas o próprio Estado de Minas, o que era evidentemente um exagero.
Meu pai era, assim, nomeado com a recomendação expressa de não gastar, ou gastar o menos possível, para compensar os gastos da administração anterior.
Era uma tarefa antipática e ingrata perante uma comunidade que esperara que Américo Werneck transformasse Lambari na Monte Carlo não só de Minas, mas do Brasil, o que não ocorreu nem sequer com o Cassino de Quintandinha, construído trinta anos depois em Petrópolis, a algumas dezenas de quilômetros apenas do Rio de Janeiro.
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Em que pesem as dificuldades acima relatadas, e a perda trágica de um filho — José — então com oito anos, num acidente com uma arma de fogo, fato ocorrido pouco mais de um mês após a chegada da família em Lambari, Pimentel Júnior conseguiu realizar, como prefeito, uma grande administração. Confiram abaixo o relato do escritor José Nicolau Mileo.
Fonte: MILEO, José N. Ruas de Lambari.
Aspectos da cidade entre 1912/1918
Um trecho da cidade, vista da Igreja N. S. da Saúde (nota-se um quarteirão inteiro, da atual Rua Tiradentes, sem nenhuma construção).
Fonte: CAPRI, Roberto. Águas Virtuosas de Lambary
PIMENTEL, Antônio Fonseca. Memorial dos Setenta. Brasília, DF : Gráfica Brasiliana, 1989, p. 57/58.
MILEO, José N. Ruas de Lambari. Guaratinguetá, SP : Gráfica Vila, 1ª. edição, 1970.
CAPRI, Roberto. Águas Virtuosas de Lambary. São Paulo : Pokay & Comp., 1918.
Veja também:
- MEMÓRIAS POLÍTICAS DE AGUINHAS (1) - Dr. José dos Santos, médico e prefeito, aqui
- INAUGURAÇÃO DAS OBRAS DE AMÉRICO WERNECK, aqui
Também nos divertíamos muito, lembrando ditos, expressões e
trovas populares, além de colecionar palavras em desuso na
língua, catadas tanto aos clássicos como aos matutos do
Sul de Minas Gerais.
(Do livro inédito : Pai Véio, um contador de histórias, de Antônio Lobo Guimarães)
Pelo que respeita à linguagem, tanto culta, como familiar ou popular,
é lá [em Minas Gerais] que me parece estar a feição primitiva.
(Gladstone C. de Melo, linguista e professor, de Campanha, MG,no livro A língua do Brasil)
Como já foi dito, a Série Vocabulário de Aguinhas trata-se de uma coleção de palavras e expressões, típicas de Lambari (MG) e região Sul do Estado de Minas Gerais, utilizadas no livro Menino-Serelepe*.
Entre essas palavras e expressões, há algumas que são caracteristicamente lambarienses. Os casos abaixo, por exemplos, pelo que sabemos, só ocorrem em nossa região:
Há outras expressões nossas, que não foram incluídas no vocabulário citado, e que são bastante curiosas, como estas:
Abaixo vai a letra "F" do nosso Vocabulário de Aguinhas.
Confira.
Vocabulário
Faniquito: Ataque de nervos sem importância nem gravidade; xilique.
Farejar: Procurar, esquadrinhar, descobrir.
Farronca: Entidade fantástica que amedronta as crianças. Bicho-papão, cuca.
Fazer vista grossa: Omitir-se; fazer que não viu.
Feijão-pagão: Feijão cozido, mas não socado, que se usa para preparar o feijão tropeiro.
Ficar de butuca: Ficar de olho, vigiar.
Fiote-de-cruz-credo: Pessoa feia, desajeitada.
Féria: Apuração da venda do dia no estabelecimento comercial.
Festão: Ramalhete de flores e folhagens.
Fifó: Fofoqueira de língua venenosa, intrigante.
Finco: Jogo de finco, ou de faquinha, em que se vai lançando, sem errar, os fincos (ou faquinhas) e traçando linhas no chão.
Forreca: Caminhonete velha e estragada.
Fuá: Barulho; confusão.
Fubica: Automóvel antigo e muito estragado.
Fulustreco: Designação de alguém que não se quer nomear, ou cujo nome é ignorado; fulano.
Fraga: Rocha escarpada; penedo, penhasco. Terreno escabroso.
(**) Este Vocabulário de Aguinhas faz parte do livro Menino-Serelepe - Um antigo menino levado contando vantagem, de Antônio Lobo Guimarães, pseudônimo com que Antônio Carlos Guimarães (Guima, de Aguinhas) assina a coletânea HISTÓRIAS DE ÁGUINHAS. V. o tópico Livros à Venda.
Veja nos números anteriores desta série:
http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=36347
http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=37267
http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=37892
http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=41044
http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=42798
Ilustração de abertura: Capa do Dicionário de Vocábulos Brasileiros, de Beaurepaire-Rohan, publicado em 1889, no Rio de Janeiro, pela Imprensa Nacional. A obra é fruto da cultura humanística do autor e da observação acurada, em trabalho de campo, em que ia fazendo a recolha de vocábulos e frases que ouvia em suas andanças pelo Brasil, onde foi, dentre outras atividades públicas exercidas, ocupante dos cargos de Presidente das Províncias do Pará, Paraná e Paraíba.
Ilustração: Logo Som das Águas. TV Manchete. 1987. Reprodução
Em 1987, foi realizado em Lambari o festival de música O SOM DAS ÁGUAS, promovido pela TV Manchete e Adonis Karan, com o apoio das Secretarias de Estado e Cultura e Esporte, Lazer e Turismo de Minas Gerais.
Transmitido ao vivo pela TV Manchete, para todo o Brasil, o festival contou com grandes nomes da Música Popular Brasileira e trinta músicas foram classificadas para a fase semifinal.
Abaixo algumas informações, fotos e vídeos desse festival. Confiram.
Ao fundo, palco do evento Som das Águas
(1) Ícone da extinta TV Manchete (2) O produtor musical Adonis Karan
A chamada para o festival, na TV Manchete
Veja a chamada para o festival O SOM DAS ÁGUAS, feito pela TV Manchete.
Reportagem da Revista Manchete
A revista Manchete divulgou o evento:
Reprodução. Revista Manchete n. 1857, de 1987
Reprodução. Revista Manchete n. 1857, de 1987
De Tadeu Franco e Sérgio Santos, a música Canoeiro.
Aqui na interpretação de Juca Novaes, confira:
Canoeiro, interpretado por Juca Novaes. Youtube - aqui: https://youtu.be/wKxmzISs1PI
Agradeço a contribuição de Juarez Cavalcanti Botelho.
Cacaso, como se recorda, é o apelido pelo qual ficou conhecido Antônio Carlos Ferreira de Brito, mineiro de Uberaba (1944), professor universitário, letrista e poeta. Cacaso é um dos principais nomes da "poesia marginal" brasileira. Sua obra, influenciada por Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e Oswald de Andrade, tematizou a política e o amor em tempos de ditadura e liberação sexual, com humor e crítica social.
Em 1987, conquista o 1º lugar no Festival de Música Som das Águas, realizado em Lambari (MG), com a música O Dia do Juízo, em parceria com Sueli Costa. E no dia 27 de dezembro, deste mesmo ano, morre, de enfarte, no Rio de Janeiro (Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Literatura Brasileira, disponível aqui)
Vídeos apresentações de O SOM DAS ÁGUAS
Apresentação de Oswaldo Montenegro e banda (Pierre Simões nos teclados, Milton Guedes no sax e Lui Coimbra no cello Pierre Simões), com a música Lume de estrelas. Veja no Youtube, aqui
Apresentação de Zé Alexandre, com a música Terra Sã. Veja no Youtube, aqui
Rosa Amor (Homenagem a Cartola), de Ubiratan Souza, com Eduardo Costa. No Youtube, aqui
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Na crônica A Seleção em Aguinhas, extraída do livro Menino-Serelepe*, anotei a lista dos 44 jogados da Seleção Brasileira que estiveram em Lambari, durante os preparativos da Copa do Mundo de 1966.
Como se recorda, esta é a lista:
Fábio, Gilmar, Manga, Ubirajara e Valdir (goleiros); Carlos Alberto Torres, Djalma Santos, Fidélis, Murilo, Édson Cegonha, Paulo Henrique e Rildo (laterais); Altair, Bellini, Brito, Ditão, Djalma Dias, Fontana, Leônidas, Orlando Peçanha e Roberto Dias (zagueiros); Denílson, Dino Sani, Dudu, Edu, Fefeu, Gérson, Lima, Oldair e Zito (apoiadores); Alcindo, Amarildo, Célio, Flávio, Garrincha, Ivair, Jair da Costa, Jairzinho, Nado, Parada, Paraná, Paulo Borges, Pelé, Servílio, Rinaldo, Silva e Tostão (atacantes).
Pois bem, nesse ano e meio em que o site GUIMAGUINHAS está no ar, alguns desses craques vieram a falecer, e noticiamos isso aqui. Veja o caso de Gilmar, Djalma Santos e De Sordi (aqui).
Dias atrás (31 de outubro), deu-se o falecimento de outro craque, ligado a essa Seleção e ao Galo Mineiro. Trata-se de Oldair, o grande capitão da conquista do Campeonato Brasileiro de 1971, vítima de câncer, aos 75 anos.
Oldair realizou 282 partidas com a camisa do Galo e marcou 61 gols.
Oldair (entre Alcindo e Jairzinho) na famosa foto da Seleção de 66, tirada no Cassino
Veja também:
Referências: Supersport (Estado de Minas); Youtube; Terceiro tempo
O livro Menino-Serelepe - Um antigo menino levado contando vantagem, de Antônio Lobo Guimarães, pseudônimo com que Antônio Carlos Guimarães (Guima, de Aguinhas) assina a coletânea HISTÓRIAS DE ÁGUINHAS, pode ser examinado no tópico Livros à Venda, acima.
Eu conheci Bob (foto acima) em Lambari, apresentado pelo Jurandyr, seu irmão. O Jurandyr, que todos conhecemos por Alemão, se instalou em Lambari nos anos 1960, e durante muito tempo jogou pelo Fluminense de Caxambu, e depois pelo Vasquinho e Águas Virtuosas. (Veja este post: Craques do Águas - Chá e Alemão - aqui).
Isso se deu nos anos 1970, numa lojinha (Charutaria do Alemão) que o Jurandyr possuía no antigo Bar do Juca, e se situava onde hoje é o Banco do Brasil.
Alemão (de óculos), nos tempos do Fluminense de Caxambu, ao lado de Terinho e Lilico, que também jogaram no Águas Virtuosas.Eles eram oriundos da Ilha do Governador.
Alemão, entre Roberto Nascimento e Baiano, no Bar do Juca
Eu, botafoguense de coração, a época jogava de volante, no time do Águas, do qual Alemão era o técnico. E Alemão brincou: — Vem conhecer o maior volante da história do seu time!
De fato, Robert James Neil,
conhecido apenas como Bob, nasceu no Rio de Janeiro em 19 de outubro de 1928, e começou a atuar no Cocotá, time da Ilha do Governador no início dos anos quarenta. Era um jogador raçudo — que "molhava a camisa com sangue", como gostava de dizer o botafoguense Roberto Porto — e possuidor de um forte poder de marcação. Formado no juvenil do Botafogo, profissionalizou-se em 1949, quando começou a ser aproveitado na equipe principal ao substituir Ávila.
No começo dos anos cinquenta, Bob formou uma consagrada linha média junto com Araty e Juvenal. Sempre atuando como médio, hoje equivalente a posição de volante.
Bob foi o capitão na primeira excursão do clube ao continente Europeu em abril de 1956, e pelo Botafogo ganhou o Torneio Municipal do Rio de Janeiro (1951), mas não chegou a ser campeão estadual em 1957, pois foi vendido para o Grêmio, e lá foi campeão em 1956,1957, 1958, 1959 e 1960.
(Fonte: www.tardesdepacaembu.wordpress.com/)
Ainda em Lambari, anos depois, nos treinos do time de Veteranos do Águas Virtuosas, formado em 1982, quando nos sagramos campeões Sul Mineiros, às vezes o Bob ia bater uma pelada com a gente. Mas ficava ali pela ponta-esquerda, bem na borda do campo, dizendo: — Eu fico aqui parado, só pra não deixar a bola sair pela lateral.
Veteranos do Águas, Campeão Sul Mineiro de 1982. Em pé: João Fubá, Édson, Fábio, Chá, João do Banco, Zoinho, Nem e Zezé Gregatti. Agachados: Xepinha, Alemão, Paulo, Betinho, Guima e Egberto.
E numa das festas anuais do time de Veteranos do Águas, que organizávamos em minha casa, convidamos o Bob, e preparamos uma surpresa. Quando ele chegou, botei o Hino do Botafogo e despejei sobre a mesa revistas esportivas com fotos dos times do Botafogo de 1940/1950, nos quais ele atuara. E Bob chorou de emoção, e recordou lances e contou histórias de Juvenal, Arati, Nílton Santos, Didi, Garrincha e tantos outros craques geniais...
Bob morava na Ilha do Governador, onde residiu por toda a vida, e continuou amigo de Nílton Santos, que também nunca saiu da Ilha. Bob faleceu em 2004, vítima de um ataque cardíaco. Alemão também faleceu, alguns anos depois.
Bob e Alemão, na Ilha do Governador
Botafogo de 1953, de Nílton Santos e Garrincha, e da famosa linha média do Botafogo: Arati, Bob e Juvenal.
Botafogo dos anos 1950, com Nílton Santos, Bob, Garrincha e Didi.
Veja também:
Referências: