Ilustração: Rafa experimentando roupas, "combinando" gorro, roupão e sandálias...
Nesta série RECANTO DOS NETOS contamos histórias das únicas criaturas que são mais encantadoras do que nossos filhos: os filhos dos nossos filhos — os nossos netos.
A série RECANTO DOS NETOS está se alongando.
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E hoje tem mais um com artes da Rafa — a menina espoleta da família.
Vamos lá, pois, conhecer O vocabulário da Rafa e a história do Vovô peludo.
— Dá água na casca do ovo pra essa menina, gente? — Receita da trisavó Margarida, dizia a vó Celeste.
E vó Mara retrucava: — Que nada! Destranca a boca dessa menina com uma chave, que ela vai falar, logo, logo...
Bem, acho que fizeram as duas simpatias ao mesmo tempo, pois a Rafa que até os dois anos só dizia umas poucas palavras (mas explicava tudinho com o corpo e os braços) de repente, numa noite, disparou a formar a frases e não parou mais de falar e gesticular como uma mamma italiana. E o pior: juntou os vezos da vó Mara e da vó Celeste e ficou mandona, mandona, com mania de comandar tudo e todos...
No começo, ansiosa por falar de tudo, às vezes, não encontrava as palavras e gesticulava para demonstrar o que queria dizer; depois, gesticulava e engrolava uma frase sem sentido, mas que todos entendiam como se fosse sinônimo de alguma coisa.
Falando alto e apressadamente, muitas vezes corta palavras e frases, e diz coisas muito engraçadas. Se a vó corrige, ela retruca:
— Vó, eu falo assim porque minha boca ainda é piquinininha!
Como toda criança de nosso tempo, num minutinho dominou o tablet e os truques do celular, da internet, dos controles da TV, dos brinquedos eletrônicos, do som do carro, etc. etc., etc. ...
Mais à frente, repontou o gênio da comandante. Numa rodinha de crianças, logo dá a ordem:
— Gente, vamos brincar de mamãe e filhinhos. Eu sou a mamãe!
E como se fora uma "diretora teatral", distribui os papéis, passa os diálogos, marca os lugares, comanda os movimentos, a entrada da fala e tudo o mais...
E no vocabulário da Rafa, estão coisas curiosas.
Vejam:
— Bêbo - Bêbado – O bêbo passou na rua e levou o cachorrinho, vovó! — Barrugo - Barrigudo – Vovô, papai não é barrugo! Ocê é que é! — Bikina - Biquini – Vovôôôô! Traz minha bikina!!!! — Bicôto - Biscoito – Vó Mara, me dá um bicôto! — Pópito - Próximo – Pópito! (ela diz brincando com um joguinho em que opera a caixa do supermercado e chama o cliente seguinte) — Camarrão - Macarrão – Eu só quero camarrão, mãe. — Bambali - Lambari – Mãe, a gente vai pra Bambali hoje? — Celulér - Celular – Não pega meu celulér! — Igabéla - Isabela (a irmã) – Igabeéelllaaa! Me dá o joguinho, que é meu! — Birrolho - Besouro – Óia, Igabela, é um birrolho! — Ecola - Escola – Esse ano eu vou pra ecola, viu vovó? — Caminhagem - Maquiagem – Vamo brincá de caminhagem, Igabela? — Cacaganda - Propaganda – Eu vi a cacaganda do iôgute. — Capotó - Pocotó – (Imitando o cavalo andando: capotó, capotó, capotó...) — Monta-cabeça - Quebra-cabeça – Quero brincar de monta-cabeça. — Equicóptero - Helicóptero – O equicóptero tá passando, papai Jô! — Icritório - Escritório – Rafa, cadê o vovô? – Tá no icritório dele! — Bibi - Vivi (Viviane, a tia) – Ganhei da tia Bibi! — Perepipi - Paralelepípedo – A chuva estragou o perepipi da rua — Aba - Água – Me dá aba, mãe. — Muneca - Boneca – Onde tá minha muneca, Igabela? |
Rafaela: Graça e bom humor, fazendo a alegria da família
Mas... tem dia que está de mau humor...
Desde bebezinha que a Rafa se incomodava com os pelos do vovô. Se eu a pegasse no colo sem camisa, ela se arrepiava, fazia cara de nojo e pulava para os braços da vó Celeste.
E foi sempre assim, mesmo depois de crescidinha: para pegá-la ou abraçá-la só se fosse de camisa!
Pois bem, uma das manias da vó Celeste é tomar banho com as netas.
E assim foi que certo dia Rafa e Celeste foram tomar banho juntas, no banheiro da vovó, o qual tem uma vassourinha e um rodinho, para dar uma geral no box, sempre que preciso.
Ocorre que naquele dia o vovô acabara de sair do banho — e deixara lá pelo chão do box uma boa porção de seus pelos...
Quando Rafa começou a vassourar foi juntando um monte de pelos do vô Guimão, que parece um lobo de tão peludo, ela sempre dizia.
E ela não resistiu:
— Ai, vovó! Que nojo!
— É assim mesmo, Rafa! Quando ele sai do banho tenho que catar seus pelos, que ele é muito peludo!
— Ah, vovó! Por que você casou com ele?
Rafaela, com 5 anos
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