Ilustração: O professor Francisco Venturato e alunos em apresentação de atividades físicas
O professor — e hoje advogado — Francisco Venturato, nos meus tempos de ginásio (meados dos anos 1960), todos o chamávamos de Chico Pirata, apelido carinhoso com o qual não se importava.
Pois bem, de Chico Venturato e Dona Lucinha Gama já falamos no post NOS TEMPOS DE GINÁSIO (1) - Dona Lucina e Chico Venturato, disponível aqui.
No referido post, escrevemos:
Quando o Professor Francisco chegou a Lambari, (...) logo, logo iniciou uma série de atividades de que gostava e fez que gostássemos também: a educação física, a quadra de terra que bolou e construiu juntamente com os alunos, as exposições de ciências, a banda de música, os desfiles... E quem não se lembra da banda de música?
E como eram animadas nossas festas cívicas e atividades de ginástica artística? Bandas, desfiles, carros alegóricos, apresentações de ginástica...
Assim, hoje, a propósito do Sete de Setembro, vamos recordar um pouco dessas atividades.
Em frente, marche!
Parada: Desfile civil, com atrações e carros alegóricos.
A famosa banda do Chico Pirata e Sílvio Barros
O professor Venturato e alunos em apresentação de atividades físicas
Acervo Francisco Venturato
Sete de Setembro, anos 1970
Desfile de Sete de Setembro - Jorge Albino Almeida (1973)
Silvinho Matias desfila com bandeira de Lambari, idealizada pelo professor Rafael Pinotti (anos 1970)
Chico Venturato e o pelotão verde, desfile dos anos 1980
Pelotão verde feminino (anos 1980).
Na foto: À frente, a prof. Terezinha Brigagão. Ao fundo, a banda do ginásio com o maestro Sílvio Barros. à Esquerda, João Rely Martins
Alunas do ginásio em uniforme de gala (anos 1980)
Alunos do ginásio em uniforme de gala (anos 1980). Ao centro, o menino André, filho de Lucinha Gama e Francisco Venturato
Formação da bandeira - Campo do Águas Virtuosas - Anos 1980
Formação da pirâmide - Sete de Setembro - Anos 1980
Reprodução Facebook/Memórias de Lambari
Festividades de Sete de Setembro - anos 1980
Desfile carro alegórico - anos 1980
Desfile ginástia artística - Prof. Venturato - 1982
Acervo do professor Francisco Venturato
Francisco Venturato possui um acervo precioso de fotos e filmes no formato Super 8 das atividades cívicas, de ginástica artística e da banda musical, do tempo em que foi professor do ginásio de Lambari.
Atualmente, circula no WhatsApp um vídeo com dezenas de fotos desse acervo. Vale a pena conhecer esse vídeo.
Quanto aos filmes Super 8, pensa-se em convertê-los em vídeos. Vamos aguardar.
Guima — o menino-serelepe — e sua bicicleta Patavium, num desfile de Sete de Setembro (início dos anos 1960) - aqui
Competição Escolar de Ginástica Aeróbica – 1987 – Praça de Esportes Branca Bessone (professor Márcio Krauss)
Ilustração: Pintura na parede lateral da Parada Mello, por José Mateus de Oliveira
Sobre a Parada Mello (ou Paradinha Mello, como é conhecida, ou Apeadeiro Mello, como foi chamada antigamente, já publicamos os seguintes posts:
Agora vamos falar de sua revitalização, que está sendo feita décadas depois de ter sido fechada (em julho de 1966, a linha férrea de Lambari foi desativada).
Vamos lá.
Segundo consta, o Hotel Mello (depois Hotel Imperial) era um dos raros hoteis de sua época que possuía uma estação de trem dando acesso ao estabelecimento.
De fato, Conceição Jardim, escritora de romances de viagem registra isso no livro acima. (*)
Confira:
- Temos de descer na "Parada Melo", adianta o Dr. Armando. O meu amigo Vivaldi explicou-me que a estação é um complemento do hotel. Da plataforma, entra-se imediatamente num dos salões
............................................................
Entram todos para um salão unido à plataforma — caso único na América do Sul — uma estação que faz parte de um hotel!
Reprodução: O Paiz, 27, ago, 1908 (bn.digital.gov.br)
Por iniciativa da AMEL Lambari, em concordância com a administração do Condomínio do Hotel Imperial, a antiga estaçãozinha está sendo revitalizada.
Reformada, pintada, deverá abrigar um memorial sobre sua história e do trem de ferro em nossa cidade.
Ponto de destaque é a pintura da velha Maria Fumaça, na fachada lateral da estação:
A bela pintura do artista José Mateus de Oliveira
Confira fotos da Parada Mello ontem e hoje:
A Parada Mello no início dos anos 1900
A Parada Mello nos anos 1940
A Parada Mello em 2015
A Parada Mello em reforma (2018)
A Parada Mello em reforma (2018)
A pintura do trem de ferro vista de frente (Reprodução/Fonte:Facebook)
1914: chegada de turistas na Parada Mello. O Hotel Mello pode ser visto ao fundo. Reprodução: Revista Fon Fon n. 17, de 1914 (bn.digital.gov.br)
1960: O trem da RMV partindo da Parada Mello
Ilustração: Recorte - Convite de relançamento do Cassino das Fontes - Lambari, 1941
Já falamos sobre o Cassino das Fontes e suas famosas noites dançantes e hoje vamos ver a reforma por que passou e o relançamento do clube na temporada de veraneio de 1941.
Vamos lá.
O relançamento do Cassino das Fontes
Situado na área central de Águas Virtuosas de Lambari, defronte ao Parque das Águas, o Cassino das Fontes foi palco do jogo, de shows de artistas e orquestras famosos, de desfiles de beleza e de espetaculares noites dançantes. Confira:
A jovem Marluce Santoro Krauss, ao lado de sua mãe Valdomira, coroada miss no Cassino das Fontes (anos 1950)
Jandira Adami e Toninho Ferreira, em noite dançante no Cassino das Fontes
Em 1941, o clube foi totalmente reformado e relançado para a temporada de veraneio de 1941 (veja o convite abaixo).
A festa de relançamento foi animada pelo conjunto musical Chiquinho e sua orquestra.
O maestro Chiquinho, o "maestra da simpatia) - Fonte: musicariabrasil.blogspot.com
Chiquinho e sua Orquestra, em Catalão, GO, anos 1940 - Fonte: nossocatalao.blogspot.com
Entre os cantores estavam:
Carmélia Alves - Fonte: cantorasdobrasil.com.br
Abaixo, o convite de relançamento do Cassino das Fontes:
O prédio do Cassino das Fontes
Adquirido por Maurício Barbosa (pai de Zelina Barbosa Martins, casada com João Rely Martins) o Cassino das Fontes foi totalmente reformado no início dos anos 1940.
O Cassino das Fontes antes da reforma (à esquerda)
O Cassino das Fontes anos 1940, já reformado (prédio da esquina)
Ilustração: Capa do livro Ruas de Lambari, de José Nicolau Mileo
Nesta Série Ruas de Lambari, tomando por base o livro de J. Nicolau Mileo mencionado acima, vamos (re)ver os principais logradouros públicos de Águas Virtuosas de Lambari e bem assim as figuras humanas ou fatos e acontecimentos que reverenciam.
No prefácio de seu livro, editado em 1970, José Nicolau Mileo anotou:
É esse, pois, o espírito desta série.
Vamos lá.
Abaixo vão nomes de ruas e logradouros públicos da Vila de Águas Virtuosas de Campanha (depois: Lambary), dos anos 1834 a 1880. Eram nomes pitorescos e bucólicos, tais como: Formosa, Solitária, Largo da Capela, Pito Aceso, Atrás do Morro, da Cava, da Vargem.
Confira:
Mudanças de nomes
Fonte: Subsídios para a história de Lambari. José Nicolau Mileo, pag. 126 |
Em 1902, mediante a Lei n. 7, de 26 de abril de 1902, na gestão de Eustáquio Garção Stockler, então agente executivo de Águas Virtuosas, foram dados nomes a ruas, praças e travessas da vila.
Confira:
Remodelação e embelezamento da cidade
Em 1909, Américo Werneck assumiu a prefeitura de Águas Virtuosas de Lambary e a presidência da Comissão de Melhoramentos e a superintendência das obras de embelezamento da cidade, visando a redomelar e embelezar Águas Virtuosas. Para isso, adquiriu cerca de 100 terrenos e prédios, fosse para dotar a cidade de novas ruas e avenidas, fosse para construção de prédios e edificações que idealizara (cassino, lago, hotel, teatro, etc.). Nessa quadra da nossa história, deu-se a criação de ruas, calçamento, demolição de prédios antigos, retificação do Rio Mumbuca, entre outras obras (Plano geral das obras de Américo Werneck - aqui).
Note-se que parte dessas obras realizadas por Werneck já constavam de plano anterior, traçado por João Bráulio Júnior [1] e aprovado por Garção Stockler, quando esse último exerceu o cargo de agente executivo municipal (plano de saneamento e embelezamento da vargem e alinhamento das principais vias de acesso ao Parque das Águas).
Mapa das ruas centrais de Águas Virtuosas. Fonte: Armindo Martins
Vista aérea do centro - Anos 1940 - Fonte: Armindo Martins
Vista aérea de Lambari - Anos 1950
Metrópoles europeias inspiraram Américo Werneck
A urbanização e as obras fundadoras de Águas Virtuosas de Lambary, executadas por Américo Werneck, como já escrevemos aqui, foram inspiradas nos princípios de remodelação difundidos pelas metrópoles europeias, exemplificadas, principalmente, no projeto urbanístico do Barão Haussman de modernização da medieval Paris, e assim também na experiência que ele tivera na construção de Belo Horizonte (1894-1914), conforme anota o historiador lambariense Francislei Lima da Silva [2].
Recorde-se que por essa época da construção da nova capital mineira, Werneck exercera funções de Secretário de Agricultura no Governo Silviano Brandão (1898-1902), fora prefeito de Belo Horizonte por pequeno período (setembro de 1898) e fizera parte da Comissão Construtora da Nova Capital (29 de dezembro de 1897 a 14 de abril de 1899) [aqui].
Nessa perspectiva, Francislei Lima da Silva, no trecho supracitado, escreve que
Nos planos idealizados por Américo Werneck (1909) para a cidade de Lambari, podem ser percebidos tais princípios que objetivam uma nova civilização. Um grande jardim central demarca a ordenação dos espaços e da vida dos cidadãos, dele partindo todos os boulevards que por sua vez delimitam as zonas destinadas aos prédios públicos, ao comércio e às moradias, sendo o cemitério construído fora do perímetro urbano. As largas avenidas arborizadas na outra extremidade serão encerradas por pequenos jardins e parques, lugar de recreio. A cidade, enfim, será organizada a partir dos cinturões verdes.
Os planos urbanísticos se referem a uma melhor adequação dessas áreas aos parques do que aos jardins. A estância balneária de Lambary será disposta de forma que todas as principais avenidas levem até o seu complexo balneário, dispondo ao redor do centro urbano seus parques, reservas florestais e áreas de lazer. Formando-se, assim, um grande cinturão verde, que convidava seus habitantes e visitantes a desfrutarem de hábitos ditos saudáveis e civilizados.
Como é natural, fatos e acontecimentos históricos e políticos suscitam mudanças de nomes e logradouros públicos, às vezes com prejuízo da memória das cidades.
Por aqui, podemos citar algumas mudanças na área central da cidade, tais como:
Vista da antiga Rua Silviano Brandão, atual Rua Dr. José dos Santos
Algumas ruas e/ou personalidades ligadas à história de Águas Virtuosas de Lambari já foram objeto de posts aqui no GUIMAGUINHAS.
Confira:
Índice da Série Ruas de Lambari
[1] MILEO, José Nicolau. Ruas de Lambari. Guaratinguetá, SP : Graficávilla, 1a. edição, 1970, pág. 20.
[1] LIMA DA SILVA, Francislei. OS MONUMENTOS DA ÁGUA NO BRASIL - Pavilhões, fontes e chafarizes nas estâncias sul mineiras (1880-1925) [Dissertação de Mestrado - UFJF - 2011] - Disponível em: http://www.ufjf.br/ppghistoria/files/2011/01/Francislei-Lima-da-Silva.pdf - págs. 62/63.
Fontes de citações e reproduções
(*) Citações parciais para estudo, de acordo com o artigo 46, item III, da Lei de Direitos Autorais (Lei nº 9.610 de 19 de Fevereiro de 1998)
Ilustração: Recorte da fachada lateral do casarão de Benício Chaves, na rua que levou o seu nome
As cidades crescem e evoluem, e nessa marcha antigas edificações desaparecem para dar lugar a novos empreendimentos imobiliários. Com a demolição, no entanto, vão embora marcas culturais e históricas e parte importante da memória das cidades.
Claro, não se pode travar o progresso urbano, mas deve-se pensar em meios de pôr a salvo certos lugares memoráveis das cidades. Com a preservação de antigos imóveis, guardam-se em imagens vivas não somente técnicas de construção e arquitetura ou recursos materiais e de engenharia, e sim também significados históricos e memórias de acontecimentos e pessoas, pois, como dizia o poeta Góngora:
Não existe rua com pedras mudas nem casa sem eco.
Nesta série Antigos casarões de Águas Virtuosas vamos registrar breve memória de algumas edificações centenárias e outras quase centenárias de nossa cidade, que ainda resistem ao império do tempo e da evolução urbanística.
Vamos lá.
Benício Chaves, médico paraense formado pela Faculdade de Medicina da Bahia, por mais de 30 anos clinicou em Lambari, nas primeiras décadas dos anos 1900.
Estudioso da crenoterapia [tratamento com águas minerais], escreveu um livro sobre as propriedades curativas de nossas águas. Coube a ele também, no início dos anos 1900, lançar a campanha para a captação e separação das fontes das águas de Lambary.
O Hospital e Asilo São Vicente de Paulo foi fundado por sua iniciativa, tendo sido também Benício Chaves quem orientou a construção e presidiu a comissão encarregada da edificação dessa instituição, que há um século serve à comunidade lambariense.
Benício Chaves faleceu no Rio de Janeiro, em 1943.
Dr. Benício Chaves passeia com a amiga Zulmira Silvestrini, no centro da cidade do Rio de Janeiro, anos 1930.
Confira o post Dr. Benício Chaves, estudioso das Águas de Lambari e fundador do seu Hospital - aqui
Pois bem, graças à dica feita ao GUIMAGUINHAS pela professora Karla Gentil, escolhemos o casarão centenário que pertenceu ao dr. Benício Chaves para abrir esta série.
Abandonada e fechada há anos, mas com sua fachada e linhas ainda preservadas, a bela propriedade se encontra à venda. Mas parte de sua histórica vamos contar aqui.
Em frente, pois.
Antiga vista da atual rua Francisco de Biaso, na qual se pode ver, ao fundo e do lado direito, a fachada do casarão que pertenceu a Benício Chaves
Na belissima fachada, que ainda preserva as linhas e os materiais seculares, pode-se ver a placa de Vende-se
Vista da fachada, passeio e ruas - mais de 100 anos de história de Águas Virtuosas
Vista das fachadas lateral e frontal do casarão
Os imponentes janelões fronteiros
A fachada lateral, que dá para a rua Benício Chaves
O mais antigo casarão de Águas Virtuosas
Este imponente casarão, que fica na parte alta da Rua do Parque, será objeto do próximo número desta série.
Pelo que sabemos, trata-se do mais antigo casarão de nossa cidade, erguido em meados do Século XIX.
Aguarde.