Ilustração: Cartaz da exposição Bons e velhos tempos de Lambari, promovida pelo Vagão 98, em junho de 2019.
A Fundação Cultural Estação 98, de Lambari, está promovendo a exposição Bons e velhos tempos de Lambari, com fotos antigas de Águas Virtuosas de Lambari, visando a preservar a memória e divulgar a formação histórica de nossa cidade.
Com a colaboração de Maria Inês Krauss/Reinaldo Reis, Ruth de Castro Campos, Luiz Fernando, e também do site GUIMAGUINHAS, que cederam fotos, postais, cromos e livros antigos, a exposição destacou aspectos da primitiva Vila de Águas Virtuosas, da captação das águas minerais (1905), da inauguração das obras de Américo Werneck (1911), de antigos postais de Lambari, pertencente à coleção do Sr. Antônio de Oliveira Campos (Toninho de Campos), bem como de famílias e personalidades pioneiras de nossa cidade.
Livros raros sobre a história de Lambari, e outros modernos com contos e relatos de nossa cidade também foram expostos.
O evento foi organizado pela equipe do Vagão 98, com a colaboração de Sandra Celli, antiga frequentadora da estância e amiga de Lambari.
A exposição ficará aberta ao público na espaço do café da Estação 98 durante todo o mês de junho. A entrada é franca.
Veja a seguir.
Algumas fotos do evento:
Personalidades e famílias pioneiras
Coleção de postais da família de Antônio de Oliveira Campos
Captação das águas e inauguração das obras de Werneck
Coleção de postais e cromos coloridos do site GUIMAGUINHAS
Livros sobre a história de Águas Virtuosas de Lambari
Os livros expostos são os seguintes:
PANORAMA DO CAMPEONATO DA LDSL/1951
Ilustração: Propaganda do programa Rádio Esportivo U-3, apresentado por José Bacha e José di Lorenzo, na Rádio São Lourenço, no início dos anos 1950. Fonte: O Crack, 1951
Informações e comentários sobre campeonatos regionais organizados pela Liga Desportiva de São Lourenço (LDSL), no início dos anos 1950, estão sendo revisitados nesta série do site GUIMAGUINHAS.
Na primeira parte, vimos este post:
Hoje veremos a segunda parte da série, com um PANORAMA DO CAMPEONATO DA LDSL de 1951 e dos times que o disputaram.
Vamos lá.
Resumo do campeonato da LDSL de 1951
Após o encerramento do Campeonato de da LDSL de 1951, em edição especial, o semanário O Crack fez um resumo do campeonato com um perfil dos times participantes.
A síntese do que foi esse campeonato de 1951, o segundo organizado pela Liga de São Lourenço, vem a seguir:
Reprodução. Jornal O Crack, 1951
Ubiratan Futebol Clube - Silvestre Ferraz - Campeão de 1951
Na foto: Julino, Bacelar, João do Brás, Didi, Renato, José Fernando, Jota. Agachados: Pinelinho, Luís Carmelino, Pinelão, Jairo e Passo Quatro.
Reprodução. http://folhanova.com.br/
Da foto acima, Pinellinho e Pinellão atuaram também pelo Águas Virtuosas e Esporte Clube São Lourenço
Esporte Clube São Lourenço - Vice-campeão
Na foto: Jahi, Velho, Lita, Rui, João, Paulino. Agachados: Afonso, Hélio, Henrique, Enéas e Araújo.
Henrique (agachado, no meio da foto) foi o artilheiro do campeonato.
Reprodução. Jornal O Crack, 1951
Industrial Esporte Clube - Itanhandu
Por essa época, o Industrial já formava grandes times.
Reprodução. Jornal O Crack, 1951
Virgínia Futebol Clube - Virgínia
Reprodução. Jornal O Crack, 1951
Baependi Futebol Clube - Baependi
Nesse time de 1951, brilhava o grande craque Tek, que ainda jogaria por muitos anos em times de Baependi, especialmente no Botafogo.
Nos campeonatos da Liga de Caxambu, no início dos anos 1970, Lambari participou com o time da G.R. ABI, clube pelo qual o autor deste site também jogou.
E o velho Tek ainda atuava, com destaque...
Nesse ponto, lembro-me de um incidente por que passamos num jogo entre G.R. ABI e Botafogo, em Baependi, no início dos anos 1980, envolvendo o atleta Tek.
Numa cobrança de falta, a bola chutada por Tek — que tinha uma bomba no pé esquerdo — atingiu a boca do estômago do atleta Zé Paulo, conhecido como Vaca (na foto abaixo, o terceiro em pé, da esquerda para a direita), que caiu, parou de respirar e perdeu a consciência.
Naquele tempo não havia médicos nem ambulância/paramédicos nos jogos de futebol. E foi o mesmo experiente Tek quem o socorreu: afastou as pessoas, acomodou sua cabeça, aplicou respiração boca a boca, fazendo lentamente retornar a respiração e os sentidos.
Hoje, a lembrança dessa passagem causa um certo arrepio e um agradecimento silencioso ao velho Tek (por onde andará ele?).
Zé Paulo (Vaca) faleceu, ainda jovem, em 2015.
GRABI x Botafogo Baependi (1973). Edson, Tinz, Vaca, Guima, Celinho e Delém. Agachados: Roberto, Xepinha, Chiquinho Barletta, Tatá e Sérgio
Reprodução. Jornal O Crack, 1951
Miramar Esporte Clube - São Lourenço
Reprodução. Jornal O Crack, 1951
Esporte Clube Itamonte - Itamonte
Reprodução. Jornal O Crack, 1951
América Futebol Clube - Pouso Alto
O América levou o título de campeão da disciplina.
Reprodução. Jornal O Crack, 1951
Federal Futebol Clube - São Lourenço - 8o. colocado
Reprodução. Jornal O Crack, 1951
Ilustração: Anúncio da venda da biblioteca de Basílio de Magalhães, publicado no jornal Correio da Manhã, edição de 27 de fevereiro de 1944. Reprodução. Fonte: bn.digital.gov.br
Na Série Literatura de Aguinhas (12), de 7 de abril de 2013, escrevemos sobre Basílio de Magalhães,
o famoso historiador, filósofo, lexicógrafo, político, escritor, jornalista, professor, poliglota (que falava também o tupi-guarani) — durante muitos anos fez estações de águas em Lambari, depois passou a residir entre nós (...) e aqui viveu o resto de seus dias, tendo sido também enterrado nesta estância hidromineral.
Veja (aqui).
Pois bem, neste post vamos falar de sua fantástica biblioteca, hoje, em parte, infelizmente, perdida...
Vamos lá.
Basílio de Magalhães. Reprodução. Fonte: Biblioteca Pública Municipal de Lambari, MG
A fantástica biblioteca particular de Basílio de Magalhães
Basílio de Magalhães foi autor de cerca de cem obras e pertenceu a 26 associações culturais, sendo 17 brasileiras e 9 estrangeiras. Sua biblioteca chegou a somar quase 27 mil volumes. (VIOTTI, 1960)
Há poucos registros sobre o que ocorreu a essa formidável biblioteca, mas, ao que se sabe, ela teria sido completamente dissipada, pelo menos no que se refere à parte que Basílio de Magalhães trasladou para Lambari. O grosso dela teria sido vendido em 1944 e parte foi a leilão judicial, no Rio de Janeiro, em 1959.
De fato, há três registros fundamentais acerca dessa história:
A seguir comentamos algumas poucas informações que conseguimos encontrar.
Vamos lá.
Basílio vende a maior parte de sua biblioteca
O Correio de Manhã (RJ), edição de 27 de fevereiro de 1944, estampava que se vendia
A MAGNÍFICA BIBLIOTECA DO DR. BASÍLIO DE MAGALHÃES A biblioteca mais rica, mais completa e que por mais alto preço já foi vendida no Brasil a qualquer livraria. |
Confira:
Reprodução. Correio da Manhã, 27, fev, 1944. (bn.digital.gov.br)
Por essa época (1944), Basílio contava 70 anos e já se encontrava cansado e adoentado.
Com efeito, Virgílio Correia Filho, seu colega no IHGB, já registrara que pouco antes (em 1939, aos 65 anos) ele já se confessava sem forças para executar uma 3a. edição do seu O Folclore no Brasil:
Basílio de Magalhães e o Instituto Histórico [trecho final]. Jornal do Comércio (RJ), edição de 2, fev, 1958
Nota: Otium cum dignitate. Descanso com dignidade. Expressão de Cícero aplicada aos letrados de seu tempo que dispunham de recursos para levar uma velhice inteiramente dedicada aos livros. Fonte: dicionariodelatim.com.br
Basílio traslada para Lambari o restante de sua biblioteca
Finalizando o artigo acima, Virgílio Correia Filho informa que Basílio de Magalhães adquirira imóvel em Lambari, para aqui se mudara e trouxera com ele os livros "mais manuseados".
Confira:
Basílio de Magalhães e o Instituto Histórico [trecho final]. Jornal do Comércio (RJ), edição de 2, fev, 1958
Livros da biblioteca de Basílio vão a leilão judicial em 1959
Dois anos após a morte de Basílio de Magalhães, em leilão judicial, foram vendidos livros de sua biblioteca.
Confira:
Reprodução. Jornal do Comércio, edição de 25, out, 1959
Outros registros sobre a biblioteca de Basílio de Magalhães
Abaixo vão alguns registros que encontramos acerca da biblioteca formada por Basílio de Magalhães e o seu destino.
Confira:
Artigo "Lambari, a cidade das águas virtuosas" (1950)
Em março de 1950, Basílio residia em Lambari e, comentando o livro Lambari - a cidade das Águas Virtuosas, de Armindo Martins, escreveu o seguinte:
Parte de sua biblioteca estava em Lambari e parte no Rio de Janeiro (...) a minha bem provida biblio-hemeroteca (está) parte (em Lambari) [1] [hemeroteca = acervo de jornais, revistas, publições periódicas] Possuía ele o maior acervo sobre a história de Lambari (...) Duvido haja no Brasil quem possua e guarde, mais carinhosamente do que eu, tantos elementos relativos a esta encantadora estância, quer no tocante ao seu mais remoto passado, quer no seu imerecido infortúnio presente. [2] Entre os documentos que possuía, estavam os seguintes: Análise das águas pelo professor Djalma Hasselman. Artigo As águas virtuosas de Lambari, assinado por S.B, publicado no n° 90/tomo II de 30 de agosto de 1861, de O Sul de Minas, de Campanha, MG. Texto As Águas Virtuosas de Campanha, dos Anais Brasilienses de Medicina, n° 4/tomo XXVI, de setembro de 1874. [3] |
Crônica "Estações de Água" (1964)
Em fevereiro de 1964, no artigo Estações de Água, publicado no Jornal do Comércio de 23, fev, 1964, o cronista Paulo Fábio escreveu:
Livros de Basílio de Magalhães na biblioteca pública de Lambari O que salva [o acervo da Biblioteca Municipal] são as doações particulares dos que habitaram a cidade em tempos idos: Basílio de Magalhães, Gustavo Barroso e Garção Stockler (...) [4] Livros de Basílio de Magalhães vendidos na rua de Lambari Basílio morreu quase anônimo em Lambari. Após sua morte muitos livros seus foram revendidos na rua, a 20 e 30 cruzeiros. [4] |
Texto [Resumo biográfico de] Basílio de Magalhães (2003)
No texto [Resumo biográfico de] Basílio de Magalhães, de 2003, publicado no site Recanto das Letras, em 27/04/2014, por Antonio Roque Gobbo, consta que:
Não aceitou pensão mensal dada por Juscelino Kubtscheck No princípio de 1957, pouco antes de sua morte, o Presidente Juscelino Kubtscheck estabeleceu-lhe uma pensão mensal de 5 mil cruzeiros, encarregando-o de anotar as e atualizar as Efemérides Brasileiras, de Xavier da Veiga. Mas, alquebrado pela idade, e impossibilitado de realizar a tarefa, por motivo de saúde, — sempre coerente com sua ética de vida —recusou-se a receber os proventos correspondentes. [5] |
Post "O esquecimento de Basílio de Magalhães..." (2010)
Em 3 de junho de 2010, no Blog de São João Del Rey, foi transcrita a palestra intitulada O esquecimento de Basílio de Magalhães e as tentativas de rememorá-lo, proferida por Oyama de Alencar Ramalho no Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei, em 4 de setembro de 2005.
Em certo passo, diz o autor:
Basílio morreu em Lambari Faleceu em 14 de dezembro de 1957, em Lambari, esquecido e pobre... Vendera seus livros para sobreviver (...) a ponto de ter que vender sua biblioteca para sobreviver. [6] |
Como dissemos, não há quase nenhuma informação sobre a biblioteca de Basílio de Magalhães. Ainda assim, com base nas notícias/informações acima, podemos inferir que:
Perderam-se os livros de Basílio de Magalhães
Como visto, escrevendo em 1964, o cronista Paulo Fábio nos dá notícia de que havia livros oriundos da biblioteca de Basílio de Magalhães no acervo da Biblioteca Municipal de Lambari.
No início dos anos 1980, a Prefeitura Municipal de Lambari mudou-se para o antigo prédio do Colégio Santa Terezinha (o chamado Coleginho) e para lá também foi levado o acervo da biblioteca municipal. E, como sabemos, esse prédio da Prefeitura de Lambari foi destruído por um incêndio em 1987, e assim também grande parte dos livros da biblioteca.
Cena do incêncio na Prefeitura de Lambari, em 1987.
Exemplar do livro Reforma do Systema Tributario, de Américo Werneck, de 1899, rescaldo do incêndio da biblioteca municipal ocorrido em 1987.
A Biblioteca Pública Municipal Basílio de Magalhães - Lambari, MG
Reconstrução da biblioteca municipal
Após esse incêndio no prédio da Prefeitura de Lambari, a biblioteca municipal começou a ser reconstruída.
Em 1988, começou a reconstrução das instalações e do acervo da biblioteca municipal. Fonte: Minas em Revista/maio, 1988. Reprodução
Nos anos 2000, a biblioteca funcionava no Cassino de Lambari, e lá, em 28 de abril de 2012, também ocorreu um pequeno incêndio, numa sala
"onde havia uma grande quantidade de livros. As publicações ficaram destruídas",
noticiaram jornais da região. Não há, contudo, informações sobre que publicações que foram queimadas.
Veja aqui:
Reprodução. Fonte: Varginhaonline.com.br. Foto: Asscom Bombeiros TC
Sobre esse incêndio de 2012, veja também:
Nesta semana (maio de 2019), visitamos a Biblioteca Basílio de Magalhães e constatamos que não há nenhum livro do grande escritor em seu acervo — nem livros oriundos de sua biblioteca, nem obras de sua autoria.
Vista da Biblioteca Basílio de Magalhães, situada na Rua Afonso de Vilhena Paiva, n° 165, Lambari, MG
Neto de Basílio de Magalhães doou livro à biblioteca
Dedicatória em livro doado à Biblioteca Basílio de Magalhães, por Paulo Afonso Barbosa da Silva, neto de Basílio de Magalhães
Reinauguração da Biblioteca Basílio de Magalhães (2024)
Algum tempo antes de 2024, a Biblioteca Basílio de Magalhães permaneceu fechada.
Mas no dia 23 de abril de 2024, dia Mundial do Livro, deu-se a reabertura da Biblioteca Pública Municipal Basílio de Magalhães.
Confira:
A biblioteca fica na Travessa Thais dos Santos (vila Comercial) com acesso pela Rua Dr. Wadih Bacha e Travessa Simes, no centro.
Sobre Basílio de Magalhães e sua obra, veja também:
Basílio de Magalhães. Reprodução. IHGB
Baixe o livro: O Café: Na histópria, no folclore, e nas belas artes. Brasílio de Magalhães
[1]
[2]
[3]
Fonte: "Lambari, cidade das águas virtuosas". [Artigo] Basílio de Magalhães. Jornal do Comércio. Edição 26/mar/1950.
[4]
Reprodução. Jornal do Comércio 23, fev, 1964
[5]
Reprodução. Site Recanto das Letras/Basílio de Magalhães, por Antonio Roque Gobbo, 27, abr, 2014. https://www.recantodasletras.com.br/contos/4784677
[6]
Reprodução. Blog de São João Del Rey/O esquecimento de Basílio de Magalhães e as tentativas de rememorá-lo, por Oyama de Alencar Ramalho. http://saojoaodel-rei.blogspot.com/2010/06/o-esquecimento-de-basilio-de-magalhaes.html
Ilustração: Cromo antigo. O Lago Guanabara. Reprodução.
O Lago Guanabara, como se sabe, foi construído por Américo Werneck entre os anos de 1910/11 e inaugurado em abril de 1911 (aqui).
Neste post, vamos examinar as fontes de água que formam o lago.
Vamos lá.
Vejamos a seguinte descrição feita pelo Anuário de Minas Gerais de 1913:
Fonte: Anuário de Minas Gerais de 1913
O texto menciona os seguintes cursos d'água represados para formação do Lago: Lambary, Lambary Pequeno e Córrego Aurélio. Como sabemos, o rio Lambary citado corresponde ao São Simão, e o Lambary pequeno, ao Ribeirão das Flores.
O Córrego do Aurélio, ao que parece, não desagua mais diretamente no Lago Guanabara. Mas pode ser o córrego que desce a Sudoeste ou um outro que desce a Sudeste do lago, que foram canalizados (Confira no mapa abaixo).
É a nossa hipótese. Vamos ver.
Mapa. Lago Guanabara. Lambari, MG. Fonte: GoogleMaps
A bacia do lago, antes de sua construção
1909: Vista da bacia onde se construiria o Lago Guanabara. Ao fundo, à esquerda, a atual Volta da Mata.
Rios que abastecem o Lago Guanabara
Este antigo mapa que vem a seguir traz os rios e córregos que cortam ou estão próximos do município de Lambari.
Nele, pode-se ver que:
Mapa dos Rios e córregos do município de Lambari, MG. Fonte: João Carrozzo.
Neste outro mapa, mais recente, podemos visualizar:
Recorte. Mapa dos Rios e córregos do município de Lambari, MG. Fonte: Internet/IBGE
O Lago Guanabara é formado:
Quanto a esse último, não encontramos informações. Presume-se que seja:
(1) o veio d'água, hoje canalizado, que existe nas proximidades do Loteamento Nova Lambari (a Sudoeste do lago).
Vista satélite. Lago Guanabara. Lambari, MG. Fonte: GoogleMaps
(2) ou o córrego, que existe nas proximidades Mata Municipal e forma duas pequenas lagoas, cujas águas foram canalizadas e desaguam a Sudeste do lago.
Ele passa pelo bairro Pinhão do Roxo e constitui a fonte ao Leste do Lago Guanabara.
O Ribeirão das Flores
Este vem do bairro rural São Simão e constitui a fonte ao Sul do Lago Guanabara.
O Rio São Simão
O (possível) Córrego do Aurélio
Como dissemos, o referido Córrego do Aurélio talvez seja:
(1) o existente a Sudoeste do Lago Guanabra (aos pés do atual Loteamento Nova Lambari). Hoje há ali apenas um veio d'água, que foi canalizado.
Esse bueiro, a Sudoeste do lago, capta antiga veio d'água (Córrego do Aurélio ?)
(2) ou o existente a Sudeste do Lago Guanabra (Nas proximidades da entrada do Bairro Lake Ciyy/Mata Municipal). Hoje há ali duas pequenas lagoas, cujas águas foram canalizadas e lançadas no lago.
(3) ou, ainda, um pequeno córrego que desagrava no Ribeirão das Flores (v. abaixo), cuja nascente foi encoberta com o enchimento da bacia em que se formou o lago:
Planta da Villa de Águas Virtuosas - Mandada organizar pelo exmo. sr. Prefeito Municipal Dr. Américo Werneck - 1909.
Pertencente ao acervo de Bibiano José Carvalho da Silva Rocha
Nota: - Vamos (re)descobrir o Córrego do Aurélio?
Caro visitante:
Se você tiver alguma informação sobre o referido Córrego do Aurélio, por favor, entre em contato com o site GUIMAGUINHAS:
Outros cursos d'água de Lambari
Ilustração: Capa do livro As viagens de D. Pedro II, de Roberto Khatlab - Ed. Benvirá
Lícia Bandeira, da ATURLAM, escreveu para o jornal O Farol um interessante artigo sobre a história das águas minerais do Sul de Minas, resgatando texto de antigo livro de divulgação do Brasil no exterior, oferecido ao Governo da Finlândia por Dom Pedro II, quando de sua segunda viagem à Europa, em 1876.
Segue o artigo citado e, logo abaixo, alguns comentários.
Artigo sobre história de Lambari no O Farol
Eis o texto mencionado acima, publicado n'O Farol, de mar/abr/2019, com alguns destaques, que comentamos logo abaixo.
Reprodução. O Farol - mar/abr - 2019, p. 2 (Os grifos não são do original)
A seguir, estão alguns comentários sobre as viagens de Dom Pedro II e o trecho do livro mencionado no artigo acima.
Confira:
O Museu Imperial, em Petrópolis, RJ, guarda
(...) 870 itens doados em 1948 pelo príncipe dom Pedro Gastão de Orleans e Bragança, que incluem os 43 cadernos pessoais do imperador, itinerários das viagens, correspondências, controles de visitas, relatórios de despesas, jornais e 67 gravuras de paisagens, pessoas e animais feitas pelo próprio Pedro II.
Nessa documentação há
(...) 5.500 páginas manuscritas, [nas quais) dom Pedro II registrou em minúcias quatro viagens realizadas pelo Brasil e três ao Exterior.
.......
Segundo a antropóloga Lilian Schwarcz, autora da biografia “As Barbas do Imperador”, os relatos do monarca dos trópicos mostravam sua vontade de registrar tudo o que via e uma sede inesgotável de conhecimento. “Mais do que ser recebido por czares e reis, Pedro II gostava de conversar com as pessoas comuns, visitar escolas, igrejas, hospitais, fábricas e até prisões”, diz Lilian. “Seus diários são um retrato do século XIX através dos olhos de nosso imperador itinerante.”
Fonte: Dom Pedro II, o imperador viajante. ISTOÉ - 27/10/2010 nº 2137
O livro de divulgação do Brasil no exterior (D. Pedro II - 1876)
Sabe-se que
(...) em 1876, D. Pedro (foi) à Alemanha, Suécia, Finlândia, Rússia, Turquia, Palestina, Egito, Itália, Áustria, França, Inglaterra, Escócia, Irlanda, Holanda, Suíça e Portugal, onde conviveu com imperadores, czares, reis, rainhas e artistas importantes como Richard Wagner e Leon Tolstoi. (Grifamos.)
(Fonte: http://gallasdisperati.com.br/viagens-ao-exterior-de-d-pedro-ii/)
Pois bem, nessas viagens D. Pedro II distribuiu um livro com informações sobre o Brasil, com vista a divulgar o país no exterior. Um desses exemplares está na Biblioteca Nacional da Finlândia, como refere Lícia Bandeira no artigo citado. E nele há menção às "águas virtuosas" do Sul de Minas.
Trechos do livro que mencionam Lambary e suas águas minerais
Águas Virtuosas em 1876
Em 1876, Lambari era então conhecida por Águas Virtuosas de Campanha, situada na Paróquia de Alambary.
As grafias Alambary ou Lambary [corruptela do tupi aramari, araberi ou arambari = peixinho ou sardinha] eram adotadas para designar a região do rio do mesmo nome, que alcançava as terras existentes na sua proximidade (hoje: Cristina, Jesuânia, Lambari).
Em 1872, o Dr. Eustáquio Garção Stockler fixou residência na então povoação das Águas, e durante os anos de 1884 e 1885 realizou intensa propaganda acerca das virtudes da água, criando para isso um periódico quinzenal intitulado Águas Virtuosas.
Veja:
As águas minerais de Caxambu, Cambuquira e Contendas
A descoberta das Águas Virtuosas de Lambary ocorreu (...) em 1780, sendo elas designadas inicialmente por Águas Virtuosas de Campanha do Rio Verde, Águas Santas da Campanha e Águas Virtuosas da Campanha. Quando foram descobertas, eram conhecidas em todo território nacional apenas duas fontes hidrominerais: a fonte do Cipó, na Bahia, descoberta em 1730, e a fonte de Caldas Novas, em Goiás, descoberta em 1737.
(...) a expressão águas virtuosas foi associada também às águas de Caxambu e Cambuquira, descobertas posteriormente às de Lambari. As Águas Virtuosas de Baependy (depois Caxambu) foram descobertas em 1814, e as Águas Virtuosas de Cambuquira, nos anos 1860.
Veja:
A contenção do Rio Mumbuca
Em 1834, os poços das duas nascentes de águas minerais não possuíam nenhuma proteção e se localizavam em um largo denominado Largo da Fonte. Com as chuvas, os poços costumavam ser invadidos pelas águas do Ribeirão Lambarizinho (atualmente, Mumbuca). Em 1850, os poços foram protegidos por esteiras, para evitar a queda de pequenos animais. Em 1860, deu-se o desvio do Rio Mumbuca, então vizinho às fontes.
Na segunda metade da década de 1860, o Largo da Fonte foi reformado e melhorado, e as duas nascentes foram reunidas em um único poço, abrigado em prédio ladrilhado, coberto de telhas e protegido por grades de ferro. Então, ajardinou-se o Largo, construiu-se um pequeno chafariz e deu-se início à construção do balneário. Com essas melhorias, o Largo da Fonte passou a ser chamado de Praça dos Poços.
Veja:
A fonte Paulina (n°5)
"As duas fontes ferreo-gazosas são conhecidas pelos nomes de Paulina e Maria ou Maria Ferreira Netta; a primeira contém uma agua límpida, transparente, incolor, inodora, de sabor picante e ligeiramente estiptico; (...) Cada uma destas fontes está abrigada per um elegante chalet octogonal com columnas de ferro fundido. Estão ambas mal captadas e situadas num pequeno jardim de 1.260 metros quadrados de superfície, fronteiro ao parque, cercado de gradil de ferro... (sic)"
Veja:
Fonte Paulina - Início anos 1900
Fonte Paulina. Reprodução. Fonte: hotelcentralparque.com.br
A ferrovia Dom Pedro II
A Estrada de Ferro D. Pedro II (partia) do município da Corte e (terminava) nos pontos das províncias de Minas Gerais e São Paulo. A construção das estradas de ferro estava relacionada ao processo de modernização do Império, alavancado a partir da segunda metade do século XIX, quando se observava um maior desenvolvimento da economia, com necessários investimentos na infraestrutura e na urbanização do Brasil (Fonte: http://mapa.an.gov.br)
Memória publicada pela Imprensa Nacional em 1908
Foi na Estação Central da Ferrovia Dom Pedro II que Hermes da Fonseca, então presidente da República, embarcou para Águas Virtuosas de Lambari, quando da inauguração das obras de Américo Werneck, em abril de 1911.
Veja:
Paulo Roberto Viola e a família Imperial
Paulo Roberto Viola, advogado, jornalista, pesquisador e escritor, filho do lambariense Paulo Grandinetti Viola, é o autor do livro Lambari, como eu gosto de você!, diversas vezes mencionado aqui no site GUIMAGUINHAS (aqui, aqui, aqui, aqui, aqui).
Ele também é autor de uma série de livros de inspiração espírita-cristã sobre o Segundo Reinado.
No post cujo link vai abaixo, comentamos a passagem da Princesa Isabel, em 1868, pelo Sul de Minas (ela esteve aqui em Águas Virtuosas de Lambari, inclusive), a busca das águas minerais que pudessem auxiliá-la a engravidar.