Ilustração: Um casal de adolescentes, sob um ipê florido. (Imagem de Copilot/Microsof) - [A expressão Bem-querer é tomada aqui como nome próprio, daí a grafia diferente da indicada pelo VOLP]
No número 7 da Série RECORDAÇÕES DO MEU BEM-QUERER, falei da parceria que mantive com minha mulher Celeste Krauss, por mais de 50 anos, fosse na vida, na profissão e nos livros. (aqui)
Ah, contei também alguns segredinhos que colhi em sua caixa de guardados...
Neste número 8 da Série, comentarei sobre leituras e livros, e como Celeste me ajudava na revisão dos livros que escrevi (*).
Falarei de um capítulo de livro, intitulado Flores para minha flor predileta, que não veio a lume...
Vamos lá!
(*) Ela gostava de lembrar, vaidosa, que ainda muito jovem recebera da tia Maria Rita lições de português, de literatura e de etiqueta...
O LIVRO A GUERRA DAS ESPINGARDINHAS
O meu livro A GUERRA DAS ESPINGARDINHAS, como contei no post A GUERRA DAS ESPINGARDINHAS (1) Os bastidores do livro e os cenários da história, tem como fundo as "guerras de espingardinhas de milho" com que se divertiam as crianças da minha época.
Aqui: https://guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=57716 |
A narrativa da história é feita pela menina Maria Bela (nome inspirado em minhas netas: Maria Elisa e Isabela) — personagem e heroína da história.
E no livro, muitas passagens do flerte entre os personagens Maria Bela e Serelepe foram inspiradas em fatos de minha época de namoro com Celeste Krauss — a quem também dediquei o livro.
É o caso, por exemplo, dos "presentes" que o personagem Serelepe ofereceu a Maria Bela e a outras meninas do grupo.
Confiram a seguir.
Capa do livro. [À venda aqui: https://loja.uiclap.com/titulo/ua13587]
No Capítulo 11 do livro A GUERRA DAS ESPINGARDINHAS, intitulado O Menino-Serelepe, descreve-se a personalidade do Serelepe e os mimos com que presenteava as meninas da Turma da Tiradentes.
Todos os presentes ali descritos, eu os dei em algum tempo à minha Celeste...
De fato, no início dos anos 1970, quando ia buscá-la em casa, subia por um caminho próximo da velha estação do trem, no qual havia um rústico gramado, enormes pés de mamona e centenas de maravilhas esparramadas à margem.
Ali colhi, muitas vezes, as joaninhas e as maravilhas que viravam presentes...
Ah, por essa época, eu já não furtava jabuticabas no seu Lili — e sim as buscava na horta do tio Messias Lobo, na Vila Nova.
Trecho do Cap. 11 - Menino-Serelepe do livro A GUERRA DAS ESPINGARDINHAS
UM TRECHO "CENSURADO" DO LIVRO
Todos os livros que escrevi, a primeira leitura dos rascunhos foi feita por Celeste.
Dava opiniões, lembrava histórias e palavras esquecidas, sugeria mudanças, cortes e acréscimos, essas coisas.
Pois bem, quando rascunhava o livro A GUERRA DAS ESPINGARDINHAS, escrevi um capítulo (Flores para minha flor predileta) que acabou "censurado"...
— Ah, esse título!... é uma expressão muita batida... E todo esse capítulo tá meloso demais... — ela disse.
— Além disso, está frouxa a narrativa sobre a matinha-cuidar da árvore-esperar florir... E a poesia está longa...
— Mas, bem, é Castro Alves! Recitei tantas poesias dele pra você...
— Sim, muito antes de Bethânia, você recitava trechos de Navio Negreiros para mim: — Era um sonho dantesco... o tombadilho...
— Mas, olha, só o lance de colher as flores e jogá-las soa verdadeiro — até porque você fez isso comigo uma vez, naquela pescaria, isso eu nunca esqueci...
— Mas, Celeste, a passagem pede um contexto espacial, num tom romântico, para culminar no apanhar-e-jogar as flores! — respondi.
— Pode ser, mas não gostei. Acho melhor cortar este trecho! — ela disse — e encerramos a questão.
E assim foi — acatei sua opinião e o capítulo não entrou no livro.
Pois bem, no ano passado, estávamos em Brasília, e lá os ipês floriram duas vezes: antes de agosto e depois de agosto, em razão das mudanças climáticas.
Ipês branco e rosa, Sudoeste/Brasília/DF - Setembro de 2024
E durante um passeio nas proximidades da nossa quadra, apreciando os ipês (re)floridos, recordei que ela "censurara" a passagem das flores amarelas de ipê que eu queria incluir no livro...
— E fiz muito bem! — ela disse com convicção.
— Mas Maria Bela e Serelepe são só personagens — e não pessoas reais — eu disse. — A Maria Bela não existiu, foi só uma criação literária — acrescentei.
— Além do mais, não fui eu que narrei a passagem, e sim a Maria Bela... — tentei justificar.
— Sei!... — ela respondeu, com uma cara meio fechada, pois nunca gostou dessa história de Serelepe com Maria Bela...
E por aí acabou a conversa.
Hoje, depois que Deus a levou, eu gostaria tanto de poder me sentar novamente com ela sob um ipê florido...
Ilustração: Um casal de adolescentes, sob um ipê florido. (Imagem de Copilot/Microsof)
FLORES PARA MINHA FLOR PREDILETA
E agora acho também que posso divulgar o tal trecho censurado — e lembrar-me, com imensa saudade, do bobinho romântico que fui durante nosso namoro:
contava-lhe histórias do tempo do onça, declamava versos de moda caipira e poemas de amor, cantava imitando a voz e os trejeitos do Joselito, soprava-lhe no ouvido trechos de músicas românticas, narrava passagens evangélicas e histórias do Cristianismo nascente, escrevia bilhetinhos de amor com letra talhada...
Pois bem, vamos ao texto, que foi inspirado em muitos lances do nosso namoro.
Aliás, o muxoxo mencionado no texto abaixo, de fato ocorreu no pátio do ginásio, em meados de 1972, algumas semanas antes de iniciarmos o namoro. Acho que foi aí que a fisguei!
(*) Recordo que a narradora é a personagem Maria Bela, que rememora o caso, e fala, por fim, de sua vida pessoal.
Ilustração: O banco que mandei fazer pra Celeste, similar ao então existente na Praça da Fonte Luminosa, para recordar o dia do nosso primeiro encontro e a promessa que fiz a ela.
Nesta série intitulada RECORDAÇÕES DO MEU BEM-QUERER, eu estou registrando episódios da nossa — minha e de Celeste — vida pessoal/familiar, que vivemos/recordamos nos últimos tempos.
Eu conhecia CELESTE de vista, mas passei a conviver com ela quando juntos trabalhávamos no escritório KRAUSS & LORENZO, pertencente aos seus tios FABIANO KRAUSS e JOSÉ DE LORENZO (este casado com CORDÉLIA KRAUSS, irmã de Fabiano).
Por pouco mais de um ano trabalhamos lado a lado, de novembro de 1971 a 9 de dezembro de 1972, quando, nesse dia 9/12/1972 a convidei para um encontro — e neste encontro — eu disse a ela com absoluta certeza: — CELESTE, VOU ME CASAR COM VOCÊ!
Anos depois, já casados, lhe dei de presente um banco similar ao então existente na Praça da Fonte, onde este primeiro encontro se deu.
E desde o primeiro encontro, em 1972, nunca nos separamos, a não ser agora no dia 3 de fevereiro de 2025...
Pequena sucessão de fotos na linha do tempo...
Celeste e Guima, aos 15/16 anos, antes de namorarmos
Passeio em Poços de Caldas, 1973, levados por Cordélia e José de Lorenzo, que viriam a ser nossos padrinhos de casamento
Celeste e Guima, aniversário de Margareth Nascimento, 1974
Celeste e Guima, 31 de janeiro de 1976 - Promessa cumprida!
Como já disse, fiz duas promessas a Celeste, no banco da Fonte Luminosa, dia 9 de dezembro de 1972, no nosso primeiro dia de namoro:
— que ia me casar com ela; e
— que ia escrever um livro sobre a parentalha.
Como sabem, cumpri as promessas. A primeira, em 1976, quando nos casamos.
A segunda, em 2009, quando lancei o livro Menino-Serelepe. [aqui]
Dedicatória do livro Menino-Serelepe, cumprindo promessa que fiz a Celeste de escrever um livro sobre causos e modos da parentalha
No dia 1º. de janeiro de 2025, fomos toda a família passear no Parque de São Lourenço.
E lá tiramos a foto abaixo, que foi a nossa última juntos.
Dia 4 de janeiro, retornamos a Brasília.
Dia 12 de janeiro, ela foi internada.
Dia 3 de fevereiro de 2025, ela faleceu...
Comecinho de 2025, Parque de São Lourenço, nossa última fotos juntos
Ilustração: Convite de Missa de Sétimo Dia pelo falecimento de Celeste Emília Krauss Guimarães - 9 de fevereiro de 2025
Nesta série intitulada RECORDAÇÕES DO MEU BEM-QUERER, eu estou registrando episódios da nossa — minha e de Celeste — vida pessoal/familiar, que vivemos/recordamos nos últimos tempos.
Sete dias após o passamento de Celeste, foram celebradas missas em Lambari e Belo Horizonte em sua homenagem.
Neste mesmo dia, postei no meu Facebook a mensagem: Os casamentos são feitos no céu?
Confira a seguir.
No dia 9 de fevereiro de 2025, foi realizada na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Saúde, em Lambari, MG, Missa de Sétimo Dia pelo passamento de Celeste.
No mesmo dia, colegas fazendários da Celeste fizeram realizar em Belo Horizonte uma missa pelo sétimo dia de seu desencarne.
A missa foi realizada na Igreja de Santa Terezinha.
OS CASAMENTOS SÃO FEITOS NO CÉU?
No link abaixo, narra-se pequena história, intitulada OS CASAMENTOS SÃO FEITOS NO CÉU?, que se conta sobre como o já idoso Moses Mendelssohn conquistou sua jovem esposa Frumtje, narrando-lhe uma lenda judaica.
Espíritas, acreditamos que há uma programação que antecede a encarnação dos Espíritos, e nela casais se ajustam para se (re)encontrarem na Terra. Isto é: Os casamentos são feitos no Céu!
Como já contei, isso se deu comigo e Celeste.
Ilustração: Guima e Celeste, passeio com a família, em Rio Quente, GO, 2024
SUMÁRIO
Nesta série intitulada RECORDAÇÕES DO MEU BEM-QUERER, eu estou registrando episódios da nossa — minha e de Celeste — vida pessoal/familiar, que vivemos/recordamos nos últimos tempos.
Em abril de 2024, estávamos em Rio Quente, com a família, e ela estava bem...
Em maio, no dia das mães, teve de ser internada às pressas, em razão de uma obstrução intestinal.
Fez uma cirurgia de urgência.
E duas semanas depois, fez outra, para combater uma infecção.
Ficou um mês na UTI, saiu com um bolsa de ilostomia.
E prosseguiu estoicamente na luta — disciplinada, resignada, com fé — até 3 de fevereiro de 2025, quando desencarnou.
... ela partiu, e eu...
E então eu me vejo sozinho como estou agora
E respiro toda a liberdade
Que alguém pode ter
De repente ser livre até me assusta
Me aceitar sem você certas vezes me custa
Como posso esquecer dos costumes
Se nem mesmo esquecí de você!
(Costumes, Roberto Carlos)
Ilustração: Celeste, Guima, filhos, noras e netos - aniversário da Celeste, Casa Gorda, Lambari, MG, dia 23 de dezembro de 2024.
Nesta série intitulada RECORDAÇÕES DO MEU BEM-QUERER, eu estou registrando episódios da nossa — minha e de Celeste — vida pessoal/familiar, que vivemos/recordamos nos últimos tempos.
A FAMÍLIA DE CELESTE EMÍLIA AGRADECE 💔 💔 💔
Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, Pai das misericórdias e Deus de toda consolação (Paulo, 2 Cor 1, 3-4)
A toda a gente — e foram centenas e centenas — que manifestou ontem nas redes sociais votos de amizade, condolências e afeto pela passagem de minha esposa CELESTE EMÍLIA, a FAMÍLIA GUIMARÃES agradece de coração.
Seu corpo será velado hoje, de 9 às 11h, na Capela 7 do Cemitério do CAMPO DA ESPERANÇA em Brasília, de onde seguirá para o crematório local, como era seu desejo.
A Fé na VIDA ESPIRTIUAL e nos ANJOS DO SENHOR, que por toda a parte velam pela humanidade, nos consola e fortalece para que sigamos a jornada, nos dois lados da VIDA!
(As fotos que ilustram este post são do aniversário de 69 anos de Celeste, ocorrido em 23/12/2024,
quando registrou sua despedida da família terrena, ao lado de filhos, noras e netos)
Celeste, Guima e filhos: Antônio Carlos Jr., Alan Augusto, Carlo Emílio e José Batista
Celeste e as noras: Carol, Paula, Viviane e Flávia
Celeste e netos, pela ordem de nascimento: Leonardo, Rafael, Maria Elisa, Isabela, Paulo Emílio, Rafaela, Cecília e Gustavo
Família Guimarães reunida - Casa Gorda - Lambari, MG - 23/12/2024