Ilustração: Montagem. Figuras estilizadas de bandeiras da Itália, Brasil e de (Águas Virtuosas de) Lambari
Nesta série Imigração italiana para Águas Virtuosas de Lambari, vamos comentar a vinda de cidadãos italianos para nossa cidade, ocorrida no final dos anos 1800, início dos 1900, e o relevante papel que desempenharam no desenvolvimento de Águas Virtuosas de Lambari, quer em razão de suas atividades profissionais e culturais, quer dos laços sociais e familiares que estabeleceram.
Esta Série está dividida em 5 partes:
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A parte 1 - Visão geral (este post) A parte 2 - Latronico: terra de origem de famílias italianas de Lambari está aqui. A parte 3 - Breve histórico de famílias italianas de Lambari - 3.1. Família GESUALDI está aqui. A parte 3 - Breve histórico de famílias italianas de Lambari - 1 - Família GESUALDI está aqui. A parte 3 - Breve histórico de famílias italianas de Lambari - 2 - Família BASILE está aqui. A parte 4 - Viagens à terra dos antepassados - Família Gesualdi está aqui A parte 4 - Viagens à terra dos antepassados - Família BASILE está aqui |
Vejamos, pois, inicialmente, uma visão geral da imigração italiana para o Brasil, para o Sul de Minas e especialmente para Águas Virtuosas de Lambari.
Vamos lá.
IMIGRAÇÃO ITALIANA PARA O BRASIL
Como sabemos, migração é a
movimentação de um povo, ou de um grande número de pessoas, para um país diferente, ou a uma região diferente dentro desse mesmo país, geralmente motivada por razões políticas ou econômicas; inclui a imigração (movimento de entrada) e a emigração (movimento de saída). [Dic. Michaelis]
Dentre as causas das migrações, estão as guerras, a fome, o desemprego, as perseguições, decorrentes de transformações políticas, econômicas e demográficas.
Quanto aos movimentos emigratórios da Europa para as Américas, a partir de meados do século XIX, esses tiveram as seguintes causas principais:
A esses fatores, aliaram-se:
Nas décadas finais do século XIX, a Itália se encontrava em grandes dificuldades sócio-econômicas, em razão das lutas internas pela unificação, que duraram 20 anos e só foram encerradas em 1871. Essas dificuldades atingiam principalmente a população mais pobre, que vivia no meio rural, e não conseguia sobreviver nas pequenas propriedades, nem nas cidades, onde os postos de trabalho eram escassos. [3]
A chegada dos italianos (...) Naquela época, na Itália, o mercado de trabalho era difícil e os italianos vinham para a América do Sul onde as oportunidades eram boas. Eles costumavam dizer "vamos fazer a América", uma expressão que ficou muito conhecida. A pátria que os italianos deixavam naquele tempo era resultado da unificação de reinos, ducados e principados independentes, que, lá pelos idos de 1870, fez surgir o Reino da Itália. Nesse Reino, recém-criado, grassava o analfabetismo, o futuro se apresentava obscuro e marcado de incertezas e o desemprego ameaçava por todos os lados. Começa, então, um movimento migratório responsável por um expurgo do território italiano de cerca de vinte milhões de pessoas, no período compreendido entre as últimas décadas do século XIX e as primeiras décadas do século XX. O resultado é que hoje o Brasil tem cerca de 20 milhões de descendentes de italianos. PAULO ROBERTO VIOLA, 2002, p. 63 |
Esse fato e o estímulo dado pelo governo italiano — que precisava combater a fome, o desemprego e tirar o país da terrível recessão em que se encontrava — encaminharam para o Brasil, no período de 1860 a 1930, milhares de trabalhadores italianos, saídos de Vêneto, da Lombardia, da Toscana, do Trentino, em sua maioria, seguidos de pessoas vindas da Campania (Napoli, Caserta), da Calábria (Cosenza, Catanzaro), e por último da Lombardia (Milão, Mantova, Cremona, Bergamo). [2] [4]
Por aquela época, enquanto muitas nações se desenvolviam, novas ideias políticas, movimentos sociais e invenções ocorriam por toda a parte, o Brasil, estagnado, vivia da agricultura de subsistência e da mineração, calcadas sobretudo na mão de obra escrava.
Necessitando crescer e desenvolver, premido pela iminente libertação dos escravos, o Brasil, que expandira sua malha ferroviária a partir de 1870, tinha interesse nessa corrente migratória para fazer crescer a agricultura, ocupar vastas áreas desabitadas e diversificar a economia, então centrada no café e na cana-de-açúcar.
Por essas razões, concedeu auxílio em dinheiro às famílias italianas para despesas da viagem e de instalação no país, tendo em vista política imigratória que visava a atender:
Recorde-se, também, que: Nos anos 80 e 90 do século XIX, estabelece-se no país um sistema organizado pelos fazendeiros para financiar a imigração. Famílias inteiras eram trazidas. Vinham com contrato assinado, povoando as lavouras. As colônias tinham uma média de 1.200 a 1.500 pessoas. Tânia Registro, historiadora [REVIDE, 2018] |
Das massas de imigrantes italianos que chegaram ao Brasil pelos portos do Rio de Janeiro, Santos e Vitória, comerciantes e profissionais especializados foram localizados nos centros urbanos, e agricultores, que eram maioria, vindos da Região Norte da Itália, nas áreas rurais.
A viagem A viagem da Itália para o Brasil durava cerca de trinta dias de navio. O conforto a bordo era quase nenhum. Os porões, que acomodavam passageiros da terceira classe, vinham lotados. A viagem transcorria com grande variação de temperatura, sendo muito calor durante o dia e muito frio à noite, o que gerava grande desconforto aos passageiros. As despedidas dos migrantes eram, via de regra, marcadas por um ambiente soturno, com os portos varados de derradeiros apitos e adeuses, usando a expressão oportuna de um poeta. Após a viagem estafante, os italianos aportavam em território brasileiro exaustos, fazendo baldeação, com descanso em locais próprios, como era o caso da Hospedaria de Imigrantes na Ilha das Flores, no Rio de Janeiro, de onde geralmente partiam de trem, via Cruzeiro, Estado de São Paulo, para o interior, ou ainda para Minas, onde já estavam fixados parentes ou amigos conterrâneos. PAULO ROBERTO VIOLA, 2002, p. 65 |
Imigrantes italianos aguardam embarque para a América. Reprodução. Frame. Fonte: Youtube
Desconforto, fome, calor e frio: a realidade da viagem. Reprodução. Frame. Fonte: Youtube
Desembarque de imigrantes. Porto de Santos (1907). Reprodução. Fonte: Wikipedia
Na região Sul (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná) e no Espírito Santo, estabeleceram-se famílias de colonos na agricultura familiar. No interior de São Paulo, no Vale do Paraíba fluminense e na Zona da Mata mineira trabalhadores braçais (braccanti) [5] foram destinados às fazendas de café. [2]
Note-se, ainda, que houve um pequeno número de imigrantes que chegou ao país disposto a empreender, aplicando economias ou pequeno capital obtido na venda de bens na Itália no comércio, indústria, agricultura ou prestação de serviços.
Hoje em dia, a maior população de oriundi [5] se encontra no Brasil: os ítalo-brasileiros somam cerca de 25 milhões de pessoas, vivendo no Sul e no Sudeste, metade deles situados no Estado de São Paulo [6].
E há também entre nós o Dia do Imigrante Italiano, comemorado em 21 de fevereiro. (Lei nº 11.687, de junho de 2008)
Dificuldades dos imigrantes italianos no Brasil “Os italianos fugiram de uma situação penosa e, aqui, além de terem que lidar com os problemas naturais de adaptação, encontraram uma vida bastante dura. Os fazendeiros ainda estavam acostumados com a mão de obra escrava. Isso desencadeou uma série de desentendimentos, confrontos e até greves. O governo italiano interveio, repatriando alguns imigrantes” Tânia Registro, historiadora [REVIDE, 2018] Se nos finais do século XIX/início do século XX a vida não estava fácil para os italianos em sua terra natal, também foi cheia de dificuldades sua viagem, sua chegada, sua adaptação e as primeiras décadas de sua estada no Brasil. Podemos citar:
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A dura realidade das fazendas de café, onde ex-escravos e imigrantes viviam em péssimas condições de trabalho. Reprodução. Fonte: REVIDE, 2018
America, America, America (Como será essa América?)
"Dedico este filme aos meus antepassados italianos que vieram ao Brasil cheio de sonhos e esperanças, e que, com muito esforço, trabalho e dignidade aqui reconstruíram suas vidas".
RODOLFO FIOCCO
[1] BOTELHO; BRAGA; ANDRADE, 2007.
[2] NICOLI, 2016.
[3] AGÊNCIA SENADO, 2010.
[4] PORTAL ITÁLIA, s/d
[5] Oriundi: Oriundo. Do latim oriundus. Proveniente de; originário de. No caso, significa descendentes de italianos. Braccanti: Trabalhador agrícola geralmente pago por dia (jornaleiro, diarista)
[6] Revista digital "Oriundi". 7 de junho de 2013. Apud: Wikipedia
IMIGRAÇÃO ITALIANA PARA MINAS GERAIS
Em Minas Gerais, os imigrantes que chegavam nos portos do Rio de Janeiro e Vitória eram conduzidos a hospedarias existentes em Belo Horizonte (próxima do Ribeirão Arrudas) e Juiz de Fora (Hospedaria Horta Barbosa).
Hospedaria Horta Barbosa. Juiz de Fora. Início do século XIX. Reprodução
Essa última, destinava-se a receber, dar agasalho e alimentação por até cinco dias, àqueles que haviam se transferido para o Estado e que, do ponto de desembarque, não haviam sido dirigidos para outras hospedarias. [6]
No Estado, foram assentados artesãos e oficiais, e também trabalhadores agrícolas, em diversas cidades, como Belo Horizonte, Itueta, Juiz de Fora, Machado, Campanha, Poços de Caldas, Ponte Nova, Santa Rita do Itueto e São João Del Rey. Muitos desses haviam passado por outros estados brasileiros antes de serem localizados em Minas Gerais. [7]
A maioria dos imigrantes entrados em Minas Gerais foram para fazendas de café ou núcleos coloniais. A Comissão Construtora da Nova Capital os alojou nas colônias que formariam o "cinturão verde" (Barreiro, Carlos Prates, Córrego da Mata [depois chamada Américo Werneck], Afonso Pena, Bias Fortes e Adalberto Ferraz). Esses núcleos coloniais situavam-se no entorno da futura cidade, e visavam ao abastecimento e diversificação da economia. [8]
Planta da nova capital, que antes de Belo Horizonte se chamara Cidade de Minas. Fonte: Comissão Construtora da Nova Capital. Reprodução.Wikipedia
Boa parte daqueles foi assentada na Zona da Mata mineira. De fato, a chegada da malha ferroviária na região, não só facilitou a remessa do café para o Porto do Rio de Janeiro, como levou massas de oriundi para as lavouras de café da então principal zona cafeeira do Estado.
Muitos outros vieram para as lavouras de café do Sul de Minas, e também para os assentamentos agrícolas criados a partir dos anos 1900 (Pouso Alegre [Francisco Sales e Senador José Bento], Ouro Fino [Inconfidentes] e Águas Virtuosas de Lambari [Nova Baden]).
A Comissão Construtora da Nova Capital também contratou imigrantes italianos como operários, para edificação da infraestrutura e dos edifícios públicos. [8]
Os cerca de 50 mil italianos que migraram para Minas Gerais deixaram 1,5 milhão de descendentes, dispersos pelas regiões Sul e Leste, o que corresponde a 7,5% da população do Estado. A maior concentração se dá em Belo Horizonte, Sul do Estado e Zona da Mata. [8] [9].
[6] COMO PESQUISAR SOBRE IMIGRANTES? Site APM - aqui
[7] NICOLI, 2016.
[8] Imigração italiana em Minas Gerais. WIKIPEDIA
[9] RUFFATO, 2016
No início da década de 1860, chegaram a Campanha — município ao qual então pertencia a povoação de Águas Virtuosas (futura Lambari) — os primeiros contingentes de imigrantes italianos da região Sul do Estado, e ali se fixaram.
Campanha, MG, antiga. Reprodução. Wikipedia. Biblioteca Nacional
Vicente Mileo e Alexandre Maiolino foram os primeiros italianos que vieram e se fixaram em Campanha. Vicente Mileo, natural de Sapri (região da Campania, sul da Itália), casou-se com Ana Clara Valim e estabeleceu-se como caldeireiro em 1863. Faleceu no dia 14 de novembro de 1868 e não deixou descendentes. (MILEO, 1970, pág. 113)
Nas décadas seguintes, os que chegaram estimulavam outros patrícios a rumarem para o Sul de Minas Gerais. E muitos vieram, atraídos, inclusive, pela possibilidade de trabalho na construção da estrada de ferro, que viria ligar diversas cidades da região. (MILEO, 1970, p. 110; ; VIOLA, 2002, p. 75)
Imigração para Águas Virtuosas de Lambari
Na década de 1870, João Marçano e em seguida Lucas Zaccaro vieram para Águas Virtuosas de Lambari, sem as respectivas famílias, e aqui se instalaram como comerciantes; alguns anos depois, retornaram a Itália.
Vindo de Campanha, a partir de 1880, um grupo de famílias originárias da mesma região da Campânia — província de Basilicata, cuja capital é Potenza, situada entre as províncias de Nápoles e Calábria — se instalou em Águas Virtuosas e aqui se fixou.
Região da Basilicata, Itália (Reprodução: GoogleMaps)
Quase todos vinham do mesmo paese* e muitos eram parentes próximos. Ordeiros, operosos, respeitosos à lei, esse grupamento de italianos muito contribuiu para o progresso de nossa cidade.
Exerciam ofícios diversos na construção civil (pedreiros, mestre de obras, marceneiros), nas pequenas fábricas (calderarias, olarias, laticínios) e nos serviços em geral (barbeiros, alfaiates, sapateiros), como também atividades no comércio.
Paese [ital.]. sm. 1 aldeia, vilarejo.2 país.3 região, território. (Dic. Michaelis)
Imigração para a Colônia Nova Baden (Lambari)
No início dos anos 1900, quando Américo Werneck era Secretário de Agricultura do Estado de Minas Gerais (setembro de 1898 a fevereiro de 1901), foi criada, em Águas Virtuosas de Lambari, a Colônia de Nova Baden, na qual 160 lotes, com áreas de 4 a 6 alqueires de terra, foram concedidos a colonos austríacos, alemães e italianos
A gleba de terra retalhada em lotes, entregues àquelas famílias, contudo, não conseguiu fixar os beneficiários. Pouco depois lá permanecia reduzido número dos primeiros colonos — a maioria foi tentar a sorte em outros locais ou na zona urbana de Águas Virtuosas.
Inaugurada em 1901, a estação ferroviária de Nova Baden visava a contribuir para o desenvolvimento da colônia agrícola
FAMÍLIAS ITALIANAS QUE VIERAM PARA ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARI
Cerca de 40 famílias italianas imigraram para Águas Virtuosas, quase todas oriundas de Latronico, na província de Basilicata.
Dentre elas, conforme está no livro Subsídios para a história de Lambari (MILEO, 1970), as seguintes:
Basile, Beloni, Bianguli, Biasi, Bongiorni, Bordigoni Carelli, Carlini, Coli, Conti De Capua, De Paula, Dieco, Dotti Eoli Franceschi Gentili, Gesualdi, Giacoia, Giovanini, Gonelli, Grandinetti, Greco, Gregatti Ieno, Ielpo Lamberti, Léo, Lofiego, Lorenzo Magaldi, Maglioni, Mandarano, Manes, Marzano, Metidieri, Mileo Negri Papaléo, Papandréia, Patia, Pestile, Plantuli, Ponzo Raimundi, Rambaldi, Rosatti Santoro, Serruti, Sgarbi, Sinforoso, Silvestrini Tucci Viola (*) Os Biasi vieram de Campobasso; os Gentili, de Massa; os Pestile, de Nápoles; os Giovanini, de Badia de Tedalda, província de Arezzo; os Rosatti de Cantiano, em Marche. Fonte: JOSÉ NICOLAU MILEO, 1970, págs. 107 a 114; |
Antigo postal de Latronico (Italia). Fonte: Facebook/Madalena Viola (cujos avós são naturais dessa cidade)
Mais sobre Latronico antigo:
O escritor mineiro Luiz Ruffato, descendente de italianos e natural de Cataguases, no artigo Os italianos invisíveis de Minas Gerais diz que
Os imigrantes italianos, além do idioma, substituiram hábitos alimentares e comportamentos, e nem mesmo os sobrenomes conseguiram manter: na hora de proceder ao registro dos descendentes, os escrivães, sem entender direito o português estropiado, anotavam o que lhes parecia ter um som assemelhado ao ouvido, que o imigrante, analfabeto, não conferia. (RUFFATO, 2012).
Assim é que nos sobrenomes dos oriundi de Águas Virtuosas vamos encontrar, por exemplo: Biasi por Biaso; Beloni por Belone; Gentili por Gentil, Mitidieri por Metidiéro, Marzano por Marçano, Rosati por Rosatti, etc.
Veja abaixo alguns imigrantes italianos que vieram para Águas Virtuosas de Lambari nos finais século XIX-início do século XX:
Francesca Bordigoni e Giuseppe Gentili, meus bisavós italianos, que vieram de Massa
Vicente Gesualdi e famíliares. Vicente nasceu em Latronico (Basilicata, Itália), e veio para Águas Virtuosas em 1893, com apenas 10 anos. Depois, em 1914, mudou-se para Itajubá (MG). Era irmão de Annunciatto Gesualdi
Família Viola: Vicente, Salvador, Carlos, Manoel e Luis. Todos oriundos de Latronico (Basilicata, Itália).
Francesco Basile (sentado). Natural de Latronico (Basilicata, Itália). Chegou em Águas Virtuosas de Lambari em 1877
Ao lado do Francesco, sentado, seu filho mais velho: Miguel. De pé atras do Francesco e Miguel, seu filho mais novo Reynaldo Basile.
Conta Paulo Roberto Viola, filho de Paulo Grandinetti Viola e neto de Salvador Viola, a seguinte história:
Foi através do Tio Manoel que os irmãos Viola vieram para o Brasil. Um dia, o tio Vicente contou a papai que o tio Manoel tivera um entrevero com um fiscal que fora fiscalizar a casa comercial que seu pai tinha em Latronico. Esse fiscal destratara seu Paolo e tio Manoel furiosamente defendeu a honra do pai. Após esse incidente, Tio Manoel deixou a Itália e foi para Águas Virtuosas, a convite do tio Rosário Mileo. PAULO ROBERTO VIOLA, 2002, p. 75 |
Conheça a história da Rua dos Italianos, em Lambari, MG:
Nos anos 1890, várias famílias de italianos estavam fixadas na Rua Camilo Fraga. Na eleição realizada em 15 de novembro de 1894, se decidiu pelo voto dos eleitores italianos — cerca de 30 imigrantes que aqui residiam.
Esses votos ajudaram na eleição do grupo político liderado por Garção Stockler e João Bráulio Júnior, que homenagearam a colônia de imigrantes dando o nome de Rua dos Italianos à antiga Camilo Fraga. Essa circunstância atraiu para aquela rua diversas outras famílias de origem italiana, que residiam em pontos diferentes da povoação.
Em Águas Virtuosas, as famílias italianas que vieram no final dos anos 1800, início dos 1900, exerceram, em sua maioria, ofícios da área urbana. Eram pedreiros, marceneiros, pintores, ferreiros, caldeireiros, padeiros, queijeiros, alfaiates (havia também mulheres costureiras), sapateiros (consertos e fabricação de calçados).
Outros dedicaram-se ao comércio, com casas de tecidos, gêneros alimentícios, padaria, açougue, sapataria e alfaiataria. Muitos se empregaram como artífices, comerciários e operários nas oficinas da estrada de ferro. (MILEO, 1970, págs. 111, 112 e 124)
Poucas famílias, como os GENTILI (Gentil), foram para a agricultura, formando grandes hortas na periferia da povoação. Outras, como os SILVESTRINI, antes de fundarem indústrias de laticínios, exploraram olarias, em Nova Baden.
Das família italianas que vieram para a colônia agrícola de Nova Baden, poucas se fixaram na atividade de agricultura.
Veja estes posts:
Construtores
No período entre 1890-1900, imigrantes italianos participaram ativamente da construção da nova capital de Minas Gerais, como vimos acima.
Em Águas Virtuosas de Lambari, também vamos encontrar imigrantes italianos na construção civil, atuando como mestres de obras, pedreiros e carpinteiros.
Francisco Grandinetti fazia parte da grande família italiana que veio para Águas Virtuosas de Lambari, no final do Século XIX. Como se vê acima, os profissionais com os quais trabalhava também eram italianos.
Marceneiros
Altar de madeira da antiga matriz de N. S. da Saúde. Obra dos Raimundi
O descendente de italianos, José Raimundi, marceneiro de profissão, foi, na verdade, um artista e engenheiro nato, tendo deixado também esculturas e pinturas a óleo. Entre suas obras estão a construção da piscina do Hotel Imperial e da Igreja Presbiteriana de Lambari.
Laticínios Silvestrini e o Catupiry®
Conheça a história da família Silvestrini, que imigrou para Águas Virtuosas em 1896, e aqui criou os Laticínios Silvestrini e o famoso Catupiry®
Indústrias ABI
A história da Família BIASO e das Indústrias ABI começa com a chegada, em 1890, do patriarca Francesco de Biase, nascido em 1863, em Vinchiaturo, região do Molise, província de Campobasso.
Em 1895, Francesco casou-se com Maria Paschoalina Miléo, também italiana, oriunda da Brasilicata. Dessa união nasceram 8 filhos: Annunciato, Maria, Miguel, Luiz, Tereza, Egídio, Ângelo e Antônio, tendo a família adotado o sobrenome BIASO.
Francesco trabalhou como caldeireiro e funileiro e iniciou os filhos na profissão. Em 1913, contava Annunciato com 18 anos quando, em conjunto com seus irmãos Miguel e Luiz, fundou a ABI - Annunciato Biaso Irmãos S/A, uma fábrica de latões para leite.
Como dissemos, somos o país com o maior número de descendentes de imigrantes italianos e, claro, isso faz do Brasil uma terra que muito se enriqueceu daquela cultura.
De fato, vamos encontrar elementos itálicos nos costumes, nas danças, nas festas, nas comidas típicas, na bebida, na fala e escrita, nas técnicas agrícolas, na fabricação de artefatos, nos empreendimentos.
Eis uma pequena lista:
Fontes: NICOLI, 2016
Sites: https://www.superprof.com.br/blog/influencia-italiana-br/ e https://www.revide.com.br/editorias/especial/heranca-italiana/
Veja este post do blog Anita Plural:
Doces e laticínios típicos de Águas Virtuosas
Em Águas Virtuosas de Lambari vamos encontrar traços dessa herança gastronômica também.
Quem não se lembra do pão italiano do Padaria do Juca? Ou dos pães da Padaria do Walter Raimundi?
Recorde estes outros exemplos da tradição italiana em Lambari:
[Infelizmente, essa fábrica não existe mais.]
[Infelizmente, esse laticínio não existe mais.]
Literatura de influência italiana
Na literatura brasileira há também fortes traços da imigração italiana, que que deu origem a alguns clássicos, como estes:
Publicado em 1927, pelo cronista e contista António de Alcântara Machado, o livro, composto por onze contos, trata do tema da imigração italiana e a primeira geração de ítalo-brasileiros em ascensão na capital paulista.
Publicada em 1979, por Zélia Gattai, escritora ítalo-brasileira casada com Jorge Amado, esta obra rememora episódios da infância e adolescência da autora: fatos verídicos de sua família italiana, a partir de 1910, na mudança para São Paulo e sua adaptação à capital.
De 1985, essa obra do escritor ítalo-brasileiro José Clemente Pozenato trata-se de um romance, cuja história se passa em Caxias do Sul (1908-1930), retratando a paixão de dois jovens casais de imigrantes italianos, num ambiente rural rústico, de acentuada influência religiosa.
Abaixo, o registro do encontro de descendentes de famílias italianas, momentos de recordações, emoções, cultura, estreitamento de laços familiares — e muita comida típica.
Confira.
Encontro da Família Marra - Lambari 2014
Este é o Encontro da Família Marra, em Lambari, 2014. O sobrenome Marra é italiano e este encontro anual, com muitas poesias, músicas, histórias e emoções, bem ao estilo de "una famiglia ítalo-brasiliana", renova e fortifica os laços familiares.
Encontro das Famílias Lorenzo e Gesualdi
Encontro promovido por descendentes das famílias Lorenzo e Gesualdi, ocorrido em 2015, procura resgatar e valorizar a ancestralidade. Veja reportagem no site:
PESQUISA SOBRE A IMIGRAÇÃO ITALIANA
Abaixo, o resultado de uma breve pesquisa sobre o tema "imigração italiana".
Confira:
Alguns site relacionados à imigração italiana para o Brasil:
Fotos sobre a emigração italiana
MEI - Museo Nazionale dell’Emigrazione Italiana
https://www.romapravoce.com/museu-imigracao-italiana-roma/
E-book sobre a imigração italiana
https://www.asei.eu/it/wp-content/uploads/2010/05/guidaemigrazione_OCW.pdf
Neste tópico vão informações sobre a obtenção cidadania italiana, por parte de brasileiros descendentes de italianos.
Note-se que o grande interesse na obtenção da dupla nacionalidade e do passaporte europeu tem ocasionado algumas situações problemáticas, quando não são tomados certos cuidados quanto aos procedimentos legais e/ou aos prestadores de serviços dessa natureza.
Veja-se:
Desse modo, advirta-se que a pesquisa que vai abaixo foi feita na internet, via Google, e não conhecemos a qualidade ou a seriedade dos serviços anunciados.
E, por fim, registre-se que este site
apenas compartilha gratuitamente informações e notícias históricas sobre a imigração de italianos para a cidade de Lambari, MG (antiga Águas Virtuosas de Lambari).
Em linhas gerais, informa o site http://www.cidadaniaitaliana.com.br/, todo aquele que for descendente de italianos pode ter direito à cidadania italiana, mas existem algumas limitações quanto a transmissão pela linha materna.
Veja:
Referências:
http://www.cidadaniaitaliana.com.br/info.htm
http://duplacidadania.com.br/italiana/passo-a-passo/
Sites de pesquisa da descendência italiana
http://www.buscanaitalia.com.br/
http://www.caminhosdaitalia.com.br/genealogia.html?id=72
Este site lista diversos sites públicos no Brasil que possibilitam pesquisas sobre a vinda de emigrantes ao Brasil
http://www.imigrantesitalianos.com.br/
CONTE AS HISTÓRIAS DOS SEUS BISAVÓS ITALIANOS
No site do Museu da Imigração do Estado de São Paulo é possivel postar histórias de família e fotografia dos nonni, por meio do Facebook ou Instagran.
Confira:
QUEM VAI CONTAR AS PEQUENAS HISTÓRIAS?
A vida não é a que a gente viveu, e sim a que a gente recorda, e como recorda para contá-la.
GABRIEL GARCIA MARQUEZ
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Não existe rua com pedras mudas nem casa sem ecos.
GÓNGORA
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A gente descobre que o tamanho das coisas há de ser medido pela intimidade que temos com as coisas (...) Assim, as pedrinhas do nosso quintal são sempre maiores do que as outras pedras do mundo. Justo pelo motivo da intimidade.
MANOEL DE BARROS
A mensagem inicial deste site GUIMAGUINHAS (aqui), — espaço eletrônico no qual venho contando minhas histórias e histórias de Aguinhas — intitula-se: E quem vai narrar as pequenas histórias? (transcrita logo abaixo).
Isso porque acreditamos que todos nós podemos (e devemos) contar as pequenas histórias dos nossos verdes (ou em amadurecimento) anos e os fatos e os modos de dizer e viver da parentalha.
É uma maneira prazerosa de guardar e reverenciar a memória dos ascendentes e deixar aos descendentes as narrativas que vão fortalecer os laços familiares e ser-lhes útil ao crescimento emocional, pessoal e espiritual.
Pois bem, caro visitante, você que é de Águas Virtuosas de Lambari, ou tem parentesco com imigrantes ou outras pessoas que ajudaram a construir esta cidade, conte também uma história que possamos publicar aqui neste espaço.
Ou envie fotos que ilustrem as narrativas que disponibilizamos aqui; ou complemente informações; ou corrija algum equívoco que tenhamos cometido.
O que nos move é compartilhar fatos, fotos e histórias da nossa gente.
Ficaremos agradecidos e enriqueceremos o acervo das memórias e histórias de nossa cidade.
Saudações,
Antônio Carlos Guimarães - Guima de Aguinhas (Guimaguinhas)
Meu avô Zé Batista, que chamávamos de Pai Véio (pai mais velho), contador de histórias e inspirador deste site
E quem vai narrar as pequenas histórias?
Cara(o) visitante, Quem vai escrever as pequenas histórias, os fatos da parentalha, os causos e os modos de dizer da nossa gente, os acontecidos de Aguinhas? Quem vai recolher os caquinhos da memória, a lembrança das pequenas coisas que todo mundo esqueceu? Quem vai dar voz aos nossos antepassados? Quem vai se lembrar daqueles que não têm história pra contar? Quem vai contar nossa luta, nossa vivência, nossa terra, nossos amores, nossa sorte, nossos azares?
Guima, de Aguinhas, março de 2013. |
Obras sobre imigração italiana para o Sul de Minas
Bibliografia deste post
Ilustração: Ângelo Silvestrini, a esposa Luíza e uma neta.
Nesta série FAMÍLIAS PIONEIRAS DE AGUINHAS, vamos apresentar pequeno histórico de antigas famílias que se instalaram em ÁGUAS VIRTUOSAS DO LAMBARY no decorrer do século XIX, deixando aqui descendentes, edificações, empreendimentos, traços culturais — e histórias, muitas histórias...
Falaremos de algumas famílias mais antigas, que chegaram à vila de Águas Virtuosas na primeira metade do século XIX — elementos paulistas, fluminenses e mineiros que haviam povoado Campanha e municípios circunvizinhos. [1] Entre elas, as famílias: Alves, Assis, Bibiano, Carvalho, Chaves, Cunha, Dias, Espírito Santo, Fernandes, Ferreira, Gama, Lima, Magalhães, Mendes, Lobo, Machado, Nascimento, Ribeiro, Santos, Silva, Souza, Teixeira
Falaremos, também, de famílias de imigrantes que chegaram nas décadas finais do século XIX, como as italianas (entre elas: Biaso, Beloni, Bongiorni, Bianguli, Conti, Carlini, Gentil, Gesualdi, Gregatti, Metidieri, Raimundi, Rosatti, Sgarbi, Tucci, Viola), as libanesas (Bacha) e as portuguesas (entre elas: Cardoso, Machado, Geraldes, Moreira, Duarte, Gonçalves, Pereira, Pinto, Rodrigues, Tavares).
E não nos esqueceremos das famílias africanas, que a escravidão trouxe ao Brasil, e que deram ao país, ao Sul de Minas e a Águas Virtuosas a força de trabalho, a tradição religiosa, a musicalidade, o desempenho nos esportes tão característico desse povo.
Famílias essas algumas das quais fizeram parte da minha infância no bairro Vila Nova (onde nasci e vivi até os meus 8 anos) ou no futebol, entre elas, os Souza, os Silva, os Marciano, os Dantas.
Veja estes posts:
Entre elas, pessoas raras e encantadoras, como tia Ia, com seus 108 anos! — um ícone da raça, religiosidade e cultura negras em nossa cidade. (veja aqui)
(Fonte: Jornal Serra das Águas - Josy Astério)
Pois bem, começaremos a Série pela família SILVESTRINI, que ao lado de inúmeros imigrantes italianos chegaram a Águas Virtuosas de Lambari a partir dos anos 1860 e participaram da fundação e do desenvolvimento de nossa cidade (aqui).
Vamos lá.
Em 1896, chega ao Brasil o imigrante italiano DOMÊNICO SILVESTRINI e sua mulher EDWIGE POGGI SILVESTRINI. Com eles vieram 4 filhos:
A família se radicou em Lambari e inicialmente trabalhavam como oleiros.
O primeiro neto de DOMÊNICO nasce em Lambari em 1901 e recebe o nome de PEDRO, em homenagem ao bisavô materno PIETRO POGGI.
Por essa época, a família se muda para o bairro rural de Nova Baden, montando ali uma olaria e uma pequena venda em frente de sua casa, na qual vendiam mantimentos, carne de porco, pão italiano, etc.
Algum tempo depois, DOMÊNICO, já muito velho, delega os negócios para o primogênito ÂNGELO.
Família Silvestrini: Ao centro, sentado, ÂNGELO SILVESTRINI. Em pé: à esquerda, ONÉSIMO e PEDRO; à direita, DOMINGOS. As crianças: Carlos, Ângelo, Luíza e Maria Aparecida.
Com as uniões, a família foi crescendo:
Esses dois últimos eram filhos de JOAQUIM MANOEL DE MELLO, fundador do Hotel Mello (aqui)
Além do filho PEDRO, ÂNGELO e LUÍZA ainda tiveram três outros: MADALENA, DOMINGOS e ONÉSIMO, todos eles criados em NOVA BADEN, até 1911, quando a família voltou para a cidade.
Orestes Mello e Zulmira Mello
OS PRIMEIROS NEGÓCIOS DA FAMÍLIA
Em Nova Baden, os Silvestrini fundam uma olaria e uma pequena venda.
Almanak Laemmert - Ano 1915 n. 71 (Reprodução)
Antijo tijolo fabricado em Nova Baden (NB) por DS (Domênico Silvestrini)
Mais à frente, as irmãs ZAÍRA e ÂNGELA se estabelecem com uma lavanderia e engomadoria, prestando serviços principalmente aos veranistas que frequentavam Lambari para tratamento de saúde, fazendo uso das águas minerais.
Engomavam com tamanha perfeição que suas freguesas costumavam mandar roupas do Rio e São Paulo para aqui lavadas e engomadas pelas duas irmãs.
Chegaram mesmo a abrir uma filial no Rio de Janeiro:
As Irmãs Silvestrini, de Águas Virtuosas, anunciam que se estabeleceram com serviços de lavanderia e engomadoria, no Rio de Janeiro, na Av. Mem de Sá (Lapa), em 1912
A FUNDAÇÃO DOS LATICÍNIOS SILVESTRINI
Por essa época, MÁRIO e ONÉSIMO fundam uma modesta fábrica de laticínios, na qual fabricavam pequena quantidade de queijos e manteiga.
À medida que a manteiga foi sendo aceita no mercado, em razão de sua qualidade e sabor, à sociedade de MÁRIO e ONÉSIMO incorporou-se ÂNGELO, e os três passaram a diversificar a produção de queijos.
As instalações dos Laticínios Silvestrini em Lambari situavam-se atrás do atual Posto Gregatti. Na foto, vê-se uma ponte sobre o Rio Mumbuca e ao fundo o Colégio Santa Terezinha (destruído por um incêndio em 1987 - aqui)
Exposição Nacional de Leite e Derivados, ocorrida no Rio de Janeiro, em novembro de 1925. No centro da foto, Pedro Silvestrini - (Reprodução: Revista Vida Doméstica, novembro de 1925)
Narra a tradição que o Catupiry® foi criado por Mário e Isaíra Silvestrini, em 1911, aqui em Águas Virtuosas.
A marca Catupiry© está entre as marcas antigas mais valorizadas do Brasil.
Conforme está no livro Marcas de valor no mercado brasileiro (Anna Accioly, Joaquim Marçal F. de Andrade, Lula Vieira e Rafael Cardoso. Editora Senac, RJ, 2000). Reprodução. Prateleira da memória. Veja 12, fev, 2001 (*)
Inscrição em antiga embalagem do Catupiry®
OS LATICÍNIOS SILVESTRE MUDAM-SE PARA SÃO LOURENÇO
Em 1928, à vista de problemas políticos locais, ausência de estímulos fiscais e dificuldades para o crescimento, os Silvestrini decidiram mudar a empresa para São Lourenço.
Incentivos dados pela prefeitura de São Lourenço, como isenção de impostos por 10 anos e cessão de terreno ao lado da estação ferroviária, o que facilitaria o transporte de leite e creme, que era feito por via férrea, foram decisivos para a tomada da decisão.
Ao fundo, à direita, as instalações dos Laticínios Silvestrini, em São Lourenço, em 1934
A partir de então, os LATICÍNIOS SILVESTRINI começam a crescer, graças ao árduo trabalho de ÂNGELO, de seu filho mais velho PEDRO e de MÁRIO.
MÁRIO SILVESTRINI, algum tempo depois, vende sua parte para o sobrinho PEDRO e parte para a cidade de SÃO PAULO, onde fundou um laticínio, e solidificou a marca CATUPIRY®.
De fato, em agosto de 1936, dá-se o registro da marca, sob o número 47449.
A industrialização do produto, que havia começado em São Lourenço, Minas Gerais, passou a ser feita em São Paulo somente em 1949, fato que impulsionou definitivamente os negócios.
Distribuição do Catupiry® em São Paulo - Anos 1940 - [Reprodução]
ÂNGELO e PEDRO continuaram em São Lourenço, trabalhando intensamente para o crescimento da empresa, já então como o nome de fantasia de MIRAMAR.
Dessa empresa, surgiu o requeijão CREMELINO©.
Reprodução. Correio da Manhã, 25, jun, 1947
Embalagem do Cremelino® [Reprodução]
ÍNDICE DA SÉRIE FAMÍLIAS PIONEIRAS DE AGUINHAS
Nota: Agradecemos a colaboração da sra. Luíza Silvestrini da Cruz, filha de Pedro Silvestrini e Zilda Almeida Silvestrini, pelas informações prestadas e cessão de fotos utilizadas neste post.
Ilustração: Montagem com as capas dos livros: Manuelzão e Miguelin, Menino do Engenho, Meu pé de laranja lima, Menino no espelho, Uma vida em segredo e Por onde andou meu coração, superposta com capas dos livros Guia prático de criação literária, Os segredos da ficção, Uma poética do romance, cujos autores são mencionados no post, tendo ao centro a capa de Menino-Serelepe, deste autor.
A vida de um menino é bem a vida de todos os meninos...
Foi Rodrigo Octavio, advogado, membro da Academia Brasileira de Letras e depois Ministro do STF, quem deu ao seu livro de memórias o título de Minhas memórias dos outros:
Pois bem, tomamos emprestado a Rodrigo Otávio o título acima, adaptando-o para esta Série:
MINHAS RECORDAÇÕES DA INFÂNCIA DOS OUTROS |
Nela, conto sobre o meu interesse por literatura, os passos na aprendizagem de redação de textos ficcionais, os livros que li e a biblioteca que formei, o processo de escritura do meu livro de memórias, e também comento passagens de livros de memórias de infância e juventude de vários autores, que me ajudaram a compor o MENINO-SERELEPE - Um antigo menino levado contando vantagem, meu livro de estreia. (Veja aqui)
Dou início à Série explicando como tive de muito ler e escrever, antes de aprender (solitariamente, por ensaio e erro) a contar.
Isso atende a pedidos de amigos e leitores que querem conhecer minha modesta experiência como autor, mas sobretudo está endereçado aos meus/minhas netos e netas, numa tentativa de retribuir a inspiração que recebi de José Batista Guimarães, meu avô paterno, contador de histórias.
Vamos lá.
Rodrigo Octavio foi advogado de Américo Werneck no conhecido caso Minas x Werneck, atuando contra o Estado de Minas e seu grande advogado Rui Barbosa.
Confira aqui
No livro acima, ele dedica belas páginas a Rui Barbosa e fala também
dos motivos de algumas zangas de Rui contra ele.
LER E ESCREVER PARA APRENDER A CONTAR
O livro MENINO-SERELEPE está ligado a um antigo desejo de narrar os modos e os causos da parentalha. Nesse livro, adotei um narrador menino, que, ao seu jeito, vê e expõe as coisas, fazendo confidências e contando histórias da infância. Fui um modo de resgatar o mundo em que nasci e no qual fui criado. A maneira que encontrei para registrar e fixar os costumes, a cultura, a fé religiosa e o modo de falar das pessoas com quem convivi.
ANTÔNIO CARLOS GUIMARÃES. Entrevista
Como anotei no início do livro Menino-Serelepe, escrever sobre os causos e modos da parentalha foi um sonho que acalentara desde a juventude. E conquanto não tivesse feito anteriormente nenhum registro dos casos que narro no meu livro de memórias, de outros acontecidos familiares e das histórias de meus avós, os fatos e narrativas mais significativos sempre estiveram na minha tela mental.
Mas vejamos em rápidas pinceladas como tive de ler e escrever, antes de aprender a contar.
Foi assim:
Antes de tomar a iniciativa de escrever as memórias, eu tentava compor uns tais Continhos de Aguinhas, pequenos episódios da terra natal e recontar histórias e causos do meu avô, e de minhas avós e tios.
Para isso, eu havia (re)estudado gramática, relido romances e adquirido livros de contos e narrativas de sabor antigo.
O que são as HISTÓRIAS DE AGUINHAS?
...afinal de contas, essa história de Aguinhas,
escrever causos, falar da família, tudo isso
é invenção dele mesmo [do meu avô].
(Menino-Serelepe. A última do Pai Véio)
As Histórias de Aguinhas são uma série de textos sobre a memória familiar e de minha cidade natal — Águas Virtuosas de Lambari —, que venho escrevendo nos últimos anos, inspirados em meu avô paterno — José Batista Guimarães — a quem chamávamos de Pai Véio (pai mais velho).
Muitos textos iniciais dessa série constituem ideias e ensaios ainda inéditos, que talvez um dia eu publique, como Prosório do Pai Véio, Os Fifosenses e Pai Véio, um contador de histórias.
Aliás, um trechinho desses ensaios eu transformei num capítulo do livro Menino-Serelepe.
E um dos continhos, foi reescrito para compor capítulo do meu livro Os Curadores do Senhor.
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Para entender a origem das Histórias de Aguinhas, veja:
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Depois, comecei a rabiscar umas historinhas, os supostos contos que um dia tomariam forma, eu pensava, ao tempo que lia novos romances, contos e narrativas sobre memórias de infância/juventude.
Foi nesse contexto que fui mentando o Menino-Serelepe. Fiz, então, uma linha do tempo com os eventos que tinha em mente e passei a conversar com familiares sobre a ideia do livro e comentar os causos e modos de que me recordava. E fui anotando nomes de pessoas (e das coisas), impressões, detalhes e expressões que o tempo em mim esmaecera, mas cuja memória estava viva nas pessoas mais velhas de minha família.
Aí foi preciso aprender a contar, isto é, aprender a escrever narrativas ficcionais. E, autodidata na espécie, fui à cata de livros técnicos de composição literária, leitura indispensável para compor textos daquela natureza.
Para complementar este tópico, veja os itens abaixo.
Entrevista do autor de Menino-Serelepe
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Antônio Lobo Guimarães é pseudônimo literário adotado por Antônio Carlos Guimarães, na composição de suas Histórias de Aguinhas.
O que levou você a criar um pseudônimo?
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LIVROS INSPIRADORES — E OUTROS ENCORAJADORES
Meu Deus! Que é isto? Que emoção a minha/ Quando estas coisas tão singelas narro?)
B. LOPES. No poema Berço.
.......................................................................
Daí (...) o título, alongado no adjetivo justo, que lhe vai como uma luva, na qualificação destas histórias...
HERBERTO SALES. Os mais belos contos da eterna infância. Antologia de Temas da Infância. Prefácio. Ediouro, RJ
A ideia de escrever as memórias da infância esteve comigo desde a juventude, como disse acima e havia prometido a Celeste Emília, minha mulher, "aos dezoito anos, no primeiro dia de namoro, no banco da Fonte."
E muitos livros me ajudaram nessa tarefa, especialmente os que refiro a seguir.
Entre os livros inspiradores que li, e outros que reli, que me puseram a sonhar com a feitura do meu, estavam:
A partir dessas leituras, pontuei os principais eventos da minha história numa linha do tempo e anotei alguns lembretes para desenvolver a redação.
E aí cheguei a um ponto chave no processo de escritura: a voz narrativa. Esse é um impasse comum ao autodidata, que não tem ideia de sua dificuldade e importância, e eu fiquei muito inseguro, e não conseguia dar os passos seguintes.
Então, fuçei aqui e ali, e fiz uma grande descoberta: O Ateneu, de Raul Pompéia, e Matéria e forma narrativa d'O Ateneu, de José Lópes Heredia. Como complemento, li também Falange Gloriosa, de Godofredo Rangel.
Esses últimos livros me levaram a manuais de iniciação, criação e redação literária, como os seguintes, que li com certo método:
E, claro, li também o inexcedível Retrato do artista quando jovem, de Joyce.
"Ninguém deve escrever sem ter lido Madame Bovary" Eu havia lido em algum lugar um autor cubano (acho que foi Reinaldo Arenas) dizer da importância de Madame Bovary para sua formação literária. Então, comprei o livro, passei os olhos, saltando as páginas, mas o deixei de lado, pois, sem formação literária, o vi como um romance qualquer. Ledo engano! — diriam os antigos. Mas quando caiu-me às mãos A orgia perpétua - Flaubert e Madamente Bovary, de Vargas Llosa, devorei o livro e li avidamente Madame Bovary, na tradução de Fúlvia Moretto, pela Nova Alexandria.
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Então, fui avançando na escritura do Menino-Serelepe, trabalhando o texto, inserindo pequenas particularidades, expressões, reescrevendo muito, até que montei uma boneca do livro, para ter uma amostra da obra pronta.
Foi aí que me embatuquei, novamente, com a tais vozes da narração!
O texto misturava vozes e estilos — ora narrava em primeira pessoa, ora descrevia em terceira, ora dialogava em meio à narrativa —, a marcação das conversas soava estranha, a redação parecia infantilizada, o português ressumava canhestro — mil defeitos saltavam aos olhos do autor-leitor inexperiente.
E nesse ponto, eu que não recebera nenhuma carta de Mário, fui salvo, não por suas magníficas orientações, mas pelos seus Contos Novos: a fala cotidiana, a singeleza da forma, a vivacidade de sua prosa — estava tudo ali, naquela aula prática de gramatiquinha da fala brasileira, o encorajamento de que precisava este autor implume e desajeitado.
Revi tudo que escrevera e com uma versão para (re)leitura/revisão pronta passei a minuta a parentes e amigos, para colher impressões, correções, sugestões. Mais revisões e ajustes, e o livro ficou pronto. Entreguei a última versão a um diagramador profissional e imprimi o livro à conta de autor.
Eis um resumo da aventura de solitariamente se escrever e editar um livro de memórias.
ESBOÇO LITERÁRIO DE O MENINO-SERELEPE
Vocês, criados em cidade grande, não se espantem com esse jeito de nossa infância do interior.
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE. No conto A salvação da alma.
Abaixo, vão traços dos principais aspectos da construção literária, do tema, da prosa e dos destinatários de O MENINO-SERELEPE.
Confira:
Prefácio do livro MENINO-SERELEPE
O primeiro texto resume a intenção do autor com o seu livro de memórias. O segundo, refere alguns artifícios da criação literária.
Confira:
Também nos divertíamos muito, lembrando ditos, expressões e trovas populares, além de colecionar palavras em desuso na língua, catadas tanto aos clássicos como aos matutos do Sul de Minas Gerais.
Do livro inédito: Pai Véio, um contador de histórias, de Antônio Lobo Guimarães
Como fiz uso de inúmeros ditos, expressões e palavras antigas na redação de o Menino-Serelepe, resolvi incluir no livro um vocabulário, que somou quase quinhentas entradas.
Veja:
Confira aqui
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DESTE POST
- Menino-Serelepe - Um antigo menino levado contando vantagem. Antônio Lobo Guimarães. Edição do Autor, 2009
- Os meninos crescem. Domingos Pellegrini. Busca Vida, 1987
- Minhas memórias dos outros. Rodrigo Octavio. Civilização Brasileira/MEC, 1979
- Retrato do artista quando jovem. James Joyce. Ediouro, s/d
LIVROS QUE SERÃO COMENTADOS NESTA SÉRIE
Abaixo vai uma lista de livros que vamos comentar nesta Série.
São livros que li, alguns com mais vagar, outros apressadamente, mas todos eles me ajudaram/ajudam a escrever e me encorajaram/encorajam a publicar.
Muitos trazem títulos sugestivos, como:
Confira a seguir.
Além dos livros mencionados acima, há estes outros muito interessantes para os que pretendem escrever memórias e ficção:
LIVROS TÉCNICOS SOBRE O FAZER LITERÁRIO
Alguns livros conhecidos e acessíveis sobre o fazer literário:
FORMAÇÃO DA BIBLIOTECA DE UM LEITOR-AUTOR APRENDIZ
Esse tópico vou desenvolver em post futuro.
Nele vou contar a experiência na formação de minha biblioteca — que tem de tudo um pouco, mas tem uma quantidade razoável de contos, romances e livros técnicos: clássicos brasileiros e estrangeiros, coletâneas de contos, livros infantis, manuais de literatura, crônicas literárias, entrevistas de autores/escritores, dicionários, etc.
Há um capítulo do livro Menino-Serelepe que pretendo transformar num livro juvenil. Trata-se de A Guerra das Espingardinhas, que transcrevo mais abaixo, uma narrativa romanceada de uma divertida brincadeira de minha infância.
Adotei como narradora uma menina: MARIA BELA CAMARINHO, nome esse inspirado em minhas netas Maria Elisa e Isabela.
Eis alguns livros que estão me servindo de inspiração para recriação dessa história:
Veja o rascunho da capa e da apresentação do livro A Guerra das Espingardinhas - Uma aventura de antigamente:
Capa provisória. Com ilustração feita pelo brasileiro Henrique Alvim Corrêa (1876-1910) para o livro A Guerra dos Mundos, de H. G. Wells, edição de 1906
Neste livro, o autor faz uso de um recurso narrativo à la Gertrude Stein, falando de si mesmo e de suas brincadeiras de criança por meio de uma narradora-menina, arteira como Pélica, geniosa como Emília, mordaz como Morley, que conta as aventuras na primeira pessoa, de forma alegre, dinâmica, numa linguagem cheia de sentenças terminantes, ditos curiosos e frases e expressões costuradas por hifens, muitos deles correntes na língua e outros criados por ela mesmo. Texto extraído da orelha do livro A GUERRA DAS ESPINGARDINHAS |
Veja também
Pequenos trechos do livro A guerra das espingardinhas podem ser vistos nestes links:
A Guerra das Espingardinhas
Hoje em dia, as crianças não brincam mais de armas de brinquedo, e está mesmo interditada a fabricação, importação circulação de brinquedos, réplicas e simulacros de armas de fogo, que com estas se possam confundir.
Muitos pais e educadores, de outro lado, também têm orientado as crianças a não fazer uso de armas de brinquedo. Isso de fato constitui um avanço nos costumes e na formação das crianças, em face de um mundo violento e conturbado.
Mas no meu tempo de criança, nos anos 1960, a gente brincava. Mais do que isso: nós mesmos construíamos nossas "armas" e nos divertíamos a valer.
Confira a história abaixo, contada no livro Menino-Serelepe:
O livro Menino-Serelepe - Um antigo menino levado contando vantagem é uma ficção baseada em fatos reais da vida do autor, numa cidadezinha do interior de Minas Gerais, nos anos 1960.
O livro é de autoria de Antônio Lobo Guimarães, pseudônimo com que Antônio Carlos Guimarães (Guima, de Aguinhas) assina a série MEMÓRIAS DE AGUINHAS.
Para saber mais sobre MENINO-SERELEPE e outros livros do autor, veja acima o tópico Livros à Venda.
Ilustração: Ducha. Pintura 40x50. Jonas Lemes. Reprodução. Fonte: artmajeur.com/jonaslemes
Nesta série Pinturas e Pintores de Aguinhas estamos lembrando alguns pintores e pinturas de Águas Virtuosas de Lambari.
Já vimos o post sobre o Farol do Lago (aqui), o Cassino de Lambari (aqui), as obras de artista José Raimundi (aqui), e hoje focalizaremos as obras do artista plástico cambuquirense: Jonas Lemes.
Vamos lá!
Jonas Lemes nasceu Joaquim Jonas Mendes Lemes, em Cambuquira, Minas Gerais, em 1964, residindo atualmente em São Lourenço, MG.
Reprodução. Fonte: site: www.al.sp.gov.br
Artista plástico autodidata, assinando Jonas Lemes, ele iniciou suas atividades em 1990, e já recebeu diversas premiações em salões de arte no Brasil.
Participou de diversas exposições, entre as quais: XIII Salão de Artes Plásticas, Taubaté, SP (1991, 1992); XI Salão de Artes Plásticas, Rio Claro, SP; Salão de Artes Plásticas, Matão, SP; X Salão de Artes Plásticas, Jaú, SP; VI Salão de Artes Plásticas, Mogi-Mirim, SP (1993); XXXIII Salão de Artes Plásticas de Araras, SP; XLII Salão de Artes, Piracicaba, SP; VII Salão de Artes Plásticas, Mogi-Mirim, SP (1994); Salão de Outono, Sorocaba, SP (1995); Viagem a América do Sul, Juiz de Fora, MG; XLIV Salão de Artes, Piracicaba, SP; Salão Vinhedense de Artes Plásticas, Vinhedo, SP (1996); Salão de Artes de Franca, SP (1997); SABBART, Ribeirão Preto, SP (2000, 2001).
Possui obras em diversas coleções particulares e oficiais e no Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.
Fonte: https://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=312436
Jonas Lemes pinta Águas Virtuosas de Lambari
O casamento perfeito das obras fundadoras de Águas Virtuosas de Lambari e das belezas naturais de nossa cidade com as técnicas de Jonas Lemes gera pinturas belíssimas, como estas:
Cassino de Lambari. Jonas Lemes. Reprodução. Fonte: artmajeur.com/jonaslemes
Na beira do lago. Jonas Lemes. Reprodução. Fonte: artmajeur.com/jonaslemes
Ducha. Jonas Lemes. Reprodução. Fonte: artmajeur.com/jonaslemes
Entardecer no lago. Jonas Lemes. Reprodução. Fonte: artmajeur.com/jonaslemes
Ipê em Lambari. Jonas Lemes. Reprodução. Fonte: artmajeur.com/jonaslemes
Bela Vista. Jonas Lemes. Reprodução. Fonte: artmajeur.com/jonaslemes
Farol do Lago. Jonas Lemes. Reprodução. Ímã de geladeira
Parque Novo. Jonas Lemes. Reprodução. Ímã de geladeira
Onde encontrar obras de Jonas Lemes
As obras de Jonas Lemes podem ser encontradas nestes endereços:
Escritório de Arte - Parque das Águas de São Lourenço
No Parque das Águas em São Lourençpo, há este escritório de arte de Jonas Lemes.
Confira:
Ilustração: Prefeitura Municipal de Lambari. Quadro de Solange Ribeiro. Reprodução.
Neste post, vamos falar sobre os governantes de Águas Virtuosas de Lambary, destacando os regimes jurídicos para escolha dos dirigentes, os prefeitos antigos mais relevantes e feitos significativos da história de nossa municipalidade.
Vamos lá.
Recorte da bandeira do município de Lambari, MG, idealizada pelo professor Raphael Pinotti, com a inscrição Hic sanitas — Aqui há cura (aqui)
Resumo da história administrativa do município
O município de Águas Virtuosas de Lambari, designado por Lambari, a partir de 1930 (Decreto nº 9.804, de 27 de dezembro de 1930), foi criado por meio da Lei Estadual nº 319, de 16 de setembro de 1901.
Veja também:
Regimes de escolha dos dirigentes municipais
Históricamente, a escolha dos dirigentes municipais de Lambari seguiu os seguintes regimes jurídicos:
De 1902 a 1908 - Agente Executivo designado pela Câmara Municipal
De 1909 a 1936- Nomeado pelo Governo do Estado
1930 a 1945 - Era Vargas
De 1937 a 1945 - Nomeado pelo Interventor Federal no Estado
Em 1947 - Eleição direta
Em 1950 - Eleição direta
Em 1954 - Eleição direta
De 1968 - 1985 - Município considerado como território de Segurança Nacional
[Os negritos não são dos textos originais.]
Em 1985 - Eleição direta
[O negrito não é do texto original.]
A partir de 1988 - Eleição direta
Galeria de Prefeitos de Lambari
Abaixo, galeria dos principais prefeitos de Águas Virtuosas de Lambari e algumas de suas realizações.
Informações/feitos |
Garção Stockler - Eustáquio Garção Stockler [Campanha, MG (?) — Soledade de Minas (1927)], médico formado pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, escritor, propagandista do movimento republicano, é figura das mais importantes da memória política de nossa cidade. Stockler é considerado o criador da estância hidromineral de Águas Virtuosas de Lambary, como centro de vilegiatura e de tratamento. Como Agente Executivo (1902-1908), coube a ele obter a aprovação de um plano de saneamento e embelezamento da vargem — extensa área de terreno pantanoso e alagadiço, situado em ponto central da povoação — e o alinhamento das principais vias de acesso ao Parque das Águas, obras essas concretizadas por Werneck, entre 1909-1911. Outras informações: aqui |
Américo Werneck - Em 1909, foi nomeado Prefeito de Lambari e Presidente da Comissão de Melhoramentos e Superintendente das obras fundadoras da cidade (Cassino, Lago, Parque Novo, Parque das Águas, Farol, etc.) Em 26 de abril de 1911, inaugurou as obras acima, com a presença, entre outras autoridades, do PR, Hermes da Fonseca, e do Presidente de MG, Wenceslau Braz. Em 16 de maio de 1912, arrendou ao Governo de Minas Gerais, por 90 anos, a estância de Águas Virtuosas de Lambari. Em 27 de junho de 1913, em razão de divergências e desentendimentos com o Estado de Minas na execução do contrato acima, propôs na Justiça Federal (BH) ação rescisória desse contrato. Outras informações: aqui |
Antônio Pimentel Júnior - Sucessor de Américo Werneck, foi nomeado prefeito para o período do segundo semestre de 1912 até o segundo semestre de 1918. De caráter ilibado, conquistou a sociedade lambariense por sua postura e obras que realizou, entre elas: construção e instalação do fórum, cadeia municipal, ponte sobre o Rio Mumbuca (em frente Hotel Imperial) e cemitério municipal (1914). Incentivou a construção do Asilo e Hospital São Vicente de Paulo, tendo lançado a pedra fundamental e instalado a comissão de obras para esse fim (31-03-1914) Outras informações: aqui |
João Lisboa Júnior - Filho de João de Almeida Lisboa e Maria Rita Vilhena Lisboa, nasceu em Águas Virtuosas de Lambari em 1894. Médico formado na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, clinicou na sua cidade natal de 1918 a 1954. Crenologista e autor do livro Aplicações terapêuticas das águas minerais de Águas Virtuosas do Lambary e épocas de estação (1928). Em sua gestão deu-se a construção de novos prédios e hotéis no centro da cidade e um grande movimento de turistas em busca das famosas "sete fontes" de saúde, como então se propagandeava. Casado com Lúcia Veiga, em 1934, foi eleito vereador e aclamado Presidente da Câmara. Em 1935, foi nomeado prefeito municipal, ficando no cargo até dezembro de 1945. Eleito novamente prefeito em 1951, renunciou ao cargo em 1954, quando assumiu a Cátedra de Cronologia na Faculdade de Minas Gerais, em Belo Horizonte. Outras informações: aqui |
Hélio Salles - Hélio Monteiro de Toledo Sales, advogado, foi o primeiro prefeito de Lambari eleito pelo voto popular, em 23 de novembro de 1947, permanecendo no cargo até 31 de janeiro de 1951. Antes (de 8 de janeiro a abril de 1947), exercera o mesmo cargo, nomeado pelo Interventor Federal do Estado de Minas Gerais. Em sua gestão, bastante proveitosa, deu-se a criação do Ginásio Municipal, obras de urbanização (ruas e avenidas pavimentadas), a construção da Praça Duque de Caxias (Praça do Fórum), a instalação da Fonte Luminosa e da Biblioteca Municipal, e a organização dos serviços burocráticos da Prefeitura Municipal. Outras informações: aqui |
José Capistrano - Fazendeiro, foi eleito vice-prefeito em 1947, e prefeito em 1955 e 1963. Bom administrador, atendeu à área rural com escolas e estradas. Procurou movimentar o turismo em nossa cidade e lutou pela ligação asfáltica de Lambari até à Rodovia Fernão Dias. Em suas gestões, ocorreram importantes eventos em Lambari: o Congresso Eucarístico Diocesano, competições de motonáutica, a construção do Estádio Municipal e a vinda da Seleção Brasileira de Futebol (1966). |
José dos Santos - Médico de espírito bondoso e humanitário, que clinicou longos anos em Lambari. Carinhosamente apelidado de Barão, foi prefeito da cidade no período de 1959-1962. Casado em primeira núpcias com Edith Fleming dos Santos, depois consorciou-se com Vicência de Oliveira Santos. Teve quatro filhos: Sílvio (já falecido, que também foi médico), José Plínio (Mestre e Doutor em matemática e professor universitário), Edith e Maria Angélica, professoras aposentadas — duas pessoas muito estimadas e cidadãs ilustres de nossa cidade. Em sua gestão deu-se a instalação dos postes de cimento na iluminação pública da cidade. Outras informações: aqui |
Jairo Ferreira - Comerciante, foi eleito prefeito em 1967, tendo seu mandato prorrogado até 1972. Ativo e realizador, contam-se entre seus feitos o seguinte: organização interna da prefeitura e de seus arquivos e cadastros, elaboração dos códigos de postura e tributário, instalação do SAAE e da TELEMIG, reforma do jardim da Matriz N. S. Saúde, abertura de diversas ruas e escolas, construção de pontes e reformas da rede elétrica da cidade e da piscina municipal. Foi pioneiro, nos anos 1960, na instalação a Torre de TV em nosso município e idealizador e construtor das duchas do lago. Outras informações: aqui |
Renato Nascimento - Comerciante aposentado e vereador mais votado em novembro de 1982, foi nomeado prefeito de Lambari por Tancredo Neves, em 14 de maio de 1983. Entre suas realizações, temos: calçamentos de ruas (com bloquetes no centro da cidade e paralelepípedos no bairro Campinho), construção de ponte de madeira sobre o pontilhão, reformas de escolas rurais, ampliação e melhoria da rede de iluminação pública, credenciamento de médicos do IPSEMG para atendimento em Lambari, asfaltamento da rua de acesso ao Cemitério Municipal. A rodovia MG 456, que liga Lambari à Fernão Dias (via Heliodora), recebeu o seu nome. Outras informações: aqui |
Marcílio Botti - Natural de Juiz de Fora (20-02-1939), advogado, professor, assessor parlamentar, ocupou cargos públicos no Governo de Minas, com Tancredo Neves. Frequentava Lambari e aqui adquiriu o Ideal Hotel, e foi eleito prefeito de Lambari em 1988. Entre seus feitos, encontramos: reconstrução da Biblioteca Basílio de Magalhães, a nova Rodoviária Municipal (na antiga estação ferroviária), recuperação do Parque Novo e do Laguinho dos Patos e a criação da cidade modelo (minicidade). Criou o Projeto Filhote (atividades esportivas para a juventude), série de eventos de grande sucesso em nossa cidade. No seu governo, ocorreu o infeliz incidente do incêndio do prédio da Prefeitura Municipal. |
Lista dos Prefeitos de Lambari
Eis as lista dos dirigentes municipais de Águas Virtuosas de Lambari, depois Lambari:
PREFEITOS DE LAMBARI Agente Executivo 1902 – Dr Eustáchio Garção Stockler (Agente executivo) Nomeados pelo Governo do Estado 1907 – Dr Américo Werneck ( 1º Prefeito - nomeado por Wenceslau Braz) 1911 – Raul Noronha de Sá 1913 – Dr. Antonio Pimentel Junior 1914 – Henrique Cabral 1918 – Francisco de Castro Filho (interino) 1919 – Dr. Raul Franco de Almeida 1920 – Affonso de Paiva Vilhena (interino) 1921 – João de Almeida Lisboa (em exercício) 1921 – Messias Silveira Machado (interino) 1923 – Joaquim Figueira da Costa Cruz 1924 – Júlio Bráulio (interino) 1924 – Bernardo José de Paulo Aroeira 1930 – Eurico Leopoldo de Bulhões Dutra 1931 – Ernesto de Mello (interino) 1932 – Luiz Lisboa 1935 – Dr. João Lisboa Júnior – até dezembro de 1945 1945 – Dr. Felix Geraldo de A. e Silva (interino) 1946 – Dr. João Lisboa Júnior 1947 – Dr. Helio Monteiro de Toledo Salles (nomeado pelo interventor no Estado). 1947 – Dr Ural Prazeres, Joaquim Araújo Júnior ( abril a outubro de 1947). Prefeitos eleitos e acompanhados de Câmara Municipal 1947 – Dr. Helio Monteiro de Toledo Salles 1951 – Dr. João Lisboa Júnior 1954 - José Horton de Morais (em exercício) 1955 – José Capistrano 1959 - José dos Santos 1963 - José Capistrano 1967 – Prefeito Jairo Ferreira 1967 – Posteriormente Presidente da Câmara: Dr. José Vicente da L. de Vilhena Nomeados pelo Governo do Estado 1972 – Professor Walter Cordeiro 1973 – Dr. José Vicente L. de Vilhena 1973 – Dr. Cyro Rodrigues Coelho 1973 – José Carlos de Alcântara 1976 – Dr. José Vicente L. de Vilhena 1984 – Renato Nascimento (Assumiu o cargo de prefeito em 14 de maio de 1983) Eleição direta 1988 – Dr. Marcílio Marques Botti 1989 – Eugênio Carneiro Rodrigues 1993 – Sebastião Carlos dos Reis 1997 – Eugênio Carneiro Rodrigues 2001 – Nely Fernandes Arantes Bahia 2005 – Sebastião Carlos dos Reis 2009 – Marco Antônio de Resende 2013 - Sérgio Teixeira 2017 - Sérgio Teixeira |
Índice da Série Memórias Políticas de Aguinhas