Ilustração: Os emigrantes italianos Egydio Di Vicenzo Gesualdi e Felicia Di Nunziato Mileo que vieram de Latrônico (Itália) para Águas Virtuosas de Lambari em 1893
Dentro da série Imigração italiana para Águas Virtuosas de Lambari, vimos comentando sobre os cidadãos italianos que emigraram para nossa cidade no final dos anos 1800, início dos 1900.
Neste post, falaremos sobre os GESUALDI, uma das famílias que vieram para Águas Virtuosas de Lambari, originárias de Latronico.
Vamos lá.
Esta Série está dividida em 5 partes:
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A parte 1 - Visão geral está aqui. A parte 2 - Latronico: terra de origem de famílias italianas de Lambari está aqui. A parte 3 - Breve histórico de famílias italianas de Lambari - 1 - Família GESUALDI está aqui. A parte 3 - Breve histórico de famílias italianas de Lambari - 2 - Família BASILE está aqui. A parte 4 - Viagens à terra dos antepassados - Família Gesualdi está aqui A parte 4 - Viagens à terra dos antepassados - Família BASILE está aqui |
Os emigrantes italianos Egydio Di Vicenzo Gesualdi (20/out/1857 - 11/fev/1897) e Felicia Di Nunziato Mileo (09/mai/1867 - 15/fev/1932) vieram para o Brasil em 1893, originários de Latronico (Itália), e se instalaram em Águas Virtuosas de Lambari.
Tiveram 5 filhos: Vicente (11/jun/1883 - 05/nov/1955) e Maria Elizabetta (04/jul/1887 - 04/mar/1967), ambos nascidos na Itália; Annunciato (5/out/1893- 7/mar/1975), concebido ainda na Itália e nascido em Águas Virtuosas de Lambari, e mais Egídia (28/abr/1897 - 27/ago/1980) e Isabel (31/out/1895 - 23/ago/1966) , as duas nascidas também em Lambari.
Conta-se que Annunciato Mileo — pai de Felícia — pagou as passagens em um camarote, para que a família viajasse com um mínimo de conforto. Ao despedir-se, Annunciato, sabendo que jamais veria a filha e os netos, beijou os pés de Felícia e permitiu que sua outra filha — Paschoalina — viesse também em companhia de Egydio e Felícia.
Na viagem, um surto de varíola acometeu diversas pessoas, e aqueles que morriam eram jogados ao mar. Felícia trancou-se no camarote, durante todo o percurso, para cuidar de Vicente, que contraíra a doença. Vicente só deixou o camarote quando da chegada ao Brasil.
A família desembarcou no Rio de Janeiro e seguiu para o Sul de Minas, e depois para Águas Virtuosas, onde se estabeleceu. Mais tarde, Paschoalina se casaria em Águas Virtuosas de Lambari com outro italiano imigrante: Francisco de Biaso.
Em Águas Virtuosas, Egydio Gesualdi, que na Itália havia sido agricultor, foi trabalhar com desmatamento, ao lado de Francisco de Biaso, seu concunhado.
Tempos depois, praticou o ofício de barbeiro, atividade, aliás, que futuramente alguns de seus filhos e netos viriam a também exercer.
Faleceu ainda jovem, em Águas Virtuosas, com 40 anos de idade (11/fev/1897).
Seus filhos Annunciato, Isabel e Egídia viveram e faleceram em Lambari.
Vicente mudou-se para Itajubá, MG e faleceu no Rio de Janeiro.
E Maria Elizabetta, que se casou com Vicente De Lorenzo, também de família imigrante, viveria e viria a falecer em São Lourenço.
Em documento emitido na Itália, consta a profissão de Egydio Gesualdi: Contadino (agricultor)
Vicente Gesualdi veio para o Brasil em 1893, com 10 anos de idade, viajando em companhia dos pais, Egydio e Felícia, da irmã Maria Elizabetta e da tia Paschoalina, irmã de sua mãe.
Certidão de nascimento de Vicenzo Gesualdi. Obtida em Latronico. 2012
A família Gesualdi, já em 1893, passou a morar em Águas Virtuosas, e Vicente aqui viveu durante anos, onde se casou com Noêmia, natural de Carmo de Minas.
Em 1914, Vicente contava 31 anos e se mudou com a esposa e três filhos para Itajubá, MG. Duas dessas crianças faleceram muito cedo, mas outros filhos nasceriam naquela cidade.
Fonte: PANE, VINO E MOLTO LAVORO! ...ANCHE AMORE - A saga da imigração Italiana em Itajubá, p. 176.
Em Itajubá, Vicente, depois de alguns outros trabalhos, se estabeleceu com um salão de cabeleireiro, enquanto Noêmia se tornou zeladora do Colégio Coração de Jesus.
No salão de Vicente Gesualdi, o maior de Itajubá, havia seis cadeiras, em que trabalhavam excelentes profissionais, entre eles, seus filhos Egydio e Felício. Esses dois — Egydio e Felício — mais tarde fundariam no Rio de Janeiro, em Copacabana, o Salão Gesualdi. Tempos depois, mudaram-se para Nova York, e continuaram no exercício da profissão. |
Vicente se tornou também, em Itajubá, representante de vendas das "Águas Lambari" e do "Guaraná Lambari", e, além do salão, a família montou outro empreendimento: a Casa São Jorge.
Em 1954, com 71 anos, já aposentado, Vicente se mudou para o Rio de Janeiro, onde viria a falecer em 5 de novembro de 1955.
A grande família de Vicente e Noêmia:
Família de Vicente Gesualdi
Annunciato Gesualdi foi concebido ainda na Itália e nasceu em Águas Virtuosas de Lambari em 5 de outubro de 1893, no mesmo ano em que seus pais chegaram ao Brasil.
Casou-se com Thereza de Biaso e tiveram 9 filhos: Alayde, Ismael, Hélio, Marcello, Alda, Jorge, Max, Icléa e Edson.
(*) Alayde e Hélio, mencionados acima, também já faleceram.
Annunciato exerceu diversas profissões: em criança, foi engraxate; mais à frente, trabalhou na profissão do pai: cabeleireiro; e depois atuou como gerente do Parque das Águas de Lambari por muitos e muitos anos. Em 1934, chegou a ser nomeado adjunto de promotor.
O menino Annunciato Gesualdi, engraxando sapatos de um turista. Águas Virtuosas (fim do Século XIX)
Dos anos 1910 aos anos 1980, a exploração das águas minerais de Lambari passou por diversos concessionários: Empreza Águas Lambary S/A, que foi sucedida pelo Serviço de Águas de Lambari e, em 1961, pela Hidrominas - Águas Minerais de Minas Gerais S/A, tendo esta última encerrado suas atividades em meados dos anos 1980.
Em 1924, Annunciato já era encarregado da Sucursal de Lambari da Empreza Águas Lambary S/A e como gerente permaneceu por mais de cinco décadas, até seu falecimento em 1975.
Correspondência em papel timbrado, datada de 3 de maio de 1924, destinada a Annunciato Gesualdi, então Encarregado da Sucursal de Lambari, da Empresa das Águas de Lambary, que tinha sede em Belo Horizonte.
Nos anos 1930, a "Empreza", como era conhecida a concessionária das águas minerais, fabricava também guaraná, água tônica e soda limonada, fazendo uso das águas minerais da cidade.
Reprodução. Revista Nação Brasileira n. 134, de 1934 (bn.digital.gov.br) Reprodução. Revista Nação Brasileira n. 144, de 1935 (bn.digital.gov.br) |
Annunciato Gesualdi residiu por muitos anos em casa situada ao lado do trabalho, o que facilitava seu acesso às dependências administrativas do Parque das Águas de Lambari, o qual, em 1975, levaria o seu nome.
Annunciato residia na casa de 4 janelas
O Parque das Águas Annunciato Gesualdi
Em 1975, Annunciato ainda estava à frente da administração do Parque das Águas quando, no dia 7 de março, veio a falecer, com 81 anos de idade.
Em 1°. de agosto de 1975, na Administração de Aureliano Chaves (1975-1978), o deputado Cyro Maciel, vice-líder do governo, sensibilizado por diversos pedidos emanados de autoridades municipais e da sociedade lambariense, encaminhou ofício ao governador de Minas solicitando fosse dado pela Hidrominas — então concessionária das águas de Lambari — ao Pavilhão das Fontes o nome de Annunciato Gesualdi:
"...em homenagem póstuma ao extinto servidor daquela sociedade (na qual exercera)... por mais de 50 anos o cargo de superintendente..."
Em resposta, no dia 20 de agosto de 1975, por meio do ofício BHZ/DE/1313/75, Nélson Lombardi, diretor-executivo da Hidrominas, assim respondeu ao pleito supracitado:
Desse modo foi que o Parque das Águas de Lambari, em homenagem ao seu longevo administrador, passou a se chamar Parque das Águas Annunciato Gesualdi.
Revitalizado em 2013 pelo Governo de Minas, na gestão de Antonio Anastazia (2011-2014), o Parque das Águas de Lambari recebeu a placa com o nome de Annunciato Gesualdi.
Confira:
Sobre o Parque das Águas de Lambari, veja a série abaixo:
A família de Annunciato e Thereza:
Alayde, Ismael, Thereza, Annunciato e Hélio. Sentados: Marcello, Alda, Jorge, Max, Icléa e Edson
Vovó Felícia Gesualdi tendo ao colo o neto Ismael
Sobre o médico Ismael Gesualdi, veja este post:
MARIA ELIZABETTA GESUALDI (LORENZO)
Maria Elizabetta Gesualdi, depois Lorenzo, nascida na Itália em 1887, casou-se em Águas Virtuosas de Lambari, em 5 de novembro de 1904, com o também imigrante Vicenzo Mileo De Lorenzo, nascido em 1873.
Vicenzo De Lorenzo e Maria Elizabetta Gesualdi
Os Lorenzo chegaram em Águas Virtuosas no final do século XIX, e há ainda hoje na cidade diversos descendentes dessa família de imigrantes italianos.
Em quase 60 anos de união, o casal Vicenzo-Maria Elizabetta formou grande família.
Fonte: IV Encontro das Famílias Lorenzo e Gesualdi resgata história, em São Lourenço. Site Correio do Papagaio
Exímio mestre de obras, Vicenzo De Lorenzo executou diversos trabalhos para a Secretaria de Estado de Obras Públicas (MG), nas cidades de Três Corações, Lambari e Baependi.
Vicente De Lorenzo gostava também de música clássica e óperas, e tocava bombardino na banda musical de Lambari, fundada pelo maestro Francisco Nisticó, conforme informação da historiadora sãolourenciana Teresinha Maria Silveira Villela, no livro Nossa Gente, Nosso Orgulho, no qual há pequeno registro biográfico de Vicente.
Reprodução. Fonte: http://www.ipatrimonio.org/itajuba-flauta-do-maestro-francisco-nistico
Vicenzo e Maria Elizabetta se mudaram para São Lourenço, MG, em 1932, cidade na qual Vicenzo fora trabalhar, juntamente com os filhos, na construção da Estação Ferroviária.
No citado livro Nossa Gente, Nosso Orgulho, a autora conta que Vicente foi o construtor de inúmeras obras importantes da cidade, como a Casa Diamante, o Grupo Escolar Melo Viana, a Escola Estadual Mário Junqueira e os hotéis Metrópole, Sul América, Aliança, Jina e Guanabara, entre outras.
Encontro das famílias Gesualdi-Lorenzo
Em 1°. de novembro de 2015, foi realizado em São Lourenço, MG, o IV Encontro das famílias Lorenzo e Gesualdi.
O evento foi documentado pelo Correio do Papagaio, e pode ser visto neste link:
Netos de Vicenzo e Elizabetta, reunidos em São Lourenço (2015). Reprodução. Fonte: Correio do Papagaio
Capa do livro PANE, VINO E MOLTO LAVORO! ...ANCHE AMORE - A saga da imigração Italiana em Itajubá
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