O cinema em Aguinhas
Diariamente temos sessões de cinema, que começam às 20 horas sempre com bons filmes, retroprojetados em ótima tela por aparelhagem moderna e em ambiente de conforto.
(Armindo Martins, no livro Lambari, Cidade das Águas Virtuosas, de 1949)
Em 1918, em Águas Virtuosas de Lambary, havia
(...) três cinemas, uma banda musical, e confortáveis hotéis,
conforme registrou Roberto Capri em seu livro sobre nossa cidade (1). Possivelmente um desses cinemas funcionasse no Clube Eden.
O Hotel Imperial foi inaugurado no final de 1939, e seu cinema (Cine Imperial), pouco tempo depois. Tinha capacidade para cerca de 220 pessoas. O Cine ABI iniciou suas atividades em 1941, com a capacidade total de 700 pessoas. Nele havia a parte de baixo (mais ampla e ao nível da tela) e a parte de cima (aos fundos, elevada, com capacidade menor).
Anúncio, jornal Sputinik, agosto de 1960
Anotei no livro Menino-Serelepe* algumas referências sobre cinema, como esta:
Na época aqui descrita, numa cidade como Aguinhas, cinema era o grande programa dos finais de semana, e mesmo do meio de semana para quem gostava e podia (havia “fregueses” que pagavam por mês...). Como a toda criança, o cinema a mim também deslumbrava. Havia as matinês no Cine Imperial, a que a vó Margarida costumava levar os netos (até hoje me lembro de um desenho animado em que os personagens todos eram patos). Havia o cineminha falado — uma brincadeira inventada pelo Marquinhos do seu Camargo — um menino mais velho, engraçado e brincalhão que contava pra criançada da rua diversas histórias criadas e teatralizadas por ele mesmo, nas quais remedava os tipos, dublava as vozes, fazia meneios, palhaçadas, correrias, dando-nos sustos e provocando gargalhadas. Havia os filminhos: restos de películas de filmes diversos, montados em sequência, que projetávamos em casa num “projetor” de caixa de papelão e lanterna, com sessões de hora marcada, cartazes à porta, venda de ingressos, tudo de mentirinha. As séries semanais que antecediam os filmes das sessões das duas nos domingos, no Cine ABI, eram uma outra grande atração: aguardávamos uma semana inteira — inventando hipóteses, arriscando previsões, torcendo pelo mocinho — pra saber como o herói ia safar a si e à heroína das enrascadas.
Aqui funcionava o antigo Cine Imperial
Deixei também aqui neste espaço virtual uma crônica sobre cinema: MEMÓRIAS FAMILIARES (3) - A Vingança de Ben-Hur (aqui)
Noutro trecho do meu livro de memórias me lembro do Edson Bacha e seu projetor:
Nas férias, o Edson desencaixotava o projetor e mostrava antigos filmes da família e eventos de Aguinhas, como uma corrida de motonáutica no Lago Guanabara da qual nunca mais esqueci. (*)
Dessa corrida de motonáutica, ficou pelo menos uma foto, que é esta:
E nos meus tempos de menino, nas matinês de domingo, de vez em quando víamos antigos filmes sobre Lambari — cenas de festas religiosas ou cerimônias políticas principalmente. Nessa época dizia-se também que havia "uma fita, um filme sobre a Antiga Roma, cuja parte rodada no Parque Novo mostrava uma corrida de bigas (!)..."
Certamente isso fazia parte do nosso imaginário de crianças... Mas outros filmes ou vídeos sobre a antiga Aguinhas, onde estão?
Filmes e vídeos sobre Aguinhas
Aqui neste espaço já anotei alguma coisa sobre antigos vídeos de Aguinhas (aqui) e (aqui).
Pesquisa no site http://www.cinemateca.gov.br/ revela uma interessante lista de filmes sobre nossa Aguinhas. Seis deles são filmes antigos sobre Lambari (entre 1911 e 1940), e o sétimo, de 1975, com cenas/trechos rodados na cidade (as locações principais desse filme se deram em São Lourenço e São Tomé das Letras).
(1) CAPRI, Roberto. Águas Virtuosas de Lambary. São Paulo : Pokai & Comp. 1918.
(*) Esta narrativa faz parte do livro Menino-Serelepe - Um antigo menino levado contando vantagem, uma ficção baseada em fatos reais da vida do autor, numa cidadezinha do interior de Minas Gerais, nos anos 1960.
O livro é de autoria de Antônio Lobo Guimarães, pseudônimo com que Antônio Carlos Guimarães (Guima, de Aguinhas) assina a série MEMÓRIAS DE ÁGUINHAS. Veja acima o tópico Livros à Venda.
Ilustração de abertura: Vista do antigo Cine ABI
Ref. Google Maps
Neste número 4 da série Futebol no Sul de Minas, vamos comentar uma valiosa iniciativa no campo do futebol amador em Minas Gerais - o Acervo Mineiro de Camisas do Futebol Amador.
Vamos lá.
Acervo Mineiro de Camisas do Futebol Amador
O Acervo Mineiro de Camisas do Futebol Amador é uma iniciativa do radialista Domingos Sávio Baião, da Rádio Itatiaia. Diz o organizador, em artigo publicado no site da Rádio Itatiaia, de Belo Horizonte:
Depois de eu ter feito alguma coisa pelo futebol amador em minhas andanças pelo interior, resolvi dar uma força na história do amadorismo. Estou montando o Acervo Mineiro de Camisas do Futebol Amador, para exposições em praças públicas, feiras, eventos sociais, esportivos, clubes e no interior.
Fonte: aqui
Baião esclarece que a ideia surgiu após ele ter visto, em abril de 2013, uma exposição de camisas de futebol amador, ocorrida no Shopping Estação BH, em Belo Horizonte.
Banner do evento realizado no Shopping Estação BH - Fonte: aqui
Muito interessante tal iniciativa, e GUIMAGUINHAS pretende em breve encaminhar ao organizador uma camisa do nosso Águas Virtuosas Futebol Clube.
Os interessados em participar do projeto Acervo Mineiro de Camisas do Futebol Amador podem acessar este vídeo:
Foto de recente exposição (agosto de 2013), realizada em Belo Horizonte:
Fonte: http://wsesportesparademinas.blogspot.com.br/2013/08/acervo-mineiro-de-camisas-dos-times.html
Página do Facebook do Acervo Mineiro de Camisas do Futebol Amador
Imagem de abertura: Convite da exposição realizada no Clube Sírio, em Belo Horizonte
Das memórias de João Luiz Fernandes, sobre a qual já falamos (aqui), extraímos as fotos do Águas Virtuosas dos anos 1940, que seguem abaixo.
João Luiz jogou com os sobrinhos Crisóstomo e Hélio, e também foi técnico do time, no ano de 1949.
Águas Virtuosas anos 1940. João Luiz Fernandes e Crisóstomo são os primeiros; o penúltimo é Hélio Fernandes
Águas anos 1940. Entre outros: Cunha, Nenê Nascimento Hélio, João Luiz (seta) e Quinzinho
Águas anos 1940. Em pé, à esquerda (seta) João Luiz Fernandes o técnico do time
Ref.: FERNANDES, João Luiz. Reminiscências de um Brasileiro do Século XX - Cidade das Águas Virtuosas.Lambari, MG : Gráfica Kirios, 2013.
Neste número 3 da série Futebol no Sul de Minas, vamos falar sobre Stadium Varginhense — nome de um site e de uma revista, com memórias e fotos do futebol de Varginha, MG.
Como se sabe, o futebol de Lambari tem muitas ligações com o futebol de Varginha. Sobre isso já anotamos, por exemplo:
Stadium Varginhense
Organizado por Dílson Braga o site Stadium Varginhense visa a resgatar a memória do futebol de Varginha, de grandes glórias no futebol Sul Mineiro. Muitos lambarienses, nos anos 1960/70/80, torcemos pelo Flamengo, e assim também por outros clubes do Sul de Minas (Atlético de Três Corações, Caldense, TAC, Rio Branco de Andradas, Fabril de Lavras, entre outros), na ingrata luta do futebol do interior com os times grandes da capital. Os da minha geração, por exemplo, viram em campo três dos maiores atacantes do Flamengo — Paulão, Iaúca e Dario, esse já veterano, mas ainda fazendo seus gols.
Essas fotos e histórias do futebol varginhense foram também editadas no formato revista, em três edições. Em 2010, foi produzido um almanaque, reunindo as revistas, além de novas fotos e informações.
Fotos
Já anotamos em post anterior (aqui) que o Betinho Nascimento, logo após seu casamento,
(...) se afastou do futebol. Um ano e pouco depois, já fora de forma, não conseguiu retornar ao time do Vasquinho; mas acabou contratado pelo Flamengo de Varginha, e lá atuou profissionalmente até 1967.
Pois bem, por essa época, Betinho chegou a levar alguns jovens de Lambari para treinar no juvenil do Flamengo de Varginha. Entre esses, de carona na kombi do Renato Bolero, foram Luizinho (da Farmácia), Zé Roberto Tucci e o Egberto Nascimento. Os treinos do juvenil se davam num campo da Rua Paraná.
Egberto conseguiu se fixar no time titular, como se vê da foto abaixo:
Véio (Egberto Nascimento) [o segundo, agachado], no Juvenil do Flamengo de Varginha, final dos anos 1960. Ele também jogou no Águas, GRABI e Azulão.
Betinho que jogou no Águas e no Flamengo de Varginha
Eli (Capeta) foi goleiro do Flamengo de Varginha, e atuou também no Águas, nos anos 1950.
Adílson: No Flamengo de Varginha e no GABI (anos 70)
Maurício, Lúcio e Dickson: jogaram no Flamengo de Varginha e no Águas.
Paulo Preto e Guina: ambos jogaram no Flamengo de Varginha e realizaram diversas partidas contra o Veteranos do Águas Virtuosas, nos anos 1980.
Referências: site Stadium Varginhense
Veja também:
Futebol no Sul de Minas (1) http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=37290
Futebol no Sul de Minas (2) http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=39168
(**) Se você, caro(a) visitante, tiver notícias, informações, casos e fotos dessa época, ou quiser fazer alguma correção ou complementação ao texto aqui publicado, entre em contato conosco neste e-mail: historiasdeaguinhas@gmail.com
Ilustração: A linda e elegante Ema Gorgulho, em baile de formatura nos anos 1950. Recorte
Como vimos contando nesta série Aguinhas elegante (*), dançava-se muito em Lambari no século passado (!)...
De fato, desde o Cassino Éden, passando pelo Cassino das Fontes (décadas de 1930/60) [onde chegaram a tocar renomados músicos brasileiros, entre eles Francisco Perrone e Radamés Gnatalli (1)], até a Boite Tic-Tac (décadas de 1970/1990) e a Boite do Juca (décadas de 1970/1980), as noites lambarienses foram muito animadas.
Na década de 1940, e assim também nos anos 1950/60, o Bar do Juca e o Bar Pinguim constituíam os principais pontos de encontro da sociedade e da juventude lambarienses.
Ambos se situavam próximos das Fontes, na antiga Rua São Paulo (atual Rua Dr. Wadih Bacha); o primeiro, onde atualmente está o prédio do Banco do Brasil; no local do segundo funciona hoje uma loja de eletrodomésticos. (2)
Eden Clube, em Lambary, anos 1920/30 (o 3o. prédio, da esquerda para a direita. Atualmente, ali funciona uma sorveteria).
À direita do Eden Clube, o antigo prédio do Cassino das Fontes
Eden Clube, baile em 1932
Outra noite elegante no Eden Clube, nos anos 1930
Noites dançantes no Bar Pinguim e Cassino das Fontes
Conta o memorialista João Luiz Fernandes (3) que, em 1942, tendo retornado do Rio de Janeiro, adquiriu o Bar Pinguim. O bar tinha ligação, pelos fundos, com o Cassino das Fontes, por onde eram fornecidos bebidas e comestíveis para os frequentadores do cassino. O jogo era então uma das atrações de todas as estâncias hidrominerais do país: as elites iam fazer uso das águas como preservativos ou curativos da saúde (geralmente por um período mínimo de 21 dias) e aproveitavam o jogo como lazer.
Fernandes prossegue:
(...) uma iniciativa minha bastante aplaudida foi a instituição de noites dançantes no salão acima do Bar Pinguim, que vieram a ser frequentadas tanto por veranistas quanto pelas famílias da melhor sociedade de Lambari. As danças, naquela época, eram sempre de pares, ao som de sambas, sambas-canção, boleros, rumbas, baiões, algumas valsas e tangos, com muito romantismo embalando os casais.
Em fevereiro de 1949, resolvi transferir essas noites dançantes para a esquina da Rua São Paulo, no Cassino das Fontes, que estava inativo desde a proibição do jogo... [aqui]
Quando João Luiz retornou ao Rio de Janeiro, em dezembro de 1950, o Bar Pinguim passou a ser administrado por seu irmão Sebastião Fernandes.
Foto de abertura: A beleza lambariense representada por Ema Gorgulho, em elegante baile de formatura (anos 1950)
Jurandir (Alemão) e Ema, baile de formatura dos anos 1950
Baile de formatura, anos 1950. Na foto, entre outros: Jurandir, Selma Gorgulho, Hélio Nascimento, Vinha Martins, Vadinho Bibiano
(1)
Fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB (aqui)
Do livro Radamés Gnatalli, de Aluísio Didier (Brasiliana Produções, 1996)
Do livro A Casa da minha Infância, de Luiz Nassif (Editora Agir, 2008)
(2) Uma vista recente dessa rua pode ser examinada no Google. Acesse: https://maps.google.com.br/ e pesquise este endereço: R. Dr. Wadih Bacha, Lambari - MG. Depois clique a aba "Vista da rua".
(3) FERNANDES, João Luiz. Reminiscências de um Brasileiro do Século XX - Cidade das Águas Virtuosas. Lambari, MG : Gráfica Kirios, 2013, pags. 40, 41 e 49.
(*) Veja os demais posts da série: