Aguinhas de antigamente
Como vimos escrevendo aqui neste espaço virtual, Américo Werneck foi o (re)fundador da Estância Hidromineral de Lambari, à vista do conjunto urbanístico por ele criado, que se mantém até nossos dias. Ou, como disse Armindo Martins, ele foi "o artífice de Lambari".
O conjunto de obras que inaugurou em 24 de abril de 1911, com a presença dos Presidentes da República e do Estado de Minas, além de outras personalidades, constitui um dos principais fatos históricos de nossa cidade.
Com base em relatos e descrições constantes do Anuário Minas Gerais de 1913, elaboraramos a série de posts abaixo. E, desse modo, poderemos dar um pequeno mergulho em nosso passado - acompanhando e visualizando esse fato marcante de nossa história.
1 - Festejos e discursos de inauguração das obras | Aqui |
2 - Melhoramentos gerais da cidade | Aqui |
3 - Leiteria, Usina de Força e Fábrica de Gelo | Aqui |
4 - Parque Novo, Energia Elétrica, Abastecimento de Água | Aqui |
5 - Lago de Lambari | Aqui |
6 - Cassino de Lambari | Aqui |
Encerrando esta série, vejamos agora a descrição do Cassino de Lambari, constante do Anuário de Minas Gerais de 1913.
Como complemento, registramos também a descrição do Cassino feita pelo memorialista Armindo Martins, em seu livro sobre a estância de Lambari, e uma outra, sobre os interiores do cassino, extraída de trabalho acadêmico de autoria de Francislei Lima da Silva.
Descrição feita por Armindo Martins (Lambari, a cidade das Águas Virtuosas, 1949, p. 103)
Os interiores do Cassino também provocariam deslumbre entre os aquáticos. As salas do Cassino encontravam-se distribuídas cada uma conforme a sua função: salão de honra, salão de visitas ou sala japonesa, salão para restaurante, salas de jogos e diversões para senhoras e sala de jogos para homens. Nelas, por sua vez, dispunham-se os mais variados aparelhos de jogos, obras de arte, móveis e objetos decorativos, ricos em sua liberdade estética. Mesclavam-se nos espaços cadeiras austríacas Thonet, cadeiras metálicas, mobília de assento e encosto estofados, cadeiras de braço e encosto de palhinha e bambu, cachê-pots ricos de metal e belas escarradeiras esmaltadas de ferro e louça policromadas. Para os bailes foram trazidos um piano pianola Schubert de Nova York, de armário e outro de cauda inteiro do fabricante Steinway. Dos aparelhos de ginástica e esportivos prescrevem raquetes, tacos, argolas, bastões, bolas e cordas, balanços comuns e em forma de cadeira, velocípedes para crianças e um guignol. Capachos e tapetes finos ocupavam os salões. Máquinas caça-níquel, mesas para jogos de bacarat, roleta e boule entreteriam os homens enquanto suas esposas tomavam chá em louças finas. Cristais, aparelhos para jantar e café, talheres de prata e uma moderna máquina limpadora de facas compunham os bens reservados ao restaurante.
(Fonte: SILVA, Francislei Lima da. Os monumentos da água no Brasil, 2011, p. 85, disponível aqui)
(Fonte: SILVA, Francislei Lima da. Das influências estéticas à idealização da "Europa Brasileira": o desenho urbano e os melhoramentos da cidade de Lambari no início do Século XIX). Apud p. 176, MARTINS DE OLIVEIRA, 2012 - aqui)
Deterioração do Cassino
Ao penetrarem no magnífico pórtico, sentiram os corações confrangidos pelo incompreensível abandono daquela raríssima joia, cinzelada pelo agudo engenho de esmeradíssimos artífices. Há ali uma atordoante grandeza, uma absoluta harmonia de linhas, e um admirável senso de proporção que espantam, deixando-nos perplexos a estudar o conjunto da construção e cada detalhe de acabamento. (Fonte: Conceição Jardim [C. Garden]. Uma vilegiatura em Lambari. Rio de Janeiro : A noite, 1943, págs. 117/18)
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Os estragos estendem-se de contínuo, afistulando o prédio grandioso, mas desprovido de cuidados de conservação, como se não pertencesse a alguém, que tivesse interêsse em evitar-lhe a ruína crescente. (...) Ainda perduram, todavia, as pinturas nas paredes, e telas de artistas japonêses, especialmente no salão de honra, menos accessível às intempéries, que vão arruinando as secções mais expostas do imóvel, cuja aparência externa ainda maravilha os forasteiros. (Fonte: Virgilio Correia Filho – Artigo “Lambari” – Revista Brasileira de Geografia – out/dez/1947, p. 539)
Bens do Cassino
Embora suntuosamente preparado para intensa vida social, efêmera lhe foi a duração de aproveitamento [do Cassino]./ Ermaram em pouco as suas salas, após emudecimento das roletas e bancas de análogos objetivos./ Mas dos objetos que possuía, episódio ulterior evidenciou a escolha aprimorada./ Por ocasião da visita do rei ALBERTO a Belo Horizonte, decidira o govêrno prestar-lhe homenagem condigna./ A homenagem exigia decoração compatível com os egrégios visitantes./ E então, o Cassino abandonado forneceu dois jarrões, como iguais não possuía a capital mineira. (Fonte: Virgilio Correia Filho – Artigo “Lambari” – Revista Brasileira de Geografia – out/dez/1947, p. 539)
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Em 10 de junho de 1975, [Jaime de Andrade] Peconick informou o estado em que se encontrava o acervo do Cassino devido ao abandono:
“Há muitos anos o patrimônio do cassino foi desfalcado de valiosas peças de arte, segundo testemunho que recolhemos na cidade de Lambari. O fato se deu antes de ser constituída a Hidrominas e quando o próprio era administrado diretamente pelo Governo do Estado. As peças receberam variada destinação, inclusive o Palácio da Liberdade, ainda segundo os mesmos informes que recebemos nas primeiras visitas realizadas no local. (COMIG. Processo SFSEG. Pasta 131. ... Ofício BHZ/DP/874/75 de 10 jun. 1975).
Fonte: Carlos Henrique Rangel, texto disponível aqui
Restaurações
Antônio C. Martins de Carvalho em seu livro “O Palácio Cassino de Lambari – sonho, segredo, realidade” deu o seguinte testemunho sobre as obras no Cassino:
“Eu mesmo presenciei alguns absurdos praticados por pseudorestauradores. À convite do Secretário de Turismo Haroldo Gonçalves, tive a oportunidade de participar de uma pequena restauração no salão principal. Para minha surpresa, as cabeças dos elefantes indianos, trabalhados em madeira, que apoiam os puleiros de gavião, onde correm as cortinas, foram pregadas nas madeiras das janelas e portas do salão principal com pregos enormes. Com os meus conhecimentos de carpintaria, retirei os pregos com muito cuidado, para não danificar as peças e as fixei com parafusos onde já existiam os furos apropriados. Além destes estragos, existem muitos outros, no que se refere à conservação de peças lustres e quadros.” (CARVALHO, 1991. p. 30.)
Fonte: Carlos Henrique Rangel, texto disponível aqui
Ver também:
Blueprint da fachada do Cassino, (Projeto da firma Poley & Ferreira)
Interior do Cassino
Salão Nobre do Cassino
Quadros no interior do Cassino
Antigo postal do Cassino
Cassino refletido no Lago
Lago, Cassino e, ao fundo, a Serra das Águas
Em manhã nebulosa: Lago, Cassino e, ao fundo, a Serra das Águas
Vista aérea do Cassino
Vista recente do Cassino e Cais
Fonte das fotos: Museu Américo Werneck; Prefeitura Municipal de Lambari; Acervo André Gesualdi
Veja também os números 1, 2, 3, 4 e 5 desta série:
1 - http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=38844
2 - http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=38842
3 - http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=38849
4- http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=38851
5 - http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=38834
Neste post vamos focalizar a construção do Lago Guanabara, nos valendo da descrição registrada no Anuário de Minas Gerais de 1913 e de fotos antigas, principalmente as existentes no acervo do Museu Américo Werneck.
Memória fotográfica do Lago Guanabara
Lago e Cascata, na inauguração (1911)
Vista do local onde se formaria a bacia do Lago Guanabara
No Lago Guanabara, gôndolas trazidas por Werneck de Veneza
Antigo postal da Barragem do Lago. Ao alto, as pontes de ferro
Antiga vista do Lago Guanabara
Cromo da Cascata do Lago (início Século XX)
Antigo postal da Ilha dos Amores
A estrada de ferro contornando o Lago. Ao centro, as ilhas do Lago.
Antigo postal do Lago. Ao fundo, o Morro do Selado
Competição de motonáutica no Lago Guanabara (anos 1940/50)
Cromo: ao fundo, a enseada do Lago Guanabara
No governo do Prefeito Jairo Ferreira (1967-1972), foram construídas as Duchas do Lago, mediante pequeno desvio de parte das águas da Cascata do Lago.
Vista da Cascata, sem água. Provavelmente por ocasião da construção das Duchas
Bela foto da Cascata e Duchas em dia de nevoeiro
Postal antigo: banhistas nas Duchas do Lago Guanabara
Uma vista da área das Duchas
Vista atual do Lago Guanabara
(1) http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=38799.
(2) Sobre a construção do Cassino, Lago e Farol, veja este texto
Veja também os números 1, 2, 3, 4, 6 desta série:
1 - http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=38844
2 - http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=38842
3 - http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=38849
4- http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=38851
6 - http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=38857
Fonte das fotos: Museu Américo Werneck; Prefeitura Municipal de Lambari; Acervo André Gesualdi; Wikipedia; postais do autor.
Neste post veremos a descrição das obras do Parque Novo (Parque Weneceslau Braz) e dos serviços de energia elétrica e abastecimento de água, conforme consta do Anuário de Minas Gerais de 1913.
Imagem de postes e luminárias importados por Werneck
Veja-se em FRANCISLEI LIMA DA SILVA (Os monumentos da água no Brasil, págs. 65/67), informações sobre os materiais elétricos, postes e luminárias importados para a iluminação da estância de Águas Virtuosas.
As obras do Parque Novo, em 1911. Alguns postes de iluminação já aparecem.
Cromo: no primeiro plano, o Parque Novo
Antiga foto do Cassino mostra os postes de iluminação em frente do edifício
Antigo palacete, atual esquina da Rua Tiradentes com Dr. José dos Santos (em frente do prédio da Prefeitura Municipal). Ao fundo, vê-se o Cassino. O Grande Hotel, inaugurado em 1939, ainda não fora construído. As ruas estão sem calçamento e com raros postes de luz.
Outro ângulo da atual esquina da Rua Tiradentes com Dr. José dos Santos, alguns anos mais à frente. Outros postes de iluminação pública já podem ser vistos.
Iluminação no centro antigo da Cidade
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1 - http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=38844
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3 - http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=38849
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6 - http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=38857
Prosseguindo, vejamos agora a descrição das seguintes obras inauguradas por Américo Werneck, em 1911, conforme consta do Anuário de Minas Gerais 1913: Usina de Força, Leiteria e Fábrica de gelo, e bem assim algumas fotos ilustrativas.
Vejamos.
Vista da Usina de Força, em 1911. Atualmente é o prédio da Prefeitura Municipal
Vista do Mercado de Flores (prédio ainda existente, com as mesmas características, no recinto do Parque das Águas)
Prédio da Leiteria, em primeiro plano. Ao fundo, divisa-se o Cassino. Na Leiteria, conforme a descrição acima, podia-se tomar um "leite ao pé da vaca", como se faz hoje num hotel fazenda.
Fábrica de Gelo, que ficava no recinto do Parque das Águas (onde hoje funciona o Centro Comercial do Parque, próximo do Hotel Rezende)
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6 - http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=38857
Fonte das fotos: Museu Américo Werneck; coleção de cromos do autor.